foto maysa machado by cel./ Santa Teresa/agosto 2013
SÁBADO À NOITE EM SANTA TERESA
Maysa Machado
Se aos sábados os embalos tardam, e colhem as madrugadas, nem sempre o som escolhido, ou o volume em que é ouvido, merece aplausos.
Dá pra concluir pelos altos decibéis, necessários à quase toda
manifestação de euforia contemporânea, como as pessoas estão ficando surdas.
Estamos vivendo numa sociedade de surdos? Distraídos? Egoístas?
Desmedidos?
A dúvida me inquieta. O que hoje é considerado de bom tom? Desculpem-me o trocadilho. O que está acontecendo com a espécie humana nas sociedades moldadas pelo verbo ter?
A dúvida me inquieta. O que hoje é considerado de bom tom? Desculpem-me o trocadilho. O que está acontecendo com a espécie humana nas sociedades moldadas pelo verbo ter?
Arrisco: Perdeu-se o espírito festivo. Festa é festa, só pode alegrar,
ou melhor, juntar alegrias. Pessoas em clima de comemoração, não deviam
incomodar. Será que desaprendemos, por completo, o caminho do bem estar?
Precisamos do exagero para sermos vistos. Carros, aparelhagem de
som, muitos homens de preto fazendo segurança, buzinas, impaciência.
Ontem, passando um pouco das 23 horas, fiquei presa num engarrafamento na subida de Santa Teresa. Gente engarrafar na ladeira é mais desconfortável que em túnel. Conheço as duas modalidades.
Ontem, passando um pouco das 23 horas, fiquei presa num engarrafamento na subida de Santa Teresa. Gente engarrafar na ladeira é mais desconfortável que em túnel. Conheço as duas modalidades.
Depois, descalça em casa, ansiosa para jogar o corpo no sofá da sala,
ver um filmezinho na TV... O cheiro e a fumaça de churrasco brega das
redondezas invade, junto com a voz de um comunicador festeiro distorcida por um
alto falante, o precioso silêncio a que pensava ter direito.
Fecho rápido as janelas e portas naquela direção. Atravesso confiante até a sala. Assumo meu lugar no sofá, a programação da TV paga não oferece alternativa e, pelo flanco da área social da casa entra novo som, sem pedido de licença... Me impaciento , lembro do engarrafamento, das buzinas e... Admito que o último som me é mais familiar, embora não escolhido.
Sucumbo. Acordo as três da madruga, entortada por dores e câimbras, com a coluna em péssimo estado.
Fecho rápido as janelas e portas naquela direção. Atravesso confiante até a sala. Assumo meu lugar no sofá, a programação da TV paga não oferece alternativa e, pelo flanco da área social da casa entra novo som, sem pedido de licença... Me impaciento , lembro do engarrafamento, das buzinas e... Admito que o último som me é mais familiar, embora não escolhido.
Sucumbo. Acordo as três da madruga, entortada por dores e câimbras, com a coluna em péssimo estado.
Fora embalada pelo rock pesado e autêntico dos anos 50, da outra festa,
com altos decibéis e tudo, fazer o quê?
Agradeço em silêncio, subo para o quarto, e já no segundo andar, agradeço de novo. Clarice me espera com crônicas soberbas, em total silêncio aparente. Ajeito os óculos de leitura. Minha alma grita, chora, ri e aprende a ser feliz de qualquer maneira nos embalos de um sábado à noite.
Agradeço em silêncio, subo para o quarto, e já no segundo andar, agradeço de novo. Clarice me espera com crônicas soberbas, em total silêncio aparente. Ajeito os óculos de leitura. Minha alma grita, chora, ri e aprende a ser feliz de qualquer maneira nos embalos de um sábado à noite.
Santa Teresa, 25 de agosto de 2013.
Com um abraço de Domingo.
Maysa
Com um abraço de Domingo.
Maysa
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