terça-feira, 28 de abril de 2009

Histórias de Vó...verdadeiras- Maysa Machado













HISTÓRIAS DE VÓ... VERDADEIRAS


Maysa Machado



Dos quatro netos abençoados que tenho só um menino reina no pedaço. As três mocinhas com seis, cinco e quase três revezam-se em me alegrar... Não fiz filhas mulheres.

Haja coração de vó,
 abuela, nonna!

Lá vou eu tocando a vida de descoberta em descoberta, de alegria, com as crianças, em alegria e fôlego, muito, porque avó não pode ser só um nome, no papel da certidão de nascimento. Tem que ter músculos, pernas, braços, cacunda e, sobretudo, coração para o que der e vier!

Duvidam? Dois feriados na mesma semana, escolas fechadas, pais no trabalho dando duro para sustentar a prole, crianças em casa... Avó apaixonada, dando sopa. A mistura ideal está feita. Uma tarde com os netinhos no conforto de sua casa.
 Eles e você? Não, num play com jardins suspensos, árvores e quadras esportivas, cheio de crianças, babás, e nenhuma outra
 benemérita avó. Olhos atentos, numas e noutras. Tudo com o mais apurado e discreto olhar.

Ao finalzinho da tarde, depois de acompanhar as brincadeiras, extasiada com a energia crescente e inesgotável das crianças, juntei-me ao neto e saímos explorando o lugar agradável e cheio de possibilidades para recreação.

Logo, logo uma inocente bola esquecida a um canto transformou-se, diante dos olhos e mente fissurados em futebol do guri, em objeto mágico. E pasmem! Rolou dos seus pés para os meus braços. Artilheiro, zagueiro, goleiro. Neto no ataque, avó na defesa.
O lugar, como disse, era agradável, o espaço esplêndido e... Enorme! Tudo ia bem, nem estava tomando gol! Até, já começava a me orgulhar do próprio desempenho... Assim brincávamos felizes!
Mas, eis que, surge um garoto do mesmo porte, pequeno e, igualmente, fissurado.
 É incrível ver a fisionomia, a garra desses pequenos
 craques!
 
E o garoto corria, a bola já sob domínio. Corria tanto... Ameaçando a zaga. Apavorei. Senti a iminência do gol!
Então, meu universo interior foi invadido por um grito, ainda de comando, mas já desesperado, que acompanhava a trajetória da bola. Era meu neto de cinco anos.
NA MINHA AVÓ, NÃAOOO!!!!!
E junto com o chute certeiro, o menino se retesou todo! Mas a bola... Já havia "entrado", numa trave imaginária e o gol real feito!
Coisa pro
 Nelson Rodrigues levantar da tumba com uma crônica prontinha debaixo do braço. Pensei.
E no exato momento em que o menino fazia seu golaço, eu, em êxtase, descobri que avó legal não leva gol! Morou?
Descobri que meu neto é um
 cavalheiro e eu uma instituição!


Bjs


Maysa

2 comentários:

shintoni disse...

Visitei seu blog e gostei muito do que você escreveu. Já está nos meus Favoritos!
Por isso, gostaria de convidar você a participar do blog “Duelos Literários”, no qual as pessoas criam textos sobre temas de sua escolha e os textos são postados no próprio blog.
Passe por lá e, se gostar da proposta, participe!
http://duelosliterarios.blogspot.com/
Um abraço, ótimo domingo e parabéns pelo seu blog!

Maysa disse...

Shintoni,

Estou lisonjeada com o convite, irei lá sim, depois dou notícias.
Um abraço e obrigada pelo estímulo.