As festas de final de Ano, sobretudo o Natal, sempre me perturbaram.
Delas gosto e não gosto.
Entretanto, sinto a leveza que paira, insiste em ficar, colada ao burburinho, à pressa da multidão, assim feito um anjo protetor que te aconselha a não entrar na insana correria, a respirar e buscar os lugares tranquilos que a cidade, de forma acolhedora, nos oferece.
Aprendo a buscar o amigo suave, o companheiro amoroso que está em algum lugar, bem perto do meu coração.
Também percebo ondas de saudade, encontro um pouco da tristeza que paira, lado a lado, com os festejos, as luzes, as surpresas e os afetos declarados. Há muita dor e solidão desprezados. Vale recordar que o que é bom dura pouco e o que não é, também. Breve é a vida.
Melhor assim, sentir toda a energia que o momento produz.
Alternar alegria, encantamento com um jeito de olhar circunspecto, solene.
Cada Natal é tão diferente do outro... Em nossas vidas pessoas chegam, partem, somem, riem, desconversam. Há as que fazem chorar, rompem, assustam-nos com a frieza que trazem escondida.
Há as que adiam, deixam para o ano que se aproxima a lida de seus projetos... E interferem nos nossos!
Cada Natal é diferente do outro, é único. Nunca mais se repetirá.
Aproveito bem os Natais saborosos, com ensinamentos e vivências atravessam os anos seguintes.
Este Natal agradeço aos que a vida aproximou de mim e me deixaram um sorriso, um poema, uma lágrima escondida, uma palavra suave e terna, um olhar amoroso.
Agradeço da mesma forma aos que não puderam deixar tais relíquias, mas me surpreenderam, causaram espanto, decepção ou desconforto.
Passados esses momentos descobri que me fizeram aprender novos caminhos, alguns para caminhar sozinha, reconfortada, refeita pronta para olhar o mundo com perspectivas renovadas.
Hoje entra a estação do Verão. Quente, muito quente em nosso hemisfério. Contemplo a luz intensa, a claridade escandalosa das manhãs, o por-do-sol triunfal.
A magnífica lua cheia no céu deste dezembro, as pessoas amorosas com quem tenho convivido...
Agradeço este milagre que é suportar a dor de estar vivo, ser feliz por instantes, e de novo acreditar no novo.
Um abraço aos que passam
Maysa