sexta-feira, 2 de abril de 2010

SEXTA-FEIRA SANTA

Flores para CHE/ Foto cel./ Maysa M.2010



É uma sexta-feira diferente. Sempre assim. Nela, a cada ano, há surpresas visíveis e outras que só nos dizem respeito. Dessas, não falo para confirmar o significado pessoal e instransferível de algumas vivências e descobertas que temos, e só à nós devem servir.

Mas sensações da infância, vêm à tona. Relembro uma ou outra. Conto a primeira.

Em criança, bem pequena, acompanhava minha mãe à igreja e tinha uma vontade louca de fugir do templo, para não ver a imagem, em tamanho natural, do Cristo Morto.

Era um sofrimento atroz. Pavor e dor. Sangue representado com a maior verossimilhança, afugentava o meu sangue-frio o mesmo que a cultura nos exige como dom maior.

Fechava os olhos. Sentia, então, o calor da mão de minha mãe, e assim ficava na extensa fila para beijar o Cristo Morto.

Era tão cálida aquela mão, sensação de tanta segurança me passava que sofria um pouco menos. Mas já sabia o que nos aguardava no fim da fila: Aquele homem frio.

Frieza dada pela morte, ausência, distância definitiva para nós crianças ou adultos.

Difícil era aceitar, como verdadeira, a versão de que na mesma semana ele estaria ressugindo e subindo aos céus...

Vida de criança tem momentos muito difíceis...


(continuo amanhã)


Abraço


Maysa

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