sábado, 28 de novembro de 2009

PAULINHO DA VIOLA _ ONDE A DOR NÃO TEM RAZÃO








Quando consegue do peito tirar um espinho
É que a velha esperança já não pode morrer!



Paulinho, sempre! Seu Paulo César você é como certos vinhos... Acabo de vê-lo e, prazerosamente, ouví-lo no SOM BRASIL Especial, desta sexta, na Venus Platinada.
E por que tão tarde? Só o horário continua inadequado.
O programa foi mesmo especial: Quatorze pérolas do Mestre.

Intérpretes inspiradíssimos. Amei a roupagem malandro carioca que o Pedro e a Parede trouxeram para Argumento, No Pagode do Vavá, Jurar com lágrimas.
A cantora Fabiana Cozza soube re-ilustrar o SINAL FECHADO e Timoneiro. Que voz! Bravo ao sentimento!
A Velha Guarda da sua querida Portela, acompanhou-o no amoroso hino carioca, Foi um Rio que passou em minha vida. Agora são poucos mas plenos de luz e presença!
A voz linda de BEATRIZ FARIA compartilhando com o pai o palco, mais que isso acompanhada pelo olhar apaixonado do músico/pai pela cria. Só o tempo!
O encerramento foi inusitado, a surpresa pela linda dupla Camila Pitanga e Paulinho . Cantaram a música BÊBADO SAMBA. Lembram do CD maravilhoso que leva o nome?
Ela com brejeirice e beleza . Ele com a sedutora timidez já decantada.
Paulinho sempre! Repito.
A vida engendra muitas histórias e algumas embaladas por esses lindos sambas.
Nosso cancioneiro é enriquecido com a inspiração, elegância e suavidade de PAULINHO DA VIOLA
Concordam?
Então de presente compartilho o vídeo do Show ao Vivo que assisti, quietinha e comovida.
Beijos

Maysa


sexta-feira, 20 de novembro de 2009

ESPERANÇA: O AMOR - ENTRE AVÓS E NETOS








Altiva, elegante.... O sorriso misterioso e sedutor como de anjo no paraíso, o olho voltado aqui, pras delícias terrenas.
Porte de princesinha feliz!
Gestos precisos e delicados. Se tiver disciplina, aliada ao gosto pela dança que pressenti, ontem, será uma bailarina.

É indescritível o que sentimos quando o tema são nossas crianças.
Filhos dos filhos, bandeira total! Hum... O resultado é traduzido nos semblantes, pouco sérios, dos amigos que desconfiam de cada adjetivo em nossas histórias de avós!

Ontem, sim senhoras e senhores, a esperança, em forma substantiva, tinha olhos castanhos, cabelos louros, presos num coque, lá no alto da cabeça, quase junto a uma pequena coroa de princesa.
O desenho do traje rosa choque, sua cor favorita, evocava os mares, a beleza feminina e a história de uma pequena sereia que se apaixona por um humano.


Levei para comemorar, na apresentação de final de ano do ballet, um bouquet de flores róseas, uns pequenos lírios delicados e jovens, como ela. Astromélias!

O presente ganhei eu! Num átimo. Foi o seu olhar encantado com a surpresa florida e, inteiramente, sua.
Nenhuma palavra...Para não quebrar a magia do instante.
Amanhã, essa querida menina completa 6 anos!
Meu desejo é que enquanto ela, seu irmão, suas primas, todas as crianças vão crescendo...Encontrem um mundo cada vez melhor!
Habitado por humanos, adoráveis, que cuidem com amor e muito carinho de todas as expressões da vida.
Aprendam com as crianças a acreditar na esperança e a cultivá-la.
De uma avó com síndrome irrecuperável de corujice.



Abraços a quem por aqui passar.
Maysa

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

DORIVAL CAYMMI - O BEM DO MAR








É um gosto meu, dos mais antigos, a voz de DORIVAL CAYMMI. Suas canções praieiras doces, nostálgicas, misteriosas.
Mas não é lembrança com saudade! É saboreio, como costumo dizer.
Evocativas- as melodias dão-nos a impressão de que estiveram , alí, em nossa memória sempre!Gosto de pequena, desde lá dos meus tres anos. É do tempo que uma rede embala e o vento assobia. Folhas ondulam e compõem uma coreografia... com o passar das nuvens.

A voz de Caymmi quase prescinde de reprodução mecânica, digital do tanto que ela está entranhada na minha alma.
Faz parte de mim, como o ar que respiro. Estando feliz ou triste.

O timbre de sua voz continua pulsando a beleza do mar,o som, o ritmo das ondas e seu espreguiçar na areia molhada.

Tenho a felicidade de ter amigos sensíveis, alguns músicos. Aqui, no Rio, no bairro do Leblon, estão levando um show, só com as músicas do sábio e querido Dorival.
O nome? É esse da canção que postei : O BEM DO MAR.

Quem por aqui morar ou estiver de passagem recomendo assistir este espetáculo de beleza e melodia.. Está na Sala Fernanda Montenegro, na Rua Conde Bernadote. De Quinta à Domingo, apresentando as canções do mar do saudoso e inspirado artista!

Abraços

Maysa












domingo, 8 de novembro de 2009

BEATRIZ VICÊNCIA BANDEIRA RYFF

Foto Leandro Pimentel/ Leblon
-Rio-1999











Centenário de Nascimento de Beatriz Vicência Bandeira Ryff - Poetisa -Ativista Política




Dona Vivi faz cem anos!

Maysa Machado *




O Leblon é um bairro claro, o sol entra cedo pelas frestas das cortinas de tiras de bambu... A brisa lhe faz companhia. Depois, um vento encanado passeia, sem pedir licença, pelo longo corredor. É comum ouvir-se o estrondo das portas... Que nos tira o sossego.
Está quieta em seu canto. Deitada no quarto, a cabeça no sentido contrario à porta de entrada, voltada para as ondas do mar.
O espaço pouco que ocupa... menor fica com o passar do tempo. Não diria que definha.
Desvanece.
Está quase nuvem. Branquinha, como num céu bem azul e luminoso, independente do movimento dos pássaros, do farfalhar das palmas dos coqueiros, lá onde o asfalto se perde em areias e depois vira mar imenso.
Seu sorriso não aflora constante; nem há sinal das angústias, tantas, sentidas pela vida nas muitas lutas que travou.
Seu rosto é expressivo, contém viço e boniteza. Rugas? Pele sulcada por elas? Não, ali não residem, não fizeram nenhum estrago no semblante, ainda, altivo.
Está serena, desligando-se aos poucos do fio - terra que a mantém viva.
Que fio será esse? Cada um tem o seu.
O dela dura um século. Medem-se os sonhos, perdas, dores... Mede-se, também, uma invencível determinação tecida em poesia e alguns travos de amargura.
Tem a aparência cuidada. A dignidade a acompanha, pois, nada pede ou precisa.
As sombras lhe cobrem, dia e noite, o horizonte, mas disso não reclama. Uma vez que escolheu a treva progressiva.
No silêncio vive. Dá-nos a impressão que assiste sua história, numa tela em que as imagens, antes indeléveis, agora se esfumam, com suavidade e, não deixam qualquer possibilidade de serem mostradas de novo.
Há economia dos movimentos... É preciso não mexer com quem está quieta! Frase ouvida várias vezes, nos últimos anos, acompanhada de um sorriso maroto.

Nos primeiros anos de convivência, minha curiosidade era aguçada, por uma faiança pendurada à porta de seu quarto. O ladrilho, em fundo branco, transcrevia um adágio italiano. Nele, a mulher vista sob o interesse masculino, relacionado às suas idades - dos 20 aos 60 – e comparando-as aos 5 continentes.
Um convite perigoso, quase um desafio para as mais jovens; desdenhava o passar dos anos, com encanto.

Nós duas aprendemos que o tempo pode ser cultivado.
Em nossos encontros li, para mútuo deleite, uma edição das Cartas de Graciliano Ramos - seu querido amigo, as crônicas leves e bem-humoradas de Rubem Braga, os textos densos de Nélida Piñon, Lygia Fagundes, Cecília Meireles.
Em todos esses momentos acrescentou reflexão lúcida, fresca, interessante.
Com imensa sensibilidade respirou o ar delicado de seus poemas e, renovada, os recitou de cor.
Por gosto cantamos.
Antiga professora de música e de técnica vocal, do Conservatório Nacional de Teatro, foi relembrando canções do folclore amazônico, as de Waldemar Henriques, como Tamba-Tajá; as canções imperiais na obra de Carlos Gomes - Tão longe de mim distante; as Bacchiannas de Villa-Lobos; algumas canções praieiras de Caymmi. E, da MPB, do seu preferido Paulinho da Viola, repetiu momentos cantarolando que Viver não é brincadeira não...

Muito tenho aprendido com as histórias e lições de sua vida. Da militância comunista, às prisões políticas, ao exílio em dois períodos distintos de ditadura em nosso país.
Gosto de sua poesia. E, acho pitoresca sua opinião irredutível, prefere ser chamada POETISA e jamais poeta!

Nossa intimidade foi uma construção difícil. Um tempo longo nos atravessou, mas o mesmo tempo trouxe-nos como fruto maduro, de nossas vivências, o que pode ser chamado: apaziguamento. Tornamos-nos amigas.

Vivi, Beata, outros apelidos tem, mas é no seu próprio imaginário a Beatrice, de Dante. Faz pouco o declamava no original.

Dichoso cumpleaños, señora!
Mamá hace cien años.

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• Beatriz Vicência Bandeira Ryff, carioca, do Méier, nascida em 08.11.1909. Uma mulher brasileira que se dedicou à causa da transformação política e social em seu país. Participou de distintos momentos históricos pela luta a favor das liberdades democráticas, dos Direitos Humanos e, por mais de oitenta anos, o fez a cada dia.
• Presa política no período da ditadura Vargas, companheira na Cela Quatro, com Nise da Silveira, Maria Werneck e outras corajosas companheiras. Inclusive Olga Benário.

• Exílios na Argentina, Uruguai (1936/37). Asilo na Embaixada da Iugoslávia 1964. Exílio na França - durante o Golpe de 64/67


• Vivi – apelido de criança, dado por seu amado pai. Alípio Abdulino Pinto Bandeira, militar do exército, indigenista, companheiro do Mal. Rondon.

Perguntei se gostava de ser chamada assim. Respondeu com um sorriso feliz no rosto:
- Gosto muito!
Uma pausa e, acrescenta:
- Não esqueço o que fui!


• Beata – apelido dado por seu marido jornalista Raul Ryff, falecido em julho de 1989. Foram casados por mais de cinquenta anos.
Tiveram três filhos. Vitor Sérgio, jornalista (falecido), os gêmeos: Luiz Carlos (Físico) e Tito Bruno (economista).
Seus descendentes:
Oito netos: Patrícia,Luiz Antonio, Fabiano,Carlos Eduardo, Júlia, Luiz Rodolfo, André e João Alberto.
Cinco bisnetos:
Maria Beatriz, Ana, Raul,Cecília e Lara.

• Uma das fundadoras do Movimento Feminino pela Anistia e Liberdades Democráticas-RJ.


* a autora é socióloga e foi nora de Beatriz.




Santa Teresa, 8 de novembro de 2009.

Abraços ao que passarem por aqui.

Maysa







sexta-feira, 6 de novembro de 2009

POR DO SOL EM IPANEMA







Foi assim, sem muita cerimonia. Quarta-feira às 5 da tarde dispensei o mordomo e o chá ingles.

Troquei o vestido de alças pelo maiô, de estampado primaveril, completei o ritual antigo com uma saída branquinha, que só!

Pronto, voltei aos dezessete, aos vinte , aos trinta. Nenhuma maquiagem ou efeito especial... meu coração, apenas, querendo celebrar a vida, uma secura de onda do mar batendo no corpo!

Fui caminhando pelo calçadão de Ipanema, meus olhos degustando a paisagem que nunca envelhece...Ah! e a brisa úmida, a areia molhada? O prazer reencontrado de carioca que esnoba multidão, pressa, e outros senões que os balneários costumam devolver aos que nascem e moram em suas praias.

Fico um tempão achando que minha praia é outra! Mas se a saudade bate, não tem explicação:

Começo querendo ver, depois, a necessidade de ficar perto e mais adiante o desejo do contato físico . Ah! Ser carioca é um pouco isso. Ter a sofreguidão pelo mar, ser do mar.

Vi meu querido e misterioso amado, ouvi sua conversa reservada e para poucos, até suas zangas barulhentas batendo na areia.

O sol dominando no alto do céu, veio baixando para reverenciar tanta beleza, aqui onde os olhos nem alcançam.

É Primavera mas o horário é de Verão! Que combinação mais caliente.
Viva o Rio, minha cidade . Viva o mar, esse mistério sem fim! Viva a beleza de um Por do Sol no meio da semana.

Um abraço para os que passam por aqui.

Maysa