domingo, 22 de maio de 2011
BEATLES - Lonesome Tears In My Eyes
segunda-feira, 16 de maio de 2011
SOPHIA de MELLO BREYNER ANDRESEN- AS ROSAS
As rosas
Quando à noite desfolho e trinco as rosas
É como se prendesse entre os meus dentes
Todo o luar das noites transparentes,
Todo o fulgor das tardes luminosas,
O vento bailador das Primaveras,
A doçura amarga dos poentes,
E a exaltação de todas as esperas.
in Dia do Mar, 1947
No site da Biblioteca Nacional de Portugal - aqui - você encontra o espólio de SOPHIA, selecionei um poema dos anos quarenta.
Um abraço
Maysa
domingo, 15 de maio de 2011
PIRILAMPA II - Maysa Machado
Dia seguinte ao aniversário, de cinco anos, nossa conhecida pirilampa ouve minha conversa com a irmã, de quase nove.
-Vó, você me ajuda a tirar dúvidas para o dever da escola?
- Claro, querida. O que é que você quer saber?
-Bem, vovó o que significa araços?
Repito a palavra, sem reconhecê-la:
- A r a ç o s?
E concluo:
- Querida, sei não. Não conheço essa palavra: a r a ç o s.
Entra a nossa pirilampa no quarto e diz:
- Deve ser uma palavra para pessoa de oitenta anos!
Rimos gostoso.
Tenho ou não histórias infindáveis para contar?
Beijo
Maysa
PS: A palavra mágica era: abraços
quarta-feira, 11 de maio de 2011
PIRILAMPA - Maysa Machado
PIRILAMPA
Cinco anos atrás, não existia pirilampa. Nossas vidas aconteciam em formas bem diferentes. Nem imaginaríamos o quanto tudo ia mudar.
Ela chegou radiante, foi crescendo...
Encantando as pessoas, com alegria desconcertante, e às vezes teimosia renitente. Chegou curiosa, inteligente. Com sua presença tudo mudou de lugar.
Vive os primeiros tempos buscando o que é seu, quer tudo para si.
- Essa calça é minha! Declarou quando me viu usando uma legging listrada e multicolorida.
Levei um susto. Ri pelo inusitado, e fiquei achando que tinha igual. Não tinha. Foi o jeito de dizer que achava bonita e queria uma.
Fui aprendendo, com ela, a ser mais carinhosa, paciente. Mais, eu disse.
Carinho e atenção sempre serão poucos para suas necessidades cotidianas básicas.
Ela é uma flor? Uma princesa? Uma pessoa?
Nós somos avó e neta - até então- caçula.
Amanhã, minha pequerrucha faz aniversário.
No fim de semana indago.
- O que vai querer de presente? Já escolheu?
Ela fita meu rosto com expressão de sabedoria e malícia... e diz triunfante.
- Uma surpresa, ora!
Nos fazemos companhia.Procuro descobrir as novas alegrias da infância. As minhas, bem guardadas descansavam numa caixinha de recordações, que ela abre e futuca - sem cerimônia- querendo entender, saber, descobrir.
Muito me alegra ser sua avó. Tive uma, ótima.
Agora, sou acordada, de manhãzinha, por aquela voz clara, um pouco hesitante, lendo. Qualquer texto. Tudo que lhe caiba diante dos olhos. Sobretudo, histórias dos seus livros preferidos.
Antes, ela madrugava, com um livrinho na mão querendo que a vó - de visita - lesse.
Temos nossas brincadeiras inventadas, só nossas. Passamos o último ano aprendendo e classificando palavras. E rindo com as descobertas.
- Essa palavra é difícil!
- Pudera. É uma palavra para menina de cinco anos!
- Jura, vó! Então, já sei uma palavra de criança de cinco?
- Prá você ver...
Dá uma volta pela casa, aparece de mansinho, sedutora.
- Vó, você me ensina outra palavra? Agora, de menina de sete anos!
E assim... divertindo o espírito, amansando a alma.
Trouxe para visitar nosso mundinho, e pelo jeito ficar para sempre entre nós, Dona Paciência, senhora invisível, que ajuda quando a situação, por qualquer motivo, fica difícil.
Curiosidade e aprendizagem andam juntas. O tempo de criança e o do adulto, também.
A personalidade da criança deve ser não só acompanhada como respeitada por nós, os mais velhos. Essa é nossa responsabilidade com o afeto.
Desejo que além de saúde e todas as oportunidades, vida afora, minha neta guarde as recordações da infância numa caixinha, igualmente, preciosa. E as compartilhe, com as crianças futuras, em sua vida adulta.
No amor condensado crescemos juntas. Somos novas pessoas existindo nos mundos do vir a ser, do faz de conta, do aqui e agora, do até sempre.
FELIZ ANIVERSÁRIO C.
TE AMO PIRILAMPA*
Vó Maysa
*Apelido dado por mim, por sua eletricidade e luminosidade constantes. Vocação nata para corrigir, ela atalhou rápido:
- Pirilampa não vó... Pirilâmpada.
sexta-feira, 6 de maio de 2011
A QUOI ÇÀ SERT L'AMOUR? - EDITH PIAF & THEO SARAPO
"Tout ce qui maintenant Te semble
déchirant,Demain,sera pour toi
Un souvenir de joie."
Se quiserem cantar é só clicar aqui
Abraços
Maysa
quarta-feira, 27 de abril de 2011
CURAÇAO BLEU
CURAÇAO BLEU
Maysa M.
Preciso tomar um.
Em muito boa companhia
ou mesmo sozinha.
Relembrando o prazer sentido
cor, cheiro, temperatura do copo.
Suave pilequinho... de azul artificial.
Na boca o gosto adocicado
o sensual frescor
o gelo picado
estalando na língua
sensível aos beijos apaixonados.
Ah! ficou tudo perdido
num gesto precipitado.
Insano
partistes procurando ávido
o que tinhas a teu lado:
amor, paixão
vida.
O dia-a-dia recriado.
Só, não saboreio
o afrodisíaco drink.
Temo descobrir o desbotado afeto,
intacto, no perfume do trago.
Botafogo, s/data.
Anos 90.
Meu abraço.
Maysa
PS: relembrando que o azul artificial tinha sotaque francês, por isso o bleu.
terça-feira, 26 de abril de 2011
MAN RAY - FOTO - LE VIOLIN DE INGRE
O incontido transforma-se em afago tímido.
Sinto e quero sôfrega, beijos, carinhos...
Suavidades, delicadezas e sins.
O afeto plural é singular.
Sua intensidade varia.
É correspondido?
Imprevisto, como quase tudo
finca no peito a rima incerta
Cada dia vai sendo descoberto...
e perdido.
Se uns a gente inventa...
Há outros que nos reinventam.
Em ti, conheci meu melhor íntimo.
Não as entranhas de mulher...
sua geografia desafiadora e incompleta.
Foram as descobertas profundas, prosaicas
sobre sexo, carinho e afeto.
Muito há a percorrer
nutrir a fantasia
o sentimento renovado.
A partir do que me inspiras
mero encontro ... nunca fomos
Nem tão pouco conto de fadas!
O acontecido entre nós revela quem somos
Quietos, apaixonados... discretos.
Santa Teresa, 30 de setembro de 2009.
Com meu abraço carinhoso, mais um da gaveta.
Maysa
domingo, 24 de abril de 2011
FELIZ PÁSCOA
sábado, 23 de abril de 2011
ALELUIA, ALELUIA, ALELUIA
sexta-feira, 22 de abril de 2011
MANOEL RIBEIRO MACHADO - ALAGOAS1914-RIO 1997.
ANIVERSÁRIO DO PAI.
Salve a lembrança carinhosa desse alagoano alegre, amigo, trabalhador honrado. Trago até aqui meu orgulho de filha.
Em 20 de abril Manoel Machado fazia aniversário. Tinha que ter festa.
Alegre, amigo... e musical promovia rodas de choro, encontros de samba, na casa de vila, no bairro de Botafogo. Por lá passaram, com carinho e amizade, muitos bambas. Alguns virtuoses, como os violonistas Benedito César Faria e Damásio,ambos do Conjunto ÉPOCA DE OURO, Santiago e Álvaro, os amigos mais antigos companheiros das festas de juventude, os dois últimos cantores respeitados no famoso bairro.
Jonas do Cavaco, Ronaldo do Bandolim, Valter Alfaiate, Nelson Sargento, Violeta Cavalcanti, Monarco, Jair do Cavaquinho, Paulinho da Viola, Paulão Sete Cordas, Paulinho do Violão, Rossine do Bandolim, Mário Pereira - no sax ou na clarineta, Assis-o Six- no cavaco, Valdir do Chapéu de Palha. O pessoal jovem, os que despertaram o bairro da Lapa para, de novo brilhar em muitos palcos. Eduardo Gallotti, Manoela Marinho, Agenor do Pandeiro, Camilo Atiê, Marcelo Gonçalves, violão. E muitos, muitos outros queridos músicos.
Papai nasceu em Mata Grande, interior das Alagoas, filho de fazendeira, que segundo ele, administrava as terras com vocação e pulso. Ficara viúva, três crianças pequeninas, Carolina (Calú), Zeferino, e Manoel- o caçula – órfão de pai, com menos de dois anos.
A mãe jovem e rica, solteira não ficou. Casou com um primo distante. Meu pai ganhou mais uma irmã, Eleonora, seu xodó. Ficou órfão de mãe, poucos anos depois.
E a alegria? sua marca, onde foi que achou?
A convivência entre irmãos perdida, a infância tornara-se árida... A orfandade muda tudo. A casa, o lar, o afeto foram substituídos. Seu destino, então, seria conhecer os internatos freqüentados pelos filhos das famílias abastadas,do estado, na cidade de Penedo. Fugia de todos, não eram muitos. Os tios administravam bens, não sentimentos. Quando chegava, fugido do colégio, os familiares o recebiam como estranho, comia com os empregados. A irmã mais velha casou muito jovem e levou para Recife os dois irmãos menores. O do meio foi para a força militar do Estado de Pernambuco, o caçula fugiu.
Um navio no porto esperava o jovem para a liberdade do mundo sem fim, sem perdas. Clandestino embarcou. Com a cara e a coragem como costumavam dizer. Seu mundo de sonhos comportava só alegria?
O mundo real fez com que se apaixonasse - ainda embarcado - pela visão da cidade maravilhosa. Rindo dava seu motivo para fincar, por aqui, seu destino: A beleza do Rio!
A alegria das pessoas, como a que trazia no peito, descobriu depois. Essas e muitas outras histórias eram contadas em tom épico, aventuras tão bem vividas, quanto guardadas como se fossem medalhas do mérito de amar a vida, tornando-a possível e melhor à cada momento.Se não nos oferecer alegrias, cabe agir de forma aguerrida, enfrentar os desafios.
Pode ser que uma criança criada com liberdade, nadando nos rios, subindo em árvores, e comendo dos frutos, domando animais bravos ou se enternecendo com a chegada dos novilhos, resista. Acho que foi o que se deu.
Adotou o Rio, em 1930, num tempo difícil. Serviu ao tiro de guerra, no posto seis, e aí conheceu seu melhor amigo. Ganhou medalhas e competições esportivas do exército. Pé de valsa frequentou bailes, gafieiras, brincou nos blocos do carnaval. Apaixonou-se pelas ondas do mar, pelos trampolins mais altos, das piscinas, nos vários clubes onde era sócio.
Descobriu e criou esquinas. A profissão o encontrou. Era alegre, gentil, educado. Trabalhou árduo como garçom. Depois foi ser funcionário público.
Aos 28 anos casou com uma carioca, minha mãe. Daí que nasci carioca também. rsrsrs.
XXXXX
Foi tudo que me ocorreu escrever nessa Sexta-feira da Paixão, data associada ao renascimento, com meu pai aprendi as primeiras lições.
Um abraço.
Maysa