segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

VIAGEM DE NAVIO













foto by cel/maysa/2010


VIAGEM DE NAVIO

Maysa Machado


Foi ao mar

Sem saber era

Sua última viagem.

Europa, frio

Saudade do Brasil.

Da mulher, das filhas.

O tempo findo.

Longo para o regresso

Estava envolto

Nas brumas, vagas e silêncios.

Sua última viagem...

O mar surdo aos lamentos.

Quando chegou, assim morto,

Assim frio,

O forte cheiro de cânfora

Tomou conta da pequena sala

Onde duas mulheres

E duas meninas

Aguardavam por ele.

As crianças choravam.

As duas mulheres também

Uma era a jovem esposa

Outra a tia e companhia.

Sempre essa história triste

De um pai que regressa morto

Um homem muito amado...

Me acompanhou.

Era o buraco, o vazio deixado

No coração órfão de minha mãe.

Tantos anos já passados...

Agora ele repousa

Em paz eterna, lá em seu jazigo

Não sabido, não visitado.


Santa Teresa, 12 de dezembro de 2010


Obs. Poema dedicado a Maurice, com toda minha gratidão


Abraço aos que passam.

Maysa

sábado, 11 de dezembro de 2010

NOEL ROSA O POETA DA VILA






















NOEL ROSA O POETA DA VILA

O maravilhoso nas lembranças é que algumas são herdadas.

Quando NOEL invade nosso mundo interior, melhora o astral. A gente canta, desafina, e a poesia mais carioca que conheço, fica. Impregna a gente.

Aprendi as músicas de Noel desde a infância. Sei muitas delas de cor, até hoje. A escolhida dependerá do estado de espírito. Hoje, acordei com Palpite Infeliz, martelando, rsrsrs

Quem é você que não sabe o que diz?/Meu deus do céu que palpite infeliz / Salve Estácio, Salgueiro e Mangueira/Osvaldo Cruz e Matriz/ Que sempre souberam muito bem/Que a Vila não quer abafar ninguém.../Só quer mostrar que faz samba também...

É assim que o poeta coloca em evidência sua querida Vila Isabel, nas rodas do Samba. O bairro onde nasceu, com ele alcançou o definitivo reconhecimento. Então, a Vila de NOEL, ou o poeta da Vila fazem nossos corações recordarem... As muitas histórias.

A minha já contei, aqui: Minha querida tia Hilda foi colega, de banco escolar, de Noel; lá nos tempos da escola pública estudaram juntos.

Quantas conversas já ouvi em torno de NOEL?Herdei essas histórias e quando posso conto uma aqui outra acolá!

Aí, se for ao som do samba... Vai dançando até o arvoredo!

Vamos todos comemorar o centenário desse músico inspirado, amoroso, irreverente e que driblou a vida com sua obra.

A morte precoce não foi motivo suficiente para o esquecimento. NOEL vive e viverá entre as alegrias genuínas que todos temos!

Agradeço aqui ao querido Bruno Liberati a homenagem de seu traço.

Um abraço a todos

Maysa

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

DIA INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS- 10 DE DEZEMBRO


Hoje é Dia Internacional dos Direitos Humanos

Angop
ONU aprovou a Declaração Universal dos Direitos Humanos em 10 de Dezembro de 1948
ONU aprovou a Declaração Universal dos Direitos Humanos em 10 de Dezembro de 1948



Da Agência Angola Press selecionamos a notícia sobre a celebração deste Dia.

Confiram a matéria na íntegra aqui


" Luanda – Comemora-se hoje, 10 de Dezembro, o Dia Internacional dos Direitos Humanos, data em que foi aprovada, em 1948, pela Assembleia Geral das Nações Unidas, a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Por ser o primeiro documento internacional que afirma a universalidade dos direitos fundamentais e a igualdade entre todos os seres humanos, a declaração é considerada um marco para a protecção e respeito dos direitos humanos."

E mais adiante

"Eis alguns direitos previstos na Declaração Universal dos Direitos Humanos:

- Direito à vida

- Direito a não ser submetido a tortura nem a penas ou tratamentos desumanos ou degradantes

- Direito a não ser mantido em escravidão ou servidão, nem constrangido a realizar trabalho forçado ou obrigatório

- Direito à liberdade e segurança, não podendo ser privado da sua liberdade a não ser nos casos e nos termos previstos na Convenção

- Direito a um processo equitativo, designadamente, a que a sua queixa seja examinada por um tribunal independente e imparcial, num prazo razoável e com julgamento público

- Direito a não ser condenado por acto que não constituísse uma infracção no momento em que foi cometido ou a sofrer pena mais grave do que a aplicável no momento em que a infracção foi cometida

- Direito ao respeito da vida privada, do domicílio e da correspondência

- Direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião

- Direito à liberdade de reunião e de associação, incluindo o direito de fundar ou de se filiar em sindicatos

- Direito ao respeito dos seus bens

- Direito à instrução e direito dos pais a que a educação e o ensino dos seus filhos respeitem as suas convicções religiosas e filosóficas

- Direito a eleições livres

- Direito a não poder ser privado de liberdade por não cumprir uma obrigação contratual

-Direito de circulação no território do Estado e de escolher livremente a sua residência

- Direito a não ser expulso do território do Estado de que é cidadão e de não ser privado de entrar nesse território

- Direito à existência de um recurso, perante as instâncias nacionais, de actos violadores dos direitos e liberdades reconhecidos na Convenção, quer esses actos sejam da responsabilidade de particulares quer do Estado."



O GRUPO TORTURA NUNCA MAIS-RJ, publica em seu site, nesta data, textos sobre a celebração do Dia Internacional dos Direitos Humanos.


Escrevi sobre JOÃO CÂNDIDO FELISBERTO - O ALMIRANTE NEGRO, líder da Revolta da Chibata, acontecida no mês de novembro há, precisamente, um século.

Comparo os recentes fatos , também no mes de novembro, ocorridos em nossa cidade no complexo do Alemão:

Um século depois, nos recentes episódios em nossa cidade, com a retomada do território do complexo do Alemão, pelas forças policiais civis e militares, e por tropas do exército e da marinha, ainda remanesce nas ações e práticas o abuso de autoridade, em sua maioria impune. O forte aparato policial militar justificado pelos meios de comunicação, espetacularizando as ações, numa demonstração massificadora de poder, poder público esse, omitido por décadas de descaso com estes mesmos territórios e populações. As causas que moveram João Cândido e seus companheiros são as provas que encontramos para uma sociedade excludente, hipócrita em que o poder público é exercido com total distanciamento dos legítimos interesses populares. “Glória a todas as lutas inglórias”.

Aos que desejarem ler meu texto é só clicar aqui

Um carinhoso abraço

Maysa


quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

TAPETES CONTADORES DE HISTÓRIAS - PASSARINHO À TOA




" no fio das histórias,como no fio da vida, cada um tece seu tapete"
fórmula encantatória de abertura de contos da tradição oral de diversas culturas.






Sempre gostei de ouvir histórias. Bem contadas, divertidas, com suspense, mistérios... Era assim que minha avó materna, e madrinha, tecia a melhor parte de minha infância.
Meu coração de criança permanece grato. Revejo nos olhinhos, ansiosos por novidade, de meus netos, aquela menina curiosa, atenta.
E, mais, reafirmo a importância desses suaves momentos para o enriquecimento emocional e criativo, de cada um de nós, no percurso de viagem da sofrida experiência humana.
Não há limites para se refazer encantos. Para sermos cúmplices do mistério. Apaixonados pela vida que renasce, renasce, e morre, se acaba para renascer.
A magia deve ser cultivada , aplaudida, aprendida, visitada.

Então, para quem estiver pelo Rio, sugiro assistir ao espetáculo dos TAPETES CONTADORES DE HISTÓRIAS, em temporada no Teatro Glaucio Gill, na saída da estação do Metrô Cardeal Arcoverde, Copacabana. Aos sábados e Domingos, 17 hs, até 19 de dezembro.
É pura poesia e encantamento concebidos para alçarmos vôos solos, acompanhados. A vida é isso.
Passarinho à toa , reúne poemas de Manoel de Barros.

Bom programa, visitem o site dos TAPETES...que é lindo! Aqui.

Abraço carinhoso.
Maysa

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

QUE NOME TEM?

Foto by cel Maysa/02.2010/









QUE NOME TEM?


Maysa Machado




Forte, mais forte
Que o amor revisitado
Desponta a melancolia.
Habita em prisões ...
Cárceres privados
Criados pelo medo
Com outros nomes cultivados
Encará-los é preciso:
Orgulho. Vaidade.
Desesperança
Dúvida. Cansaço.
Trocam-se gostos antigos
Sabores apreciados
Por náuseas remotas
Apascentadas.

Quero-te vivo
Quero-te sonho
Quero-te realidade
Quero-te junto.
Hálito com hálito
Mais próximo que
O próximo.
Acordado
Sem estar insone.
Desperta!
Fica comigo
Dentro
Lado a lado
Quero teu sorriso
Apaixonado.

Santa Teresa, 1º de dezembro de 2010


Deixo meu carinhoso abraço.
Maysa


segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

ERA UMA VEZ ...IMPRESSÕES E (IN)CERTEZAS














A noite chega na baía de guanabara/
foto by cel maysa/20.02.2010

Era uma vez

... Impressões e (in)certezas.


Uma vez ... Era uma vez.

Depois, cem vezes, depois

Ainda era uma vez...

Como a primeira.

Em cada vida os acontecidos

Resistem

Até os mais singelos...

Jamais serão apagados

Em suas singularidades

Reveladas.

Nenhum outro lugar será

Só meu, só teu.

Seremos iguais? Dois?

Nenhum outro desejo vão

nos acometerá mais...

Seremos íntimos e solenes

Dignos e imprecisos

Suaves e mortais.

Suaves e imprecisos

Dignos e mortais.


Santa Teresa, 28.11.2010

Meu abraço carinhoso e amoroso.

Maysa


domingo, 5 de dezembro de 2010

AMOR...ANTES DE TUDO

foto by cel maysa maio 2010






Recordo a lição do dia...

Cantar espanta tristezas, dissipa dúvidas e fortalece a esperança.
Então vamos juntos, e bem acompanhados com Aldir Blanc, hoje, em sua crônica, entoar Nelson Cavaquinho:

"O sol há de brilhar mais uma vez
E a luz há de chegar aos corações.
Do mal será queimada a semente
E o amor será eterno novamente."

Um beijo de Domingo bem carinhoso

Maysa

sábado, 4 de dezembro de 2010

IANSÃ - SANTA BÁRBARA












Uma das matrizes do feminino, não só na umbanda onde é cultuada, é Iansã. Orixá dos ventos e da tempestade... Orixá das paixões e aventuras. Guerreira, sedutora, também protege a fecundidade, a fertilidade do solo.
Sua força, determinação e coragem estão impregnadas em nosso imaginário.
No sincretismo Iansã é Santa Bárbara. Seu dia é hoje, 4 de dezembro. Salve Iansã!
Nós mulheres sabemos de sua beleza, segredos e mistérios. Seu poder, sua paixão...
Senhora da Tarde. Alegre, passional, líder, vaidosa, intrigante.
Dizem que também é vingativa, irritável... Rainha que é.
Mas sempre amorosa, radiante quando roda sua saia ao romper da madrugada! Eparrei Bela Oyá.
Sugestão para suas filhas, em seu dia, vistam-se com uma de suas cores: amarelo, vermelho e coral.
Agradeçam a essa orixá e rainha a coragem que ela lhes dá, a beleza, a sedução, a feminilidade intensa.
E se o dia continuar muito quente levem o leque, abanem-se, saúdem, agradeçam, agradeçam.
Boa comemoração. Eparrei Bela Oyá


Se o interesse for maior visitem o site:



Um abraço a todos
Maysa

POLARIDADES - MARTHA PIRES FERREIRA













Martha Pires Ferreira
Flor Exótica


Polaridades

Uma coisa é o que se diz
Outra é como se diz.
Bipolaridades
como extremidade do bastão.
A ponta que toca o chão
não é a mesma na mão do caminhante.
Interação dos contrários
conduz à síntese.
Não há divisão.

(martha pires ferreira, 1979)



Quem quiser acompanhar os escritos e desenhos da Martha...belos , sensíveis e instigantes é só clicar aqui


Deixo meu abraço carinhoso
Maysa



quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

GRACILIANO RAMOS





Esse fragmento de texto que recolhi é de uma beleza e amor incontidos sobre a arte da escrita. Uma entrevista dada em 1948. O velho Graça sempre retorna aqui n'O Ninho.

Graciliano Ramos, seu autor, é um mestre. Meu desejo é que o jovens possam lê-lo, descubram sua obra.
Nascido em Quebrangulo, interior do Estado de Alagoas; passa alguns anos em Palmeira dos Índios, mais tarde é eleito prefeito dessa cidade, mas renuncia ao cargo dois anos depois. A escrita é seu mundo.
Foi preso , em 1936, em Maceió, sem culpa formada, com a alegação de ser comunista. Enfrenta várias prisões em Maceió, Recife e no Rio de Janeiro. O romance Angústia é publicado, no período de sua prisão na Ilha Grande. Entra para o Partido comunista só em 1945. O clássico Memórias do Cárcere é publicado postumamente.

" Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxaguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota.
Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer".

Um abraço aos que visitam O Ninho e a Tempestade.

Maysa