quinta-feira, 26 de abril de 2012

BORBOLETA AMARELA E PRIMAVERA CARMIM - Maysa Machado



BORBOLETA AMARELA POUSA NA PRIMAVERA CARMIM


                                                                                                 


Maysa Machado




          Desde sempre borboletas encantam, colorem as manhãs, os olhares atentos e os corações leves. Agora mesmo, uma serelepe amarelinha pousou na primavera carmim, que cismou em florir na janela do segundo andar. Magra e esguia é minha conhecida há muitos anos. Fui eu que a plantei num vaso grande. Econômica floresce, fazendo a festa em meu coração. Criou condições para um ninho, e nem a tempestade forte, nem seus galhos finos, derrubaram a real construção de uma passarinha.
          As duas se encontraram porque a primeira é curiosa e tem asas. A segunda, perfume e seiva de  vida. Alimento puro - flor que é.
  Coloridas e vibrantes, cada qual tem seu mistério pra existir. Ambas, alegram e devolvem–me não a dimensão embotada, escondida,  de viver o dia a dia. Trazem-me, realimentando o espírito, a beleza do momento. O fugaz, que mágico devolve essência e esperança. Solidão fértil.
Nesse encontro presenciado por mim, reacende a energia e um novo olhar pra perceber o caminho entre o Ser e o Outro, que está do lado de fora.



Santa Teresa, 25 de abril de 2012 

Um abraço a todos! Em pleno outono carioca, temperaturas amenas...

segunda-feira, 16 de abril de 2012

CORAÇÃO POETA - Paulinho Tapajós e Nelson Cavaquinho








Nosso cancioneiro é rico, precioso. Ouçam com alegria esta linda melodia, poética, suave.

Sugestão: Se puderem saiam cantarolando...



Deus me deu um coração poeta
E a alma inquieta de um cantor
Pra que eu vigiasse a madrugada
Acordasse o sol e o Beija-Flor
Cantar me faz viver bem mais
Soltar a voz que nem um passarinho
Que ninguém prenderá jamais
Se eu sou feliz ou infeliz
São lindas minhas penas
Vale a pena ser quem sou
Se eu tenho o céu aqui no chão
Se eu tenho o mel no coração



O violão é do Luís Filipe de Lima, seis cordas e sete cordas. Foi sua primeira gravação, em 1996, no disco de Paulinho Tapajós, cujo título é CORAÇÃO POETA. Na faixa título essa linda canção .Na gravação cantam João Nogueira, Paulinho Tapajós e Chico Buarque. Um luxo!!!!
O site oficial do Autor Paulinho Tapajós é http://www.paulinhotapajos.com.br/home.php

Uma escuta carinhosa, então!
Abraço
Maysa

terça-feira, 10 de abril de 2012

O PRIMEIRO QUARTO MINGUANTE DE OUTONO - Maysa Machado





O PRIMEIRO QUARTO MINGUANTE DO OUTONO

Maysa Machado


Júpiter e Vênus estão presentes e próximos

ao que meus olhos vêem, nesta noite carioca.

Zona sul... Aquém e além.

Lua, recém minguante, enforma-se em D

Estende véus e cavalga o negro céu.

Tudo silente, mudando passo a passo

Olho a olho.

Ilumina firmamento e terra.

Empresta seu brilho às nuvens cativas que ordenha.

Os aviões chegam e partem, deixam a nós a cidade.

O céu de Santa é pródigo em luzes, imagens e sons.

Não sei de horários permitidos para voar nas noites...

Sei dos espaços infindos em que vivo, observo e amo.

O céu habitado por planetas, estrelas, aviões e ruídos...

Por figuras estranhas e passageiras

É meu particular companheiro.

Inusitado traz seus sons bárbaros e humanos.

Em sua imensidão ameniza a dor de existir

que sinto.

E o silêncio fortuito repõe a vida

em seu lugar único.

Santa Teresa, 10 de abril de 2012


Um abraço


Maysa

sexta-feira, 6 de abril de 2012

SEXTA FEIRA SANTA - Maysa Machado

SEXTA FEIRA SANTA

Maysa Machado

Pintura de Giotto - Compianto sul cristo morto, Cappella degli Scrovegni, Padova.


(Para Eva)


Uma amiga, de fé judaica, me pergunta:

— Para vocês qual a data mais importante: O Natal ou a Páscoa?

Respondo:

— O Natal. Nele você comemora o nascimento de Jesus.

No entanto, é estranho que para a maioria, com quem convivo, aquela é uma data de celebração de nascimento e de ausência. Há um vazio, um buraco. No entorno, quase sempre, faltam muitos entes queridos.

O Natal, então, transmuta-se em celebração infantil. Carinhos e lembranças dirigem-se às crianças. A figura do Papai Noel avulta. É data muito importante nas celebrações cristãs.

A Semana Santa é mais complexa. Aceitar a Ressurreição é para poucos. Só mesmo com fé e espírito evoluído... A Sexta Feira Santa, então, nem se fala... Mesmo. Um convite ao silêncio, à reserva e cuidado interior.

Na minha infância, um dia de grandes tormentos. Ia à Igreja de Santa Terezinha do Menino Jesus, próximo ao Túnel Novo, em Botafogo, com minha mãe. Acompanhava a procissão e rezava pelo senhor morto. A imagem esculpida era tão verossímil que a achava verdadeira. Sofria na fila, a lenta agonia, e depois, com cada gota de sangue... Escorrido do rosto santo, os cravos às mãos, o corpo desnudo, acabavam de vez com minha alegria de menina.

Hoje, percebo em minha experiência de vida, que a representação primeira da imagem masculina é de um mártir.

Mas são doces aflições, avalio... Nos dias que correm a violência - tão intensa- em imagens difusas ou concretas que subvertem qualquer conceito, ou expectativa humanista. Há um Cristo imolado a cada dia. Uma Páscoa solene, em cada vida, que alcança o dia seguinte.

Então, minha amiga, confesso que me enganei. Um equívoco, doloroso e simples. Nos dias que correm, na Semana Santa, o ensinamento bíblico se reafirma. Embora a sociedade de Consumo de ênfase ao Natal. Precisamos do fato, do acontecimento, da lembrança.

Ressurreição a cada dia. É sempre um recomeço. Para os bons e leves de espírito... E para todos. Amém.

FELIZ PÁSCOA! À TODOS.


Um abraço


Maysa