domingo, 24 de novembro de 2013

HILDA HILST - DO DESEJO - DA NOITE II




POESIA SEMPRE...

"O que tu pensas gozo é tão finito

E o que pensas amor é muito mais." HILDA HILST (1930/2004)

In DO DESEJO - DA NOITE II , pag. 30. Ed. Globo, 3ª reimpressão, 2013...

II

Que canto há de cantar o que perdura?
A sombra, o sonho, o labirinto, o caos
A vertigem de ser, a asa, o grito.
Que mitos, meu amor, entre os lençóis:
O que tu pensas gozo é tão finito
E o que pensas amor é muito mais.
Como cobrir-te de pássaros e plumas
E ao mesmo tempo te dizer adeus
Porque imperfeito és carne e perecível

E o que eu desejo é luz e imaterial.

Que canto há de cantar o indefinível?
O toque sem tocar, o olhar sem ver
A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis.
Como te amar, sem nunca merecer?

(Da Noite - 1992)

Encantos e desencantos atravessam a poesia.
Abraços
Maysa

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

SÓ NA APARÊNCIA -Maysa Machado



foto sonia simões













SÓ NA APARÊNCIA

                                         Maysa Machado

Em quieta aparência
Um vulcão dorme
Dentro de mim.
Te olho. Sinto amor
Te vejo.
Vou recalcando o desejo
Ah! Brota tanta emoção
 Dispara em ritmo apaixonado
Meu coração.
É suave, avassalador.
Nítido descompasso do amor.
Tua voz traz o encanto da primeira vez
Nem sei por que não posso repetir
No gesto, a entrega pulsante.
Vence o desejo domado.
Só na aparência.
Quero carinho
Um abraço. Dois beijos.
Todo o tempo inexato
E meu nome sussurrado outra vez.
Bem sabes o que me faz feliz.
Escadas acima, abaixo.
Sem tempo determinado
Sem a pressa imperiosa da lei
 Calculada em horário e dia
A confundir secos e molhados.
Dois mundos subjetivos
Olhares inconformados.
Em mim, misturo o onírico ao real.
Minúcias antecipam tua chegada.
Perfume de lavanda no quarto
Roupa de baixo premeditada
O vinho sorvido, o desejo...
Por fim engarrafado.
A timidez não vencida.
Faltou o simples carinho
Qualquer afago.
A lei, a blitz, a pressa.
Estás atrasado
O trânsito desde o viaduto derrubado
Desencontram-se os tempos internos
 E os mundos desvairados.
Algum alarme é travado.
E a casa fica, inteiramente, vazia.
Sem teu corpo magro no sofá sentado
Sem tua voz suave e forte
Sem teu olhar triste e acalmado.
Tuas histórias partem contigo
E a casa dói, inteiramente, vazia.
Meu amado.


Santa Teresa, 6 de novembro de 2013.

Um abraço aos que passam pelo Ninho, bem sei que atravessam as Tempestades.
Querem ver mais fotos da sonia simões? Aqui: http://olhares.uol.com.br/trilhos-de-santa-teresa---rj-foto322414.html

sábado, 2 de novembro de 2013

O DIA DE FINADOS OU AS FLORES... PELA HORA DA MORTE -Maysa Machado





















O DIA DE FINADOS OU AS FLORES... PELA HORA DA MORTE.


                                                                 Maysa Machado

O dia amanhece quieto, silencioso, envolto em leve calma. Um galo canta por preguiça, já passando das 7 h da manhã. Os passarinhos trinam e num vai e vem agitado pousam entre folhas, e beirais.
O silêncio da manhã me agrada. Janela aberta pro lado do mar. Um raio morno de sol vem me aquecer o corpo.
 É a vida que sopra, acorda, aquece, encanta e um dia adormece na eternidade dos cemitérios, das casas, ou se despede com pressa nas ruas, nos hospitais.
Lembro de todos que amei e que tiveram amor por mim. Lembro dos que admirei e segui. Lembro dos desencontros, da pressa, e a saudade passa de mãos entrelaçadas com a brisa dessa manhã quieta e fresca, como um sorriso.
Não costumo ir ao cemitério homenagear os mortos queridos, devia mudar esse hábito... E tantos outros precisam mudar.
Tenho motivos de sobra para ir visitá-los. Saudades. Necessidade do silêncio, que nem sempre chega pela manhã. Dizem que o silêncio é uma forma de oração. Acredito.
Reúno minhas lembranças, nelas imagens primeiras ou únicas de meus queridos, nossas semelhanças e divergências.  Reúno-me e respiro o ar da manhã, usufruo o silêncio como um prêmio. Olho para as flores silvestres do pequeno jardim.
Meus sentimentos, meus sentimentos aceitam a ausência, a perda dos que já partiram. Preparo o coração para seguir o caminho, com a mesma pergunta que nunca sabemos responder.
Mais um Dia de Finados feito para reverenciar e agradecer, em silêncio, a vida. Que os entes queridos descansem em paz na eternidade de nossos afetos.
O bem-te-vi grita, pra quem quiser ouvir, o seu recado.
  

Santa Teresa, 2 de novembro de 2013

Fica a sincera homenagem ao queridos ausentes, mas contínuos inspiradores de nossos dias.
Abraço.
Maysa

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

AMO VOCÊ - Maysa Machado

 Rio clicado da Vista Chinesa/ Ana Rebes Guimarães/ 
 luz da manhã/outubro de 2013











AMO VOCÊ

                                   Maysa Machado




Palavras são desnecessárias

para o intenso sofrer.

Os fortes cultivam em silêncio

suas dores, sem nada dizer.

Choro por tudo 

Um quase nada.

Tanto faz.


Ninguém vai querer saber.


Amo sua presença

Seu jeito de olhar.

O amor traz sentido

Enganos, tristeza e dor.

O amor ameniza

A angústia de existir.

Colore sonhos, exala perfumes.

O amor consola.

Aplaca medos e trevas

O amor... É entrega.

Sinto o amor 

Humanizo-me.

Nessa calma aparente

Navegam tempestades

Você é a tempestuosa calma.

O instante se instala, de passagem,

No espaço da casa.

Momento e ação. Você

Suaviza a têmpera indomável

Que era minha.

Imprevisível, incontrolável

Faz-se ausência quando quer.

Tanto irrita, tanto faz.

Falta mais que um pedaço.

O amor refaz nossa visão do mundo

O sentir e o saber de si.

Resisto.

Pra quê?

A cada dia mais é preciso

... Aprender. Sonhar. 

Amar em silêncio.

Como eu amo você.


Santa Teresa, 24 de outubro de 2013.


Palavras insistem em traduzir sentimentos e pensamentos. O silêncio faz melhor.
Um abraço aos que passam.
Maysa

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

SÓ VINICIUS - Maysa Machado






SÓ VINICIUS
                                                                                                                                                                                                                                                   Maysa Machado

Vinicius partiu cedo. No entanto, as marcas de sua passagem continuam enriquecendo todas as gerações. Pergunte aos jovens que não o conheceram, nem o assistiram em seus shows musicais. Sobre o poeta, letrista incomparável e carioca, sedutor e bem humorado, pairam muitas histórias.
 A obra literária, poética e musical, e mesmo os fatos da vida pessoal desfilaram ante o olhar apaixonado de todos os brasileiros.
 Vinicius espalhou e sorveu AMOR. 
 Encantamento há com as tristezas e alegrias amorosas. Melhor vivê-las que não tê-las, quem pode aprendeu com Poema Enjoadinho.
Toda a obra do “poetinha”  mostra como só se transpõe, vida a fora, vivendo, intensamente, colorindo ou apagando as dores do amor.
 Com irreverência e permanente mordacidade, Vinicius, tratou as convenções de sua época.
 Vinicius nunca passará. Conquistou o amor de seu povo. 



POEMA ENJOADINHO


Vinicius de Moraes





Filhos... Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete...
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filhos? Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los...
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem xampu
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!

Abraço aos que amam poesia, e lembram do Vinicius com carinho. Um carioca que muito enriqueceu o nosso jeito de ser.
Maysa.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

PRIMAVERA PASSEANDO AQUI EM CASA - Maysa Machado

fotos maysa machado/ cel/outubro 2013










PRIMAVERA PASSEANDO AQUI EM CASA


                                                                            Maysa Machado

Flocos brancos de nuvens passeiam no céu. Flores, lavandas, pitangas, pimentas no jardim... Passeiam, também.
Até eu passeio. Fui rever a Cinelândia, no dia seguinte à manifestação em prol da Educação, e trouxe frases, passagens da luta por cidadania, que resvala na angústia de ser brasileiro.
A Primavera de aparência suave, rotineira... Ameniza o calor forte, traz chuvas com seus ventos caprichosos, imprevisíveis.
Alergias aos sensíveis. Tédio pra ninguém.
Passa depressa a vida, dizem. Intensa, declaro eu. Nem dá tempo pra viver tanta coisa. Nem pra acalmar o espírito com a perda que, a esta altura, não é pouca.
Descubro um travo, feito cica em fruta, é a frustração de sentir que o mundo empobrece quando parte alguém especial... Que a gente se emocionou ao perceber, e chamar de "gente".
Felizmente, lixo humano não traz saudade.
Nostálgica, pelos tempos atuais, em que: A cultura - na aparência - se acomoda, a cidadania resta incompleta, os sonhos despertam à míngua.
O pragmatismo vence todas. A ilusão está caducando, e o surreal é que, ainda, nos dá alento inesperado.
Mais um brinde à Primavera! Tão discreta, passeia pela casa florindo, verdejando, trazendo pássaros e pólen, multiplicando... Esperanças.

Um brinde à vida! Tão intensa pode se aconchegar em nosso dia-a-dia, sem pedir licença.

Santa Teresa, 9 de outubro de 2013.

Grande abraço de Primavera.
Maysa

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

ABIGAIL, DAGMAR e JULIETA – Presente, passado e futuro- Maysa Machado











cartaz dos professores em luta por salarios e condições de trabalho dignas.

Desenho de alunos da Escola Francisco Alves , em Botafogo, Rio.


ABIGAIL, DAGMAR e JULIETA – Presente, passado e futuro.

Por um princípio da Escola Pública: investimento na formação do indivíduo.

                                                                                          Maysa Machado

Três mulheres importantes, para todo o sempre, em minha vida. Não pude dizer-lhes isso. O tempo seguiu, e de criança à mulher adulta, nunca mais as vi.
Digo, agora, em público, comovida por boas lembranças vividas na Escola Primária Francisco Alves, em Botafogo, na Rua da Passagem. As três minhas professoras primárias.
 Os dolorosos e absurdos fatos, suscitados pela violência de estado, contra a greve, em curso, dos professores municipais do Rio, deviam encorajar, a todos, a saírem em defesa dos mestres, desrespeitados pelos governantes e policiais, nas ruas do Rio, na Casa do Povo - Câmara dos Vereadores e nas salas de aula.
Conto aqui, com direito à subjetividade que me representa sobre as três mulheres. Elas me apresentaram o mundo. Um lugar maior, e distante do lar, do afeto materno e paterno, e precisava se tornar próximo; que as pernas pudessem alcançar sozinhas, onde a barra do vestido da mãe não podia levar.
DONA ABIGAIL
Professora do Jardim de Infância, na referida Escola Pública, me ensinou a ler. Descrevo-a: Alta, magra, sem um pingo de pintura, era mulher feita, cabelos castanhos cacheados, beirando o ombro, óculos, e movimentos precisos, porém suaves. Um grisalho nos cabelos.
 Aprendi deslumbrada, em ambiente calmo e lúdico, os sons e significados das letras. Ouvindo histórias, folheando os primeiros livros, descobrindo as ilustrações, e estas mostrando a riqueza dos detalhes, nas figuras.
 Não era proibido sonhar, imaginar, desejar, perceber. Talvez, o proibido ali, fosse faltar aula.
 Aprendi a construir palavras, e com elas a pensar. As palavras me transformam e dão significado à vida.
A sala de aula, lembro bem, era ampla, porém aconchegante, arejada, luminosa. Ficava ao fim do pátio do prédio antigo principal, onde os alunos das turmas do primário estudavam.
Anos passados, a ganância institucional, aliada ao poder político, demoliu o lindo prédio de valor arquitetônico, no bairro de Botafogo, e colocou, na rua lateral, duas caixas horrendas de concreto.
A valorização do metro quadrado do terreno, na rua principal, onde a escola ficava, foi determinante para a demolição. O lugar da memória se manteve no imaginário daquelas crianças. Essa construção é permanente.
O atual governador do RJ quis fazer o mesmo, sem sucesso, pela intensa movimentação popular, com escola no complexo do Maracanã.
Existe algum governante - aqui no Estado do Rio e no Município do Rio- com o propósito de respeitar e contribuir para essa formação básica?
Quais são as condições e instalações físicas atuais nas escolas publicas? O que as crianças, de hoje, e seus mestres, recebem dos governantes para, desenvolverem juntos, essa importante etapa na vida de qualquer pessoa.

A luta de todos nós, parece-me que é defender, proteger crianças e mestres contra as agressões à formação do indivíduo.
E quais são as garantias democráticas que podem proteger os indivíduos de toda forma de agressão aos seus direitos de pessoa?
 A Constituição não está sendo respeitada. Presente preocupante e Futuro imprevisível.
A LUTA CONTINUA.
Santa Teresa. 2 de outubro de 2013.

Abraço aos que por aqui passam.
Maysa

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

27 DE SETEMBRO - DIA DE COSME E DAMIÃO – E A TRADIÇÃO DE OFERECER BALAS ÀS CRIANÇAS. Maysa Machado










27 DE SETEMBRO - DIA DE COSME E DAMIÃO –
E A TRADIÇÃO DE OFERECER BALAS ÀS CRIANÇAS.

                                                                               Maysa Machado


Cuidado ao volante, motoristas, hoje é dia de Cosme e Damião!
Muita criança correndo pelas ruas, atrás de balas, doces. Então, atenção redobrada.
Nos subúrbios cariocas, e por outras zonas da cidade, surge alvissareira a agitação do bando colorido de crianças. Em sua grande maioria pobre, descalça, ávida por presentes.
O tempo da infância exige pressa. Cuidado motorista.
A bola corre para além dos pés ligeiros e ao longe desafia a retomada. O gol é, e sempre será, a meta.
No dia de Cosme e Damião, de novo, a criança corre atrás.
Das recordações longínquas, o grito maior tem volume, comando e coreografia:
— ‘Tão dando bala ali!
Dando bala, doces, e junto a ilusão, a imaginação escondida dentro do saco de papel, com a estampa colorida dos santos gêmeos.
O prazer de saborear as guloseimas, o prazer, simplesmente.
Ajudai-nos a criar nossas crianças com fantasia e alegria. Protegei nossa infância tão subnutrida, esquecida, desamparada.
Balas, doces, confeitos, ao invés, de balas perdidas, nas subidas e quebradas, da cidade Maravilhosa.
 Protegei oh! Cosme e Damião a criançada.

Santa Teresa, 27 de setembro de 2013.

Grande abraço aos devotos dos Santos Cosme e Damião.
Maysa

domingo, 22 de setembro de 2013

SE A PRIMAVERA FOSSE GENTE - Maysa Machado

orquídea de quintal/maysamachado/by cel/setembro de 2013




















SE A PRIMAVERA FOSSE GENTE


                                              Maysa Machado



Se a primavera fosse gente...
Seria mulher. Delicada, bela
Discreta, muito inteligente.
Traria consigo promessas e sonhos
Todos possíveis. Alguns, tão bons
Podiam ser sonhados, novamente.
Se a primavera fosse gente...
Seria forte. E permanente.
Atravessaria o deserto de afetos,
Os medos que povoam a vida
E assustam o coração da gente.
Se a primavera fosse gente...
Alcançaria com simplicidade e precisão do gesto
O desconhecido futuro e o traria para o presente.
Se a primavera fosse gente...
Guerras, dor e morte
Não sufocavam as noites insones.
Surpresas boas nasceriam juntas
Com o amanhecer dos dias.
Se a primavera fosse gente... Como a gente
As flores perfumadas, coloridas, diferentes
Após corte seriam exibidas em translúcidos cristais
Da beleza suntuosa ao destino efêmero
Dos buquês de noivas.
Ao choro contido das coroas fúnebres
Pranteando a partida.
A primavera, por absoluta necessidade, é estação.
Chega com data marcada, previsível.
Pródiga. É uma no hemisfério sul e outra no norte.
Aos afortunados é permitido viverem
Duas primaveras por ano.


Santa Teresa, 22 de setembro de 2013.

Meu abraço de Primavera.
Maysa

terça-feira, 10 de setembro de 2013

É TUDO PASSARINHO OU UM TRINADO, ATÉ AQUI, NUNCA OUVIDO - Maysa Machado

















É TUDO PASSARINHO OU UM TRINADO, ATÉ AQUI, NUNCA OUVIDO.

                                                                             Maysa Machado


Tempos de inquietude, incessantes ruídos, silêncio escasso. Quase sempre surgem nas manhãs, e nos despertam aos solavancos. Ah! Mas haverá alguma em que o canto de um pássaro te alcança primeiro.
Aconteceu, hoje, acordei com um trinado desconhecido, aí a vontade incrível de abrir a porta do quarto, que dá pra varanda do mundo, e ver o dono do som. Contive a inquietude, que dormira de véspera comigo, fiquei toda ouvidos, agradeci contrita o dom de, apenas, ouvir.
Outros trinados acordaram minhas manhãs e mais outros, com otimismo, aguardo. E esse canto, que nunca ouvira, trouxe, com ele, por inteiro, o frescor da vida.
 O novo desperta, em nós, a seiva que guardamos, por vezes, em lugares impróprios. Mal resolvidos, grávidos da rotina engendrada em mágoas, tristezas. Quase uma ressaca de viver e não conseguir aceitar a oferenda recebida.
Amo o silêncio. Amo os dons e sons da música, e suas pausas que falam; caminhos que constroem nova unidade, novo vir a ser. Quase toda subjetividade é amalgamada em sonhos, esperas, novos trinados para serem percebidos.


Santa Teresa, 10 de setembro de 2013.

Um abraço aos que por aqui chegam.
Maysa

foto: sanhaço comendo cereja  in http://marciliodiasdistrito.blogspot.com.br/2013_01_01_archive.html