cartaz dos professores em luta por salarios e condições de trabalho dignas.
Desenho de alunos da Escola Francisco Alves , em Botafogo, Rio.
ABIGAIL, DAGMAR e JULIETA – Presente, passado e futuro.
Por um princípio da Escola Pública: investimento na formação
do indivíduo.
Maysa Machado
Três mulheres importantes, para todo o sempre, em minha
vida. Não pude dizer-lhes isso. O tempo seguiu, e de criança à mulher adulta,
nunca mais as vi.
Digo, agora, em público, comovida por boas lembranças vividas na Escola Primária Francisco Alves, em Botafogo, na Rua da Passagem. As três minhas
professoras primárias.
Os dolorosos e
absurdos fatos, suscitados pela violência de estado, contra a greve, em curso, dos
professores municipais do Rio, deviam encorajar, a todos, a saírem em defesa
dos mestres, desrespeitados pelos governantes e policiais, nas ruas do Rio, na
Casa do Povo - Câmara dos Vereadores e nas salas de aula.
Conto aqui, com direito à subjetividade que me representa sobre
as três mulheres. Elas me apresentaram o mundo. Um lugar maior, e distante do
lar, do afeto materno e paterno, e precisava se tornar próximo; que as pernas pudessem
alcançar sozinhas, onde a barra do vestido da mãe não podia levar.
DONA ABIGAIL
Professora do Jardim de Infância, na referida Escola
Pública, me ensinou a ler. Descrevo-a: Alta, magra, sem um pingo de pintura,
era mulher feita, cabelos castanhos cacheados, beirando o ombro, óculos, e
movimentos precisos, porém suaves. Um grisalho nos cabelos.
Aprendi deslumbrada,
em ambiente calmo e lúdico, os sons e significados das letras. Ouvindo histórias,
folheando os primeiros livros, descobrindo as ilustrações, e estas mostrando a riqueza
dos detalhes, nas figuras.
Não era proibido sonhar,
imaginar, desejar, perceber. Talvez, o proibido ali, fosse faltar aula.
Aprendi a construir palavras, e com elas
a pensar. As palavras me transformam e dão significado à vida.
A sala de aula, lembro bem, era ampla, porém aconchegante, arejada, luminosa. Ficava
ao fim do pátio do prédio antigo principal, onde os alunos das turmas do
primário estudavam.
Anos passados, a ganância institucional, aliada ao poder político, demoliu o
lindo prédio de valor arquitetônico, no bairro de Botafogo, e colocou, na rua
lateral, duas caixas horrendas de concreto.
A valorização do metro quadrado do terreno, na rua
principal, onde a escola ficava, foi determinante para a demolição. O lugar da
memória se manteve no imaginário daquelas crianças. Essa construção é
permanente.
O atual governador do RJ quis fazer o mesmo, sem sucesso,
pela intensa movimentação popular, com escola no complexo do Maracanã.
Existe algum governante - aqui no Estado do Rio e no Município
do Rio- com o propósito de respeitar e contribuir para essa formação básica?
Quais são as condições e instalações físicas atuais nas escolas
publicas? O que as crianças, de hoje, e seus mestres, recebem dos governantes
para, desenvolverem juntos, essa importante etapa na vida de qualquer pessoa.
A luta de todos nós, parece-me que é defender, proteger crianças e mestres contra
as agressões à formação do indivíduo.
E quais são as garantias democráticas que podem proteger os
indivíduos de toda forma de agressão aos seus direitos de pessoa?
A Constituição não está sendo
respeitada. Presente preocupante e Futuro imprevisível.
A LUTA CONTINUA.
Santa Teresa. 2 de
outubro de 2013.
Abraço aos que por aqui passam.
Maysa