sábado, 31 de dezembro de 2011





ANO NOVO E FELICIDADE

FELIZ ANO NOVO!

É assim que se diz, não é mesmo? Mas, lá no fundo do coração, sentimos que desejo só não basta! É preciso mais. Esse mais... que não sei o quê é, nem como é, também, não sei onde está... Que você encontre, em 2012.

Então, preserve, compartilhe, esconda, ofereça, crie, invente, segure essa tal de felicidade rsrsrs

Faça o que der na telha, seja muito feliz em 2012!

Só depende de você, de nós...

Um Beijo de Ano Novo

Maysa

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

NELSON FREIRE - DEBUSSY - Clair de Lune

foto dez.2011/maysa/cel



Vamos juntos? Há uma nova travessia. Parece muito com outras já transpostas... a sentimos, em nosso íntimo, única.
Tudo em nossa volta, repetido a cada dia, é único. Dentro de nós, os sentimentos o são, em pulsações diferenciadas...
Quem esquecerá de uma só nota, dessa bela e misteriosa melodia?
Vamos juntos, cada qual em seu ritmo, caminhando o seu passo. Chegar, de novo, à outra margem desse rio - chamado vida - que nos atravessa, modifica e tanto nos oferece surpresas como perdas.
Esse rio de possibilidades e descobertas. Um rio que pode ser também de amor, de carinho, de pessoas que se olhem e se escutem.

FELIZ 2012 PARA TODOS


Obs: O vídeo não está liberado para incorporar. Então cliquem no link para ouvir nosso pianista Nelson Freire. Um verdadeiro presente.



Um carinhoso abraço.
Maysa

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

BILHETE DE NATAL - Maysa Machado




Curtindo o Natal! Vale um bilhetinho:

Para os que a sensibilidade, ainda, não abandonou as celebrações do Dia de Natal são fortes. Alegrias e tristezas misturam-se em doses imprevisíveis. Mas sempre há um jeito de reconciliarmo-nos com os anseios da alma e do corpo.

Ao próximo Feliz Natal !


Um caloroso abraço.


Maysa



domingo, 25 de dezembro de 2011

THE WHIP COMES DOWN - THE ROLLING STONES














Os sons da guitarra esculpindo a melodia... E a constatação da letra trash. Ah! Mais o espírito que não morre, nas saudades que sinto, e no rock dos Rolling Stones, ouvido no trajeto Barra- Gávea, no carro de meu caçula.

É Natal e uma tristeza mansa se instala.

Um abraço

Maysa













sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

É NATAL. Maysa Machado






Queridos amigos, antigos, novos ou apenas passantes distraídos...e,também, alguns curiosos...

Deixar uma suave mensagem para as Festas Natalinas é meu desejo.

Que no coração de cada um fique a ESPERANÇA aninhada, a SAÚDE vigilante, a PAZ soberana, o AMOR INTEIRO E GENEROSO pronto para manter-se FECUNDO.

Um período para sentir e descobrir sentimentos. Para descobertas de si.
Viver nossa identidade que se espelha no outro.
Se somos frágeis ou corajosos, decididos ou medrosos, somos gente. Somos o passageiro, o efêmero, o anônimo, mas somos, também, a centelha de calor e vida.
Somos um coletivo de sins acolchoados e espetados por nãos.
Somos parte de um processo de possibilidades e perguntas.
FELIZ NATAL!
Um carinhoso abraço

Maysa

domingo, 18 de dezembro de 2011

É DO QUE HÁ - MAYSA MACHADO











É DO QUE HÁ

Maysa Machado




O Tempo vem buscar o que é dele.
Tem pressa. Nunca o esquecimento.
Dias de perdas, despedidas
Adeus sem adeuses.

Ao final de mais um ano
Tateio.
A Vida me exige lucidez
O termo apropriado é: Menos.

Insisto.
Mais velhos, quase não há.
Viver a rotina das perdas... Quem há?
Não basta o sofrer, sem chorar.

Em silêncio
Entendo e não aceito
As Partidas.
Viver a distância...É do que há.


Santa Teresa, 18 de dezembro de 2011

Despedidas e adeuses, assim mesmo, no plural.Se nos oferece o encantamento, a vida-no depois - deixa encantados os que amamos, e partem antes.
Um abraço de Domingo
Maysa

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

CHOVENDO NA ROSEIRA - DE TOM COM ZÉ PAULO BECKER














A Rádio MEC 98,9-FM, do Rio de Janeiro, perdeu,ontem, um de seus mais queridos radialistas. Voz linda tinha Maurício Figueiredo. O Programa Antena MEC-FM prestou sua homenagem ao colega desaparecido.
Maurício era grande conhecedor de jazz e bossa-nova. Seus colegas fizeram, então, um roteiro de músicas de sua preferência, e ao final, incluíram um solo, com o próprio radialista, ao piano.
Aqui, escolhi a música de Tom Jobim: Chovendo na Roseira, na interpretação de Zé Paulo Becker, um grande intérprete, violonista que admiro, e acompanho desde o início da carreira.

Maurício, conheci na adolescência. Fomos vizinhos, em Botafogo.Depois nossos encontros aconteciam nos momentos políticos que nossas gerações enfrentavam, nos recitais de música e, se sua voz - conhecida de muitos brasileiros- não mais nos encantará nos finais de noite ou nas tardes mornas e suaves do Rio, restará a suave lembrança do seu sorriso e seu apelido de juventude. Maurício Garoto.







Um grande abraço a todos.
Maysa

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

UMA VEZ QUE SEJA - Maysa Machado









UMA VEZ QUE SEJA

Maysa Machado


Era.
Pudera
Não partir agora.
Parte.
Reparte retalhos
Migalhas de esperas
Tecidas, por onde se engendram
Esperanças.
Indo.
Consome sonhos e arte.
Para. Repara.
Cerze o vazio
Entrega, apenas, a transparência.
Fia e tece.
Teia, meia
Vestindo de vida
os desenganos.

Santa Tereza, 15 de dezembro de 2011

Um abraço.
Maysa

domingo, 11 de dezembro de 2011

OUVIR PALMEIRAS - Maysa Machado






OUVIR PALMEIRAS


Maysa Machado


Saiu por ali, lépida, levinha, levinha. Passo de menina como se estivesse flutuando depois de uma aula de balé.

Não era velha nem nova! Tinha jovialidade para dar e vender, diziam as amigas. Gostava da vida. Com discrição ia passando da plena maturidade para um início de outro tempo desconhecido, e ameaçador a quase todas as mulheres.
Os cabelos brancos, numa alquimia, mudavam-se em tons dourados, cuidava da aparência o indispensável, usava pouca pintura, e mantinha um secreto desejo de envelhecer em paz. Ou seria em plenitude?
Não cultivava os sobressaltos contemporâneos para eternizar a juventude fugidia. Era contra intervenções cirúrgicas, não buscava deter o tempo. Ainda contava com a sensualidade, fiel companheira, desde os tempos de menina. Gostava de ter nascido mulher, a feminilidade construíra sua identidade.

Por esses últimos tempos amara um homem estranho, arredio, e nada, absolutamente, nada faria para enredá-lo em sua vida, ao contrário, deixara-o entregue às suas dúvidas existenciais. Tinha as suas para tratar.

Mesmo que ficasse angustiada , quando sem notícias dele, logo encontrava um motivo interessante para se ocupar. Mas era amor o que sentia. Um amor fundo e suave, que lhe emprestava beleza e mistério.

Sobretudo uma leveza que só os apaixonados pela vida saboreiam.

Tudo tinha dimensão expressiva em sua vivência, do riso das crianças ao canto dos pássaros, até o ronco muita vez inusitado dos aviões que voavam baixo, próximo as chegadas e as partidas, de um aeroporto doméstico.

O que mais a encantava era o balé das palmas centenárias, de umas duas palmeiras imperiais, das muitas que o bairro, com orgulho, possuía. E, da janela do escritório acompanhava.
Não. Definia para si: Não era só o movimento, era o farfalhar das folhas, os sussurros aos vários tipos de vento, que evocava em sua alma a liberdade de ser.
Ser em convívio com a natureza variada dos que a rodeiam.
Esse amor estranho, fugidio e pleno. Entrega intensa, troca sensual, esgares e tormentos existenciais.
Queria e estava fruindo o envelhecer em plenitude.

Santa Teresa, 11 de dezembro de 2011


Aos que passam um bom Domingo.
Maysa

sábado, 10 de dezembro de 2011

DIA DA CRIAÇÃO - VINICIUS DE MORAES

foto Tina Modotti

A grande sacada da vida é transformar perdas em ganhos, essa frase ocupa meus pensamentos nessa tarde chuvosa de sábado. Está inscrita num mini affiche, aqui no escritório.
A solidão está quieta, não me incomoda nem um pouco, domada - como toda fera - até me traz mimos, sem esquecer das dores por complemento.
Um amigo querido lembra de me ligar, fico feliz e comovida. Não é que, também, traz notícia triste? A partida de uma amiga comum.
Causa mortis: Dor de mãe, aguda, fulminante com a ida prematura do filho tão jovem, belo, doce.
Respiro fundo. Sei que ela se foi por amor. Daquele amor profundo que quase, só as mães conhecem. Uma pneumonia fechou o ciclo da criação.
Peço a benção ao poeta que não morrerá nunca. "A tristeza tem sempre uma esperança de um dia não ser mais triste não".
Vinicius, poeta preferido, da minha juventude carioca e singela, vem ao meu encontro. Haja vinil, cd, You Tube, ou qualquer suporte inventado para dar eternidade!

Com suavidade vou me entregando à vida, deixando que ela me leve mundo a fora, me guie, e me prepare para partida, em algum dia.

Lembro da mulher discreta, professora íntegra, generosa em seu ofício de ensinar. Uma socióloga corajosa, ética, excelência na academia.
Num tempo em que nosso país ficou entregue aos generais e aos oportunistas de plantão. Ela plantava questões inquietantes, sobre o Brasil.
Em vida, seu profundo conhecimento ficou restrito ao grau institucional de professora adjunta. A intensa competição acadêmica vigente nem sempre reconhece os melhores.
Na sala de aula encantava alunos, com o vigor do estudo, aprofundando universos.
Nos anos oitenta, fomos companheiras na tentativa de criar um sindicato da categoria. Não tivemos êxito, a classe desunida, um tanto desinteressada não se mobilizava. Anos depois foi professora, no mestrado do IPPUR, da UFRJ, de um filho meu.
A Universidade brasileira e as novas gerações,talvez, não saibam, mas serão sempre devedoras de pessoas como ela, que traçaram um destino para o conhecimento, imbuído da prioridade ética.
Aprender e ensinar com integridade.
Saudades, muita saudade de Ana Clara Torres Ribeiro.


Uma abraço carinhoso para os que por aqui passam. Vídeo de abertura do show, no Canecão, Rio , em 1977.
Maysa

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

POEMINHA PARA VIVI - MAYSA MACHADO

Ed Sartori/Manacá e o Pão de Açúcar/Rio










POEMINHA PARA VIVI

Maysa Machado



A primeira canção, a primeira flor.
O sim e o não
juntos e separados
avisando que a vida segue
com ou sem nossa presença.
Para tanto querer ou recusa
basta-nos um pouco de sabedoria
alimentada em quietude.
Se puder insista na soma de anos.
Traduzindo os tempos colhidos
em aniversários felizes ou tristonhos.

Santa Teresa, 24 de novembro de 2011

Aos que chegam ou passam por aqui, sugiro um brinde à vida, que se oferece a cada dia, com plenitude e finitude.

Maysa




sábado, 19 de novembro de 2011

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA e DONA IVONNE LARA




Celebrar a alegria, a saudade, a tristeza, o luto. Comemorar a vida. Brindar o imponderável. Aliviar o susto, e contar sempre com a surpresa que vem do amor, com o sorriso saído do nada, com a paz trazida pela mão de uma amizade sincera...
Dona Ivonne Lara sabe dizer melhor ! Samba lindo que só!
A letra está aqui.



Meu abraço e o carinho com amizade . Salve o Dia da Consciência Negra, neste 20 de novembro. Viva o samba carioca.
Maysa

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

PALACIOS,PALACETES E TRENZINHOS

PALÁCIOS, PALACETES E TRENZINHOS
Maysa Machado
Oi, pessoal.Estou abduzida, na Barra, por duas encantadoras meninas. Ontem, escapuli e fui ao Casa Cor, aconselho a quem não foi: vá! Acaba amanhã, dia 16.
Do meu jeito realizei um sonho de criança: Tinha muitaaa... curiosidade naquela casa - quando menina - era um palácio, para mim. Ficava em meu caminho da infância, para o Colégio Pedro II - CPII do Humaitá.

Foi bom ter entrado lá, adulta, e num evento de decoração... Nem os antigos donos - com todo o poder de imaginação- a veriam como a vi.

Enquanto isso, retorno às funções de avó, e brinco,transformo idade em meninice tardia...ouço o " trenzinho caipira", na voz da caçulinha Cecília... A vida vai em frente sempre!

“Lá vai o trem com o menino

lá vai a vida a rodar

Lá vai ciranda e destino

Cidade e noite a girar

lá vai o trem sem destino

pro dia novo encontrar

Correndo vai pela terra

vai pela serra, vai pelo mar

Cantando pela serra do luar

Correndo entre as estrelas a voar

No ar, no ar, no ar, no ar, no ar.”

bis!


O Casa Cor é um evento de decoração de interiores. Nesta edição, no bairro de Botafogo, zona sul do Rio, na rua S. Clemente. Palacete com inspiração renascentista que pertenceu às famílias Guinle e Paula Machado.


A escolha da interpretação, pela Adriana Calcanhoto, aqui, foi da Cecília, que antes cantou para a vovó toda a letra, do Trenzinho Caipira, música do Heitor Villa-Lobos e letra do Ferreira Gullar.



Um abraço de feriado meu e da Cecília.

Maysa

terça-feira, 8 de novembro de 2011

BEATRIZ VICÊNCIA BANDEIRA RYFF- 102 anos

Caros amigos de Beatriz


Hoje, ela completa 102 anos. Imagino 102 primaveras, verões, outonos e invernos.

Como sabem, nasceu no dia 08 de novembro de 1909. Em dezembro do ano de2009, comemoramos a data centenária. Delicada e sincera homenagem, na sede da Associação Brasileira de Imprensa, no Rio.

Quieta e serena, sua presença, ainda, vela pelo processo de aperfeiçoamento de nossa democracia, se assim podemos interpretar.

Por liberdades democráticas lutou, esteve presa, escreveu poesias, ajudou os amigos militantes, alegrou-se com os jovens, foi professora entusiasta no Conservatório de Teatro, e como outros brasileiros, sofreu e arriscou a vida nos períodos em que nossa história suprimiu os direitos da pessoa, os direitos humanos que toda nação democrática tem o dever de assegurar.

Uma mulher decidida, dedicada, obstinada. Uma brasileira como a maioria das mulheres: Corajosa, teimosa, de energia inquebrantável... Como poucas longeva!

Salve essa mulher que entrou nas vidas, de muitos de nós, para ficar.

Eu e ela atravessamos, literalmente, o século: Juntas!

Salve Dona Vivi aos 102 anos, completando-se, hoje!

Última presa política, encarcerada no período Vargas, em1936. Companheira de cela de Dra Nise da Silveira, Maria Werneck, e outras destacadas figuras femininas de nossa história contemporânea. Cassada no golpe de 1964, foi impedida de dar aulas no Conservatório Nacional de Teatro.

Bela e destemida mulher, musa de pintores e escritores brasileiros, como Carlos Scliar e Graciliano Ramos, companheira de Raul, mãe de três filhos.

Avó de oito netos, deles... dois sou parte responsável por estarem no mundo. É bisa de cinco crianças lindas. Quatro, nossa descendência, "ajudamos" a trazer, para construir - com esperança - esse novo milênio.

Salve Beatriz!

Amiga de todos os amigos, professora e mestra inesquecível.

Um abraço carinhoso a todos

Maysa

terça-feira, 1 de novembro de 2011

MUITO DIFÍCIL OUVIR O CANTO DOS PÁSSAROS - Maysa Machado

sanhaço rei

MUITO DIFÍCIL OUVIR O CANTO DOS PÁSSAROS

Maysa Machado


Aqui, no antes, era sossegado o lugar. Por isso, escolhi morar, e criar os filhos... De uns tempos prá cá, manhãs e noites se sucedem com excessos, marcas contemporâneas, da ansiosa presença humana.

Fins de semana, sem lei, instituem-se. Violam o ar da noite, atravessam as madrugadas montados nos possantes canhões de sons, vindos de uma casa elegante de agitos urbanos. Não é pouco. Intranqüilos, os ouvidos dos moradores aguardam os intervalos esparsos, que significam volume mais baixo; na hora em que a PM ronda a vizinhança, tentando identificar de onde vem tanto barulho.

Nos feriados, da mesma maneira, equipamentos sonoros, mais modestos, porém em decibéis exaltados, rasgam o impossível de ser rasgado. As interpretações dos artistas populares, suas vozes melodiosas se decompõem em distorções odiosas. A diversão rola na comunidade.

Não existem campanhas educativas que restituam o apreço pela qualidade do viver. Menos, ainda, as que valorizem o silêncio como mestre para algumas descobertas.

Faz pouco, a vida em seus aspectos silvestres encantava os visitantes e moradores desse trecho, do bairro de Santa Teresa. Hoje, a poluição sonora que os homens constroem é sinônimo de quase nenhuma possibilidade de convivência, no mesmo espaço, com outros homens, e com todas as aves, que ao pousarem nos galhos, apresentam seus cantares.

Cadê as balburdias canoras dos sanhaços, sabiás, maritacas, e todos que nos despertavam a cada manhã? Sorrio e me desespero. Os trinados misturando-se aos silvos ,e variados guinchos dos sagüis, dos micos estrela estão desaparecendo.

O tempo passa, leva sonhos, rotinas. As poucas certezas, que ousamos ter. Uma delas era que esse canto do Rio continuaria assim quieto, por mais anos, como sempre fora. Bucólico, feito interior esquecido, paraíso perdido.

Encantamento desfeito.

Na cidade, atualmente, as ações humanas são desempenhadas com intermináveis alaridos, altos e estridentes ruídos. Berros. Chamados exasperados, por alguém que não vem. Buzinas. Campainhas.

Pra que tanto alvoroço? Cadê o lado carinhoso de lidar com o outro, e com o espaço? A elegância do gesto? Cadê a presença da delicadeza no trato? Humanos são animais racionais. Queremos que a razão e a educação dêem conta de tudo?

Do que te queixas mulher? Ninguém mais ouve os astros, nem inventa canções ou madrigais para saborear o amor. Ninguém mais busca inspiração nos fatos vividos, ou na imaginação.

O tempo cobra pressa e admite a cópia. Aceita o falso, o precário. Devolve - te — à conta de empréstimo dos dias procurando saídas e mudanças — problemas sem solução.

Então por que ainda esperas ouvir o canto do sanhaço, do sabiá ou do bem - te-vi?

Vai levanta, corre mais um dia... Ou, menos um dia te espreita. Acorda e vai. O futuro é desconhecido, dele só duas coisas sabes.

Está muito difícil ouvir o canto dos pássaros...

Santa Teresa, 1 de novembro de 2011


Um carinhoso abraço aos que aqui chegam.

Maysa

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

NELSON CAVAQUINHO III



O velho Jung não nos deixa esquecer a tal sincronicidade.

1- Ontem, assisti na TV Cultura, um programa chamado Ensaio, gravado em 1973.
Advinhem!!!Nelson Cavaquinho -29/10/1911ou 1910, RJ - 18/2/1986, RJ - cantando, tocando e contando as histórias de suas composições. Tudo isso ao lado do parceiro, mais chegado, Guilherme de Brito -3/1/1922, RJ - 26/4/2006, RJ.
E a revelação, naquele ano: A música O Meu Pecado, gravada por Elizeth Cardoso, levava a assinatura de Zé Keti, mas era de autoria dele também.
Apenas, por impedimentos legais/burocráticos - os dois compositores, perteciam a ordens de músicos diferentes - não podiam gravar juntos. Então, Nelson cedeu para o parceiro a autoria.
Cada história...


"Finjo-me alegre prá meu pranto ninguém ver/ feliz daquele que sabe sofrer", do samba Rugas. Aquele que diz: "As rugas fizeram residência em meu rosto..."

2- E para quem ainda quiser mais... que tal clicar aqui, e aqui , pode assistir ao Documentário de Leon Hirshman,em p/b, nelson cavaquinho *.
Vocês vão aprender o que é um samba sincero... e muitas outras coisas que o boemio-filósofo nos ensina, até hoje.
Ele fala da gripe espanhola, tema recorrente nas histórias do Rio, acontecidas lá pelos idos de 18. Nossa avó contava, para ilustrar os tempos da infância em que minha mãe viveu.

Um abraço cheio de história...alegria e tristeza, elas andam juntas! Enquanto isso vamos comendo muita rabada com batata, é o mestre que ensina.

*nelson cavaquinho - documentário curta-metragem, 35mm, p/b, de Leon Hirszman, fotografia de Mário Carneiro e ed. de Eduardo Escorel. Totalmente restaurado por lei de incentivo a cultura.


Maysa

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

CENTENÁRIO NELSON CAVAQUINHO

Nelson e Cartola desfilando pela Mangueira



Ontem, fui ao lançamento do livro de Afonso Machado, sobre o compositor e cantor mangueirense Nelson Cavaquinho.
Conheci-o no início dos anos oitenta, quase ao final da vida. Mantinha um ar de recato e poesia ao se relacionar com as pessoas. Encanto intenso, como o das crianças. O boêmio-filósofo fazia sucesso entre os jovens, os da classe média carioca estavam descobrindo a poesia sem limite de tantas das suas canções.
Ouvi a voz rouca, vi seu corpo forte de estatura baixa, agarrado ao violão, em alguma cadeira do restaurante Lamas.
Em muitas outras cadeiras de boteco do subúrbio carioca nossos olhos se encontraram. Os meus sempre marejados, ouvindo a letra e melodia de Juizo Final:

Quero ter olhos pra ver/ a maldade desaparecer/...

Um pouco mais que sete décadas de vida Nelson provou. Hoje, vive em muitos corações que não chegaram a conhecê-lo, mas sabem de cor suas poesias e melodias. SALVE O CENTENÁRIO NELSON.






Quer saber mais sobre ele? Então clica lá em cima, no seu nome.

Um carinhoso abraço.

Maysa

sábado, 22 de outubro de 2011

POESIA - MAYSA M.




Iracema Arditi
1924-2006









Caiçara -Óleo s/tela 30x 60 cm



POESIA


Maysa M.


Poesia é alguma forma

jeito ou gesto.

Um existir no mundo.

Arranca-nos o fôlego

ou nos devolve o ar.

Poesia de nada, mesmíssimo

nada, precisa.

Num átimo traz

o que falta te faz

inventa o que não traz.

Levanta suspeita

lembranças de um amor esquecido.

Poesia confia.

E te elege único

não, um solitário.

Santa Teresa, 22 de outubro de 2011


Aos que por aqui chegam, um brinde à poesia.

Ilustra esse Sábado a tela Caiçara, da pintora Iracema Arditi. Para quem quiser ver e aprender sobre sua vida e seus quadros , sugiro ir aqui.

Abraço

Maysa

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

AFONSO MACHADO - LIVRO SOBRE NELSON CAVAQUINHO














Hoje, 27 de outubro, às sete da noite, no Palacio do Catete, teremos o lançamento do livro - "NELSON CAVAQUINHO, violão carioca"- do músico Afonso Machado.
É parte das comemorações, pelo centenário do compositor mangueirense, a celebração de hoje.
Uma importante homenagem produzida pelo bandolinista, arranjador e pesquisador, Afonso.
Aos apreciadores da rica lira de Nelson, deixo a sugestão para aparecerem. Pelos jardins do palácio, estaremos celebrando música, poética, trabalho dedicado de pesquisa, e ouvindo - quem sabe ? - os acordes do Galo Preto, um dos mais antigos conjuntos de choro, a que pertence o autor do livro.
O Rio, nos brinda, mais uma vez, com um evento cultural imperdível.

afonso machado

Abraço para quem passar por aqui.
Maysa

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

SÃO NUVENS? - Maysa M.











São nuvens?

Diáfanos véus da delicadeza.

São sonhos?

Enlevos que a imaginação traz.

São pérolas?

Palavras de encantar.

São Pessoas?

Que ainda conjugam o verbo

Amar.


Santa Teresa, 12 de outubro de 2011


São meus netos, que sorvem e jorram amor. São todas as crianças que renovam as esperanças partidas...que algum adulto desavindo quebrou.

Um abraço para os que passam.

Maysa

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

FLOR E VIDA - MAYSA M.




foto maysa machado/Jardim Botânico/Rio

setembro de 2011











Visitar a beleza. Encontrar-se nela.

Perceber formas, cores, cheiros.

Tudo em silêncio

Deixar aos pássaros e ao tempo

o cuidado de apontar caminhos.









Um abraço para os que aqui visitam .


Maysa

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O NICHO - MAYSA M.

criação sobre vinil de Alice Espínola/

coleção da autora do blog



O NICHO

Maysa Machado


Entrar numa de ficar calada, só observando a história, sem palavras, acontecer.

Foi assim que seu amor durou, ou pode se vangloriar de ter existido. Uma revelação tanto para Lali, quanto para o misterioso amante. Ninguém acreditava naquilo. O filho dizia que o sujeito devia ser maluco. Ela pensava que maluca era ela mesma. Onde havia ficado a militante, a mulher moderna que construía falas e ações sobre a liberdade? O curioso é que assim, calada, ninguém diria que eram as mesmas.

Muito tempo se passou. Advindas da frustração perguntas silenciosas pediam lugar às certezas. Foi se descobrindo terna consigo desapegada com os outros. Ciumenta nunca fora. O sentimento do amor lhe trouxe brilho e viço. O felizardo, aquele que fruía e usufruía, não chegava nem perto do processo de autoconhecimento, agora, travado por aquela mulher sensível. Sem intenção, fora um bom professor.

Dias consumidos. Primeiro na ilusão de que o tempo ajustaria os senões da pouca convivência, depois sugados na ansiedade por mudanças. E a paixão incomum, deixando - como em todas as emoções - uma juvenil fragilidade, no ar.

Morte e renovação aconteciam. Foi, devagarinho, se reinventando. Dor e espanto misturando-se à alegria de viver. Um dia acordou e percebeu que, mesmo sem a presença do amado, continuava feliz "com" ele. Talvez por isso, por sua ausência. A vida em liberdade fora construída e as amarras, de quase todos os vínculos contemporâneos, inexistiam...

Deixou de lado qualquer premeditação, retomou o encantamento do primeiro encontro. Como um vício transformado em virtude sorveu do amor, um pouco a cada dia... E só por cada vez.

Santa Teresa, 3 de outubro de 2011

Abraço para os que aqui chegam.

Maysa


STORMY WEATHER - BILLIE HOLIDAY

foto by Viorica/JBotânico/ Rio



A chuvinha dessa manhã serve como pretexto. Ouvir a Tempestade...é melhor que seja na voz da Billie.
Êxtase, desde a infância! Música preferida, de mãe para filha. Herdei muita coisa boa de D. Nila, né não?



Abraço para todos.
Maysa

sábado, 1 de outubro de 2011

2º FESTIVAL DE CONTRABAIXOS DO RIO DE JANEIRO




















Caros amigos,



os que estão no Rio de passagem ou moram por aqui, sugiro que acessem o site da Sala Baden Powel, urgente:





Lá vocês terão, em detalhes, os dias e horários para o 2º Festival de Contrabaixos do Rio de Janeiro.
Estou indo para lá agora. Já estou atrasadinha, começou, ontem...vai até amanhã.

Tem, também, o lançamento do livro "Confesso que Ouvi", de nosso amigo e blogueiro jazzístico Érico Cordeiro. A gente se encontra por lá, fui.

Abraço Maysa

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

E QUANDO SETEMBRO VOLTAR...Maysa M.






Último dia de um mês cheio de surpresas. Perdas, lembranças incômodas, mas lindas flores no percurso da exposição de orquídeas, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Preciosos silêncios, acompanhados por neblinas e expectativas suaves de amores e carinhos, que não sejam vãos.

Aniversários de pessoas queridas, por vários motivos, não comemorados. Uma adorável pré-adolescente que, por viagem, teve a oportunidade de estar no início do outono em N.Y e voltar para fruir a chegada da Primavera, em nosso hemisfério.

Setembro sempre teve a mística de renovação cíclica. Um dos períodos mais promissores, onde fazer planos e sonhar não nos custa nada.

Setembro vai, e vai se embora, mas deixa entre as lembranças a história da companheira de lutas políticas que partiu. Quem conviveu com Alaíde, conheceu e amou uma mulher admirável. Corajosa, humana, digna e muito, muito honesta com seus princípios, lealdade aos companheiros e a causa de um mundo melhor e mais justo.

Sem nunca se apartar da beleza e feminilidade. Aprendi com sua amizade, ouvi seus conselhos amorosos sobre qualquer assunto.

Em um só dia a vida nos ensina o que passamos a compreender na ausência de quem amamos.

Um dia, num setembro próximo, as flores em silêncio nos falarão, através das formas, cores e cheiros, da renovação dos ciclos de vida que não terminam, apenas se transformam.

Santa Teresa, 30 de setembro de 2011

Maysa

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

PRIMAVERA CINZA - Maysa M.

















DESAMANHECER...

Maysa M.


Por capricho, esquisitice
de neblina, névoa
veste-se a primavera.

Despindo
o colorido das flores
brilha no cinza
amanhecido.

Neblina é tempo de espera
É sonho que se refaz
Energia e busca
de silêncios e distâncias.

Seguindo
pressentimento
Não por acaso
tentamos as rotas refeitas.



Santa Teresa, 29 de setembro de 2011






Aos amigos que por aqui passam, aos que apenas passam...que a estação seja leve e florida, e o cinza também nos encante.



Maysa

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

SOMETIMES I'M HAPPY - BILLIE HOLIDAY

imagem da web

Inverno se despedindo.

A promessa no ar, nos cheiros. Corações encantados com a delicadeza da vida que teima em aparecer vestida de flor, cor e cantos.

Nessa canção - Sometimes I'm Happy - um fio de voz, ainda, nos conduz. Por ele, a vida se extinguindo, e a qualquer tempo, podendo ser repetida, transformada pela arte.

Às vezes sou feliz, entrou em minha vida, na adolescência. Ouvi, a primeira vez, uma gravação de Nat King Cole e seu trio. O disco era de vinil, 33rpm, as bolachinhas com duas faixas.

Redescobri-a na voz de Diana Washington. Exuberante.

Mas, simplesmente, tornou-se inesquecível com essa interpretação de Billie Holiday. Uma das últimas gravações, em estúdio, da cantora. New York, 04 de Março de 1959. Ray Ellis e sua orquestra. (MGM).

A derradeira canção foi Baby, Won’t You Please Come Home? de Charles Warfield & Clarence Williams.

Em abril, daquele ano, Billie ainda fez apresentações, ao vivo, em Boston, no Storyville Club.

When your love has gone*, no repertório. A faixa está no CD Lady day Live.

Billie foi internada em final de maio e morreu no dia 17 de julho de 1959.

Um presente para quem é fã de Lady Day aqui

Ah! Quanta tristeza contém uma despedida amorosa.

*

"What lonely hours, the evening shadows bring

What lonely hours, with memories lingering

Like faded flowers, life can't mean anything

When your lover has gone"

"Que horas solitárias as sombras do anoitecer nos trazem

Que horas solitárias, nas quais as memórias divagam

Como flores murchas, a vida não tem significado

Quando teu amor te abandonou".




Acredite, a felicidade pode voltar, algumas vezes... mais.

Beleza e dor. Vida e morte. Impermanências em meio a tantas lembranças ternas e eternas. Algumas vezes mais... a felicidade pode voltar.

Então, que tal celebrar a chegada da nova estação. Sometimes I'm happy é uma boa canção para fechar o inverno.

Como um aviso: É preciso preparar o coração para a primavera que está por chegar.

Um abraço carinhoso

Maysa


domingo, 18 de setembro de 2011

PRIMAVERA SE APROXIMA - Maysa M.



lobelia azul


PRIMAVERA SE APROXIMA


Maysa M.


Cigarra não canta.

Formiga trabalha pouco.

Na estação ... das flores.



Santa Teresa, 18 de setembro 2011


Abraço a todos.

Maysa


segunda-feira, 12 de setembro de 2011

SAUDADE DE QUÊ? Maysa Machado

Pixinguinha/foto Valter Firmo






SAUDADE DE QUÊ?

Maysa Machado

Talvez, gasta, repetida... essa palavra, que dizem única, ainda, sirva para expressar o significado, em língua portuguesa de falta, vontade de chegar, aproximar. Vem em ondas ilustrando coisas e circunstâncias vividas. Vem acompanhada de boas lembranças.

Você não sente saudade do que foi desconforto, mas pode aparecer no pacote de algum amor não, definitivamente, enterrado. Aliás, amores são enterrados? Creio que não. Pela experiência obtida os amores voam como pássaros, podem ir de vez, ou voltar em estações certas. Não existe o para sempre.

Saudade de quê, então?

Da vida desperdiçada ou do leite derramado? É difícil aceitar. O alimento líquido, geralmente contido num recipiente, e posto a ferver, demora.

É nosso cálculo do tempo errado, acrescido de ansiedade, que nos faz afastar e descuidar. Vida, também, se esparrama por descuido. Lamento, mas não há quem não a tenha desperdiçado.

Quando o fato consumado nos avisa que o leite queimou e derramou, sem solução, a gente percebe o tempo perdido, estragado.

Apenas isso, o sentimento de não ter mais jeito... nos faz sentir saudade do tempo que passou solitário, sem nos apercebermos dele.

Santa Teresa, 12 de setembro de 2011


Um abraço,

Maysa

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

MORTAIS PENDÊNCIAS - Maysa M.






Mortais Pendências



Sete de setembro

Independência ou morte!

O brado pendente.



Santa Teresa, 07 de setembro de 2011


Pendências morais, implícitas nesse haicai republicano. Os desaparecidos e mortos não devolvidos à pátria-mãe. Morreram pelo Brasil. Patriazinha querida, minha , tua.

Do Vinícius, poeta ... releiam Pátria Minha, aqui:


Maysa