sábado, 26 de fevereiro de 2011

NISE DA SILVEIRA- SENHORA DAS IMAGENS






Nise da Silveira, alagoana, médica, continua sendo de imensa importância para o pensamento de várias gerações de brasileiros. Sua vida e dedicação ao tratamento dos esquizofrênicos contribuíram para a efetiva mudança da relação médico X cliente psiquiátrico. NISE está sendo contada por Mariana Terra, atriz, dirigida, em espetáculo multi- mídia, por Daniel Lobo. Na Caixa Cultural- Rio.

Assisti comovida a apresentação de sexta-feira. Aprendi novas lições para uma história que, desde pequena, acompanho. Filha de pai alagoano, nossa família e a de Drª Nise têm parentesco afim. Sinto grande admiração pela Dra, por sua vida e obra.

A peça NISE- SENHORA DAS IMAGENS desencadeia emoções intensas. Ao evocar NISE, Mariana Terra, a atriz, incorpora e entrega mil NISES para nós, a platéia. Aberta, despojada, doada é sua arte de interpretar,viver o personagem. A estética do espetáculo ousada e dinâmica transborda em poética contestadora e lírica. A Dra, para quem a conheceu, e a criada por Mariana integram-se em seus múltiplos aspectos humanos, do processo de reflexão à ruptura com os papeis institucionais dos hospitais psiquiátricos. Primeira lição para os que assistem o desenrolar da ação cênica: A emoção de lidar traça a linha de atuação, está presente todo o tempo no palco. Nos captura, para lugares recônditos, mergulhos sem escafandros. Somos parte dessa experiência subjetiva, alquímica, transportados através da técnica e magia da arte de representar. Nosso imaginário sai agradecido: Namastê

Outra lição, bem humorada e sábia da Doutora, entre tantas narradas: Não se curem totalmente! Fica chato, insuportável. Insuportável como os rótulos, as posturas autoritárias; insuportável como as verdades definitivas. Reaprendo que viver é perceber a emoção de lidar, é caminhar passo a passo, cada dia! É olhar olho no olho.

NISE nos ensina - até hoje- a respeitar o diferente, a conquistar sua inclusão, cabe-nos transformar esta sociedade, torná-la menos desigual e injusta. E para contar essa experiência de vida, de vidas Mariana Terra, atriz, reconta NISE. Experimenta a emoção de lidar com a perda, a dor, a descoberta e o que se pode fazer ou não com tudo isso. Bastões, escafandros, máscaras, mergulhos, poesia, afetos, loucura. O Outro será sempre o intérprete de nossos insondáveis mistérios. Acabado o espetáculo, saímos mais conectados com esses mistérios do SER. A ternura provocada pelo afeto, talvez seja, o íntimo reduto da esperança.


Dedico esse comentário à poetisa Beatriz Bandeira, amiga e companheira de Nise na cela 4 ( hoje com 101 anos); à Martha Pires Ferreira,artista plástica e astróloga, amiga,seguidora do compromisso assumido por Nise com os clientes na Casa das Palmeiras. E a Mariana Terra, uma excelente atriz que se doa, de forma comovente, ao papel.

Um abraço aos que passam!

Reservem seus ingressos, com desconto, através dos nº de telefone registrado ou

envie email paraconvite.teatro@gmail.com e pague R$15,00.


Maysa



O PÚBLICO APLAUDE!

"A peça é maravilhosa. A interpretação da Nise é mediúnica. Final corajoso e emocionante." Benilton Bezerra Jr.

"Espetacular!" Glória Chan, Museu de Imagens do Inconsciente

"Um convite aos sonhos da imaginação!" Martha Pires Ferreira, Casa das Palmeiras

"Um espetáculo que entorpeçe a gente, de tanta emoção.'' Dora Alvarenga

"A Atriz é excelente e o texto comovente." Bete Calligaris

"Bellissimo spettacolo! Scambia con l'immaginario dello spettatore. Un mare disensazioni." Bruno Donati

"Belas imagens, leitura lúdica da Nise. Mariana está fantástica!" Luciana Lucena

"Uma viagem no tempo!" Tania Feital


Com Mariana Terra - Dramaturgia e Direção: Daniel Lobo
Coreografia: Ana Botafogo * Trilha sonora original: João Carlos Assis Brasil
Participações especiais de Carlos Vereza como "A Voz do Inconsciente" e Ferreira Gullar (vídeo)


De Quarta a Domingo às 19 horas - Até 20 de março de 2011
* Sessão especial terça, 01 de março.


CAIXA CULTURAL RIO (TEATRO DE ARENA)
Av. Almirante Barroso 25 - Centro (Esquina Av. Rio Branco)
Reservas: (21) 9607-9593





quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

AMOR DESFEITO - Maysa Machado



Te perdôo/Por fazeres mil perguntas/Que em vidas que andam juntas/

Ninguém faz/Te perdôo/Por pedires perdão/Por me amares demais.

MIL PERDÕES - CHICO BUARQUE

Se quiser acompanhar a letra na íntegra é aqui



Amor desfeito

Maysa Machado


Desatam-se em nãos, em nós

Despedidas doídas

Do amor desfeito.

Lembranças do que não foi dito

Vãos escusos, desusos

Para um amor mal repartido.

Sóis e luas adormecidos

Entre tuas mãos

Acordam meus ouvidos

Sussurrando canções

Tão tristes... Atemporais

De teus silêncios

E meus longos suspiros.

Afetos ao desabrigo.

Quem sabe as tempestades

Fizeram tudo?

Talvez apenas

Meus medos quase infantis

Teus silenciosos temporais...

Santa Teresa, 23 de fevereiro de 2011


Aos que passam meu abraço carinhoso

Maysa

domingo, 20 de fevereiro de 2011

LA JAVANAISE - SERGE GAINSBOURG












Final dos anos sessenta, Serge Gainsbourg fazia enorme sucesso. Lembro dos tempos do C.PII ,um colega de turma cantava, pra nós, mocinhas boquiabertas uma canção francesa dele - L'Eau a la bouche. Delirávamos. Delírio saudável, adolescente. O curioso é que Serge não fazia o tipo galã que as mocinhas de todos os tempos amam.

Rompiam-se os paradigmas da beleza, só beleza, e entrava em nossas veias a importância do charme, do mistério , do sensual. Isso tinha Gainsbourg, Aznavour, Belmondo.

Voz tinha, e continua tendo, uma importância fundamental, em nosso imaginário erótico. Não na extensão, nem em colocação correta, mas no dizer intimista. Parecia que o mundo, daquela época, queria crescer prá dentro, prá perto, expor o sentimento, tocá-lo, inventar as relações.E queria.

O império americano, ainda, não era soberano em imagens nem fantasias na minha geração! Ainda bem! Então, ouvir Gainsbourg para mim é um pouco como Volver a los 17! É mágico.

Já que decidi colocar a letra original, aqui no blog, que me perdoem os que não falam ou entendem francês, decifrem o pequeno texto. A paixão nos leva a compreender quase tudo! ou intuir!

"L'amour galant, l'amour courtois, l'amour romantique, intime, personnel, secret, profondément intérieur, dans toute sa splendeur et sa richesse narratives, lorsqu'il n'était pas encore devenu une mécanique froide et organisée, un processus marchand scrupuleux et superficiel.

Aujourd'hui, l'on dit "je t'aime" comme on dirait une grossièreté. Le sens s'est échappé, s'est corrompu, est devenu science sociale...

E num arroubo de coragem (!) intento uma tradução/traição. Talvez em português seja assim:

O amor galante, o amor cortês, o amor romântico, íntimo, pessoal, secreto, profundamente interior,em todo seu explendor e sua riqueza narrativa, quando ainda não tinha se tornado uma mecânica fria e organizada, um processo escrupuloso e superficial.

Hoje , diz-se "eu te amo" como se costuma dizer uma grosseria. O sentido se perdeu, se corrompeu, tornou-se ciência social...



La javanaise

J'avoue j'en ai bavé pas vous

Mon amour

Avant d'avoir eu vent de vous

Mon amour

Ne vous déplaise

En dansant la Javanaise

Nous nous aimions

Le temps d'une chanson

A votre avis qu'avons nous vu

De l'amour

De vous a moi vous m'avez eu

Mon amour

Ne vous déplaise

En dansant la Javanaise

Nous nous aimions

Le temps d'une chanson

Hélas avril en vain me voue

A l'amour

J'avais envie de voir en vous

Cet amour

Ne vous déplaise

En dansant la Javanaise

Nous nous aimions

Le temps d'une chanson

La vie ne vaut d'être vécue

Sans amour

Mais c'est vous qu il'avez voulu

Mon amour

Ne vous déplaise

En dansant la Javanaise

Nous nous aimions

Le temps d'une chanson.

* A tradução está aqui



Um abraço carinhoso a todos

Maysa

sábado, 19 de fevereiro de 2011

MELODY GARDOT -WORRISOME HEART





Música de novo aqui!!!


Quebro um jejum de meses sem placa de som, esquecida (!) na hora de reinstalar o computador! Inquietante não poder ouvir, logo eu que adoro música!
Comemoro com essa mulher que sabe cantar todas as notas de um coração ansioso! Inquieto como bate o meu, por vezes!
Acompanhem a letra de Worrisome Heart, aqui.
Gosto de ouvi-la ! Também valorizar sua coragem e vitória sobre a dor. Voz melodiosa como seu nome. Tempo canoro! Inspiração é quase tudo nessa vida! Não acham?
Um abraço carinhoso
Maysa

PS: Aos que me seguem, deixo mais uma pista da Melody , postada em 2009.


E, agora, admirem a de hoje: Coração Ansioso, inquieto.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

VOCÊ, TU...NEM SEI...

foto maysa by cel/abril 2010




Você, Tu... Nem sei...

Maysa Machado


Tua palavra impregnada

Em perfume almiscarado

Seduz-me os sentidos.

Mistério ronda o perto

De mim.

És máscara ancestral

E não te permites mostrar a face.

Espelho sem aço

Espectro quebrado

Sem reflexo.

Teu gemido

Sincero e partido

Ronda minha solidão.

Sei de tua ferida...

Quer nexo.

É dor que não passa

Quer sexo.

Nada tens...

Esquecido estás de ti!

Rondas teu mistério

Exalas todo perfume. Amor há!

O sopro,o pulsar de vida.

Aceitas imitação.

Constróis lacunas

Simples em teu despudor

Qualquer beijo

Sem afeto

Te basta.

Teu mar de ansiedade quer beber oceanos

Você, Tu... Nem sei... De mim

Nós emaranhados.


Santa Teresa, 18 de fevereiro de 2011

Aos que passam pelo Ninho e suas tempestades...Com abraço e afeto.

Maysa

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

LACUNAS, SÍNCOPES, DESMAIOS DO SER

foto maysa/2008




LACUNAS


Maysa Machado


Lacunas... É sempre possível preenchê-las!

As minhas tento com a poesia. Os amigos,os afetos!

Há quem já não possa. O que fazer?

Reconhecer a impermanência das coisas e das pessoas!Ter paciência.

O resto são aprendizagens, e vôos solos, em liberdade!

Ah! lembrem-se das síncopes, que na música significam o prolongamento do som.Isso só acontece, entre notas iguais...

Não esqueçam o deslocamento da acentuação do som, no contratempo, é ouvido nas pausas.

Viver é tentativa maravilhosa de ser! É vertigem! É desmaio! É ritmo peculiar.

Um afetuoso abraço

Maysa



terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

LAVOURA ARCAICA - RADUAN NASSAR

















O Rio é uma cidade tão especial... Se examinarem essa afirmação, ela será confirmada, em vários aspectos. A programação cultural invade o nosso dia-a-dia.

Habituada a ler o Caderno PROSA E VERSO, aos sábados, n’O GLOBO, encontrei maravilhada a proposta de um ciclo de leitura com o crítico e colunista do Caderno, José Castello e a psicanalista Maria Hena Lemgruber.

A obra a ser lida, em voz alta – LAVOURA ARCAICA, de Raduan Nassar, está entre as mais expressivas da literatura brasileira do século XX.

No Espaço SESC, em Copacabana, começou – ontem – esta aventura coletiva: A oficina literária EXTREMOS.

Um mergulho profundo, angustiante e cheio de beleza, através do texto de Raduan. Poesia em prosa.

Ritmo vertiginoso que ponteia o texto lírico e cortante.

O público atento parece bastante variado tanto em sua origem profissional quanto nas faixas etárias.

O livro é contado na primeira pessoa, por um narrador – André, o personagem principal. A dureza do tema fica almiscarada nas metáforas poéticas que permeiam o texto.

Ontem, páginas foram lidas e comentadas, a platéia participando com interesse e tecendo conjeturas, sobre as possíveis marcas autobiográficas, escavadas no texto.

Hoje tem mais, amanhã e na quinta também.

Fica no ar a pergunta: O que é a literatura?

Programa comovente e inteligente!

Das nossas angústias existenciais sobre o tempo, a vida, a morte, a sexualidade, a fé... Fazemos, enquanto lemos um balanço crítico e bem honesto! Espero.

A oficina tem entrada franca e acontece dos dias 14 a 17 de fevereiro. No período de 19 h 22 h.

Um abraço

Maysa

Lavoura arcaica

De Raduan Nassar - Ed. Companhia das Letras, 3ª edição revista pelo autor pp.194. 1989

Prêmios Recebidos:

-'Coelho Neto' da Academia Brasileira de Letras;

-'Jabuti' da Câmara Brasileira do Livro

-'Revelação' da Associação Paulista dos Críticos de Arte.

Foi feita uma adaptação cinematográfica em 2001.