É uma sexta-feira diferente. Sempre assim. Nela, a cada ano, há surpresas visíveis e outras que só nos dizem respeito. Dessas, não falo para confirmar o significado pessoal e instransferível de algumas vivências e descobertas que temos, e só à nós devem servir.
Mas sensações da infância, vêm à tona. Relembro uma ou outra. Conto a primeira.
Em criança, bem pequena, acompanhava minha mãe à igreja e tinha uma vontade louca de fugir do templo, para não ver a imagem, em tamanho natural, do Cristo Morto.
Era um sofrimento atroz. Pavor e dor. Sangue representado com a maior verossimilhança, afugentava o meu sangue-frio o mesmo que a cultura nos exige como dom maior.
Fechava os olhos. Sentia, então, o calor da mão de minha mãe, e assim ficava na extensa fila para beijar o Cristo Morto.
Era tão cálida aquela mão, sensação de tanta segurança me passava que sofria um pouco menos. Mas já sabia o que nos aguardava no fim da fila: Aquele homem frio.
Frieza dada pela morte, ausência, distância definitiva para nós crianças ou adultos.
Difícil era aceitar, como verdadeira, a versão de que na mesma semana ele estaria ressugindo e subindo aos céus...
Vida de criança tem momentos muito difíceis...
(continuo amanhã)
Abraço
Maysa
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