DESRESPEITO À LEI DO SILÊNCIO SOBE O MORRO
Maysa Machado
Moro em Santa Teresa, quase todos os amigos sabem disso.
Canto as belezas do bairro, aponto as dificuldades - cada vez maiores - encontradas
em nosso dia a dia.
No comércio local não tem mais farmácia, padaria, mercearia,
supermercado. Nos transportes, o bonde não foi devolvido aos moradores. Seguidamente
sofremos a recusa de taxistas para nos deixar em casa. Nossas reclamações, por
vezes, saem até nos jornais e nas emissoras de rádio e TV.
No entanto, não é pra desistir do bairro que tem encantos e
com eles, nos acostumamos, gostamos de conviver.
Só que o silêncio e o aspecto bucólico, de antes, estão sendo devastados por novos conceitos, pela ganância do capitalismo e por novos proprietários/moradores.
Só que o silêncio e o aspecto bucólico, de antes, estão sendo devastados por novos conceitos, pela ganância do capitalismo e por novos proprietários/moradores.
Estes vêm comprando
mansões, construindo hotéis, restaurantes. Vocação turística do bairro, dirão
alguns. Há quem perceba a voracidade dos que apostam no lucro rápido e se movem
com a proximidade dos eventos internacionais programados em nossa cidade. As
autoridades municipais e estaduais... Se omitem.
Alvarás são concedidos ou ficam pendentes para as casas de festas, em locais estritamente residenciais? Ao que parece não há regulamentação para o tal exercício, menos ainda para o horário abusivo de eventos de grande porte.
Esses novos usos, nos imóveis do bairro, descumprem a lei. Seus proprietários sabem disso, desrespeitam e invadem o período de silêncio, da noite. Descumprem a obrigatoriedade do tratamento acústico; perturbam o sono dos que, como eu, escolheram Santa Teresa para morar.
Alvarás são concedidos ou ficam pendentes para as casas de festas, em locais estritamente residenciais? Ao que parece não há regulamentação para o tal exercício, menos ainda para o horário abusivo de eventos de grande porte.
Esses novos usos, nos imóveis do bairro, descumprem a lei. Seus proprietários sabem disso, desrespeitam e invadem o período de silêncio, da noite. Descumprem a obrigatoriedade do tratamento acústico; perturbam o sono dos que, como eu, escolheram Santa Teresa para morar.
O ruído excessivo,
com geradores de energia de alta potência, avança pelas madrugadas agredindo os
direitos de cidadania que a legislação prevê, mas os órgãos competentes não fiscalizam
de forma efetiva.
Esses novos empresários alguns estrangeiros, escolheram o
morro de Santa Teresa para ganhar dinheiro, não para apreciar suas paisagens e
efetivamente morar. Apostam na evidente bagunça que o Brasil, em todas as
esferas, sugere.
Agora, quase cinco horas da manhã, ainda, estou por aqui no computador... Não dá pra dormir com o violento barulho da tal mansão vizinha transformada em Casa de Festas. Está localizada à Rua Cândido Mendes, defronte ao Clube de Squash, e colada à pequenina e antiga travessa onde não se ouve mais os pássaros, saguis, gambás, corujas, cães. O som eletrônico ferve e fere os ouvidos e a alma.
Que falta faz o tempo
onde à alegria era pura alegria. E alegria... Sabemos, não agride, não fere,
não desrespeita.
O que é mesmo cidadania minha gente? Será que a inventamos em algum delírio insone ou teremos que reinventá-la?
Santa Teresa, 16 de fevereiro de 2013.
Um abraço
Um abraço
Maysa