Ah! juventude...que mal lhe fiz prá você se distanciar tanto de mim e dos amigos mais antigos? onde v. se escondeu? Não, não adianta culpar o tempo. Isso faz parte da história e, ele é democrático, quando o destino deixa passa igualzinho para todos. Mortais, bem sabemos há coisa pior que envelhecer... morrer cheio de sonhos e ilusões. Não viver! Entretanto, a vida continua sem nós, tanto faz assistir ao que se desejou ou não ... doses duplas de espantos, em dias que se alongam, noites que não amanhecem... Um aspecto da solidão é pior que constatar as rugas indeléveis... A insatisfação consigo. A maturidade, quando se apresenta vestida em serenidade, fica bondosa e acolhe - com gosto -as mudanças físicas, emocionais, existenciais. É para saborear. Aceitar a passagem do tempo e ficar distante daquela juventude impetuosa pode nos levar à outras descobertas, algumas revigorantes e muitas com o viço das novas floradas.
Ah! juventude onde v. se escondeu? Passou por nós tão rápido que fomos obrigados a inventar novos sonhos e desafios. A vida...continuará a nos encantar nas coisas boas que recebemos e deixamos.
A leitura é capaz de despertar mundos adormecidos, saberes esquecidos, alguns guardados na memória da infância.
Mas é possível que faça aflorar, em aprendizado insólito, lições perdidas pela vida à fora. Reli, com muito saboreio, A terra dos meninos pelados, do velho Graça(1892-1953) referência carinhosa a que me acostumei, no tratamento dado pelos que com ele conviveram, parentes ou amigos. Nesse livro, Graciliano Ramos, traz o tema da diferença. "Havia um menino diferente dos outros meninos: tinha o olho direito preto, o esquerdo azul e a cabeça pelada. Os vizinhos mangavam dele e gritavam: - Ó pelado!" (p.7) A pungência da solidão humana é vista com os recursos da imaginação fértil , então, inventa um país: Tatipirun. Aguardo, com certa ansiedade, o momento de sugerir essa leitura para meus netos. As crianças irão aproveitá-la e saborear a narrativa peculiar de Graça. À começar por expressões e verbos empregados traduzindo o jeito nordestino de contar uma história universal.
A arte que tudo transforma, torna possível o sonho, abre caminhos para se acreditar num país onde a diferença não poderá jamais ser punida.
Impossível, deixar de revisitar minha infância, a de filha de pai alagoano. Aquele mesmo estranhamento provado pela menina urbana, ao ouvir os verbos "mangar, debicar, troçar, bolir, sapecar", aprendidos em casa, mas jamais ouvidos na escola.
"Isso é uma arenga besta!" (pag.54), no dizer de Caralâmpia, a menina princesa de Tatipirun. Homenagem de Graça feita à amiga e conterrânea Nise da Silveira, que tinha esse apelido na infância. É a fala de sertanejo, apregoada e depreciada, tanto tempo, por caipira.
O inusitado prazer sentido ao reler as peripécias do menino Raimundo que inventa seus iguais. E deixa de ser olhado com desprezo, desconfiança.
Ou a troça com a velhice na fala da guariba paleolítica:
" - Como é, sinha Guariba? A senhora, com essa cara, deve conhecer história antiga. Espiche uns casos da sua mocidade.
- Eu não tive isso não, meu filho. Sempre fui assim.
- Assim coroca e reumática? estranhou Raimundo.
- Assim como vocês estão vendo.
- Foi nada! A senhora antigamente era aprumada e vistosa. Sapeque aí umas guerras do Carlos Magno.
-Eu sei lá! Estou esquecida. Sou uma guariba paleolítica.
- Paleo quê?
- Lítica "
(pag.59, 60)
O excelente projeto gráfico e ilustrações são de Roger Mello. Ed. Record, 37ª edição. 2008
Olhe em volta. Movimentos atam e desatam. Brotam, fecundam, ferem. Mas desabrocham.
Sentimentos moldam felicidades Recursos as conformam ... Ou tudo desaba. É preciso começar do zero Do zero? Não acredite Fica sempre algo escondido Nos escombros Sementes de vida... Ou restos mortais de raiva. Fato possível é ... germinar uma nova (... ) variada. Lado direito e avesso Tudo é Tocar pra frente. Acreditando ou não Em parceria. Como os fantasmas... Só a gente insiste em desconfiar.
Em 2005, a EMERJ Cultural ofereceu um Curso Livre." Eu - Mundo: A Aventura Poética da Descoberta". O escritor, dramaturgo e ensaísta ALCIONE ARAÚJO ministrou as quatro palestras, que durante o mes de outubro assistimos. Acabara de receber o prêmio Jabuti, na categoria Contos e Crônicas, com URGENTE É A VIDA.
Deste livro, retiro trechos da crônica A Vida é Urgente. Foram quatro encontros deliciosos, com traços da nossa cultura e diversos aspectos da condição humana, selecionados pelo escritor mapeando elementos da relação homem-mundo.
"A vida é urgente. Não se pode deixar escapar nenhum instante de prazer, de alegria, de humor. Sobretudo, não se pode perder nenhuma migalha de amor. Esses instantes nunca vão se repetir da mesma maneira, com as mesmas pessoas, no mesmo clima. Se é que se repetirão. Pode ser que sejam os últimos. A vida é urgente porque é finita.
Enredado nos seus paradoxos, o homem faz de tudo para se esquecer da morte. Sobretudo da própria morte. O adolescente ou o adulto jovem nem se consideram mortais. Falar de morte com eles é como falar de algo longínquo, incerto, quase desconhecido. A volúpia e a alegria da vida e a roda-gigante dos sonhos são tão intensas que eles se sentem eternos. E mais: sentem que podem ser o que escolherem, que podem ter o que quiserem, que podem, enfim, abraçar o mundo com as pernas. Nessa fase da vida,parece que não há limite nem limitação. É belo, emocionante e legítimo que se sintam assim. Afinal, suas vidas são constituídas de uma matéria chamada futuro. E o futuro ainda é uma folha em branco. Tudo poderá acontecer.
O problema surge quando, mais tarde, o adulto passa a esconder de si mesmo a própria morte. Finge que não sabe que a vida é urgente e finita.
Admitir a própria morte é difícil, quase impossível. Mas, enfim, é tratá-la como parte da vida. Revela a maturidade dos que já se perguntaram:" Afinal, o que é a vida?".....................................
In: " Urgente é a vida" , de Alcione de Araújo, Editora Record.2004. pgs 159/160
Selecionei uma entrevista do autor, se quiserem lê-la, é só clicar aqui.
O que é ser carioca? Eu sou. Nasci aqui, não basta!
Vivo aqui, não basta!
Alguns passam por aqui, se apaixonam, não basta!
Aceitar a vida aqui na alegria e na dor, talvez seja o caminho...Mas ser carioca é como amar, não há definição que baste!
É para ser alegre ou triste... o intuito Guimarães Rosa já nos revelou (...) O coração mistura amores. Tudo cabe (p.204)
Ou (...) Somente com a alegria é que a gente realiza bem, mesmo até as tristes ações. (p.434)
Então? Vamos amar nosso Rio com os traços de alegria e tristeza aparecidos nas belezas perdidas; uma delas a tranquilidade de passear, de ir e vir. E voltar...e voltar. E ficar!
Queria que a cidade - e porque não todo o estado? - tivessem governantes cuidadosos, agindo mais que mal se apoiando em discursos falsos.
As ruas limpas , os jardins ...jardins, os corpos suados ou cansados sem perder os gestos educados e os sons... ah! esses sim, como seria bom parar... ouvir o canto dos pássaros.
Prá que buzina minha gente? E ainda por cima estridente!!
Motoristas atentos profisionais ou amadores, cedendo a vez , respeitando a velocidade permitida pelas leis.
Quanto às festas familiares: Não precisam mais comemorar aniversário ...dentro do sono do vizinho!
Sejamos felizes com a felicidade possível do outro!
Ah! Eu sou carioca, mas ando encontrando poucos!
(...)Viver é descuido prosseguido.(p 86)
Abraços
Maysa
PS: As citações de João Guimarães Rosa,em Grande Sertão Veredas, foram tiradas do catálogo da Instalação Grande Sertão:veredas, concebida por Bia Lessa para a inauguração do Museu da língua portuguesa, S.Paulo, março de 2006
Toda vez que acordo, escuto: miau, miau, miau. É a gatinha ronronando querendo leite e mingau. Tudo que ela quer pede miando. Só não pede para tomar banho. Quando saio é um grude que não acaba mais... Se meto o pé fora ela corre atrás
Barra, 15.07.2010
PS: A autora do poema tem 8 anos. Adora escrever, ler , contar e ouvir histórias. Perguntou-me se podia publicar no blog seu Poema da Gatinha. Com prazer e muito feliz , aqui, o trancrevo .
Com tristeza transcrevo a notícia da partida do grande músico PAULO MOURA. Em inúmeras noites, fomos presenteados com suas interpretações espetaculares, na Estudantina, no Circo Voador, aqui no Rio. Melódico, perfeccionista, erudito e popular, o Maestro Paulo Moura era um músico completo. Não vai ser esquecido por todos os que amam a música em sua dimensão mágica e transformadora, do popular ao clássico. Aqui para sempre nossa admiração!
" RIO - Morreu no fim da noite desta segunda-feira (12.07) o saxofonista e trompetista Paulo Moura, de 77 anos. O músico estava internado na Clínica São Vicente, no Rio, desde o dia 4 de julho com um linfoma (câncer do sistema linfático). Compositor e arranjador de choro, samba e jazz, Paulo Mouro é um dos maiores nomes da música instrumental brasileira, tendo tocado com Ary Barroso, Dalva de Oliveira, Elis Regina, Milton Nascimento e Sérgio Mendes.
Para Paulo Moura não existiam fronteiras. Com seus clarinete e saxofone, o músico - nascido em 17 de fevereiro de 1933, São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, e radicado no Rio desde o fim da adolescência - passeou com talento por muitos gêneros e formações. Tocou tanto em orquestras sinfônicas quanto de gafieira ou grupos de regional, rodando o Brasil e o mundo com sua arte.
De uma família de músicos, ainda em sua cidade natal, incentivado pelo pai, Pedro Moura, carpinteiro de profissão e clarinetista nas festas e nos fins de semana, Moura começou a estudar piano aos 9 anos, passando quatro anos depois para o clarinete. Ele tinha 17 anos quando a família se mudou para o Rio, radicando-se na Tijuca. Paulo Moura ingressou na Escola Nacional de Música estudando teoria, harmonia, contraponto, fuga e composição, enquanto, por pedido do pai, também aprendeu o ofício de alfaiate. A música falou mais alto e, em meio aos estudos - incluindo mestres como Guerra Peixe, Moacir Santos, Paulo Silva e Maestro Cipó -, começou a atuar em bailes e gafieiras. Junto a amigos da Tijuca como João Donato, Bebeto Castilho, Pedro Paulo, Everardo Magalhães Castro também formou um grupo de jazz influenciado pelo som da West Coast dos Estados Unidos.
Ainda nos anos 1950, começou a viajar o mundo, participando do grupo de Ary Barroso e de Zacarias e sua Orquestra. Nos estúdios, estreou num disco da cantora Dalva de Oliveira. E, em 1957, fez seu primeiro trabalho solo, "Paulo Moura e sua Orquestra para Bailes". Ainda este ano, fez uma gravação de "Moto perpétuo", de Paganini, que virou um clássico instantâneo. Dois anos depois, gravou "Paulo Moura interpreta Radamés", com alguns temas escritos por Radamés Gnatalli especialmente para esse disco.
Sempre trafegando entre a música clássica, o jazz e a música popular, o clarinetista e saxofonista também foi um assíduo frequentador do Beco das Garrafas, o reduto em Copacabana que concentrava os principais bares e clubes noturnos da bossa nova e do samba-jazz, no início dos anos 1960. Como instrumentista e arranjador, trabalhou com artistas como Elis Regina, Milton Nascimento e Sérgio Mendes (com este, no grupo Bossa Rio, participou em 1964 do clássico álbum "Você ainda não ouviu nada", um marco do instrumental brasileiro). A partir de fim dos anos 1960, liderou seus próprios grupos, gravando discos como "Fibra", "Mistura e manda", "Confusão urbana, suburbana e rural", que também fizeram escola no instrumental brasileiro, fundindo elementos do jazz com o choro e o samba.
Incansável, apaixonado pela música, nos anos 1980 dirigiu por dois anos o Museu de Imagem e do Som (MIS), no Rio.
As duas últimas décadas foram de muito trabalho, excursionando pelo mundo e gravando discos como, entre outros, "Dois irmãos" (em 1992, ao lado do violonista Raphael Rabello), "Instrumental no CCBB" (em 1993, com o saxofonista e flautista Nivaldo Ornelas), "Brasil musical" (em 1996, com o pianista Wagner Tiso), "Pixinguinha: Paulo Moura & Os Batutas" (de 1998), "Mood ingênuo" (em 1999, com o pianista americano Cliff Korman), "Paulo Moura visita Gershwin & Jobim" (em 2000), "El negro del blanco" (em 2004, com o violonista Yamandú Costa), "Dois panos para Manga" (em 2006, belo reencontro musical com um amigo de juventude, o pianista João Donato) e "AfroBossaNova" (em 2009, em dupla com o guitarrista e bandolinista Armandinho Macedo).
Em junho de 2006, durante as entrevistas de lançamento do disco com Donato, Paulo Moura sintetizou numa frase um dos segredos para o estilo de ambos: - Nós começamos a tocar profissionalmente em gafieiras. E essa ligação com a dança nunca acaba mais. Art Blakey dizia que, quando a música é boa, as pessoas acompanham com os pés.
Em outra entrevista ao GLOBO, em 1999, para o músico Mario Adnet, Paulo Moura explicou como via a relação entre o jazz e o choro: - Uma coisa que, hoje, não tenho mais nenhum pudor em apresentar é a aproximação do choro com o jazz, que na verdade existe desde os anos 40 e tem em K-Ximbinho seu maior expoente. As orquestras do Zacharias e do Fonfon, que foram dos nossos maiores bandleaders e que pouca gente ouviu falar, também faziam essa mistura. Tenho certeza de que tudo isso ainda virá à tona novamente para que se revele aos estudiosos da música brasileira a existência de uma tradição e uma continuidade, apesar da interferência de mercado, nesse choro orquestral que tem muito a ver com os recursos de improvisação emprestados do jazz. Esse gênero foi muito executado no tempo dos cassinos e dos dancings que possuíam as melhores orquestras da época. Tudo isso entrou em decadência com a mudança de capital para Brasília. Grande parte dos políticos da área federal que moravam no Rio era freqüentadora assídua desses lugares, principalmente dos dancings, que além das taxi-girls tinham os melhores músicos.
Paulo Moura era casado com a psicalinista Halina Grynberg, também sua empresária e produtora musical".
A produção do artista enviou o flyer que reproduzo aqui n'O Ninho e a Tempestade Adoro Jorge Mautner. Sua obra é pontuada pela brilhante inteligência, irreverência sofisticada, filosófica. Além dessas observações sublinho que Mautner é um ser humano elegante e doce. Numa noite, em comemoração ao Dia da Cultura, encontrei-o no saguão do Palácio Capanema, centro do Rio. Tive a alegria de conversar com o homem arguto, leve e bem humorado que é. Pura poesia. Vamos assistí-lo no Ginástico? Mas antes dê uma passada no site oficial do artista, você vai gostar tanto como eu!
DO KAOS AO REVIRÃO.
Dia 13 de julho, às 19 horas horário da bilheteria: 13hs às 20hs Telefone:2279-4027 www.sescrio.org.br
1- A foto em p/b é de autoria da fotógrafa Tina Modotti. Registra no 1 de maio de 1929, cidade do México, o muralista Diego Rivera, Frida Kahlo, artistas e ativistas políticos mexicanos.
2- Um dos muitos autoretratos de Frida. Frida com Bonito , 1941
A história desta mulher notória é a de uma artista com vida e obra reveladas por todas as mídias.
Inspirou filmes, moda, livros. Cultuada na sociedade de massas e por movimentos sociais.
Hoje dia de aniversário de seu nascimento, com a foto de Tina Modotti - já selecionada para a homenagem, surprendo-me com a iniciativa semelhante do provedor e site de buscas mais importante. Em ícone pop Frida foi transformada, mas sua arte resiste, confira no site.
CARIOCA de Botafogo. Coração BOTAFOGUENSE E MANGUEIRENSE.
OLHAR ATENTO acompanho o contemporâneo, invento o futuro.
HUMANIDADE...
SINTO SAUDADE?
Às vezes sim,outras não.
O QUE A VIDA TRAZ DE BOM?
INQUIETUDE!
Atuais e profundas transformações do SER HUMANO no lidar com emoções e sentimentos.
DESEJO?
A CONSTRUÇÃO de um tempo amoroso
DESPERTO para a riqueza da diferença.
CULTIVO - Bons amigos, flores simples no jardim.
PAIXÃO? Imagens... Fotografia... Cinema.
AMOR AO LADO? Escrever, ouvir música.
EXERCÍCIOS MATINAIS:
1-Desapego às coisas materiais.
2-Reafirmar o compromisso ético.
3-Agradecer cada dia de VIDA
O BEM mais precioso. VALOR INESTIMÁVEL.Único e múltiplo... Costuma ser variado.
10 Palabras
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*10 Palabras*
Nuestro idioma es sumamente rico en giros, modismos, pero para todos existe
una norma y la Real Academia Española (RAE), con la intención ...
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*DO QUOTIDIANO*
Na minha
rua
O
inda é a senhora madeirense que trata da cor dos cabelos da Raquel. Daí o
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