quarta-feira, 5 de outubro de 2011

FLOR E VIDA - MAYSA M.




foto maysa machado/Jardim Botânico/Rio

setembro de 2011











Visitar a beleza. Encontrar-se nela.

Perceber formas, cores, cheiros.

Tudo em silêncio

Deixar aos pássaros e ao tempo

o cuidado de apontar caminhos.









Um abraço para os que aqui visitam .


Maysa

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O NICHO - MAYSA M.

criação sobre vinil de Alice Espínola/

coleção da autora do blog



O NICHO

Maysa Machado


Entrar numa de ficar calada, só observando a história, sem palavras, acontecer.

Foi assim que seu amor durou, ou pode se vangloriar de ter existido. Uma revelação tanto para Lali, quanto para o misterioso amante. Ninguém acreditava naquilo. O filho dizia que o sujeito devia ser maluco. Ela pensava que maluca era ela mesma. Onde havia ficado a militante, a mulher moderna que construía falas e ações sobre a liberdade? O curioso é que assim, calada, ninguém diria que eram as mesmas.

Muito tempo se passou. Advindas da frustração perguntas silenciosas pediam lugar às certezas. Foi se descobrindo terna consigo desapegada com os outros. Ciumenta nunca fora. O sentimento do amor lhe trouxe brilho e viço. O felizardo, aquele que fruía e usufruía, não chegava nem perto do processo de autoconhecimento, agora, travado por aquela mulher sensível. Sem intenção, fora um bom professor.

Dias consumidos. Primeiro na ilusão de que o tempo ajustaria os senões da pouca convivência, depois sugados na ansiedade por mudanças. E a paixão incomum, deixando - como em todas as emoções - uma juvenil fragilidade, no ar.

Morte e renovação aconteciam. Foi, devagarinho, se reinventando. Dor e espanto misturando-se à alegria de viver. Um dia acordou e percebeu que, mesmo sem a presença do amado, continuava feliz "com" ele. Talvez por isso, por sua ausência. A vida em liberdade fora construída e as amarras, de quase todos os vínculos contemporâneos, inexistiam...

Deixou de lado qualquer premeditação, retomou o encantamento do primeiro encontro. Como um vício transformado em virtude sorveu do amor, um pouco a cada dia... E só por cada vez.

Santa Teresa, 3 de outubro de 2011

Abraço para os que aqui chegam.

Maysa


STORMY WEATHER - BILLIE HOLIDAY

foto by Viorica/JBotânico/ Rio



A chuvinha dessa manhã serve como pretexto. Ouvir a Tempestade...é melhor que seja na voz da Billie.
Êxtase, desde a infância! Música preferida, de mãe para filha. Herdei muita coisa boa de D. Nila, né não?



Abraço para todos.
Maysa

sábado, 1 de outubro de 2011

2º FESTIVAL DE CONTRABAIXOS DO RIO DE JANEIRO




















Caros amigos,



os que estão no Rio de passagem ou moram por aqui, sugiro que acessem o site da Sala Baden Powel, urgente:





Lá vocês terão, em detalhes, os dias e horários para o 2º Festival de Contrabaixos do Rio de Janeiro.
Estou indo para lá agora. Já estou atrasadinha, começou, ontem...vai até amanhã.

Tem, também, o lançamento do livro "Confesso que Ouvi", de nosso amigo e blogueiro jazzístico Érico Cordeiro. A gente se encontra por lá, fui.

Abraço Maysa

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

E QUANDO SETEMBRO VOLTAR...Maysa M.






Último dia de um mês cheio de surpresas. Perdas, lembranças incômodas, mas lindas flores no percurso da exposição de orquídeas, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Preciosos silêncios, acompanhados por neblinas e expectativas suaves de amores e carinhos, que não sejam vãos.

Aniversários de pessoas queridas, por vários motivos, não comemorados. Uma adorável pré-adolescente que, por viagem, teve a oportunidade de estar no início do outono em N.Y e voltar para fruir a chegada da Primavera, em nosso hemisfério.

Setembro sempre teve a mística de renovação cíclica. Um dos períodos mais promissores, onde fazer planos e sonhar não nos custa nada.

Setembro vai, e vai se embora, mas deixa entre as lembranças a história da companheira de lutas políticas que partiu. Quem conviveu com Alaíde, conheceu e amou uma mulher admirável. Corajosa, humana, digna e muito, muito honesta com seus princípios, lealdade aos companheiros e a causa de um mundo melhor e mais justo.

Sem nunca se apartar da beleza e feminilidade. Aprendi com sua amizade, ouvi seus conselhos amorosos sobre qualquer assunto.

Em um só dia a vida nos ensina o que passamos a compreender na ausência de quem amamos.

Um dia, num setembro próximo, as flores em silêncio nos falarão, através das formas, cores e cheiros, da renovação dos ciclos de vida que não terminam, apenas se transformam.

Santa Teresa, 30 de setembro de 2011

Maysa

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

PRIMAVERA CINZA - Maysa M.

















DESAMANHECER...

Maysa M.


Por capricho, esquisitice
de neblina, névoa
veste-se a primavera.

Despindo
o colorido das flores
brilha no cinza
amanhecido.

Neblina é tempo de espera
É sonho que se refaz
Energia e busca
de silêncios e distâncias.

Seguindo
pressentimento
Não por acaso
tentamos as rotas refeitas.



Santa Teresa, 29 de setembro de 2011






Aos amigos que por aqui passam, aos que apenas passam...que a estação seja leve e florida, e o cinza também nos encante.



Maysa

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

SOMETIMES I'M HAPPY - BILLIE HOLIDAY

imagem da web

Inverno se despedindo.

A promessa no ar, nos cheiros. Corações encantados com a delicadeza da vida que teima em aparecer vestida de flor, cor e cantos.

Nessa canção - Sometimes I'm Happy - um fio de voz, ainda, nos conduz. Por ele, a vida se extinguindo, e a qualquer tempo, podendo ser repetida, transformada pela arte.

Às vezes sou feliz, entrou em minha vida, na adolescência. Ouvi, a primeira vez, uma gravação de Nat King Cole e seu trio. O disco era de vinil, 33rpm, as bolachinhas com duas faixas.

Redescobri-a na voz de Diana Washington. Exuberante.

Mas, simplesmente, tornou-se inesquecível com essa interpretação de Billie Holiday. Uma das últimas gravações, em estúdio, da cantora. New York, 04 de Março de 1959. Ray Ellis e sua orquestra. (MGM).

A derradeira canção foi Baby, Won’t You Please Come Home? de Charles Warfield & Clarence Williams.

Em abril, daquele ano, Billie ainda fez apresentações, ao vivo, em Boston, no Storyville Club.

When your love has gone*, no repertório. A faixa está no CD Lady day Live.

Billie foi internada em final de maio e morreu no dia 17 de julho de 1959.

Um presente para quem é fã de Lady Day aqui

Ah! Quanta tristeza contém uma despedida amorosa.

*

"What lonely hours, the evening shadows bring

What lonely hours, with memories lingering

Like faded flowers, life can't mean anything

When your lover has gone"

"Que horas solitárias as sombras do anoitecer nos trazem

Que horas solitárias, nas quais as memórias divagam

Como flores murchas, a vida não tem significado

Quando teu amor te abandonou".




Acredite, a felicidade pode voltar, algumas vezes... mais.

Beleza e dor. Vida e morte. Impermanências em meio a tantas lembranças ternas e eternas. Algumas vezes mais... a felicidade pode voltar.

Então, que tal celebrar a chegada da nova estação. Sometimes I'm happy é uma boa canção para fechar o inverno.

Como um aviso: É preciso preparar o coração para a primavera que está por chegar.

Um abraço carinhoso

Maysa


domingo, 18 de setembro de 2011

PRIMAVERA SE APROXIMA - Maysa M.



lobelia azul


PRIMAVERA SE APROXIMA


Maysa M.


Cigarra não canta.

Formiga trabalha pouco.

Na estação ... das flores.



Santa Teresa, 18 de setembro 2011


Abraço a todos.

Maysa


segunda-feira, 12 de setembro de 2011

SAUDADE DE QUÊ? Maysa Machado

Pixinguinha/foto Valter Firmo






SAUDADE DE QUÊ?

Maysa Machado

Talvez, gasta, repetida... essa palavra, que dizem única, ainda, sirva para expressar o significado, em língua portuguesa de falta, vontade de chegar, aproximar. Vem em ondas ilustrando coisas e circunstâncias vividas. Vem acompanhada de boas lembranças.

Você não sente saudade do que foi desconforto, mas pode aparecer no pacote de algum amor não, definitivamente, enterrado. Aliás, amores são enterrados? Creio que não. Pela experiência obtida os amores voam como pássaros, podem ir de vez, ou voltar em estações certas. Não existe o para sempre.

Saudade de quê, então?

Da vida desperdiçada ou do leite derramado? É difícil aceitar. O alimento líquido, geralmente contido num recipiente, e posto a ferver, demora.

É nosso cálculo do tempo errado, acrescido de ansiedade, que nos faz afastar e descuidar. Vida, também, se esparrama por descuido. Lamento, mas não há quem não a tenha desperdiçado.

Quando o fato consumado nos avisa que o leite queimou e derramou, sem solução, a gente percebe o tempo perdido, estragado.

Apenas isso, o sentimento de não ter mais jeito... nos faz sentir saudade do tempo que passou solitário, sem nos apercebermos dele.

Santa Teresa, 12 de setembro de 2011


Um abraço,

Maysa

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

MORTAIS PENDÊNCIAS - Maysa M.






Mortais Pendências



Sete de setembro

Independência ou morte!

O brado pendente.



Santa Teresa, 07 de setembro de 2011


Pendências morais, implícitas nesse haicai republicano. Os desaparecidos e mortos não devolvidos à pátria-mãe. Morreram pelo Brasil. Patriazinha querida, minha , tua.

Do Vinícius, poeta ... releiam Pátria Minha, aqui:


Maysa