quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A PRIMAVERA CHEGOU HOJE PARA MIM

Foto Maysa/Meu jardim



A Primavera está começando, hoje, para mim!

Com uma semana de atraso? V. pode estar se perguntando.
Pois acredite - sem precisar explicar nada - já que os sentimentos movem e transformam tudo, em nós: Há e sempre haverá coisas que não se explicam!
A gente passa uma vida para formar a compreensão de que tudo muda, o tempo todo se transforma e, a gente junto...um dia se percebe outra pessoa.
Melhor...pior...não compare. São momentos diferentes. Mas é você! Bem, guardamos marcas identificatórias, indeléveis.
Desconfio que o lúdico nessa caminhada é o imprevisto. Contemos com ele para acreditar no melhor!
Quando não for, lembremo-nos que nada é para sempre...e, só resta esperar que passe a fase complicada.
Viver é também mudar o olhar, o ângulo da observação. O sentimento vai na frente, quase sempre a intuição...Siga-a!
Resistir é preciso! Sonhar, fundamental! Amar, imprescindível! Continuar a busca do que se quer, tarefa cotidiana.
Bem, como já declarei, a Primavera começou , hoje, para mim!!!
Querem que conte?
Faz frio aqui no Rio. Chove, miúdo e forte, a frente fria vai e vem. Qualquer menino(a), ainda, sem a experiência dos livros, diria comigo:
Ah! a Primavera , de fato, não começou.
Tenho pistas plantadas, embaixo, subindo ao segundo andar... A varanda do meu quarto está florida de branco!
São lindas e pequeninas as flores do pé de café. Os frutos vermelhos raream, por entre as folhagens.
A pitangueira, explendorosa em sua floração, salpica em pequenas pinceladas brancas o verde lustroso de suas folhas ovais . É generosa! está à oferecer suas frutinhas vermelhas e docinhas. Por vezes, escapole uma ou outra azedinha. É a surpresa que chega junto com a estação.
O jasmineiro de flores perfumadas brancas, no seu pé, começa a se enfeitar.
Lá no jardim, à entrada da casa, espalho minha alegria, olhando as falsas -iris (!)! São muitas, multicoloridas , já as descrevi por aqui e trouxe foto.
E , há ainda, uma que perfuma minhas noites e encanta minhas manhãs. Um pendão branco chamam-na Lágrimas de N. Sa. Essa planta me acompanha desde meus sete ou oito anos.

Mas, foi a voz suave e encantadora do homem amado que acordou a Primavera em mim.

Nunca é demais repetir: Amar é imprescindível!

Bjs

Maysa

PS: Hoje, também, comemoro a centésima postagem , aqui no Ninho.
Obrigada. Sou muito grata ao que passam por essa morada um tanto virtual e bastante imaginária.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

CECÍLIA para Recomeçar



Foto Viorica/Jardim Botânico/Rio


"Nem tudo é fácil "

É difícil fazer alguém feliz, assim como é fácil fazer triste.
É difícil dizer eu te amo, assim como é fácil não dizer nada.
É difícil valorizar um amor, assim como é fácil perdê-lo para sempre.
É difícil agradecer pelo dia de hoje, assim como é fácil viver mais um dia.
É difícil enxergar o que a vida traz de bom, assim como é fácil fechar os olhos e atravessar a rua.

É difícil se convencer de que se é feliz, assim como é fácil achar que sempre falta algo.
É difícil fazer alguém sorrir, assim como é fácil fazer chorar.
É difícil colocar-se no lugar de alguém, assim como é fácil olhar para o próprio umbigo.
Se você errou, peça desculpas...
É difícil pedir perdão? Mas quem disse que é fácil ser perdoado?
Se alguém errou com você, perdoa-o...
É difícil perdoar? Mas quem disse que é fácil se arrepender?
Se você sente algo, diga...
É difícil se abrir? Mas quem disse que é fácil encontrar
alguém que queira escutar?
Se alguém reclama de você, ouça...
É difícil ouvir certas coisas? Mas quem disse que é fácil ouvir você?
Se alguém te ama, ame-o...
É difícil entregar-se? Mas quem disse que é fácil ser feliz?
Nem tudo é fácil na vida...Mas, com certeza, nada é impossível
Precisamos acreditar, ter fé e lutar
para que não apenas sonhemos,
Mas também tornemos todos esses desejos,
realidade!!!


Cecília Meireles



Com a poesia de Cecília Meireles nunca faço minhas travessias sozinha!
Tenham todos uma boa semana.
Beijos
Maysa

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

PAULÃO SETE CORDAS








É um gênio da raça.

Alto, forte, olhos verdes...inquietos. Gente, só o olhar dá pinta de prescrutador, o que sobra em Paulão Sete Cordas é doçura.
Sabe uma pessoa amável, suave, dedicado musicista e boêmio irrecuperável. Podem acreditar dá prá conciliar, não é Maestro?
Tem defeitos, conheço dois: Fuma , bebe... mas, no meio artístico eles nem são considerados assim. Quase todo mundo pratica os dois prá esquecer uma porção de outras coisas...

Toca, canta, faz primorosa direção artística e musical, em shows memoráveis. Quem o acompanha , fã como eu, percebe que cultiva o compromisso de apresentar os novos talentos e não deixar, no esquecimento, os que já coroaram de êxitos suas carreiras. Cantores, músicos, compositores sabem que Paulão lhes é fiel !
Assim, compartilha doçura e conhecimento musical, nosso maestro, querido músico.

É modesto, reservado e, ainda por cima, acompanha faz tempo outra figura da música brasileira , muito querida, extrovertida e amada: ZECA PAGODINHO.

Quem quiser ver tudo isso, que escrevi acima, em tempo real é só subir as ladeiras de Santa Teresa, bairro boêmio do Rio, nas noites de quarta-feira . Procurar assento, numa das mesas perto da mesa dos músicos e deixar a tristeza e a alegria, de pazes feitas e mãos dadas!

O restaurante é o SOBRENATURAL, a dona - a querida e guerreira SÉRVULA- que por vezes alegra as nossas noites e, tímida, dá uma palinha , a voz e o canto de cabrocha inconfundíveis.
Como fazíamos na década passada.

Ah! o horário em que tudo isso de bom, começa: lá por volta das 19 hs. Antes, os músicos que acompanham Mestre Paulão já estão no batente.

É ver para crer.
Um Rio de música, paz, comunhão entre gerações e, gente como todos nós que trabalha duro para viver e ser !

Bjs

Maysa

domingo, 20 de setembro de 2009

SOLIDÃO E PREGUIÇA



Foto: Vio/JBotânico/ Rio



Recupero-me das duas, neste final de Domingo, convivi com elas, todo o dia.
Não, não é fácil admitir: primeiro a existência e depois a invasão cometida.
Declaro, em baixo e bom som, que se pode sair ileso da convivência. Mesmo não sendo por escolha, e menos ainda virtual.
Talvez, o inverno em despedida tenha preparado a surpresa.
Sábado não saí de casa. Por preguiça.
Hoje, fiz planos, passeio no Jardim Botânico, leitura de um livro, um texto em gestação...pouco importa, o imprevisto estava para acontecer!
Assim, nesse domingo anônimo, elas aparecem e vem me visitar. Que fazer? afasto os planos para afugentar as duas, abro o coração e a casa, deixo que se espalhem.
Até tirar um cochilo à tardinha tirei. Nada mal e raro, o incentivo de Dona Preguiça.
Se fugia de uma, encarava a outra.
Escrevi para remediar o mal. Resultado o ócio foi produtivo.
Descobri que fiz isso muito tempo em minha vida.
Trabalhei em solidão e quantas vezes com preguiça! Doida para tirar uma soneca.
Hoje, as duas, com saudade, vieram me ver.
Boas amigas, espero que tenham se saciado pois as acolhi bem, mas
chega de pernas pro ar! Seu Ascenso Ferreira


FILOSOFIA
(A José Pereira de Araújo - "Doutorzinho de Escada")

Hora de comer — comer!
Hora de dormir — dormir!
Hora de vadiar — vadiar!
Hora de trabalhar?
— Pernas pro ar que ninguém é de ferro!

Se quiserem ler OROPA,FRANÇA e BAHIA é só copiar o endereço http://www.interpoetica.com/ascenso_ferreira.htm

Beijos

Maysa







domingo, 13 de setembro de 2009

XIV BIENAL DO LIVRO DO RIO DE JANEIRO





A
XIV Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, começou sexta feira 11.09, e vai até o dia 20, domingo próximo.
Tenho a forte impressão que vale a pena, entrar na floresta de livros instalada no Rio Centro, zona Oeste da cidade. A mídia descreve-a como um espaço cenográfico criado para o público Infanto Juvenil.
Os Estados Unidos, país homenageado este ano, marcará presença com inúmeros autores, entre

eles o quadrinista Dash Shawn e a autora da série "O diário da princesa", Meg Cabot.
Cada tribo escolherá os eventos que mais lhe atrair: lançamentos de livros, debates de temas que interessam aos educadores,
aos leitores de todas as idades. Encontros com autores. São mais de cem escritores brasileiros convidados, e seus interessantes depoimentos... sobre o fazer, o criar.
Se imaginarmos o que acontecerá na reunião de tantas pessoas em torno desse objeto do desejo dos mais fortes... valerá o sacrifício do deslocamento, nesse domingo de sol, com praia e trânsito indigesto.
Eu vou e digo logo meu interesse, além das surpresas que imagino possa encontrar.

Programa da Maysa-hoje - Domingo 13.09

1 - 17hs às 18hs Forum do Professor, com Rui de Oliveira. Leitura imaginativa a partir do livro Pelos Jardins de Bóboli.
Local: Espaço da Leitura. Estande do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação(FNDE).
Pavilhão 4 Verde. Stand: R23520


2 - 18.30 - A mesa redonda do convite acima: Tema: O que é a qualidade do livro infanto e juvenil ? com a palavra os escritores e ilustradores.
Autores presentes: Bartolomeu Campos de Queirós, Gustavo Bernardo, Odilon Moraes, Rui de Oliveira, mediadora Ieda de Oliveira. Promovido pela Editora Cultural do Livro (DCL)
Local: Auditório Cora Coralina, no Pavilhão Azul.

Levo comigo, para os ambicionados autógrafos, três livros:

1 - Por parte de PAI, Bartolomeu Campos de Queirós, Ed. RHJ
2 - CHAPEUZINHO VERMELHO e outros contos por imagem , Rui de Oliveira , Ed. Companhia das Letrinhas
3 -PROCURA-SE LOBO , de Ana Maria Machado , Ed.Ática.

Tenham um bom Domingo e... depois conto o que foi minha visita à floresta de livros.
Beijão em cada um !

Maysa

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

NÃO HESITAVA UM SEGUNDO - ANA MOURA









AMOR, caminha em nós!
Vezes perto, outras distante...
Um só sentimento ...
de formas várias
A gente nunca sabe
o que pode acontecer ...
para onde está a nos mover!

Maysa - 10.09.09


"Entre o teu anel de prata e todo ouro do mundo escolheria o que é teu , não hesitava um segundo".

O fado é atemporal, exprime um dos muitos mistérios e nuances dos sentimentos. Para os que apreciam, não há o que dizer, só ouvir e sentir.
Adoro fado. Essa nostalgia, que exalta, o amor não correspondido, distante, ou que está no fim.

Desde a temática à melodia envolvente, tudo o que é transitório passa a ser permanente, atrai nosso coração. Passa... acaba? Que digam as letras dos fados...

A música, junto com os portugueses e sua cultura, aqui se amalgamou, deu frutos mais que exóticos, exuberantes.
O tema do amor exibe a nossa saudade: uma filha européia/africana! Dessa origem, de sensualidade misturada à tristeza nasce o encanto, a poesia.
Curtam a Ana Moura! É uma excelente fadista!

Estou procurando, cantado por ela, o Fado Pessoano. Alguém tem?





Um beijo carinhoso e viva o FADO!!!
Maysa

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

PÁTRIA MINHA - VINICIUS de MORAES






Pátria Minha


A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.

Se me perguntarem o que é a minha pátria direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.

Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias pátria minha
Tão pobrinha!

Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contato com a dor do tempo, eu elemento
De ligação entre a ação o pensamento
Eu fio invisível no espaço de todo adeus
Eu, o sem Deus!

Tenho-te no entanto em mim como um gemido
De flor; tenho-te como um amor morrido
A quem se jurou; tenho-te como uma fé
Sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito
Nesta sala estrangeira com lareira
E sem pé-direito.

Ah, pátria minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova Inglaterra
Quando tudo passou a ser infinito e nada terra
E eu vi alfa e beta de Centauro escalarem o monte até o céu
Muitos me surpreenderam parado no campo sem luz
À espera de ver surgir a Cruz do Sul
Que eu sabia, mas amanheceu...

Fonte de mel, bicho triste, pátria minha
Amada, idolatrada, salve, salve!
Que mais doce esperança acorrentada
O não poder dizer-te: aguarda...
Não tardo!

Quero rever-te, pátria minha, e para
Rever-te me esqueci de tudo
Fui cego, estropiado, surdo, mudo
Vi minha humilde morte cara a cara
Rasguei poemas, mulheres, horizontes
Fiquei simples, sem fontes.

Pátria minha... A minha pátria não é florão, nem ostenta
Lábaro não; a minha pátria é desolação
De caminhos, a minha pátria é terra sedenta
E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular
Que bebe nuvem, come terra
E urina mar.

Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um libertas quae sera tamem
Que um dia traduzi num exame escrito:
"Liberta que serás também"
E repito!

Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
Que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria minha, e perfuma o teu chão...
Que vontade de adormecer-me
Entre teus doces montes, pátria minha
Atento à fome em tuas entranhas
E ao batuque em teu coração.

Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez.

Agora chamarei a amiga cotovia
E pedirei que peça ao rouxinol do dia
Que peça ao sabiá
Para levar-te presto este avigrama:
"Pátria minha, saudades de quem te ama...
Vinicius de Moraes."

"Vinicius de Moraes - Poesia Completa e Prosa", Editora Nova Aguilar - Rio de Janeiro, 1998, pág. 383.


O poeta Vinicius de Moraes foi , na minha adolescência, o homem mais querido e importante que tive , depois de meu pai. Um ídolo tem presença mesmo quando a distância não pode ser transformada em convívio.
Virou pesadelo dos cuidados maternos e até promessas para, a menina que eu fui, nunca chegar à conhecê-lo foram evocadas.
Hoje, muitos 7 de setembros depois, me presenteio e compartilho com vocês, a poesia , a delicadeza de um um homem que soube me encantar desde os 14 anos. A arte tem esse dom. Mas se viver é um dom, encantêmo-nos!

Para sempre, Vinicius viverá em cada adolescência precoce ou tardia, em cada saudade das muitas formas do amor .
Aqui, nossa pátria tão envergonhada, pelo momento em que exilava, dentro ou fora, os brasileiros que não comungavam com o regime , a voz do poeta nos representa, com o mesmo amor e saudade ...do que não foi... possível.

Hoje, o poema ressurge com todo o afeto que se encerra em nosso peito juvenil ! Não ficou datado.

Talvez fosse possível um manifesto de amor à nossa patriazinha querida, amada , quem sabe na próxima campanha política ! Excluindo os governantes que nos envergonham, nos roubam, trapaceiam.
Os políticos que não respeitam os direitos dos brasileiros à educação, saúde, cidadania...a alegria, por que não?
O poema de Vinicius poderia ser o primeiro passo para o manifesto. Cartilha, beabá para todo homem( mulher) público(a).
Pois é do amor ao Brasil que trata. É de um sentimento genuíno de afeto que faz muita falta em nossas vidas e no nosso dia a dia .

Porisso repito Vinicius:

Se me perguntarem o que é a minha pátria direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.


Por último:
Conselho de carioca, que não gosta de alimentar tristeza, cliquem
aqui está muito mais para luz, sal e água!


Beijos

Maysa

domingo, 6 de setembro de 2009

RETRATO - REINVENÇÃO DOIS POEMAS de CECÍLIA MEIRELES


CECÍLIA MEIRELES,a querida poeta e educadora, em seu livro Viagem(1939), publica este poema:

RETRATO

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas maõs sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
-Em que espelho ficou perdida
a minha face?


Tempos passados,Sueli Costa,cantora e compositora mineira,grava o belo poema.O resultado vocês podem ouvir.Deu certo.Poesia é para ficar. Algumas para sempre!
Almas sensíveis,poetas tímidos, a vida só é possível reinventada, aprendemos com, Cecília.
Peço licença, e transcrevo aqui:

REINVENÇÃO


A vida só é possível
reinventada.

Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas...
Ah! tudo bolhas
que vem de fundas piscinas
de ilusionismo... — mais nada.

Mas a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços
cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.

Não te encontro, não te alcanço...
Só — no tempo equilibrada,
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só — na treva,
fico: recebida e dada.

Porque a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.


( in , Vaga Música -1942)








Abraço quem por aqui passar, com ternura.

Maysa

sábado, 5 de setembro de 2009

JOYCE em dose dupla: FEMININA - A VIDA JOGADA FORA -






Presença feminina importante na Bossa Nova, atuante, criativa, elegante na profissão, toca um violão cheio de estilo. Boa compositora, letras apuradas. Gosto da voz de JOYCE , da cabeça, do seu desempenho, não só na música brasileira, mas no seu tempo. No nosso tempo. Acompanho Outras Bossas, blog da cantora , desde que comecei o Ninho e a Tempestade, o meu e de vocês que por aqui passam!
Minha lembrança, por ela, é para mostrar o vigor de seu trabalho e presença que continuam encantando quem a ouve e vê.
Feminina é uma composição ímpar, o ritmo e inspiração continuam mais que atuais, bem representativa das dúvidas, por que passamos, para nossa descoberta do que é se transformar em Mulher.
A Vida Jogada Fora, a segunda canção escolhida, é especial, filosofa com o desperdício e o descaso a que todos estão sujeitos. Composição de dois ilustres nomes da nossa música :Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro .
Deleitem-se, recordem ou descubram. Eu, estou fazendo tudo isso junto. Reouvir ,tanto como reler, é descobrir.

Um beijo
Maysa

PS: Indo ao Outras Bossas, descobri o
Jazz+ Bossa+Baratos Outros , exceleeente blog! Por que não fazem o mesmo. Aconselho. Vão amar como eu!













quinta-feira, 3 de setembro de 2009

AMOR ERÓTICO - JULIETTE GRECO- Désabillez-moi











Apolo e Daphne

Quando sentimos amor ... o imaginário de quase todos, ainda, está preso aos séculos passados. No amor romântico expresso em prosa e verso... romântico!
No casamento tradicional se inscrevem os papéis sexuais, compromissos, expectativas e cobranças. Qual o significado de tudo isso? A quem serviu? quanto equívoco cometemos em nome dessa forma institucionalizada de amar.
Por outro lado, nos tempos mais recentes, a mudança de olhar e entendimento muito se deve à cultura francesa , literatura, cinema, outras mídias, divul
gando o amor erótico.
Ao movimento das mulheres, em todo o mundo, reivindicando direitos iguais, inclusive ao prazer, à escolha dos parceiros. A separação do prazer e do sexo, da procriação.
À revolução sexual que deu a cada um a possibilidade de novas escolhas.

Bem, esta canção é um ícone, do século passado, mas da parte que se insurgia e ousava. O novo, a provocação que não devemos jamais abandonar. Novas formas de sentir, de amar são e serão sempre possíveis é só não se acomodar... Dispam-se, agitem, suas almas e seus corpos vão agradecer.
Descubram o ritmo, hipnotizem, capturem e sejam capturados, mas... com delicadeza. Elegância, estilo. Isso vale à pena. Ah! se vale.
Requinte: nem tão depressa, nem tão lento... Esta canção diz tudo que uma mulher espera do seu amado, para se sentir capturada.
Paixão e sensibilidade. Sussurros.
Gritos, alguns... só por puro prazer; outros motivos, por favor, do lado de fora e bem longe!
Façam esse dever de casa, já! e admirem a voz, interpretação da bela Juliette Greco.







Beijos
Maysa

PS: Para as novas gerações: Juliette Greco, cantora francesa, muito conhecida... final dos anos 50 e início dos sessenta. Foi uma das musas do existencialismo francês.