
Olho pássaros e nuvens.
Ah! Quem dera voar...
Agradeço. Um haicai é liberdade sutil, privilégio da alma.
Abraço aos que passam.
Santa Teresa, 27 de janeiro de 2012.
Maysa
Um blog que valoriza a poesia. Buscando-a nas imagens, nos sons, nas artes plásticas...na angústia demasiadamente humana.
QUEBRANDO O CLIMA
Maysa Machado
Toques de celular atrapalham muita coisa! A etiqueta para o novo manejo longe está de ser absorvida por seus usuários. Quem dera que os jovens ou pessoas maduras, soubessem usar as fantásticas maquininhas.
Como será que forma e conteúdo desse uso alteram as relações? Sejamos convenientes no trato com a tecnologia adquirida. Conversas reservadas, jamais, poderiam ser gritadas no trajeto de metrô, ônibus, taxi, e filas de qualquer gênero.
Com freqüência assistimos o lugar evidenciado, do celular, à mesa de almoço, entre amigos. É gentil? Será imprescindível e oportuna essa outra pessoa, que não é mera presença virtual?
Usuário educado e amoroso vai pra cama com celular ligado, mesmo no silencioso? É delicado para com o parceiro?
A realidade é que cada um tem seu jeito e reage de forma distinta. Quer arriscar a quebrar o clima? Então tente.
Celular tocando na hora errada pode estragar muita coisa.
No Lincoln Center, na cidade de Nova York, na última terça feira, o Maestro Alan Gilbert interrompeu a execução da Nona Sinfonia, de Gustav Mahler.
O maestro tinha pedido aos músicos para executá-la de modo cauteloso, reservado, prolongado. A Sinfonia é conhecida por ser longa, e concebida por altas doses de emoção. Em meio à apresentação, um Iphone, bem na primeira fila, irrompe no ambiente, quebrando o clima.
Dizem que o proprietário, freqüentador assíduo da sala, não estava bem adaptado com o novo aparelho, configurou o perfil silencioso, mas o sinal que tocou foi o alarme.
O maestro, ainda tentou seguir a peça, mas o ruído não cessava. Então, parou, e comunicou, de forma civilizada, ao proprietário:
— Vamos aguardar.
Depois, em conjunto com as reclamações da platéia, que exigiam a saída do espectador ou o pagamento de multa, no valor de mil dólares, indaga:
— Desligou, ele?
No caso da Orquestra Filarmônica de Nova York, a retomada da peça exigiu do maestro, e de toda a orquestra, a repetição de trechos, já apresentados, da partitura.
“As sinfonias são como o mundo, devem conter tudo”, menos o toque intruso de um celular.
Talvez, seja preciso aprender urgente que, em momentos especiais saborear com enlevo uma récita musical ou um encontro marcado com o amor, é melhor evitar estragos deixando mudo o companheiro das horas mais estressantes.
Um abraço de janeiro.
Santa Teresa, 19 de janeiro de 2012
Por que nos encontramos? Existem milhões de pessoas no mundo que jamais conheceremos. Tampouco saberão de nós.
Saber e se aproximar de alguém é uma dádiva. Um compromisso de vida respeitar o jeito de cada um.
Ser fiel, a nós e ao outro, ao amor que despertamos. E simples, aceitarmos o vínculo de afeto que nutrimos, busca incansável desde que aqui chegamos.
Não ser dono de quem quer que nos cause esse inusitado afeto. Sentir a entrega como troca, não pertencimento subjugado.
Saímos da anônima existência. E aí?
A completude perdida é mitigada pela amizade, pelo amor. Simples e complexos sejamos honestos nessa arte intensa e fluida que é viver.
Amar é a lúdica possibilidade de receber a alegria de estar vivo. Vida passageira, efêmera, volátil, exercitada a cada dia.
Que os sentimentos puros prevaleçam, desprezando-se as manobras manipuladoras de poder.
Um pouco de sabedoria repetida, internamente: Viva o imponderável ! Nada está sob rígido controle.
Aceite que Viver é perigoso. Agradeça a Vida. Ela brota dentro do nosso coração.
Ah! Século 21, por que vos enganais? Transformando encontros possíveis e mágicos em relacionamentos banais.
Um abraço de janeiro.
Maysa
Maysa Machado
Lá da memória salta a frase repetida em tom filosófico, na maioria das vezes mesmo, pura pilhéria carioca com o humor lusitano.
"O mundo gira e a Luzitana roda."
O bombardeio de imagens e slogans não havia invadido casas, mentes e escolhas individuais. A sociedade de consumo periférica engatinhava de modo tardio.
A frase feliz caiu no gosto popular, e abriu na imaginação miríades de mudanças. Não só as que a transportadora anunciava, e de fato conduzia.
Salto desse tempo da infância em que rodar era sinônimo de velocidade, e me vejo quietinha, defronte a tela do notebook, refletindo sobre o que fiz nesses primeiros dez dias de janeiro de 2012.
A resposta honesta é: Não sei. Aqui não registrei novos textos. Enrasco-me toda. Como assim? Fatos importantes aconteceram.
Final e início de ano contêm sempre impactos. Pessoas próximas, anônimas ou notórias, partem. Vida e morte se entrelaçam, diante dos olhos marejados ou de olhares secos pelo efeito paralisante do sofrer.
As festas recém findas expressando desperdício, consumismo exagerado, apenas, deixam a ressaca de exageros, em lugar dos mimos sonhados, nos sapatinhos esquecidos na janela.
Janeiro é mês de aperto e múltiplos pagamentos. A vida cobra.
Um novo personagem entra, sem ser convidado, no cotidiano de inquietudes - As decisões adiadas. A vida cobra em muitas parcelas. Juros sobre juros, talvez, nosso refinanciamento mais caro.
E as promessas não cumpridas? A mais próxima está na balança. Madrasta implacável, quase sempre confirma:
— É preciso girar o ponteiro para a esquerda.
Quer mais? Esqueceu da paixão complicada, de anos passados. Ela se reinstala na sua vida, e aí você se indaga:
— De novo?
Então, o que de importante já conseguiu desenrolar, nesse início de ano?
A avaliação seguinte é cruel.
— Há muito por fazer.
O mundo gira e a Luzitana roda, roda, roda.
— Eu preciso voar. Meu tempo, este, não consigo mais ter sob controle. Será que isso só acontece com gente distraída como eu?
Desejo que o Ano Novo, com apenas dez dias, nos traga descobertas, esperanças e promessas diferentes, novas ou não.
Novos olhares, sim, que possam umedecer diante da vida que brota, brota, brota.
Uma cartografia nova da nossa cidade - aldeia, e das gentes.
Um pouco menos de ziguezague. Afetos aceitos, sem rótulos, apenas vividos.
Mais coragem para dizer alguma frase feita e possível de criar mudanças em nossas vidas:
—Não quero. Não posso. Me ensina. Quer saber como se faz? Eu gosto. Eu te amo.
Santa Teresa, 10 de janeiro de 2012.
Com carinho, meu abraço.
Maysa
ANO NOVO E FELICIDADE
FELIZ ANO NOVO!
É assim que se diz, não é mesmo? Mas, lá no fundo do coração, sentimos que desejo só não basta! É preciso mais. Esse mais... que não sei o quê é, nem como é, também, não sei onde está... Que você encontre, em 2012.
Faça o que der na telha, seja muito feliz em 2012!
Maysa
Curtindo o Natal! Vale um bilhetinho:
Para os que a sensibilidade, ainda, não abandonou as celebrações do Dia de Natal são fortes. Alegrias e tristezas misturam-se em doses imprevisíveis. Mas sempre há um jeito de reconciliarmo-nos com os anseios da alma e do corpo.
Ao próximo Feliz Natal !
Um caloroso abraço.
Maysa