quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

O Tempo Da Memória - De Senectute - Norberto Bobbio


Bobbio, deixou-nos a tarefa de continuar refletindo sobre as questões que inquietam o espírito humano. Foi, um dos mais notáveis teóricos do pensamento contemporâneo de esquerda. morreu aos 94 anos (1909 - 2004).
Neste livro expressa suas reflexões sobre o significado da vida e sobre o fato de envelhecer.
É uma obra tocante, sensível, aguda.
Qual o significado da velhice no mundo contemporâneo? Os muito velhos? Estas mudanças apontam para um número crescente de pessoas idosas, mas também para um número de anos cada vez maior que as pessoas, individualmente, vivem como velhos.


"Se o mundo do futuro se abre para a imaginação, mas não nos pertence mais, o mundo do passado é aquele no qual, recorrendo a nossas lembranças, podemos buscar refúgio dentro de nós mesmos, debruçar-nos sobre nós mesmos e nele reconstruir nossa identidade; um mundo que se formou e se revelou na série ininterrupta de nossos atos durante a vida, encadeados uns aos outros, um mundo que nos julgou, nos absolveu e nos condenou para depois, uma vez cumprido o percurso de nossa vida, tentarmos fazer um balanço final. É preciso apressar o passo.
O velho vive de lembranças e em função das lembranças, mas sua memória torna-se cada vez mais fraca. O tempo da memória segue um caminho inverso ao do tempo real: quanto mais vivas as lembranças que vêm à tona de nossas recordações, mais remoto é o tempo em que os fatos ocorreram. Cumpre-nos saber, porém, que o resíduo, ou o que logramos desencavar desse poço sem fundo, é apenas uma ínfima parcela da história de nossa vida. Nada de parar. Devemos continuar a escavar! Cada vulto, gesto, palavra ou canção que parecia perdido para sempre, uma vez reencontrado, nos ajuda a sobreviver".

"Espero contudo poder continuar a manter-me em contato com os jovens. A convivência com eles é muito prazerosa, acima de tudo porque me ajudam a não envelhecer mais do que seja fisiologicamente inevitável, e porque, ao contrário de muitos que chegam a certa idade, não lhes tenho inveja. Entre minhas vozes secretas, não está aquela que canta: "Como é linda a juventude". Conheço as ansiedades do jovem que sai do regaço da família e depara com a vida. Em nossa juventude passamos por acontecimentos trágicos. Mas o futuro não me parece mais luminoso." (2)p.82

in, O Tempo da Memória -De Senectute , Editora Campus, 6ª ed.


Dêem uma olhada na postagem do dia 18.02.09 do blog http://liberatinews.blogspot.com

Beijos

Maysa


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