domingo, 18 de setembro de 2011

PRIMAVERA SE APROXIMA - Maysa M.



lobelia azul


PRIMAVERA SE APROXIMA


Maysa M.


Cigarra não canta.

Formiga trabalha pouco.

Na estação ... das flores.



Santa Teresa, 18 de setembro 2011


Abraço a todos.

Maysa


segunda-feira, 12 de setembro de 2011

SAUDADE DE QUÊ? Maysa Machado

Pixinguinha/foto Valter Firmo






SAUDADE DE QUÊ?

Maysa Machado

Talvez, gasta, repetida... essa palavra, que dizem única, ainda, sirva para expressar o significado, em língua portuguesa de falta, vontade de chegar, aproximar. Vem em ondas ilustrando coisas e circunstâncias vividas. Vem acompanhada de boas lembranças.

Você não sente saudade do que foi desconforto, mas pode aparecer no pacote de algum amor não, definitivamente, enterrado. Aliás, amores são enterrados? Creio que não. Pela experiência obtida os amores voam como pássaros, podem ir de vez, ou voltar em estações certas. Não existe o para sempre.

Saudade de quê, então?

Da vida desperdiçada ou do leite derramado? É difícil aceitar. O alimento líquido, geralmente contido num recipiente, e posto a ferver, demora.

É nosso cálculo do tempo errado, acrescido de ansiedade, que nos faz afastar e descuidar. Vida, também, se esparrama por descuido. Lamento, mas não há quem não a tenha desperdiçado.

Quando o fato consumado nos avisa que o leite queimou e derramou, sem solução, a gente percebe o tempo perdido, estragado.

Apenas isso, o sentimento de não ter mais jeito... nos faz sentir saudade do tempo que passou solitário, sem nos apercebermos dele.

Santa Teresa, 12 de setembro de 2011


Um abraço,

Maysa

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

MORTAIS PENDÊNCIAS - Maysa M.






Mortais Pendências



Sete de setembro

Independência ou morte!

O brado pendente.



Santa Teresa, 07 de setembro de 2011


Pendências morais, implícitas nesse haicai republicano. Os desaparecidos e mortos não devolvidos à pátria-mãe. Morreram pelo Brasil. Patriazinha querida, minha , tua.

Do Vinícius, poeta ... releiam Pátria Minha, aqui:


Maysa

domingo, 4 de setembro de 2011

O MAIS PURO IMPROVISO - MAYSA M.

rotunda do ccbb











O MAIS PURO IMPROVISO

Maysa M.

Vai num último sopro

a vida percorrida

em sobressaltos

perdas e gozos.

Sabe-se tão pouco

da próxima parada.

No futuro só a poeira

se assentará

em algumas memórias.

Ai de todos nós.

Sobreviventes de

única certeza:

A morte virá

nos colher... Em premeditado

improviso.

Santa Teresa, 3 de setembro de 2011


Abraço carinhoso aos que por aqui passam.


Maysa

sábado, 3 de setembro de 2011

ALMA LIBERTA - MAYSA M.

Rotunda do CCBB- Rio







ALMA LIBERTA



Maysa M.



Corpo-cela inerte

não mais reclama

dores, vazios.

Não lhe afetam

Perdidas ilusões.

Alma liberta

Ocupa-se

da eternidade.

Em que todos

Estarão

Um dia.


Santa Teresa, 3.09.2011


Com imenso carinho pelos que continuam...

Dedicado à Alaíde, querida amiga, que partiu.

Maysa

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

INVERNO














INVERNO


O vento sibila.
Murmúrio veloz agita
Folhas e coração.


Maysa M.
Santa Teresa, 31 de agosto de 2011


Um abraço e um haicai.
Maysa

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

ENTRE PARÊNTESES - Santa Teresa, bairro atravessa o luto




ENTRE PARÊNTESES - SANTA TERESA, BAIRRO ATRAVESSA O LUTO

Sábado, 27 de agosto, o triste acontecimento. Um bondinho com superlotação, sem manutenção, desce desenfreado a ladeira. Em uma das curvas da Rua Joaquim Murtinho faz seu ponto final. Cinco mortos e dezenas de vítimas graves é o resultado dessa tragédia anunciada.

Para os moradores do bairro tristeza, desolação, revolta. Para as autoridades competentes (?) acreditamos que a omissão atingiu o limite.

Esperamos que os responsáveis, ainda, que não assumam as atribuições que os cargos públicos lhes conferem, sejam identificados, e responsabilizados diante da opinião pública.

Não foi acidental, foi descaso criminoso, gestão após gestão.

Querem privatizar tudo para enriquecerem impunemente. A conspurcada relação entre o poder público e os empresários dos transportes é, apenas, um aspecto da costumeira sujeira. Não dá mais para varrer pra debaixo do tapete.

Uma auditoria, em toda a Secretaria de Transportes do Estado do Rio de Janeiro, pode contribuir para a explicação dos atuais fatos.

O bondinho atende ao bairro há 115 anos! As comemorações pela data, em meio às reclamações antigas sobre a segurança, serão substituídas por mais reivindicações! Bem tombado merece ser tratado como patrimônio da história de uma cidade.

Com pesar,

Maysa


PS: Para quem quiser acompanhar visite o blog do Maurício

http://blogdomauricioporto.blogspot.com/2011/08/acidente-com-o-bonde-de-santa-teresa-o.html

Ou o Caderno Aquariano da Martha Pires Ferreira

http://cadernoaquariano.blogspot.com/2011/08/santa-teresa-de-luto.html

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

CHÃO DE BARRO - MAYSA MACHADO

foto da internet





CHÃO DE BARRO

Maysa M.


O barro vermelho iluminava o trecho do caminho, vegetação rala, um pouco de sombra. Subida íngreme, irregular, toda atenção necessária.

O vento cuidava de despentear seus cabelos que beijavam os ombros, enquanto as pernas, bem torneadas, sob a saia rodada, apareciam nos gestos mais largos, e não premeditados, que a pressa impunha.

Ela era jovem e corajosa. Morava desde pequena naquele lugar de acesso difícil, sem vizinhança próxima. Por perto, a casa da tia. Ia muito. Amigas e fãs amorosas.

Lá a paisagem imobilizava a todos. O mar imenso e aberto abrigava céu, ar, nuvens, pássaros, raios, trovões. E os navios cargueiros, presença constante, deslizavam por longos momentos, no enquadramento perfeito, que a porta da cozinha fazia... do lado de fora era tudo céu e mar.

A tardinha caía, com a envergonhada tristeza de um dia banal. Previsível, nos conformes. O coração da adolescente queria emoções, um príncipe encantado e prometido, descrito pelo universo feminino. Por aquela época iniciava, sem saber, uma longa espera.

Muitos anos depois, essa paralisia existencial seria substituída nas constantes buscas, por entre descobertas e aproximações, do que a vida lhe trazia e revelava.

Distâncias e proximidades seriam os paradoxos diários, os desafios para a perspectiva do íntimo em construção, e a identificação dos estranhamentos que podiam ser, ou não, recusados. Uma criatura insurgindo-se ao estabelecido ressurgia.

Santa Teresa, 12 de agosto de 2011


Meu abraço
Maysa

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

É ... PRECISO APRENDER A SÓ SER - GILBERTO GIL OU ZIZI?








Viver um tantinho a mais, no mínimo dá nisso: Poder de escolha maior. Na pior da hipóteses, lidar confuso com a multivariedade exposta, se iludir tentando escolher... tudo!

Assim, a bela composição de Gilberto Gil - É preciso aprender a só ser - dos anos setenta, me encantou tanto.

Talvez, um pouco mais que a canção de Marcos Valle, cujo título nos leva para outras viagens. É preciso aprender a ser só - foi, e é um standart do inspirado compositor.

Fico com a do Gil, na interpretação de Zizi. Música linda.

Uma amiga bem próxima, lembra que precisamos aprender a aguardar, e ouvir o outro. Domar ansiedades, mantendo o coração aberto. Exercício difícil nos dias atuais, rsrs.

Fique com a pétala.






Abraço.
Maysa

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

CENTENÁRIO RAUL

foto by cel/ maysa





DATA CENTENÁRIA



Maysa Machado



A vida quase sempre, em meio às lembranças, oferece paisagens, sons, cheiros, frases. Não são apenas sensações renovando momentos percorridos... são pequenas e sábias repetições.

Corria a década de 70. Morávamos na Urca. O casal e seus dois filhos. No apartamento pequeno, de sala, dois quartos, árvores e pássaros, além do suave ranger do bondinho do Pão de Açúcar, ainda, pintado de vermelho — subindo e descendo o morro — as cigarras cantavam, e enlouqueciam o despertar, tornando-o compulsivo, às cinco e meia da manhã.

Nesse trecho do bairro, incrustado entre a Praia Vermelha e a enseada da Baía de Guanabara, o asfalto ficava atapetado por minúsculas flores amarelas, que os garis, um pouco mais tarde, varriam e colocavam na caçamba.

Continua até hoje pacato, bucólico, um paraíso para quem gosta de viver em tranqüilidade. Um pouco mais adiante, a pracinha do Quadrado com seus barcos de pequeno porte. Chama-se, de fato, Praça Cacilda Becker.

Em 74, Caetano gravara Lupicínio, a canção ecoava. “Felicidade foi-se embora/ a saudade no meu peito inda mora/ É por isso que eu gosto lá de fora/ porque sei que a falsidade não vigora... A melodia nostálgica invadia nossas almas, em grande parte, doídas pelo cotidiano sem liberdades, de expressão, ir e vir, reunião.

Algumas tardes, vinha nos visitar um dos avós das crianças. Elegante, discreto, num tom quase cerimonioso, ficava ali conversando com os netos, e tomando o chá inglês, aroma de bergamota, que lhe era servido, com amor.

Meu sogro era uma pessoa encantadora. Reservado, porém solícito; de quando em quando um comentário leve, irônico.

A canção rodava num LP, em suas 78 rpm.

Sabia trechos da letra, repetindo-os como quem filosofa:

...O pensamento parece uma coisa à toa/ mas como é que a gente voa/ quando começa a pensar...”

Assim, fiquei sabendo de sua predileção pelas composições do autor — Lupicínio Rodrigues — gaúcho, como ele se sentia.

Hoje, nesta data, se ainda entre nós estivesse, espalhando com habilidade e sabedoria tudo que descobriu e conheceu, havíamos de comemorar seus cem anos de forma suave e bem humorada. Relembro com saudade sua importante passagem por minha vida. Repetiria o gesto e colocaria as músicas lindas, de seu compositor preferido para tocar, no cd. Quem sabe não o ouviria repetindo frases melódicas, enquanto ia sorvendo, no chimarrão, goles de esperança? Compartilhando causos e notícias dos bastidores políticos, da sofrida época.

Rio, 8 de agosto de 2011







Com um carinhoso abraço
Maysa