quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

O ninho e a tempestade




É assim no verão! Surpresas com a natureza, com a gente.

Comigo, a alegria veio numa manhã qualquer.Descobri o asa à asa de um ninho sendo feito pela passarinha, pequenina, serelepe... sob as vistas atentas de dois puxados olhos verdes, de uma gata gorda e caçadora: A Miou - miou.

O aconchego sentido, a cada dia, pelo aparente emaranhado de fiapos de árvore, crescendo, virando um casulo, casa, abrigo, é indescritível. Um galho mais saliente de uma esmirrada bouganvilea foi o escolhido, bem no meu quintal.

Fiquei, de olho na gata. Perigo conhecido não é perigo ! a gente contorna, vigia. Pior é o imprevisto.

As chuvas de verão, no Rio, desabam de uma hora para outra e, assim foi, na primeira sexta feira, deste inaugural janeiro de 2009.

Tomei um banho e tanto de chuva, tirando folhas de um ralo do pequenino jardim e, foi tanta a água, quando tudo já estava inundando, só então lembrei do ninho.

Alí, volteando, junto com o fino galho, o ninho atravessava sua primeira tempestade.

Meu coração apertado e triste , perplexo, e sem nada prá me dizer, acompanhava cada segundo de aguaceiro e vento!

O susto levou exatos vinte minutos!

A tempestade caprichosa e indomada desapareceu. O ninho parecia intato. Em momento algum propus-me a intervir, não podia! todos sabemos que se tocado a passarinha não volta mais, rejeita-o.

Minha criação urbana não acrescentava como agir para protegê-lo! Era o meu primeiro ninho, recebido como um presente, em risco!

A madrugada foi castigada com mais chuva forte e , insone, avaliava àquela fragilidade tão fustigada.

O ninho tem resistido, continua lá . Já estava pronto para abrigar os ovos e reiniciar o ciclo da vida mas, não tenho visto a passarinha piando, contente, alegre e ligeira.

Minhas reflexões sobre a fragilidade aparente, sobre "o fazer"de quem sabe, o imponderável em nossas experiências de vida levaram-me à muitas observações.

A primeira, sobre o engenho daquela frágil construção , resistente diante da ação , do furor da própria natureza.

O símbolo do ninho, ainda , é para mim o do primeiro aconchego.

A tempestade é a força que desorganiza por conter fúria, ser incontrolável.

Essas constatações, no quintal pequenino, entre flores e arbustos, entre gravetos, gatas e passarinhos fazem -me pensar na vida que tanto queremos, em plenitude e ,que sempre está aí a nos trazer desafios.

Maysa
PS:Foto Ana Paula/Rio .


Um comentário:

Fernando Pereira disse...

É sempre bom fazer do nosso ângulo de vida a nossa "torre de observação".
Uma sacada aqui, outra alí e a gente vai unindo os "pedaços", montando o quebra-cabeças desta vida de desafios e muita beleza.
Parabéns. Vc tira bom proveito da sua torre !