foto cel/maysa/fundoquintal10.09
" que tormento, mas que tormento, mas que tormento!" fui confessando e recolhendo nas palavras o licor inútil que eu filtrava, mas que doce amargura dizer as coisas, traçando num quadro de silêncio a simetria dos canteiros, a sinuosidade dos caminhos de pedra no meio da relva, fincando as estacas de eucaliptos dos viveiros, abrindo com as mãos cavas a boca das olarias, erguendo em prumo as paredes úmidas das esterqueiras, e nesse silêncio esquadrinhado em harmonia, cheirando a vinho, cheirando a estrume, compor aí o tempo, pacientemente.
Raduan Nassarin Lavoura arcaica, Companhia das Letras, 3a edição revista pelo autor, cap.8, pág. 50
Abraço
Maysa
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