quarta-feira, 27 de abril de 2011

CURAÇAO BLEU

laranjas ácidas de Curaçao

CURAÇAO BLEU

Maysa M.


Preciso tomar um.

Em muito boa companhia

ou mesmo sozinha.

Relembrando o prazer sentido

cor, cheiro, temperatura do copo.

Suave pilequinho... de azul artificial.

Na boca o gosto adocicado

o sensual frescor

o gelo picado

estalando na língua

sensível aos beijos apaixonados.

Ah! ficou tudo perdido

num gesto precipitado.

Insano

partistes procurando ávido

o que tinhas a teu lado:

amor, paixão

vida.

O dia-a-dia recriado.

Só, não saboreio

o afrodisíaco drink.

Temo descobrir o desbotado afeto,

intacto, no perfume do trago.


Botafogo, s/data.

Anos 90.

Meu abraço.

Maysa

PS: relembrando que o azul artificial tinha sotaque francês, por isso o bleu.

terça-feira, 26 de abril de 2011

MAN RAY - FOTO - LE VIOLIN DE INGRE

Man Ray/ Le violin de Ingre
... e tudo mais.

Maysa M.


O incontido transforma-se em afago tímido.

Sinto e quero sôfrega, beijos, carinhos...

Suavidades, delicadezas e sins.

O afeto plural é singular.

Sua intensidade varia.


É correspondido?

Imprevisto, como quase tudo

finca no peito a rima incerta

Cada dia vai sendo descoberto...

e perdido.


Se uns a gente inventa...

outros que nos reinventam.

Em ti, conheci meu melhor íntimo.

Não as entranhas de mulher...

sua geografia desafiadora e incompleta.


Foram as descobertas profundas, prosaicas

sobre sexo, carinho e afeto.

Muito há a percorrer

nutrir a fantasia

o sentimento renovado.


A partir do que me inspiras

mero encontro ... nunca fomos

Nem tão pouco conto de fadas!

O acontecido entre nós revela quem somos

Quietos, apaixonados... discretos.


Santa Teresa, 30 de setembro de 2009.


Com meu abraço carinhoso, mais um da gaveta.

Maysa

domingo, 24 de abril de 2011

FELIZ PÁSCOA















PÁSCOA

Maysa M.


Nascer é morrer.

Renasce do ovo

sai da casca.

Dá outra chance

a vida.

Voa... voa.

alegria, festa.

Percebe, aceita

a promessa de hoje.

Começa de novo.

Só assim.

Santa Teresa, 24 de abril de 2011.



Um abraço de Páscoa, neste 2011.


Maysa


sábado, 23 de abril de 2011

ALELUIA, ALELUIA, ALELUIA












ALELUIA


"Aleluia, aleluia, aleluia!

Como a palmeira, florescerá o justo,
elevar-se-á como o cedro do Líbano.
Aleluia, aleluia, aleluia!

Plantado na casa do senhor,
florescerá nos átrios de nosso Deus.
Aleluia, aleluia, aleluia!"


Feliz sábado de ALELUIA

Abraço

Maysa

sexta-feira, 22 de abril de 2011

MANOEL RIBEIRO MACHADO - ALAGOAS1914-RIO 1997.



ANIVERSÁRIO DO PAI.

Salve a lembrança carinhosa desse alagoano alegre, amigo, trabalhador honrado. Trago até aqui meu orgulho de filha.

Em 20 de abril Manoel Machado fazia aniversário. Tinha que ter festa.

Alegre, amigo... e musical promovia rodas de choro, encontros de samba, na casa de vila, no bairro de Botafogo. Por lá passaram, com carinho e amizade, muitos bambas. Alguns virtuoses, como os violonistas Benedito César Faria e Damásio,ambos do Conjunto ÉPOCA DE OURO, Santiago e Álvaro, os amigos mais antigos companheiros das festas de juventude, os dois últimos cantores respeitados no famoso bairro.

Jonas do Cavaco, Ronaldo do Bandolim, Valter Alfaiate, Nelson Sargento, Violeta Cavalcanti, Monarco, Jair do Cavaquinho, Paulinho da Viola, Paulão Sete Cordas, Paulinho do Violão, Rossine do Bandolim, Mário Pereira - no sax ou na clarineta, Assis-o Six- no cavaco, Valdir do Chapéu de Palha. O pessoal jovem, os que despertaram o bairro da Lapa para, de novo brilhar em muitos palcos. Eduardo Gallotti, Manoela Marinho, Agenor do Pandeiro, Camilo Atiê, Marcelo Gonçalves, violão. E muitos, muitos outros queridos músicos.

Papai nasceu em Mata Grande, interior das Alagoas, filho de fazendeira, que segundo ele, administrava as terras com vocação e pulso. Ficara viúva, três crianças pequeninas, Carolina (Calú), Zeferino, e Manoel- o caçula – órfão de pai, com menos de dois anos.

A mãe jovem e rica, solteira não ficou. Casou com um primo distante. Meu pai ganhou mais uma irmã, Eleonora, seu xodó. Ficou órfão de mãe, poucos anos depois.

E a alegria? sua marca, onde foi que achou?

A convivência entre irmãos perdida, a infância tornara-se árida... A orfandade muda tudo. A casa, o lar, o afeto foram substituídos. Seu destino, então, seria conhecer os internatos freqüentados pelos filhos das famílias abastadas,do estado, na cidade de Penedo. Fugia de todos, não eram muitos. Os tios administravam bens, não sentimentos. Quando chegava, fugido do colégio, os familiares o recebiam como estranho, comia com os empregados. A irmã mais velha casou muito jovem e levou para Recife os dois irmãos menores. O do meio foi para a força militar do Estado de Pernambuco, o caçula fugiu.

Um navio no porto esperava o jovem para a liberdade do mundo sem fim, sem perdas. Clandestino embarcou. Com a cara e a coragem como costumavam dizer. Seu mundo de sonhos comportava só alegria?

O mundo real fez com que se apaixonasse - ainda embarcado - pela visão da cidade maravilhosa. Rindo dava seu motivo para fincar, por aqui, seu destino: A beleza do Rio!

A alegria das pessoas, como a que trazia no peito, descobriu depois. Essas e muitas outras histórias eram contadas em tom épico, aventuras tão bem vividas, quanto guardadas como se fossem medalhas do mérito de amar a vida, tornando-a possível e melhor à cada momento.Se não nos oferecer alegrias, cabe agir de forma aguerrida, enfrentar os desafios.

Pode ser que uma criança criada com liberdade, nadando nos rios, subindo em árvores, e comendo dos frutos, domando animais bravos ou se enternecendo com a chegada dos novilhos, resista. Acho que foi o que se deu.

Adotou o Rio, em 1930, num tempo difícil. Serviu ao tiro de guerra, no posto seis, e aí conheceu seu melhor amigo. Ganhou medalhas e competições esportivas do exército. Pé de valsa frequentou bailes, gafieiras, brincou nos blocos do carnaval. Apaixonou-se pelas ondas do mar, pelos trampolins mais altos, das piscinas, nos vários clubes onde era sócio.

Descobriu e criou esquinas. A profissão o encontrou. Era alegre, gentil, educado. Trabalhou árduo como garçom. Depois foi ser funcionário público.

Aos 28 anos casou com uma carioca, minha mãe. Daí que nasci carioca também. rsrsrs.

XXXXX


Foi tudo que me ocorreu escrever nessa Sexta-feira da Paixão, data associada ao renascimento, com meu pai aprendi as primeiras lições.

Um abraço.

Maysa


domingo, 17 de abril de 2011

APRIL IN PARIS

foto meu celular/2009




Conheço desde menina essa música. Sons descrevem emoções, essas são de puro encantamento.
No dia de hoje com amor e tranquilidade compartilho beleza e suaves lembranças.


PS : Com um beijo carinhoso para Cibele qui est lá bas e faz aniversário le 18 avril.

Um Domingo sereno
Maysa


quarta-feira, 13 de abril de 2011

O PAR PRESSENTIDO - MAYSA MACHADO

Pablo Picasso



O Par Pressentido



Maysa Machado



Foi findando

o que nunca existiu.

Assim, findou-se de vez.


Um desejo torto

de amor não sentido.

Foi tudo se findando...

na falta de conversa

na falta de presença

na mesmice que

todo dia recomeça...


Veio junto:

a falta de sentido.

O absurdo de todo

o tempo perdido.

Veio, ainda, mais que junto

a diferença encoberta.

O caráter abolido,

a farsa por vezes

bem construída.


Pouco adianta

ter pressentido o par

findo antes de ter sido.

Você partiu.

Eu fiquei comigo.


No entanto nunca

podemos nos dizer

não ter acontecido.


Santa Teresa, 25.11.07


Mexendo na gaveta...

Um abraço

Maysa

segunda-feira, 11 de abril de 2011

FERNANDO PESSOA - PLURAL





Plural como o Universo é a exposição sobre a obra poética de Fernando Pessoa.
O público carioca a recebe desde 25 de março, apressem-se não ficará muito tempo.
Convém escolher uma tarde ou noite, com cuidado e muito carinho.
Tenho notado, com relativo mal estar, um outro público que acorre às exposições. É barulhento, dispersivo, nada de alegria e sim um novo tom de euforia. Há quem marque o programa da noite, ao vivo ou pelo celular, diante de uma obra de arte, mal percebida, lida ou vista. Atrapalhando os que foram lá para apreciar, refletir.
Já aconteceu de sentir, se me colocassem de olhos vendados, estar chegando ao Baixo Gávea dos anos 70. Calma gente, uma coisa é uma coisa.
Plural como o Universo é um importante momento para os jovens descobrirem a obra de Pessoa, e nós os mais velhos usufruirmos sua poesia, com os ares da maturidade, em silêncio de prece, se possível.
Vamos lá?

O projeto cenográfico de Hélio Eichbauer, inspirado em um dos livros do poeta, Mensagem, tem como identidade visual o mar e os diferentes tons de azul da água e do céu, o que remete à época dos Descobrimentos e das grandes conquistas de Portugal. “A idéia é sugerir viagens mentais e espirituais, em torno das ruas de Lisboa, das aventuras dos heterônimos e do próprio Fernando Pessoa”, diz o cenógrafo.

Ainda como parte da concepção cenográfica, há um grande pêndulo representando o tempo. Ao lado dele, trechos de poemas são projetados e apagados pelo mar em tanques virtuais de areia. “Ao fundo, como se fossem duas janelas, são projetados dois vídeos, um deles mostrando pessoas, em meio a uma multidão, recitando Pessoa.”

Fonte: Agência Brasil

Local: Centro Cultural dos Correios- Centro do Rio


Datas: de 28 de março até 22 de maio, com entrada franca.


Meu abraço carinhoso.
Maysa


segunda-feira, 4 de abril de 2011

CONTOS HOMEOPÁTICOS (3) MAYSA MACHADO

Carlos Leão/RJ/1906/1983





Dó, ré, mi, fá, fá, fá...

Cuidou para que fosse seu. Tanto que fez o caminho só. No percurso olhava, atravessada por intensa timidez, os outros viajantes acompanhados, sorridentes. Festa do lado de fora, do mundo que gira. Continuava quieta. Não entendia bem por que era assim, com ela. Seguiu adiante. Muitos anos além, os cabelos embranquecidos, a pele sulcada, a espera terminou. Pois não é que havia encontrado o amor! Celebrou como uma menina, a que vivia escondida em seu peito. Festejou a vida. Cantarolou, enfim cigarra.

Contos Homeopáticos (3) Maysa Machado


Um abraço aos que visitam o Ninho

Maysa


sábado, 2 de abril de 2011

CONTOS HOMEOPÁTICOS (2) MAYSA MACHADO

ilustração Liberati












Chegou sem ser notado.No início ela nem de seu nome lembrava. Foi insistindo. Atenções bem poucas, sob aparência suave. Introspectivo, ar esquivo, e o olhar insistente. Discurso algum. O mistério, o desafio a intrigava, se apaixonou.

Ele nada compartiu, transpirou medos, ressonou alguns de seus segredos, de afeto não falou. Propôs amizade colorida. Nunca soube o que era o azul! Nem do céu nem do mar. Hábitos? Revelou seu cúmplice: o desejo. E na dúvida, não sabia se era erótico ou sexual.

Entrou convidado na casa, na vida, com sofreguidão entesourou os mimos amorosos recebidos. Errático no tempo e no espaço sugou todo o amor.

Ela foi ficando pobre. Pobre de marré de si, de afeto. Um dia, finalmente, a paixão envelheceu. Não se livrou, mesmo assim, da lembrança de como tudo começou, então, cantarolou The Very Thought of You.


Um abraço atrasado de 1º de abril...rsrsrs


PS: A ilustração é de Bruno Liberati feita para um outro conto meu.
Maysa