sábado, 10 de dezembro de 2011

DIA DA CRIAÇÃO - VINICIUS DE MORAES

foto Tina Modotti

A grande sacada da vida é transformar perdas em ganhos, essa frase ocupa meus pensamentos nessa tarde chuvosa de sábado. Está inscrita num mini affiche, aqui no escritório.
A solidão está quieta, não me incomoda nem um pouco, domada - como toda fera - até me traz mimos, sem esquecer das dores por complemento.
Um amigo querido lembra de me ligar, fico feliz e comovida. Não é que, também, traz notícia triste? A partida de uma amiga comum.
Causa mortis: Dor de mãe, aguda, fulminante com a ida prematura do filho tão jovem, belo, doce.
Respiro fundo. Sei que ela se foi por amor. Daquele amor profundo que quase, só as mães conhecem. Uma pneumonia fechou o ciclo da criação.
Peço a benção ao poeta que não morrerá nunca. "A tristeza tem sempre uma esperança de um dia não ser mais triste não".
Vinicius, poeta preferido, da minha juventude carioca e singela, vem ao meu encontro. Haja vinil, cd, You Tube, ou qualquer suporte inventado para dar eternidade!

Com suavidade vou me entregando à vida, deixando que ela me leve mundo a fora, me guie, e me prepare para partida, em algum dia.

Lembro da mulher discreta, professora íntegra, generosa em seu ofício de ensinar. Uma socióloga corajosa, ética, excelência na academia.
Num tempo em que nosso país ficou entregue aos generais e aos oportunistas de plantão. Ela plantava questões inquietantes, sobre o Brasil.
Em vida, seu profundo conhecimento ficou restrito ao grau institucional de professora adjunta. A intensa competição acadêmica vigente nem sempre reconhece os melhores.
Na sala de aula encantava alunos, com o vigor do estudo, aprofundando universos.
Nos anos oitenta, fomos companheiras na tentativa de criar um sindicato da categoria. Não tivemos êxito, a classe desunida, um tanto desinteressada não se mobilizava. Anos depois foi professora, no mestrado do IPPUR, da UFRJ, de um filho meu.
A Universidade brasileira e as novas gerações,talvez, não saibam, mas serão sempre devedoras de pessoas como ela, que traçaram um destino para o conhecimento, imbuído da prioridade ética.
Aprender e ensinar com integridade.
Saudades, muita saudade de Ana Clara Torres Ribeiro.


Uma abraço carinhoso para os que por aqui passam. Vídeo de abertura do show, no Canecão, Rio , em 1977.
Maysa

Um comentário:

LA BODEGA DES POETES disse...

Ah ! Este bom e imortal Vinicius ! Toda minha juventude foram acalentadas pelas suas musicas ; Dêle eu guardei esta " maxime : " Que posso dizer do AMOR que tive... Posto à Chama, Nao seja Imortal, mais Infinito enquanto dure ! Na época eu tinha 16 anos, quase 40 anos depois esta "maxime " Guia sempre minha Vida !!!