sábado, 22 de março de 2014

FESTA-FESTA - Maysa Machado












FESTA - FESTA

Maysa Machado




Canções lindas! Interpretações únicas! Excelente gosto musical! Em qualquer país encontraremos.
Que tal recomeçarmos a busca com Katie Melua, jovem cantora e compositora britânico-georgiana ? Aprender sempre é bom! Uma releitura de Moon River? Learnin'the blues? Ou, ainda, Lucy and the sky?
Tudo isso para afirmar que uma festa elegante, inesquecível tem que ter música, indiscutivelmente, boa. Antigas ou recentes, lançamentos...Sempre belas interpretações.
Apaixonem-se, cantem, dancem... Mas por favor, não espanquem os instrumentos, nem os nossos ouvidos. Aprendam com quem sabe...
FESTA - FESTA não se promove para agredir direitos, incomodar pessoas.
FESTA - FESTA é para celebrar a vida, a alegria. O amor que se conjuga com o verbo AMAR.

Os "novos corsários" conjugam só o verbo "comprar"... Compram imóveis em Santa Teresa, e desconsideram os hábitos locais. Insistem em invasões comerciais nos territórios bucólicos. Praticam, assim, visão colonialista e predatória.
O bairro sempre foi boêmio... E se, nós, seus moradores resistirmos a essa onda apressada por lucros, dos “novos empresários corsários", seguirá sendo.
Continuamos amando os artistas e acolhendo-os em suas várias expressões por nossas ladeiras, travessas, becos... Casas, sobrados e soberba paisagem!
Precisamos de ARTE!
Jamais da ganância globalizada que só visa o capital, alcançando-o via tráfico... De influências.
Xô! Aos aventureiros e gananciosos que depredam com grana, muita grana, nosso estilo saudável de viver!

Santa Teresa, 22 de março de 2014.
Um abraço carinhoso aos que passam por aqui.
Maysa

Lembrete: Acompanhem com atenção e prazer o vídeo selecionado.
https://www.youtube.com/watch?v=jf_rOMIEgYY

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

VERBO AMAR - Maysa Machado














VERBO AMAR

                                        Maysa Machado

Diz alguém: Esse amor não existe.
É invenção. Carência. Fantasia.
A frase realista fere ouvidos
Sobretudo os meus.
Entranhou-se na alma,  instalou
A dúvida. Não de toda má.
Inquietante o tempo foi passando
E os rótulos caindo.
O que é o quê? Responde
Tanto quanto: Quem é quem?
Nada sabemos. E o que sentimos
Pode mudar a todo instante.
Efêmeros sobreviventes
Atônitos amantes.
O amor escondido na dúvida
Confunde, dá tempo ao tempo.
Brinca. Nega-se.
Só quem ama provará
A calma, a ternura, o fogo constante
O tempo presente do  verbo amar.


Santa Teresa, 26 de fevereiro de 2014.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

SOLIDÃO - Maysa Machado
















SOLIDÃO

                                              
                                               Maysa Machado


Nasce um sol dentro de mim
Sem alarde ou cumplicidade
Sem aplausos.
Vago em mundos inimagináveis.

Pernoito em mim
Dentro da história não contada
Viajo por sonhos.
Pesadelos escarafunchados.


Disputa e primazia.
Há o tempo e o aconchego no singular
Derrubo todos os plurais
Um a um.

Quero um pouco mais
Do mistério. Do Amor.
Da finitude...
Em uma conversa sem palavras.

Busca do imprevisível
Sentir o que não se divide
O que não desabrocha...
Em multidão.

Santa Teresa, 27 de janeiro de 2014.


Um poema pra começar o ano de 2014... E um abraço renovado para os que visitam o Ninho e a Tempestade.
Maysa

domingo, 15 de dezembro de 2013

NINHO DE BEIJA FLOR - Maysa Machado

ninho de beija flor I/ foto.by cel/ maysa machado





















                                                 ninho de beija flor II/ foto by cel maysa machado 

NINHO DE BEIJA FLOR

                                                              Maysa Machado

Quem já viu um NINHO DE BEIJA FLOR? Alguém? Quem?
Se quiser fique curioso, ou se puder não dê nenhuma importância à história que vou contar. História de verdade ou inventada? Raul e Cecília... Rápido, deduzam, antes da próxima linha ;)


Era uma vez...

Fui apresentada a uma casa delicada
Toda verde clarinho.
Parecia flor, mas não era.
Depois olho a olho descobri
Era um ninho... De beija flor.
Escorado nas folhas duras
Verde escuro que cobriam
O emaranhado das heras
De um muro vizinho.
Ninho de passarinho
No final da primavera?
Um canto tão pequenininho...
Só vai caber o comprido bico
Do príncipe dos jardins!
Na semana seguinte... Desconfio
Após o nascimento do primeiro filhote
Eh! Bum!
Ou cai o ninho ou o passarinho!
Santa Teresa, 15 de dezembro de 2013.
<3 <3 <3 <3

Bilhete para possíveis interessados:

História verdadeira ou inventada? Com saudade dos meus netinhos: Mabi, Ana, Raul e Cecília. Tudo isso, se aconteceu, foi no dia 12/12/13.
Levei um tempão, hein? Pra conhecer um ninho de beija flor.
Vovó Maysa.

domingo, 24 de novembro de 2013

HILDA HILST - DO DESEJO - DA NOITE II




POESIA SEMPRE...

"O que tu pensas gozo é tão finito

E o que pensas amor é muito mais." HILDA HILST (1930/2004)

In DO DESEJO - DA NOITE II , pag. 30. Ed. Globo, 3ª reimpressão, 2013...

II

Que canto há de cantar o que perdura?
A sombra, o sonho, o labirinto, o caos
A vertigem de ser, a asa, o grito.
Que mitos, meu amor, entre os lençóis:
O que tu pensas gozo é tão finito
E o que pensas amor é muito mais.
Como cobrir-te de pássaros e plumas
E ao mesmo tempo te dizer adeus
Porque imperfeito és carne e perecível

E o que eu desejo é luz e imaterial.

Que canto há de cantar o indefinível?
O toque sem tocar, o olhar sem ver
A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis.
Como te amar, sem nunca merecer?

(Da Noite - 1992)

Encantos e desencantos atravessam a poesia.
Abraços
Maysa

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

SÓ NA APARÊNCIA -Maysa Machado



foto sonia simões













SÓ NA APARÊNCIA

                                         Maysa Machado

Em quieta aparência
Um vulcão dorme
Dentro de mim.
Te olho. Sinto amor
Te vejo.
Vou recalcando o desejo
Ah! Brota tanta emoção
 Dispara em ritmo apaixonado
Meu coração.
É suave, avassalador.
Nítido descompasso do amor.
Tua voz traz o encanto da primeira vez
Nem sei por que não posso repetir
No gesto, a entrega pulsante.
Vence o desejo domado.
Só na aparência.
Quero carinho
Um abraço. Dois beijos.
Todo o tempo inexato
E meu nome sussurrado outra vez.
Bem sabes o que me faz feliz.
Escadas acima, abaixo.
Sem tempo determinado
Sem a pressa imperiosa da lei
 Calculada em horário e dia
A confundir secos e molhados.
Dois mundos subjetivos
Olhares inconformados.
Em mim, misturo o onírico ao real.
Minúcias antecipam tua chegada.
Perfume de lavanda no quarto
Roupa de baixo premeditada
O vinho sorvido, o desejo...
Por fim engarrafado.
A timidez não vencida.
Faltou o simples carinho
Qualquer afago.
A lei, a blitz, a pressa.
Estás atrasado
O trânsito desde o viaduto derrubado
Desencontram-se os tempos internos
 E os mundos desvairados.
Algum alarme é travado.
E a casa fica, inteiramente, vazia.
Sem teu corpo magro no sofá sentado
Sem tua voz suave e forte
Sem teu olhar triste e acalmado.
Tuas histórias partem contigo
E a casa dói, inteiramente, vazia.
Meu amado.


Santa Teresa, 6 de novembro de 2013.

Um abraço aos que passam pelo Ninho, bem sei que atravessam as Tempestades.
Querem ver mais fotos da sonia simões? Aqui: http://olhares.uol.com.br/trilhos-de-santa-teresa---rj-foto322414.html

sábado, 2 de novembro de 2013

O DIA DE FINADOS OU AS FLORES... PELA HORA DA MORTE -Maysa Machado





















O DIA DE FINADOS OU AS FLORES... PELA HORA DA MORTE.


                                                                 Maysa Machado

O dia amanhece quieto, silencioso, envolto em leve calma. Um galo canta por preguiça, já passando das 7 h da manhã. Os passarinhos trinam e num vai e vem agitado pousam entre folhas, e beirais.
O silêncio da manhã me agrada. Janela aberta pro lado do mar. Um raio morno de sol vem me aquecer o corpo.
 É a vida que sopra, acorda, aquece, encanta e um dia adormece na eternidade dos cemitérios, das casas, ou se despede com pressa nas ruas, nos hospitais.
Lembro de todos que amei e que tiveram amor por mim. Lembro dos que admirei e segui. Lembro dos desencontros, da pressa, e a saudade passa de mãos entrelaçadas com a brisa dessa manhã quieta e fresca, como um sorriso.
Não costumo ir ao cemitério homenagear os mortos queridos, devia mudar esse hábito... E tantos outros precisam mudar.
Tenho motivos de sobra para ir visitá-los. Saudades. Necessidade do silêncio, que nem sempre chega pela manhã. Dizem que o silêncio é uma forma de oração. Acredito.
Reúno minhas lembranças, nelas imagens primeiras ou únicas de meus queridos, nossas semelhanças e divergências.  Reúno-me e respiro o ar da manhã, usufruo o silêncio como um prêmio. Olho para as flores silvestres do pequeno jardim.
Meus sentimentos, meus sentimentos aceitam a ausência, a perda dos que já partiram. Preparo o coração para seguir o caminho, com a mesma pergunta que nunca sabemos responder.
Mais um Dia de Finados feito para reverenciar e agradecer, em silêncio, a vida. Que os entes queridos descansem em paz na eternidade de nossos afetos.
O bem-te-vi grita, pra quem quiser ouvir, o seu recado.
  

Santa Teresa, 2 de novembro de 2013

Fica a sincera homenagem ao queridos ausentes, mas contínuos inspiradores de nossos dias.
Abraço.
Maysa

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

AMO VOCÊ - Maysa Machado

 Rio clicado da Vista Chinesa/ Ana Rebes Guimarães/ 
 luz da manhã/outubro de 2013











AMO VOCÊ

                                   Maysa Machado




Palavras são desnecessárias

para o intenso sofrer.

Os fortes cultivam em silêncio

suas dores, sem nada dizer.

Choro por tudo 

Um quase nada.

Tanto faz.


Ninguém vai querer saber.


Amo sua presença

Seu jeito de olhar.

O amor traz sentido

Enganos, tristeza e dor.

O amor ameniza

A angústia de existir.

Colore sonhos, exala perfumes.

O amor consola.

Aplaca medos e trevas

O amor... É entrega.

Sinto o amor 

Humanizo-me.

Nessa calma aparente

Navegam tempestades

Você é a tempestuosa calma.

O instante se instala, de passagem,

No espaço da casa.

Momento e ação. Você

Suaviza a têmpera indomável

Que era minha.

Imprevisível, incontrolável

Faz-se ausência quando quer.

Tanto irrita, tanto faz.

Falta mais que um pedaço.

O amor refaz nossa visão do mundo

O sentir e o saber de si.

Resisto.

Pra quê?

A cada dia mais é preciso

... Aprender. Sonhar. 

Amar em silêncio.

Como eu amo você.


Santa Teresa, 24 de outubro de 2013.


Palavras insistem em traduzir sentimentos e pensamentos. O silêncio faz melhor.
Um abraço aos que passam.
Maysa

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

SÓ VINICIUS - Maysa Machado






SÓ VINICIUS
                                                                                                                                                                                                                                                   Maysa Machado

Vinicius partiu cedo. No entanto, as marcas de sua passagem continuam enriquecendo todas as gerações. Pergunte aos jovens que não o conheceram, nem o assistiram em seus shows musicais. Sobre o poeta, letrista incomparável e carioca, sedutor e bem humorado, pairam muitas histórias.
 A obra literária, poética e musical, e mesmo os fatos da vida pessoal desfilaram ante o olhar apaixonado de todos os brasileiros.
 Vinicius espalhou e sorveu AMOR. 
 Encantamento há com as tristezas e alegrias amorosas. Melhor vivê-las que não tê-las, quem pode aprendeu com Poema Enjoadinho.
Toda a obra do “poetinha”  mostra como só se transpõe, vida a fora, vivendo, intensamente, colorindo ou apagando as dores do amor.
 Com irreverência e permanente mordacidade, Vinicius, tratou as convenções de sua época.
 Vinicius nunca passará. Conquistou o amor de seu povo. 



POEMA ENJOADINHO


Vinicius de Moraes





Filhos... Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete...
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filhos? Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los...
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem xampu
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!

Abraço aos que amam poesia, e lembram do Vinicius com carinho. Um carioca que muito enriqueceu o nosso jeito de ser.
Maysa.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

PRIMAVERA PASSEANDO AQUI EM CASA - Maysa Machado

fotos maysa machado/ cel/outubro 2013










PRIMAVERA PASSEANDO AQUI EM CASA


                                                                            Maysa Machado

Flocos brancos de nuvens passeiam no céu. Flores, lavandas, pitangas, pimentas no jardim... Passeiam, também.
Até eu passeio. Fui rever a Cinelândia, no dia seguinte à manifestação em prol da Educação, e trouxe frases, passagens da luta por cidadania, que resvala na angústia de ser brasileiro.
A Primavera de aparência suave, rotineira... Ameniza o calor forte, traz chuvas com seus ventos caprichosos, imprevisíveis.
Alergias aos sensíveis. Tédio pra ninguém.
Passa depressa a vida, dizem. Intensa, declaro eu. Nem dá tempo pra viver tanta coisa. Nem pra acalmar o espírito com a perda que, a esta altura, não é pouca.
Descubro um travo, feito cica em fruta, é a frustração de sentir que o mundo empobrece quando parte alguém especial... Que a gente se emocionou ao perceber, e chamar de "gente".
Felizmente, lixo humano não traz saudade.
Nostálgica, pelos tempos atuais, em que: A cultura - na aparência - se acomoda, a cidadania resta incompleta, os sonhos despertam à míngua.
O pragmatismo vence todas. A ilusão está caducando, e o surreal é que, ainda, nos dá alento inesperado.
Mais um brinde à Primavera! Tão discreta, passeia pela casa florindo, verdejando, trazendo pássaros e pólen, multiplicando... Esperanças.

Um brinde à vida! Tão intensa pode se aconchegar em nosso dia-a-dia, sem pedir licença.

Santa Teresa, 9 de outubro de 2013.

Grande abraço de Primavera.
Maysa