sexta-feira, 20 de novembro de 2015

CASA FLORIDA - Maysa Machado























CASA FLORIDA


                   Maysa Machado



O que adianta todo o preparo, a espera por tua vinda?
A casa está limpa, arrumada.
Flores nos jarros, o vento brinca.
Há movimento, promessas, em uma cama perfumada.
Tudo isso com tal puro amor, dedicação
Apimentado por aquela pitada de excitação. É a vida.
Passam as horas. A corrida contra o tempo ensina.
Compromissos substituídos pela ansiedade de menina.
Gosto de você, de ficar junto.
Olhar tuas mãos, teu jeito sem jeito.
Sofro com meu desavisado coração.
Ausências recorrentes, premonição não precisa de aviso.
Imprevistos? Medos? Premeditação?
Quieta, só entristeço.
Chega tardia e lacônica a negação.
Não virás.
Há um equívoco indiscutível.
Brincadeira com fogo
Com vida, com o desejo do outro.
Espera, assim, é prisão. Punição.
É expectativa plantada
Afeto sincero não carece manipulação.
Não, nenhum mal entendido, por que então?
Sofro com o desejo intenso. Não durmo
Conheço a vigília de cada desilusão.
Hoje, vou esperar o sol, algum novo sorriso.
A luz da liberdade.
Ah! e mais, recusa ao vínculo que atordoa
Trai, magoa e trata mal.
Amar é poder ver e acreditar
No amanhecer em silêncio

Santa Teresa, 20 de novembro de 2015.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

É? - Maysa Machado

foto maysa machado/ rio



É ?

Maysa Machado



A poesia foge por instantes...
Se esconde, adormece,
procura
um canto pra chorar...
Logo, logo ela volta.
Insane, entregue
Encontra teu colo
Pra se aninhar.



SantaTeresa, 17 de novembro de 2015
Um jeito de voltar , sair da tristeza e brincar com a esperança.
Abraços

Maysa

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

TIMIDEZ DESNUDA -Maysa Machado




cortina de aspargus/maysa machado cel














TIMIDEZ DESNUDA 


                Maysa Machado


Faz um tempo...
Desde teu surgimento
A vida coloriu
Desbotou
Em muito momento
Voltou ao clássico p&b
Aos poucos aprendo
Haja discernimento
Jogo e sensibilidade
Entre sombras e luz.
Imagens, sons, silêncios...
Acolhi todas as nuances
Todas as ausências.
Sofri quieta
E alguma vez
Chorei sozinha.
Decifrei
Sonhos secretos
Teus e meus.
Entre nós não há rótulos
Promessas ou sujeição
Dessas tão a gosto
No mundo convencional.
Há mistérios e gozos
Inesgotáveis.
Há vida.
Chamo AMOR
Há vida.
Chamas SEXO.


Santa Teresa, 30 de setembro de 2015.

Fico contente quando me encontro no ninho. Mas há que enfrentar as tempestades.
Abraços saudosos aos que por aqui passam.
Maysa

domingo, 16 de agosto de 2015

ESPAÇO AFETIVO - Maysa Machado




ESPAÇO AFETIVO

                        Maysa Machado


A casa compondo sinfonia
Aqui, todo silêncio é harmonia.
Para além, a beleza da flor...
Explícita é a geometria.

Ao redor, o mundo.
Parede e calha
Múltiplas texturas
Só o tempo atravessa
A aspereza de um muro.

Maciez da pétala
Luz e seiva de vida.
Desfoque o efêmero
De toda exuberância única.
Amar é plural
No singular de te amar.

E por vezes
Sobressai o anil no branco
Teimoso o coração reluzindo...
Batuca no peito
Vida, vida!
O problema é ter medo, do medo.


Santa Teresa 16 de agosto de 2015.

A quem passa, bom Domingo:

Trago com roupagem atual a foto e a inspiração. Gosto muito dessa lembrança.
Está implícita ao sentimento que me move no mundo.

Abraços saudosos .

Maysa

quarta-feira, 24 de junho de 2015

CALMARIA - Maysa Machado

      foto da Web

CALMARIA

                          Maysa Machado

O vento frio e apressado
bate portas, num abre e fecha
intempestivo.
O susto vem de outros invernos
de quando a casa era habitada
e se podia pedir para alguém
contrariar o vento...
Agora, só ficou você e o vento.
O susto de outros invernos
não assusta mais.
A inércia toma conta de tudo
o vento, sem contraponto, se aborrece.
Paciência a vida se estica
alonga o sofrimento.
E, afinal, o que é um bater de porta
desafiado pelo vento?


Santa Teresa, 24 de junho de 2014

Abraço aos que passam neste início do inverno de 2015.
Maysa

sexta-feira, 12 de junho de 2015

RENDA-SE - Maysa Machado









DIA DOS NAMORADOS

A TODOS QUE AMAM. DESAMAM. E, SOBRETUDO, PARA OS ARISCOS E ESQUIVOS QUE FOGEM DAS DELÍCIAS E DESAFIOS DO AMOR.
RENDA-SE!


Renda... Rendidos...

Rendados!
Rendeira nos mistérios
Soltos e enlaçados.
Silente arte feminina
Enredar... Enredar-se.
Solene é o coachar
De bilros ou brados.
Renda-se!
Quero amar e ser amada
Na eternidade do segundo
Com a suave delicadeza
De estar de passagem
Nesse mundo.
Rendas... Renda-se.
O amor é tudo.

M.M.

Santa Teresa, 11 de junho de 2015.

Para a gente comemorar o amor, que é sempre singular.
Maysa

quarta-feira, 3 de junho de 2015




















QUASE TODA POESIA



Maysa Machado


Quase toda poesia cabe no dia a dia.
Afasta a pressa que sufoca suspiros,
aprisiona sentidos e afetos.
A sociedade das máquinas e desejos rápidos
despeja-nos excessivos ruídos,
estes adoecem ouvidos e a alma da gente.
Não calam a poesia quieta e mansa
Da gota do orvalho.
Vem o silêncio curar tropeços,
disfarce de antigos medos
espremidos entre a ousadia e a recusa
de quem quer amar, mas não sabe vir por inteiro.
A poesia cala.
E só este silêncio não é dor, não é medo.
É tempo e pausa pra ver germinar
o que for verdadeiro.

Santa Teresa, 3 de junho de 2015.

 Nessa manhã de outono, o Rio é mais lindo. Abraço carinhoso aos que passam. Maysa

sábado, 18 de abril de 2015

POEMAS - Cecília Ryff







POEMAS 

                      

Cecília Ryff




Histórias


Histórias de paixão com toda a atenção faço um desejo e percebo,tudo é ilusão.


Palavras


Cada uma tem um sentido
Mas cada uma um caminho
Da nossa boca elas saem
Mas com cuidado pois elas se arriscam
E você...
Poderá se arrepender


Colorido


A pipa no céu
A cor do arco-íris
Pergunto para ísis
Se ela já viajou para muitos países
E com mais curiosidade
Pergunto e quantas cidades?


Risadas


O papel sobre o chão
Já começou a reunião
O atrapalhado escorrega
Foi a Mari que pregou uma peça



Barra da Tijuca, 17 de abril de 2015


Apresentando Cecília

Cecília tem oito anos. Completa nove, mês que vem. Vê o mundo com intensa vivacidade. Acompanho suas descobertas quase de longe. Moramos, na mesma cidade, em bairros distantes.
Mas quem disse que sintonia e cumplicidade precisam de muito mais? É menina estudiosa, responsável. Com disciplina dá conta dos deveres do colégio para casa.
Gosta de ler, ouvir histórias, pintar. Tintas e telas a deixam feliz! Mãos ágeis para trabalhos, inventar coisas. Quando ficamos juntas entro na onda.
Tem suas horas de rebelde sem e com causa!
Agenda superlotada dessa menina. Ah! estuda piano, e o professor é um santo!
Imaginação, alegria, movimento traçam sorrisos e lágrimas no lindo rostinho de nariz empinado. Temperamento sensível... Desponta na poesia.
E saibam gosto do que ela escreve.
Pedi licença pra compartilhar, estes poemas enviados, ontem, por ela, pelo email do pai.
É ou não um adorável prazer ser sua avó?

Um abraço carinhoso aos que passam pelo Ninho.

Santa Teresa, 18 de abril de 2015.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

PAISAGEM - Maysa Machado





PAISAGEM

                         Maysa Machado



Nuvens passam
Vão e... Vão.

Palmas celebram
Tanta imensidão.
Alegram a paisagem
Que nunca é
Nem será a mesma.

Movem-se, balançam
No ritmo que o vento
Dono do movimento
Quer, decide e traz.

Ah quanta paz
Se o vento
Sopra... Sussurra
A vida parece suave.
Naquele instante... Segura.

Aí é o tempo.
O "quando”
Refaço a esperança...

Santa Teresa, 1 de abril de 2015.


Foto Maysa Machado -Abril 2015
Paineira florida de rosa e Palmeira bailarina.

segunda-feira, 30 de março de 2015

PAX, PACIS - Maysa Machado





PAX, PACIS
                                                          

                           
Maysa Machado




Um anseio profundo
Que a PAZ
Voe no mundo!
Paire. Pouse.
Escolha ninhos
Entoe acalantos...
Serenize os ódios
Incumba a cada um
Exaltar o amor
Só o amor.

Santa Teresa, 30 de março de 2015.

PS: Crédito da foto: Tanto bella quanto rara, la Pecteilis Radiata è una meravigliosa orchidea che si trova solo in Cina, Giappone, Corea e Russia. La natura ci stupisce così!  Scienze Fanpage

segunda-feira, 16 de março de 2015

AMAR... - Maysa Machado



foto maysa machado

















AMAR

Maysa Machado

Amar é sentimento único.
Cada amor dá seu jeito.
Não há torto nem direito.
Apenas o verbo intransitivo
batendo dentro do peito.


Santa Teresa, 16 de março de 2015


segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

COLAR ESTRANHO - Maysa Machado

foto maysa machado/ cel

COLAR ESTRANHO


                              Maysa Machado



A vida segue sem explicações.
Hoje, chove.
Pancadas esparsas
O sistema Cantareira comemora.
Um coração triste e aliviado
Resiste.
Choro sem lágrimas
Choro seco vertido.
Cada gota opaca
De choro contido
Escapa, cai no mundo.
Junto sobras. Monto
Um colar estranho
Gotas e contas enfileiradas
Ano após ano.
Foram pérolas e cristais
Perdidos, roubados.
Voltas e mais voltas
Todas invisíveis, como eu.
E no imediato instante
Faz-se um brinde silencioso
E improvisado ao amor
Que, aparentemente, morreu.


Santa Teresa. 4 de setembro de 2014

(Revisado em 23 de fevereiro de 2015)

Aos passantes uma semana plena e produtiva.
O mes é curto e o tempo não pára, como diz Cazuza.

Abraços
Maysa

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

TROCAS - Maysa Machado


















TROCAS

Maysa Machado



Troco o pouco amor por um pouco de carinho
Todo riso sincero fica melhor em meu caminho.
Segredos e mistérios... Troco por silêncio
Adorável enleio quando dois se amam.
Preciso do verdadeiro afeto
Distancia total de quem mente, omite, engana.
Viver é arte.
Anônima ou reconhecida.
Valemos de fato pelo que somos
Nunca pelo que parecemos.
Vida, vida brotai
Novamente em meus sonhos!
Até guardei a esperança
Do gesto honesto que não veio.


Santa Teresa, 12 de fevereiro de 2015.

Um abraço aos que passam...por aqui! rsrsrs

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

TEMPOS... COSTUMEIROS - Maysa Machado

foto cel maysa/ fevereiro de 2015















TEMPOS... COSTUMEIROS



                                   Maysa Machado



Singular é às vezes agradecer
À beleza que nos faz companhia.
A presença pode durar
pouco mais que um dia...
Nas flores de viço passageiro
Há instantes de pura poesia.
Outro é o encanto e mistério
reunidos nos bordados à mão.
Nos antecedem e seguem...
Acompanhando os dias.
Nascimentos, batizados, casamentos...
Nas tristezas e alegrias.
Desenlaces, desilusões.
Um bordado herdado
É sempre um gesto delicado.
Exercício sugerido
Para se ver a beleza
Em plenitude benfazeja.
No total anonimato
Da solidão de cada dia.



Santa Teresa, 11 de fevereiro de 2015.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

CASA DA INFÂNCIA - Maysa Machado



                                                   foto maysa machado/ rio





CASA DA INFÂNCIA

                                                         Maysa Machado




As recordações surgem em cada um de nós com cheiros, cores e sons. A casa da infância é um mundo para sempre mágico.
Lá na minha, a mais antiga das que morei, ficou gravada a voz de minha avó materna. Ora, solene e doce contando-nos histórias da carochinha, antes de dormirmos, ora ativa e apressada chamando-nos para a merenda servida à tardinha, entre quatro e cinco horas.
Na primeira, o quase sussurro das folhas percorridas, com elegância por ela, buscando no grosso livro, cheio de histórias, alegrias e medos que iam sendo despertos; nossa curiosidade em ver as ilustrações em bico de pena, lindas e detalhadas, conquanto parcimoniosas em quantidade, pois no tempo da minha infância o texto prevalecia.
Na segunda, a voz solta expressando uma ordem mais que um convite:
 — Crianças venham merendar! 
Ou:
 — Crianças! A merenda está pronta.

E, então o cheiro de mate quente, em minha memória, toma conta da cena. A luz do dia que se abrandava, a roupa suada da brincadeira de pique, a mão lavada antes de sentar à mesa, e o rosto ainda fumegante e vermelho da correria, tudo misturado à incerteza pelo o quê a noite ia nos oferecer.

O brilho da noite e das estrelas, associado ao mistério de viver.
Criança tinha hora para dormir, criança obedecia aos mais velhos. Um adulto, em quase todas as famílias, ficava disponível para contar, ou inventar histórias.
As do meu pai eram aventuras pelos caminhos da fazenda em que nasceu e vivia desde pequenino, até ficar órfão de mãe e ser colocado num internato, em Penedo, pelos tios. O rio, o banho nas águas frias e passageiras. A bola de meia de todo garoto esperto.
As aventuras de subir em árvores e colher os frutos proibidos, pela altura em que estavam. O gosto de pegar a fruta no pé e sorver seu sumo, ou seu travo de cica antes do tempo.
As histórias de uns misturadas as dos outros.
Surpresas e inquietações movidas pela saudade do que foi ficando para trás, lá na infância, um lugar mágico e distante do que hoje habitamos.
Os adultos em que nos transformamos, feitos de pressa e ordens para cumprir e repassar.
Nós morávamos na infância, hoje, ela apenas nos visita.

Santa Teresa, 22 de setembro de 2012.

Um carinhoso abraço pra quem passa pelo Ninho...e enfrenta as tempestades. rsrs
Maysa

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

TRÊS DÍGITOS, TRÊS SEGREDOS- Maysa Machado







foto maysa machado/cel.



















TRÊS DÍGITOS, TRÊS SEGREDOS




Para Cecília,


Maysa Machado






A menina alegre conversava com a avozinha. Contavam histórias... que não eram da carochinha.

Em algum tempo a gente descobre que avós e netas não escondem aniversários feitos. E, muitas vezes, lembram as datas de nascimento dos membros da família. Por isso sabem a idade de quase todo mundo, até de quem já se esqueceu a sua.

A conversa segue com gosto e a avozinha diz:

— Ceci, você está quase fazendo nove anos! É uma linda idade!

— Vó! Não é não!

— Como assim?

— Bom é fazer DEZ anos!

— O que? Presta atenção: Esse é o último ano em que você aniversaria em um dígito! rsrsrs

— O que Vó?

— Ano que vem querida chegam os dois dígitos... E aí, babau! As pessoas estacionam.

— É, Vó não tinha pensado nisso.

—Então, aproveita bem os seus nove anos. O tempo contado em um dígito. Mágica primeira infância.

—Vóó! Eu queria tanto que você fizesse três dígitos!!!

— Aí fica mais difícil, Ceci... Mas não é impossível! Sua bisa alcançou.

— E como ela conseguiu?

— Bem, ela me contou um segredo. E, eu tenho outro pra te contar.

— Conta, logo vó! Tô muito curiosa.

— A bisa sempre disse que para ser longeva é preciso um projeto de vida. Uma escolha para cuidar dos outros, ser generoso. E se preocupar com o bem estar de todos. E mais, que não pode ficar olhando para o próprio umbigo.

— Esse é o primeiro segredo?

— É sim. Foi o segredo que a bisa me revelou.

E, Ceci emendou logo com a pergunta:

— E o segundo segredo, vó? Quem te contou?

A avozinha, sorriu, fez um silêncio breve e disse o que descobriu pra Ceci.

— O segundo segredo, minha linda, é rir! Rir muito, ser alegre e sorridente.

A alegria faz muito bem a gente. Com bom humor, com paciência a vida encomprida... Pode, até, fazer alguém alcançar os três dígitos de idade!

— E quando a gente tem tristeza, aborrecimento?

— Ah! Boa pergunta. A gente abraça a alegria, com vontade, bem apertadinho pra ela não fugir. E quando a tristeza chega se aproxima, quer agarrar a gente, sabe o que é bom fazer?

— Não, respondeu Ceci, curiosa ainda mais.

— Empurrar, empurrar pra muito distante a tristeza. Xô! Passa fora!

— Vó... e o terceiro segredo?

— Ah! Esse eu ainda não sei, minha querida. Com o tempo vou descobrir. Aí, te conto.

Será que você aprende antes de mim?


Santa Teresa, 26 de janeiro de 2015.

Abraço aos que passarem por aqui.
Maysa

domingo, 25 de janeiro de 2015

PRA NÃO ESQUECER - Maysa Machado


alvorecer da janela .2013/by cel/maysa


















PRA NÃO ESQUECER



                            Maysa Machado


Leva-nos a vida entes queridos
Quase um a um.
Seguem à frente
Por pressa ou cansaço.
Há tempos, meses, dias
Duras tristezas...
Lágrimas não secam a dor
Turvam lembranças.
Até do que tinha morrido em nós!
Amor, ódio ou branda raiva...
Ternura. Tudo brota.
E o que temos pra oferecer?
O que do fundo restou...
O fiapo em que a vida
Num vai e vem
Junta e separa
Sonhos. Esperanças.

Santa Teresa, 25 de janeiro de 2015.

Quando alguém querido parte fica o vazio da vida consumida dentro de nós. O tempo aliado à pressa, que nos transpassa ajustam perdas.Viver é perceber o que se pode transformar...
Abraço carinhoso.
Maysa

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

A COLCHA DA VOVÓ - Maysa Machado





















A COLCHA DA VOVÓ


                            Maysa Machado


Um trabalho feito com amor perdura por vidas inteiras.
Um gesto de amor atravessa gerações e deixa os saberes como herança.
Essa colcha de crochê foi feita por minha avó, aos 82 anos.
Lembro-me das rodelas que iam sendo colocadas em caixa de linha, uma a uma.
Na segunda etapa reunidas com o bonito entremeio. Foram três colchas. Uma para cada filha: Nila e Hilda.
E a minha, de neta e afilhada.
O mesmo ponto, e cada colcha com 80 rodelas. O espanto juvenil só contava quantas estavam prontas. A vovó conseguiu!
Duzentas e quarenta peças, perfeitas e completas, em suas unidades.
Plenas de significados ao atingirem o estado "colcha".
Dedicação, paciência e o saber requintado compuseram o bem herdado.
Que presentaço!
Uma de minhas três netas vai receber o presente de valor afetivo inestimável.
Ando matutando os critérios. As meninas estão crescendo...
Historias podem ser contadas no silêncio de depois.


Santa Teresa, 16 de janeiro de 2015.

Um abraço carinhoso e Feliz 2015!

Maysa