criação sobre vinil de Alice Espínola/
coleção da autora do blog
O NICHO
Maysa Machado
Entrar numa de ficar calada, só observando a história, sem palavras, acontecer.
Foi assim que seu amor durou, ou pode se vangloriar de ter existido. Uma revelação tanto para Lali, quanto para o misterioso amante. Ninguém acreditava naquilo. O filho dizia que o sujeito devia ser maluco. Ela pensava que maluca era ela mesma. Onde havia ficado a militante, a mulher moderna que construía falas e ações sobre a liberdade? O curioso é que assim, calada, ninguém diria que eram as mesmas.
Muito tempo se passou. Advindas da frustração perguntas silenciosas pediam lugar às certezas. Foi se descobrindo terna consigo desapegada com os outros. Ciumenta nunca fora. O sentimento do amor lhe trouxe brilho e viço. O felizardo, aquele que fruía e usufruía, não chegava nem perto do processo de autoconhecimento, agora, travado por aquela mulher sensível. Sem intenção, fora um bom professor.
Dias consumidos. Primeiro na ilusão de que o tempo ajustaria os senões da pouca convivência, depois sugados na ansiedade por mudanças. E a paixão incomum, deixando - como em todas as emoções - uma juvenil fragilidade, no ar.
Morte e renovação aconteciam. Foi, devagarinho, se reinventando. Dor e espanto misturando-se à alegria de viver. Um dia acordou e percebeu que, mesmo sem a presença do amado, continuava feliz "com" ele. Talvez por isso, por sua ausência. A vida em liberdade fora construída e as amarras, de quase todos os vínculos contemporâneos, inexistiam...
Deixou de lado qualquer premeditação, retomou o encantamento do primeiro encontro. Como um vício transformado em virtude sorveu do amor, um pouco a cada dia... E só por cada vez.
Santa Teresa, 3 de outubro de 2011
Abraço para os que aqui chegam.
Maysa
3 comentários:
Alô Pessoal
O título bem podia ser: "CINEMA MUDO".
Abcs
Maysa
"Se deixar levar dentro desse louco turbilhão..."
Acho q é do Paulinho Noqueira. Grande violonista.
Abração!
Berzé
Olá Amigo!
Será? Como é o nome dessa composição do Paulinho Nogueira? Volte sempre.
Abraço
Maysa
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