QUEBRANDO O CLIMA
Maysa Machado
Toques de celular atrapalham muita coisa! A etiqueta para o novo manejo longe está de ser absorvida por seus usuários. Quem dera que os jovens ou pessoas maduras, soubessem usar as fantásticas maquininhas.
Como será que forma e conteúdo desse uso alteram as relações? Sejamos convenientes no trato com a tecnologia adquirida. Conversas reservadas, jamais, poderiam ser gritadas no trajeto de metrô, ônibus, taxi, e filas de qualquer gênero.
Com freqüência assistimos o lugar evidenciado, do celular, à mesa de almoço, entre amigos. É gentil? Será imprescindível e oportuna essa outra pessoa, que não é mera presença virtual?
Usuário educado e amoroso vai pra cama com celular ligado, mesmo no silencioso? É delicado para com o parceiro?
A realidade é que cada um tem seu jeito e reage de forma distinta. Quer arriscar a quebrar o clima? Então tente.
Celular tocando na hora errada pode estragar muita coisa.
No Lincoln Center, na cidade de Nova York, na última terça feira, o Maestro Alan Gilbert interrompeu a execução da Nona Sinfonia, de Gustav Mahler.
O maestro tinha pedido aos músicos para executá-la de modo cauteloso, reservado, prolongado. A Sinfonia é conhecida por ser longa, e concebida por altas doses de emoção. Em meio à apresentação, um Iphone, bem na primeira fila, irrompe no ambiente, quebrando o clima.
Dizem que o proprietário, freqüentador assíduo da sala, não estava bem adaptado com o novo aparelho, configurou o perfil silencioso, mas o sinal que tocou foi o alarme.
O maestro, ainda tentou seguir a peça, mas o ruído não cessava. Então, parou, e comunicou, de forma civilizada, ao proprietário:
— Vamos aguardar.
Depois, em conjunto com as reclamações da platéia, que exigiam a saída do espectador ou o pagamento de multa, no valor de mil dólares, indaga:
— Desligou, ele?
No caso da Orquestra Filarmônica de Nova York, a retomada da peça exigiu do maestro, e de toda a orquestra, a repetição de trechos, já apresentados, da partitura.
“As sinfonias são como o mundo, devem conter tudo”, menos o toque intruso de um celular.
Talvez, seja preciso aprender urgente que, em momentos especiais saborear com enlevo uma récita musical ou um encontro marcado com o amor, é melhor evitar estragos deixando mudo o companheiro das horas mais estressantes.
Um abraço de janeiro.
Santa Teresa, 19 de janeiro de 2012
5 comentários:
Saber estar é um dever de todos, mas também uma arte.
Está cada vez mais difícil, não é, Maysa?
Beijo :)
Tudo é uma questão de educação e respeito ao próximo. Infelizmente, há carência desses dois itens na maior parte da sociedade. Beijos
Caro Ac
O pior, é que aqui no Brasil, a filosofia continua sendo: Os incomodados que se mudem.O individualismo chega a seu auge!
Um carinhoso abraço
Maysa
Maysa,
que texto tão belo e apropriado.
Essa questão de celular é terrível mesmo, em qualquer ambiente. No ônibus, todavia, parece que é modismo atender telefone e falar em voz alta. As veze a gente ouve conversas que poderiam ser tratadas em casa e outros lugares. Ou seja, desnecesário comportamento. E pior ainda no terrível Nextel, com aquele bip ensurdecedor. E o toque telefônicos de chamada, cada vez mais alto e desnecessário.
Um desrepeito isso.
Mais do que a falta de educação, as pessoas estão perdendo totalmente a sensibilidade, a delicadeza, o recato.
O bom sentimento.
Tudo que importa hoje em dia e aparecer, chamar a atenção e quando mais melhor. Não importando como.
Há uma vaidade exarcebada engolfando o homem!
Seu texto fala com elegância, beleza e propriedade sobre um tema que merece toda a nossa atenção!
um beijo
denise
Descobriram que celular e volante é igual bebida e volante...
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