segunda-feira, 12 de setembro de 2011

SAUDADE DE QUÊ? Maysa Machado

Pixinguinha/foto Valter Firmo






SAUDADE DE QUÊ?

Maysa Machado

Talvez, gasta, repetida... essa palavra, que dizem única, ainda, sirva para expressar o significado, em língua portuguesa de falta, vontade de chegar, aproximar. Vem em ondas ilustrando coisas e circunstâncias vividas. Vem acompanhada de boas lembranças.

Você não sente saudade do que foi desconforto, mas pode aparecer no pacote de algum amor não, definitivamente, enterrado. Aliás, amores são enterrados? Creio que não. Pela experiência obtida os amores voam como pássaros, podem ir de vez, ou voltar em estações certas. Não existe o para sempre.

Saudade de quê, então?

Da vida desperdiçada ou do leite derramado? É difícil aceitar. O alimento líquido, geralmente contido num recipiente, e posto a ferver, demora.

É nosso cálculo do tempo errado, acrescido de ansiedade, que nos faz afastar e descuidar. Vida, também, se esparrama por descuido. Lamento, mas não há quem não a tenha desperdiçado.

Quando o fato consumado nos avisa que o leite queimou e derramou, sem solução, a gente percebe o tempo perdido, estragado.

Apenas isso, o sentimento de não ter mais jeito... nos faz sentir saudade do tempo que passou solitário, sem nos apercebermos dele.

Santa Teresa, 12 de setembro de 2011


Um abraço,

Maysa

2 comentários:

MJ FALCÃO disse...

Tem muita razão, Maysa!
Obrigada por passar no meu blog, fiquei contente.
Um beijo
o falcão

Maysa disse...

Olá Falcão!

Teu blog é lindo mesmo. Sensível, retraído mas exuberante de poesia e bom gosto.
parabéns.
Maysa