quarta-feira, 30 de junho de 2010

O MAR, CAYMMI...MOREYRA... LEMBRANÇAS QUE EMBALAM A INFÂNCIA, JUVENTUDE e MATURIDADE.














"As Amargas Não..." ensinou-me, para toda a vida o escritor gaúcho Alvaro Moreyra(Porto Alegre, 1888 - Rio de Janeiro, 1964), em livro com o sábio título.

Recaídas, fragilidades próprias da condição humana, lembranças quem não as tem? Sonhos, quimeras...
Mas e daí? Levantar acontece ser melhor que ficar
chorando pitangas...
Então, chegamos ao último dia do mes de junho. Início do inverno de 2010 - ainda com cara de outono - coincidindo com o término do semestre.
Lembranças queridas renovadas com a nova idade, esperanças contidas, um vago olhar embalado pelo mar batendo nas pedras... supostas repetições da admiração primeira.

O mar desgovernando-se em espumas, sua forma mágica de não parecer diferente quando tudo, a nossa volta, é.

Horas de só olhar, ouvir e ver!

O que está a nossa frente ou o que a memória insiste em trazer por mero capricho. Viver é esquecer! prá depois lembrar, em novo contexto. Viver é parir sempre! Um novo instante mal chega se acaba com a promessa de um outro que está prestes a ser. Viver é enfim permitir a contemplação subjetiva e substantiva.
Mais um término de semestre,aulas e aprendizados se acomodam num vai e vem como as constantes ou erráticas ondas do mar...Daqui ou d'Além...
Abraços


Maysa

PS:
Dorival Caymmi, cantor, compositor baiano.(Nascido 30/04/1914, Salvador e morto a 16/08/2008, Rio de Janeiro).
Escolheu o Rio para viver, morar e influenciar sua obra à partir dos anos quarenta.As canções praieiras convivendo com a inspiração boêmia da cidade maravilhosa, cheia de encanto e glamour.

Curtiu depois a pintura,entretanto, não deixou de ser referência para muitas tribos musicais.

Todos que me conhecem sabem que admiro sua arte, a poética exuberante de suas letras e melodias. É amor antigo, de menina de pouco mais de 2 anos!

Como o mar ... ao que parece nem tudo mudou em mim, menos ainda esse gosto da infância.

As Amargas Não...

"...Das lembranças recolhidas pelo autor para formar o mosaico que lhe conta a vida, recortam-se cidades que marcam a vida pessoal e a vida literária de Alvaro Moreya: Rio de Janeiro, Paris e Porto Alegre. A primeira apresenta-se ora como espaço da memória, ora como espaço do presente, enquanto as últimas consagram-se tão somente como espaços da memória."
O RIO para muitos, é espaço só de memória, para outros tem sido espaço do presente. E que mudanças esse presente contém!





sábado, 26 de junho de 2010

Janet Baker: "Automne" by Gabriel Fauré

Repito: Nosso inverno carioca é generoso. Dias lindos, temperatura amena que nos brinda para afugentar as crises respiratórias... Raios doces de sol aconchegante. A vilã do nosso inverno é a umidade elevada!

Aproveito para lembrar que o outono, estação amada, sempre deixa saudade. Recordem... o que puderem!

E se a curiosidade ajudar cliquem aqui para recordarem de Janet Baker, mezzo soprano inglesa que interpreta Automne de Gustave Fauré.

Abraço

Maysa

quinta-feira, 24 de junho de 2010

A POESIA DE GILKA MACHADO E A PAIXÃO NACIONAL





Com surpresa achei e aqui transcrevo um poema de Gilka Machado (1893/1980). Expressiva poeta carioca, representante do simbolismo e pré-modernismo em nossa literatura.

Ela recebeu da crítica aplausos e reprimendas; ficou conhecida por sua poética erótica, por sua coragem e liberdade em abrir a fala da mulher sobre o desejo, rompendo com os tabus da época. Manoel Bandeira incluiu e deu destaque à sua poesia na antologia sobre literatura brasileira que publicou.
Jorge Amado, convidou-a para concorrer à uma vaga para a ABL- Academia Brasileira de Letras, assim que os estatutos permitiram a entrada de mulheres. Não aceitou. A Academia, então, conferiu-lhe o premio Machado de Assis, em 1979.
Desde que descobri a poeta carioca me agrada ler seu texto exuberante ou melancólico. Este que descobri , causou-me surpresa pela oportunidade do tema. O curioso poema reflete a paixão nacional, foi publicado no final dos anos 30.

Amanhã o país cala, é só olhos e ... coração à bater rápido. O grito prepara-se na garganta... Futebol também é poesia!

Vale ler mais sobre Gilka aqui e aqui


Aos heróis do futebol brasileiro



Eu vos saúdo
heróis do dia
que vos fizestes compreender
numa linguagem muda,
escrevendo com os pés
magnéticos e alados
uma epopéia internacional!


As almas dos brasileiros
distantes
vencem os espaços,
misturam-se com as vossas,
caminham nos vossos passos
para o arremesso da pelota
para o chute decisivo
da glória da Pátria.


Que obra de arte ou de ciência,
de sentimento ou de imaginação
teve a penetração
dos gols de Leônidas
que, transpondo balizas
e antipatias,
souberam se insinuar
no coração
do Mundo!


Que obra de arte ou de ciência
conteve a idéia e a emotividade
de vossos improvisos
em vôos e saltos,
ó bailarinos espontâneos
ó poetas repentistas
que sorrindo oferecestes vosso sangue
à sede de glória
de um povo
novo?


Ha milhões de pensamentos
impulsionando vossos movimentos.


Na esportiva expressão
que qualquer raça entende
longe de nossa decantada natureza
os Leônidas e os Domingos
fixaram na retina do estrangeiro
a milagrosa realidade
que é o homem do Brasil.


Eia
atletas franzinos
gigantes débeis
que com astúcia e audácia,
tenacidade e energia
transfigurai-vos,
traçando aos olhos surpresos
da Europa
um debuxo maravilhoso
do nosso desconhecido país.


Publicado no livro Sublimação (1938).
In: MACHADO, Gilka. Poesias completas. Apres. Eros Volúsia Machado. Rio de Janeiro: L. Christiano: FUNARJ, 1991


Abraço
Maysa

domingo, 20 de junho de 2010

DOMINGO DE JUNHO - CEU AZUL, SOL MAIOR , CANÇÃO NO AR

Foto by cel. Maysa fev.2010

Meu Rio é assim. Lindo. Maravilhoso, surpreendente, aconchegante.
Muita festa para os olhos de quem chega, só saudade para quem vai.
Vivo aqui desde que num Domingo de junho, cheio de luz, sol e azul ...nasci. Pois é sou carioca, e apaixonada pelo meu lugar.
Era pequena, de poucos invernos, e não entendia a narrativa materna para o dia esplendoroso do meu nascimento.
A menina que fui se perguntava:
- Mas não era inverno?
- Por que mamãe insiste no sol, na luz clara, no azul de encantamentos?
Na juventude esqueci por completo dessa especial história que intrigava minha infância.
Vivíamos os anos de chumbo, nossas vidas eram contadas e entendidas pelo antes e depois do golpe de 64.
A maturidade chegou. Tinha já sobrevivido a tantas perdas... afetivas, materiais.
Entretanto, o país mudara e com a participação dos que aqui estavam. Eu estava.
Não pensara em todos aqueles anos nas conversas amorosas de mãe e filha. Continuavam, como quando foi preciso, secretamente guardadas.
Sonhos e realidade bem misturados fui me redescobrindo. Outras histórias vivendo, outros momentos de receber e dar, alguns de nada acontecer! A vida sempre nos brinda com desafios e caminhos não visitados!
Estou, ainda, aqui e há muitas histórias para contar. Se os netos gostam? Surpreendo-me com algumas que a memória presenteia. Outras invento, outras ouço atenta...
Essa continua minha preferida: Nasci no inverno, num domingo de junho, de sol esplendoroso, céu azul anil. Em uma maternidade de Botafogo, a primeira filha de pais muito felizes...
O tempo se deu a mim para que pudesse descobrir, como todos sabem, que nosso inverno também é assim generoso de luz e cor...e sons!
Abraço
Maysa

sexta-feira, 18 de junho de 2010

JOSÉ SARAMAGO











SARAMAGO...SEM FIM.




Se morrer fosse o fim de tudo...
Não é!
Vive-se no coração de quem ama.
Os que já partiram...
Saboreiam como eternidade
Referencias respeitosas
Contínuas no dia-a-dia
Lembranças, lições
e até mesmo,
A saudade...
Deixada como semente...



Maysa Machado
Santa Teresa, 18. 06.10


Abaixo o link para os Cadernos de Saramago. Essa postagem foi a última do Instituto que leva seu nome.

http://caderno.josesaramago.org/2010/06/18/pensar-pensar/

Abraço quem por aqui passar.

Maysa

quarta-feira, 16 de junho de 2010

A BELEZA E O AMOR ESTÃO POR PERTO...

foto maysa by cel/meu jardim/falsa iris/2009

Minha noite foi insone. Alérgica que sou passei por muitos desconfortos, quase perdi as forças! O frio carioca e a elevada umidade, em minha casa, aprontam...
Os caprichos do tempo não são para brincar.
Hoje, o dia lá fora está tão lindo e comovente quanto a foto (es)colhida ao lado.
Descobri que nos momentos difíceis me socorro com o belo.
Não importa se o que vem à tona está por perto mesmo ou aflorando na lembrança...
E por falar nisso... nesta data, amanhecia feliz de novo, com minha segunda maternidade.
O filho caçula nascera, numa terça, 15 de junho. Tão comovente abraçar um ser querido, parido por você. Impregnada de um sentimento de júbilo e fragilidade...
As emoções não se repetem!
Imagine-se em situações e circunstâncias semelhantes, sei que vai concordar, o quão diferentes foram vividas.
Amar os pais, filhos, netos... Aprende-se ? o papel da cultura acrescenta, e somos invadidos pela emoção do afeto genuíno. Passados tantos anos, no atual período de individualismo exacerbado, as relações familiares mudam e os cuidados com pais e mães estão..., de alguma maneira , sendo revistos.
Minha solidão é caprichosa como o tempo, se alterna em dias bonitos e amenos, em encontros e despedidas de mais um outono de vida.
Acredite não é preciso nada. Está tudo aqui bem perto do coração! Basta mantê-lo aquecido.
Em um bom dia de céu azul anil, de verdes brilhantes nas folhas das árvores, de luz, muita luz resplandecendo as manhãs para torná-las claras e serenas. Então, estas sucedem às noites indormidas acompanhadas por um tipo indesejado de solidão, umidade e frio.
Neste final de manhã de outono, um caloroso abraço
Maysa

quarta-feira, 9 de junho de 2010

ALMANAQUES DE ONTEM, HOJE E SEMPRE







Quem gosta de ler ou reler almanaques? Pois é, eu gosto! E agora estou entrando num da FOLHA DE S.PAULO. Caí nele como Alice em suas aventuras de menina!

É incrível saber que não podemos advinhar os lugares onde a curiosidade e o acaso nos levam ... E o que encontramos nesse lá desconhecido!

Passei por aqui.
Agora estou aqui! Vou deixar o caminho registrado, nas indicações do lado direito do blog, pois é mesmo divertido passear por essas folhas, anos, inspirações, caprichos e conceitos ...da moda feminina.

Fico encantada só de ver minhas netas, ainda bem pequenas, conduzindo com destreza, faro apurado, e alegria arrebatadora, a mesma ingênua brincadeira, de avós e mães : vestir e trocar roupas em bonecas de papel cartolina. De forma reciclada, é verdade!
É tudo tão rápido nos sítios da internet! um clique após outro trocam-se bizarros acessórios, cor de cabelos, pele, olhos, cenários. Os conceitos misturam-se diante das expressões dos rostos e dos seus olhares extasiados e insaciados, sobretudo os da menor.

Era uma das brincadeiras favoritas da minha época de menina. Copiar, recortar e colar roupitchas - com orelhas pontilhadas - nos manequins fixados na cartolina.

A precisão, com que se fazia cada etapa, era o requinte.
O tempo outro. Refiro-me , também, ao passo- a -passo daquela atividade lúdica.
Viver, brincar era coisa que levava um dia... e este tinha 24 horas!
O Hoje já é ontem; o tempo é fast, too fast.

Nem se derramam mais lágrimas porque uma tesoura apressada avança na linha pontilhada... As ferramentas são virtuais. As bonecas... idem!
São vistas, vestidas, despidas, remexidas e sobretudo são tocadas de raspão, pelas ávidas criadoras mirins de moda, como nos backstages dos desfiles da moda real.
Nossas bonecas de papel cartolina eram acariciadas por nossa ilusão, em nossas mãos eram quase meninas de verdade!



***
Abaixo destaque para outros endereços sobre croquis de bonecas, de moda e sítios de jogos de meninas:


http://www.jogarjogosdemeninas.com/jogos-garotas/59/Vestir-Garotas.html

http://www.hyperjogos.com/games/babbie/

http://www.2.uol.com.br/modabrasil/biblioteca/grandesnomes/alceu/alcecro.html

http://www.penetrasmoda.fashionblog.com.br/12754/croquis/--


Espero que curtam!

Um carinhoso abraço
Maysa

segunda-feira, 7 de junho de 2010

A PAZ

foto maysa by cel /jan.2010/lagoa Rodrigo de Freitas















A PAZ

(Maysa Machado)





Fosse
representação apenas
ou símbolo
despido de adornos.

Ela pousada
......................
pequena aparição
ao sol do meio dia...

no piso aquecido

esperava...


Santa Teresa, o7.06.10



xxxxxxxxxxxxxxxxxx



A todos meu abraço
Maysa




sábado, 5 de junho de 2010

AKIRA KUROSAWA - O POVOADO DOS MOINHOS ( Village of the Watermills)

Assisti, hoje, ao filme SONHOS, do diretor japonês AKIRA KUROSAWA.(1910-1998) .
" O filme é dividido em oito episódios curtos e foi concebido a partir do inconsciente e de experiências pessoais do próprio cineasta".Ver mais aqui .

Que esplendor! Um pequeno trecho do último sonho, está reproduzido e selecionado por mim. Mas se quiserem vejam um pouco mais aqui.

Postagem em homenagem ao Dia Internacional em Defesa do Meio Ambiente .

Abraços

Maysa

quarta-feira, 2 de junho de 2010

A POESIA de MÁRIO DE ANDRADE







Estou pesquisando o Mário musicista, que valorizou a expressão popular, a musicalidade das regiões do Brasil, sobretudo, a nordestina. Mário de Andrade foi tão importante para a música, sua divulgação nas escolas; o estudo regular do nosso folclore deve muito a ele.

Mário ainda paira por aí, não só em sua Paulicéia Desvairada ...
Primeira pista: aqui mesmo no Rio, entre os bairros da Glória e Catete, precisamente, no início da Rua Santo Amaro.
Nos dois anos em que morou em nossa cidade um dos prédios onde residiu exibe, orgulhosamente, a placa.
É interessante que esses registros sejam incentivados por projetos culturais, mantidos pelas Prefeituras. Servem para aproximar o cotidiano com nossa arte, os artistas e suas obras com seu povo.
Um poeta, é um poeta, é um poeta...Sua poesia irá embalar outro alguém, como eu , como você ... Irá nos acordar para o que nossos olhos não vêem.
A poesia está em cada um de nós e paira , como Mario, em todo lugar.
Nas bibliotecas públicas, que ele tanto incentivou, existirá aquele livro e algum poema que você escolha para ser seu.
Quanto à poesia selecionei essa delicada, irônica, original...que me foi apresentada nos bancos de ginásio, lá no C.P.II, seção Sul, no Humaitá.



Poemas da amiga


A tarde se deitava nos meus olhos
E a fuga da hora me entregava abril,
Um sabor familiar de até-logo criava
Um ar, e, não sei porque, te percebi.


Voltei-me em flor. Mas era apenas tua lembrança.
Estavas longe doce amiga e só vi no perfil da cidade
O arcanjo forte do arranha-céu cor de rosa,
Mexendo asas azuis dentro da tarde.


Quando eu morrer quero ficar,
Não contem aos meus amigos,
Sepultado em minha cidade,
Saudade.


Meus pés enterrem na rua Aurora,
No Paissandu deixem meu sexo,
Na Lopes Chaves a cabeça
Esqueçam.


No Pátio do Colégio afundem
O meu coração paulistano:
Um coração vivo e um defunto
Bem juntos.


Escondam no Correio o ouvido
Direito, o esquerdo nos Telégrafos,
Quero saber da vida alheia
Sereia.


O nariz guardem nos rosais,
A língua no alto do Ipiranga
Para cantar a liberdade.
Saudade...


Os olhos lá no Jaraguá
Assistirão ao que há de vir,
O joelho na Universidade,
Saudade...


As mãos atirem por aí,
Que desvivam como viveram,
As tripas atirem pro Diabo,
Que o espírito será de Deus.
Adeus.

Se quiser reler ou descobrir mais poemas de Mário clique aqui

Um primeiro abraço de junho

Maysa