quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

AO AMOR ...





Sou como os demais um bicho em extinção.
Cada segundo ou minuto, resumindo o dever de casa, a cada INSTANTE MORREMOS E NÃO VOLTAMOS MAIS!
Nem prá nós nem para qualquer ser amado que passe por perto. Assim, fugazes passamos ... pela vida, por aí, por aqui.
Enquanto vivemos, nosso mundinho insiste e traz novos encantamentos ou nos deixa perceber alguns, num determinado e único instante.
Pode ser numa tarde simples conversando com um amigo.

Assim é que resolvo escolher como tema em minha última postagem , em 2009, o AMOR que existe em nós e que, só às vezes, é percebido. Se ainda não morreu melhor que considere a notícia em tom blasé. Em forma de poema que é para deixar a esperança que ele, o AMOR, nos acompanha todo o tempo.



Poema para um jeito de olhar

(Maysa M. )




Olhar bonito....
São os olhos ou o jeito de olhar?
Os dois. Efeitos em contas de luz!
Azul esverdeado do mar
Verde azulado a voar
Parecem de água... Doçura transluz!
Luzem à tarde a me encantar
Água que escorre... rápida corre
De um rio ao mar, do céu ao rio

Riachos em teu olhar...
Gotas de muitos orvalhos
... A me acompanhar.

Santa Tereza 15.12.09


Existe melhor lugar para que isso venha a acontecer? A expressão virtual é fruto de um ato, quase sempre, solitário e prazeroso.



FELIZ ANO NOVO

UM 2010 CHEIO DE AMOR



Maysa

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

REMÉDIOS DO BEM VIVER...OU OS BLOGS QUE AMO(I)

Rui de Oliveira

Agradeço os excelentes momentos aqui compartilhados, durante o ano de 2009. Em janeiro O NINHO E A TEMPESTADE fará um ano.
Já sonho com mudanças!

Ô coisa complicada viver! Implica em mudanças por dentro, por fora!
Mas arrisco conselho ou se preferirem a sugestão de um roteiro para a blogosfera! O n. 1 está aqui, o n.2 virá em janeiro!

Acordou enevoado? nublou em você? ou o chuvisco virou tempestade e ventania?
Pior...nada acontece. Está pintando um tédio?

O remédio pode estar no
JAZZ+BOSSA+BARATOS OUTROS! música de prima. Não cansa nem agride só ilustra a vida de cada um. Faz a memória passear de mãos dadas com a ternura e a poesia... imagens reconstruídas pelo seu existir.

Também está no
Images&visions. Belas e intrigantes visões...Momentos de tanta beleza selecionados e compartilhados em 2009! Informação e formação. Exclusivo para almas sensíveis e delicadas.
Não se acanhe, clique!

Quer poesia na veia?
O ALMA TUA entrega diariamente, não atrasa. É tudo tão novo como cada dia que recebemos de presente da vida. Renove-se! ... Receita para longevidade e reativar a memória afetiva.

O
LIBERATINEWS é bálsamo, alegria, punhados de cordialidades, esquecidas por muitos e, alí vívidas, pulsantes. Pílulas de generosidades envolvidas em aquarelas, nanquins, traços em estilo inconfundível. A vizinha Chavista sempre criticando esse mundinho globalizado e pouco acreditado... mas sonhar ainda é possível, sobretudo se realidade e sonho se envolvem e se imbricam em blogs como: OUTRAS BOSSAS , BLOG DA NINFA.

Não se acostume, aconselha o Fernando Pessoa e o PALAVRAS RABISCADAS... Ilumine-se com as soberbas inquietações em Nietzsche... desembrulhadas para o presente da reflexão .


Vá ao
QUINTAROLA e siga os passos, alguns ainda não sabidos, para amar e educar crianças.
Quer contar e ouvir histórias ? Receita: Mãe amorosa e inteligente vira Blog!
GATO DE SOFÁ


Que 2010, nos traga alegrias, paz e muitos desafios. Se bem resolvidos, com eles vamos ilustrar nossas vidas!
Para mim um dos desafios será dedicar mais tempo ao prazer de lidar com a criatividade incluindo a habilidade manual e, continuar a descobrir blogs como o
SUPERZIPER

Repito o mantra que criei, neste Natal, com ele vou passar o ano!

Desejo a todos a graça de sentirem-se felizes!
Nosso brinde à vida do jeito que ela se oferece a nós e, do jeito que nós a desejamos!


Um grande abraço em você, na família real e à toda a nossa família virtual!
UM 2010 GENEROSO, SAUDÁVEL e ALEGRE para TODOS!
Um beijo
Maysa

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

O NATAL DE 2009




F E L I Z N A T A L!


Queridos

Desejo a todos a graça de sentirem-se felizes!
Nosso brinde à vida! Do jeito que ela se oferece a nós e, do jeito que nós a desejamos!

Compartilho com vocês o lindo presente recebido
Cliquem no link abaixo:

http://www.jacquielawson.com/preview.asp?cont=1&hdn=0&pv=3169996


Aguardem carregar e depois cliquem no anjinho...É lindo!

Um beijo carinhoso em cada um(a).


Maysa

domingo, 20 de dezembro de 2009

HAICAI para o VERÃO







A estação muda hoje, agora é Verão. Benvindo senhor Sol! Continue luminoso, traga-nos esplendor e graça. Não esqueça da pitada de sensualidade marca da atual estação.
Sucos frescos, saladas, bom humor e muitos passeios no Jardim Botânico, com seu novo amor.

Relembro do tempo em que morava no bairro da Urca. Meus dois filhos nasceram lá. Nesse período vivia às voltas com um cansaço físico! sintoma das horas de sono atrasado, aquele que toda mãe, de crianças pequenas, é acometida.
Pela manhã, qualquer segundo era precioso e recuperador de energias, sonhava em tê-los. Os meninos com a pouca idade bem próxima tinham interesses compatíveis.
Eu, então, juntava materiais inusitados, distribuía-os próximo à cama, para oferecer-lhes quando acordassem e, ganhar os tão almejados segundos a mais em cada manhã!
Conseguia sucesso, eles ficavam entretidos, quietos e concentrados por algum um tempo. Colando, desenhando, montando quebra-cabeças ...
Mas no Verão não! o plano fracassava, meu sono era invadido pelo canto estridente das cigarras que enlouquecidas anunciavam a manhã, antes de meus queridos acordarem.

Então, muitos verões após, aqui, estou celebrando o canto inquieto desse especial inseto, num haicai.


Cigarras entoam
Sua estridente canção.
Agora é verão.


Beijos e muita luz da manhã
Maysa
Foto: HalamPinheiro-Natal

DORIVAL CAYMMI - O BEM DO MAR II






Só ontem consegui assistir ao espetáculo musical O BEM DO MAR.
Hoje, é o último dia de apresentação, no Teatro Leblon, sala Fernanda Montenegro, às 20 h.
Para os que gostam do que melhor traduz nossa cultura sugiro assistir a essa produção, uma feliz e importante homenagem à obra do compositor, cantor brasileiro e baiano. Trará a todos experiência fantástica.
Em cena mais de sessenta canções de DORIVAL CAYMMI , cantadas e interpretadas por 7 pares de ótimos atores-cantores, num roteiro surpreendente. Ainda,ilustradas por sete músicos colorindo o palco sob um manto de transparências... sons.
Bom gosto aliado à dramaticidade, poesia delicada expressando momentos da alma que Mestre Caymmi soube nos revelar!
Um espetáculo moderno, espirituoso, provocante só com palavras de Caymmi! Suas canções falam do mar, de amores , dores, sonhos, alegria, sensualidade que acometem e transformam os seres humanos. Nos explicam as perdas, nos animam a dar a volta por cima.
Roteiro, cenografia e iluminação, coreografias e arranjos...figurinos. Tudo de igual quilate ao que o mestre nos deixou. É para reverenciar, provar e gostar.

Bom espetáculo para quem, como eu, ama a beleza, Dorival Caymmi, a riqueza de nossa cultura, a delicadeza e a força da arte brasileira , até agora, pouco prestigiada e patrocinada.
Esse espetáculo é tão representativo! Devia ser subvencionado para chegar ao grande público,no Brasil inteiro, fora do Brasil e reproduzido em inúmeras mídias.

Viva Caymmi e sua obra lírica, dramática, brasileira!

Viva cada artista que participa desse projeto maravilhoso de nosso teatro musical, que sobe ao palco, hoje, pela última vez.

Sublinho: É preciso correr para não perder já! E torcer para uma outra temporada, por aqui, em 2010! Em outras regiões do Brasil levando alegria, admiração e encantamento.

Nessa homenagem ao Mestre Caymmi, o público é também homenageado pela qualidade dos artistas, beleza, respeito e carinho trazidos ao palco!

Abaixo alguns créditos:

Concepção e Direção: Antonio De Bonis; Roteiro: De Bonis e Douglas Dwight
Direção Musical e Arranjos Vocais: Ricardo Rente; Arranjos: Rente,Wagner tiso e Leandro Braga.
Elenco: Ana Velloso,Dandara Mariana, Daúde, Dério Chagas, Fábio Ventura, Fael Mondego,Flávia Santana, Gabriel Tavares, Izabella Bicalho, Lilian Valeska, Marcelo Capobiango, Marcelo Vianna, Patrícia Costa e Thiago Tomé.
Músicos:
Alfredo Machado-violão;Fernando Pereira-Bateria;Firmino-Percussão;Flávia Chagas-violoncelo;Luiz Flavio Alcofra-violão;Ricardo Rente-sopros; Rodrigo Villa- contrabaixo.
Queria destacar na qualificada ficha técnica os resultados da cenografia( Sergio Marimba), iluminação( Aurelio de Simoni) e figurinos(Ney Madeira)

À todos que fazem esse espetáculo: Parabéns!

Um bom Domingo para os passam por aqui.

Abraços

Maysa

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

HAICAIS



Viver é tão bom!
Mas dói perder amigos, ilusões, juventude...

Então, viva com o que sobrou ou o que, ainda, não se gastou! E descubra, procure... Há um tesouro escondido dentro, lá no fundo de você. Só seu.
Aqui, do lado de fora , pode ser um simples encontro com alguém amigo, simpático, presença que faz bem.
Aí, num passe de encanto a juventude chega também para o abraço. Bem, quem sabe, agora, com o nome de jovialidade.
Estou aprendendo a construir haicais! Que terapia maravilhosa.
Você se abstrai dos males dessa vida, concentra nas múltiplas expressões da natureza, no aqui e agora. Não conheço remédio maior para manter-se vivo e alerta que o pensar e sentir haicais.
Vai, esquece aquele olhar cortante que tanto espanto e desconforto trouxe... Conte, substitua as palavras, "acerte a métrica", não esqueça da tônica, haverá uma nova ordem entre elas! Dentro de você, algo também mudou.

A primavera vai
Apressado chega o verão
Azul anil azul.

(Maysa M.)


Abraços para os que por aqui passarem.

Maysa

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

VIVER É LUTAR!


Canção do Tamoio (Natalícia)

I
Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.



II
Um dia vivemos!
O homem que é forte
Não teme da morte;
Só teme fugir;
No arco que entesa
Tem certa uma presa,
Quer seja tapuia,
Condor ou tapir.

III
O forte, o cobarde
Seus feitos inveja
De o ver na peleja
Garboso e feroz;
E os tímidos velhos
Nos graves concelhos,
Curvadas as frontes,
Escutam-lhe a voz!

IV
Domina, se vive;
Se morre, descansa
Dos seus na lembrança,
Na voz do porvir.
Não cures da vida!
Sê bravo, sê forte!
Não fujas da morte,
Que a morte há de vir!

V
E pois que és meu filho,
Meus brios reveste;
Tamoio nasceste,
Valente serás.
Sê duro guerreiro,
Robusto, fragueiro,
Brasão dos tamoios
Na guerra e na paz.

VI
Teu grito de guerra
Retumbe aos ouvidos
D'imigos transidos
Por vil comoção;
E tremam d'ouvi-lo
Pior que o sibilo
Das setas ligeiras,
Pior que o trovão.

VII
E a mão nessas tabas,
Querendo calados
Os filhos criados
Na lei do terror;
Teu nome lhes diga,
Que a gente inimiga
Talvez não escute
Sem pranto, sem dor!

VIII
Porém se a fortuna,
Traindo teus passos,
Te arroja nos laços
Do inimigo falaz!
Na última hora
Teus feitos memora,
Tranqüilo nos gestos,
Impávido, audaz.

IX
E cai como o tronco
Do raio tocado,
Partido, rojado
Por larga extensão;
Assim morre o forte!
No passo da morte
Triunfa, conquista
Mais alto brasão.

X
As armas ensaia,
Penetra na vida:
Pesada ou querida,
Viver é lutar.
Se o duro combate
Os fracos abate,
Aos fortes, aos bravos,
Só pode exaltar.

(Gonçalves Dias - Primeira Geração)


Este poema, de Gonçalves Dias, ouvi inúmeras vezes declamado por Beatriz Vicência Bandeira Ryff, a DONA VIVI que vocês já conhecem. Na verdade transformou-se num bordão para encorajar os que com ela convivem e, por algum motivo estivessem indecisos ou desencantados.

Sugiro que acessem a página da Tv Câmara e assistam o arquivo em áudio/vídeo, ela gravou um depoimento bastante importante sobre fatos da nossa história, no último século.

www.camara.gov.br/internet/TVcamara/default.asp?selecao=MAT&Materia=478


Ontem, na Associação Brasileira de Imprensa-ABI, foi realizado um ATO PÚBLICO em homenagem ao centenário que BEATRIZ alcançou dia 8 de novembro passado.

Um abraço

Maysa

Foto Viorica/Jardim Botânico/Rio 2009

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

4 DE DEZEMBRO: SANTA BÁRBARA e IANSÃ





Pintura : O martírio de Santa Bárbara
Lucas Cranach (1472-1553) Renascentismo alemão

Quem acompanha este singelo blog, por certo, desconfia os porquês do Ninho e os da Tempestade.
Tendo de tudo um pouco...
Mas o que nem a blogueira bissexta entende, muito menos sabe explicar é:
Por que as tempestades a incomodam tanto?
É como se tivessem virando-a pelo avesso. Desde menina. Incompatibilidade integral.
Vento não combina, não combina mesmo! No mais, só um sudoestesinho, tem lá seu charme.
Detesto as fúrias da natureza e as humanas, estas com muito mais frequência andam mostrando as pessoas e sua falta de verniz .
Raiva é raiva mas tempestade é fúria!
Esta madrugada o vento rugiu qual leão acuado no seu próprio habitat. A chuva não deu descanso e para mim a noite ficou assim um tanto inóspita!
Dormi sem sonhos.
Pela manhã me atrapalhei toda. Se queria sair, adiava. Sair com chuva?
A vida inteira, com sol ou chuva, indo para o trabalho! Sempre atrasada!
Agora, me diz:
Que dia é hoje?
Ah! lembrou afinal?
Que santa guerreira, que orixá mais retumbante!
Viva a querida Santa Bárbara, a guerreira incansável! Senhora dos ventos!

Viva Iansã! São tantas as histórias...contadas e recontadas! Então, não adianta negar, esse blog tem no mínimo um sudoeste pouco falado, mas ...
Rainha dos raios, dos ciclones, furacões, tufões, vendavais!
Orixá do fogo, guerreira e poderosa.
Viva o vento, a água, o movimento!
Hepa hei, Oyá! (Olá, jovial e alegre, Oyá!).

"Senhora do fogo, dos raios e da guerra, é ela quem traz as tempestades e a ventania para varrer a maldade humana da face da Terra. Iansã andava pelo mundo se aventurado, onde quer que ela soubesse haver algo impossível para se fazer, lá estava ela se propondo a obter mais uma conquista.
Filha de Afefé com Iroco e irmã gêmea de Obá, Iansã é aquela que gosta de participar de tudo, é vingativa com aqueles que não sabem respeitá-la, porém não mede esforços para agradar quem a reverencia.
Protetora dos bombeiros e todas as mulheres guerreiras".

Querem saber mais? acessem o endereço:
Abraço aos que por aqui passarem.
Maysa

sábado, 28 de novembro de 2009

PAULINHO DA VIOLA _ ONDE A DOR NÃO TEM RAZÃO








Quando consegue do peito tirar um espinho
É que a velha esperança já não pode morrer!



Paulinho, sempre! Seu Paulo César você é como certos vinhos... Acabo de vê-lo e, prazerosamente, ouví-lo no SOM BRASIL Especial, desta sexta, na Venus Platinada.
E por que tão tarde? Só o horário continua inadequado.
O programa foi mesmo especial: Quatorze pérolas do Mestre.

Intérpretes inspiradíssimos. Amei a roupagem malandro carioca que o Pedro e a Parede trouxeram para Argumento, No Pagode do Vavá, Jurar com lágrimas.
A cantora Fabiana Cozza soube re-ilustrar o SINAL FECHADO e Timoneiro. Que voz! Bravo ao sentimento!
A Velha Guarda da sua querida Portela, acompanhou-o no amoroso hino carioca, Foi um Rio que passou em minha vida. Agora são poucos mas plenos de luz e presença!
A voz linda de BEATRIZ FARIA compartilhando com o pai o palco, mais que isso acompanhada pelo olhar apaixonado do músico/pai pela cria. Só o tempo!
O encerramento foi inusitado, a surpresa pela linda dupla Camila Pitanga e Paulinho . Cantaram a música BÊBADO SAMBA. Lembram do CD maravilhoso que leva o nome?
Ela com brejeirice e beleza . Ele com a sedutora timidez já decantada.
Paulinho sempre! Repito.
A vida engendra muitas histórias e algumas embaladas por esses lindos sambas.
Nosso cancioneiro é enriquecido com a inspiração, elegância e suavidade de PAULINHO DA VIOLA
Concordam?
Então de presente compartilho o vídeo do Show ao Vivo que assisti, quietinha e comovida.
Beijos

Maysa


sexta-feira, 20 de novembro de 2009

ESPERANÇA: O AMOR - ENTRE AVÓS E NETOS








Altiva, elegante.... O sorriso misterioso e sedutor como de anjo no paraíso, o olho voltado aqui, pras delícias terrenas.
Porte de princesinha feliz!
Gestos precisos e delicados. Se tiver disciplina, aliada ao gosto pela dança que pressenti, ontem, será uma bailarina.

É indescritível o que sentimos quando o tema são nossas crianças.
Filhos dos filhos, bandeira total! Hum... O resultado é traduzido nos semblantes, pouco sérios, dos amigos que desconfiam de cada adjetivo em nossas histórias de avós!

Ontem, sim senhoras e senhores, a esperança, em forma substantiva, tinha olhos castanhos, cabelos louros, presos num coque, lá no alto da cabeça, quase junto a uma pequena coroa de princesa.
O desenho do traje rosa choque, sua cor favorita, evocava os mares, a beleza feminina e a história de uma pequena sereia que se apaixona por um humano.


Levei para comemorar, na apresentação de final de ano do ballet, um bouquet de flores róseas, uns pequenos lírios delicados e jovens, como ela. Astromélias!

O presente ganhei eu! Num átimo. Foi o seu olhar encantado com a surpresa florida e, inteiramente, sua.
Nenhuma palavra...Para não quebrar a magia do instante.
Amanhã, essa querida menina completa 6 anos!
Meu desejo é que enquanto ela, seu irmão, suas primas, todas as crianças vão crescendo...Encontrem um mundo cada vez melhor!
Habitado por humanos, adoráveis, que cuidem com amor e muito carinho de todas as expressões da vida.
Aprendam com as crianças a acreditar na esperança e a cultivá-la.
De uma avó com síndrome irrecuperável de corujice.



Abraços a quem por aqui passar.
Maysa

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

DORIVAL CAYMMI - O BEM DO MAR








É um gosto meu, dos mais antigos, a voz de DORIVAL CAYMMI. Suas canções praieiras doces, nostálgicas, misteriosas.
Mas não é lembrança com saudade! É saboreio, como costumo dizer.
Evocativas- as melodias dão-nos a impressão de que estiveram , alí, em nossa memória sempre!Gosto de pequena, desde lá dos meus tres anos. É do tempo que uma rede embala e o vento assobia. Folhas ondulam e compõem uma coreografia... com o passar das nuvens.

A voz de Caymmi quase prescinde de reprodução mecânica, digital do tanto que ela está entranhada na minha alma.
Faz parte de mim, como o ar que respiro. Estando feliz ou triste.

O timbre de sua voz continua pulsando a beleza do mar,o som, o ritmo das ondas e seu espreguiçar na areia molhada.

Tenho a felicidade de ter amigos sensíveis, alguns músicos. Aqui, no Rio, no bairro do Leblon, estão levando um show, só com as músicas do sábio e querido Dorival.
O nome? É esse da canção que postei : O BEM DO MAR.

Quem por aqui morar ou estiver de passagem recomendo assistir este espetáculo de beleza e melodia.. Está na Sala Fernanda Montenegro, na Rua Conde Bernadote. De Quinta à Domingo, apresentando as canções do mar do saudoso e inspirado artista!

Abraços

Maysa












domingo, 8 de novembro de 2009

BEATRIZ VICÊNCIA BANDEIRA RYFF

Foto Leandro Pimentel/ Leblon
-Rio-1999











Centenário de Nascimento de Beatriz Vicência Bandeira Ryff - Poetisa -Ativista Política




Dona Vivi faz cem anos!

Maysa Machado *




O Leblon é um bairro claro, o sol entra cedo pelas frestas das cortinas de tiras de bambu... A brisa lhe faz companhia. Depois, um vento encanado passeia, sem pedir licença, pelo longo corredor. É comum ouvir-se o estrondo das portas... Que nos tira o sossego.
Está quieta em seu canto. Deitada no quarto, a cabeça no sentido contrario à porta de entrada, voltada para as ondas do mar.
O espaço pouco que ocupa... menor fica com o passar do tempo. Não diria que definha.
Desvanece.
Está quase nuvem. Branquinha, como num céu bem azul e luminoso, independente do movimento dos pássaros, do farfalhar das palmas dos coqueiros, lá onde o asfalto se perde em areias e depois vira mar imenso.
Seu sorriso não aflora constante; nem há sinal das angústias, tantas, sentidas pela vida nas muitas lutas que travou.
Seu rosto é expressivo, contém viço e boniteza. Rugas? Pele sulcada por elas? Não, ali não residem, não fizeram nenhum estrago no semblante, ainda, altivo.
Está serena, desligando-se aos poucos do fio - terra que a mantém viva.
Que fio será esse? Cada um tem o seu.
O dela dura um século. Medem-se os sonhos, perdas, dores... Mede-se, também, uma invencível determinação tecida em poesia e alguns travos de amargura.
Tem a aparência cuidada. A dignidade a acompanha, pois, nada pede ou precisa.
As sombras lhe cobrem, dia e noite, o horizonte, mas disso não reclama. Uma vez que escolheu a treva progressiva.
No silêncio vive. Dá-nos a impressão que assiste sua história, numa tela em que as imagens, antes indeléveis, agora se esfumam, com suavidade e, não deixam qualquer possibilidade de serem mostradas de novo.
Há economia dos movimentos... É preciso não mexer com quem está quieta! Frase ouvida várias vezes, nos últimos anos, acompanhada de um sorriso maroto.

Nos primeiros anos de convivência, minha curiosidade era aguçada, por uma faiança pendurada à porta de seu quarto. O ladrilho, em fundo branco, transcrevia um adágio italiano. Nele, a mulher vista sob o interesse masculino, relacionado às suas idades - dos 20 aos 60 – e comparando-as aos 5 continentes.
Um convite perigoso, quase um desafio para as mais jovens; desdenhava o passar dos anos, com encanto.

Nós duas aprendemos que o tempo pode ser cultivado.
Em nossos encontros li, para mútuo deleite, uma edição das Cartas de Graciliano Ramos - seu querido amigo, as crônicas leves e bem-humoradas de Rubem Braga, os textos densos de Nélida Piñon, Lygia Fagundes, Cecília Meireles.
Em todos esses momentos acrescentou reflexão lúcida, fresca, interessante.
Com imensa sensibilidade respirou o ar delicado de seus poemas e, renovada, os recitou de cor.
Por gosto cantamos.
Antiga professora de música e de técnica vocal, do Conservatório Nacional de Teatro, foi relembrando canções do folclore amazônico, as de Waldemar Henriques, como Tamba-Tajá; as canções imperiais na obra de Carlos Gomes - Tão longe de mim distante; as Bacchiannas de Villa-Lobos; algumas canções praieiras de Caymmi. E, da MPB, do seu preferido Paulinho da Viola, repetiu momentos cantarolando que Viver não é brincadeira não...

Muito tenho aprendido com as histórias e lições de sua vida. Da militância comunista, às prisões políticas, ao exílio em dois períodos distintos de ditadura em nosso país.
Gosto de sua poesia. E, acho pitoresca sua opinião irredutível, prefere ser chamada POETISA e jamais poeta!

Nossa intimidade foi uma construção difícil. Um tempo longo nos atravessou, mas o mesmo tempo trouxe-nos como fruto maduro, de nossas vivências, o que pode ser chamado: apaziguamento. Tornamos-nos amigas.

Vivi, Beata, outros apelidos tem, mas é no seu próprio imaginário a Beatrice, de Dante. Faz pouco o declamava no original.

Dichoso cumpleaños, señora!
Mamá hace cien años.

**************

• Beatriz Vicência Bandeira Ryff, carioca, do Méier, nascida em 08.11.1909. Uma mulher brasileira que se dedicou à causa da transformação política e social em seu país. Participou de distintos momentos históricos pela luta a favor das liberdades democráticas, dos Direitos Humanos e, por mais de oitenta anos, o fez a cada dia.
• Presa política no período da ditadura Vargas, companheira na Cela Quatro, com Nise da Silveira, Maria Werneck e outras corajosas companheiras. Inclusive Olga Benário.

• Exílios na Argentina, Uruguai (1936/37). Asilo na Embaixada da Iugoslávia 1964. Exílio na França - durante o Golpe de 64/67


• Vivi – apelido de criança, dado por seu amado pai. Alípio Abdulino Pinto Bandeira, militar do exército, indigenista, companheiro do Mal. Rondon.

Perguntei se gostava de ser chamada assim. Respondeu com um sorriso feliz no rosto:
- Gosto muito!
Uma pausa e, acrescenta:
- Não esqueço o que fui!


• Beata – apelido dado por seu marido jornalista Raul Ryff, falecido em julho de 1989. Foram casados por mais de cinquenta anos.
Tiveram três filhos. Vitor Sérgio, jornalista (falecido), os gêmeos: Luiz Carlos (Físico) e Tito Bruno (economista).
Seus descendentes:
Oito netos: Patrícia,Luiz Antonio, Fabiano,Carlos Eduardo, Júlia, Luiz Rodolfo, André e João Alberto.
Cinco bisnetos:
Maria Beatriz, Ana, Raul,Cecília e Lara.

• Uma das fundadoras do Movimento Feminino pela Anistia e Liberdades Democráticas-RJ.


* a autora é socióloga e foi nora de Beatriz.




Santa Teresa, 8 de novembro de 2009.

Abraços ao que passarem por aqui.

Maysa







sexta-feira, 6 de novembro de 2009

POR DO SOL EM IPANEMA







Foi assim, sem muita cerimonia. Quarta-feira às 5 da tarde dispensei o mordomo e o chá ingles.

Troquei o vestido de alças pelo maiô, de estampado primaveril, completei o ritual antigo com uma saída branquinha, que só!

Pronto, voltei aos dezessete, aos vinte , aos trinta. Nenhuma maquiagem ou efeito especial... meu coração, apenas, querendo celebrar a vida, uma secura de onda do mar batendo no corpo!

Fui caminhando pelo calçadão de Ipanema, meus olhos degustando a paisagem que nunca envelhece...Ah! e a brisa úmida, a areia molhada? O prazer reencontrado de carioca que esnoba multidão, pressa, e outros senões que os balneários costumam devolver aos que nascem e moram em suas praias.

Fico um tempão achando que minha praia é outra! Mas se a saudade bate, não tem explicação:

Começo querendo ver, depois, a necessidade de ficar perto e mais adiante o desejo do contato físico . Ah! Ser carioca é um pouco isso. Ter a sofreguidão pelo mar, ser do mar.

Vi meu querido e misterioso amado, ouvi sua conversa reservada e para poucos, até suas zangas barulhentas batendo na areia.

O sol dominando no alto do céu, veio baixando para reverenciar tanta beleza, aqui onde os olhos nem alcançam.

É Primavera mas o horário é de Verão! Que combinação mais caliente.
Viva o Rio, minha cidade . Viva o mar, esse mistério sem fim! Viva a beleza de um Por do Sol no meio da semana.

Um abraço para os que passam por aqui.

Maysa

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

QUANDO UM AMIGO SE VAI


É como uma noite muito escura, sem brilho algum no ceu.

A gente espreita o caminho. A gente tateia, para não esbarrar em corpos, objetos...ocultos pelas sombras. Procura compensar com os outros sentidos o que a visão não nos aponta. Tem-se a sensação de perda misturada como a de um súbito desequilíbrio físico. Tonteira, mal estar, tristeza. Lágrimas nem sempre vem nos acompanhar. O olhar fica ausente. Deixa-nos e passeia pela memória do que já não é.

O estranho é que se o amigo(a) mora longe, nesse dia v. acorda diferente, com uma angustia , um desconforto.

Para a partida definitiva resta-nos o consolo da bela amizade vivida. Dos momentos de dedicação, alegria, generosidade. E a lembrança que caminhará conosco e alimentará nosso espírito.

Um querido amigo se foi. Se pudesse estaria , na hora da despedida, retribuindo todo o carinho que recebi . Que a paz esteja com ele. Um homem digno, patriota, com o compromisso de ser e fazer quem se aproximasse feliz.



Bom dia, amigo
Que a paz seja contigo
Eu vim somente dizer
Que eu te amo tanto
Que vou morrer
Amigo... adeus

Vinícius de Moraes

Abraços para quem por aqui passar.
Maysa

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

FABRÍCIO CARPINEJAR - POETA







Hoje, o poeta faz aniversário. É um jovem nascido em 1972. É bom poeta. Eu gosto.

Irreverente, sensível, desconcertante.
Original.

Recebeu neste ano de 2009 - Prêmio Jabuti/2009, edição 51ª, da Câmara Brasileira do Livro, na categoria Contos e Crônicas, com Canalha!

Visitem seu site, o link está destacado à direita, na parte superior do'O Ninho. Recomendo.

Bom, aos poemas e feliz cumpleaños!

Poema do livro Terceira Sede
Décima elegia

Só na velhice o vento não ressuscita.
A água dos olhos entra na surdez da neve
e escuta a oração do estômago, dos rins, do pulmão.

O sono desce com a marcha dos ratos no assoalho.
Tudo foi julgado e devemos durar nas escolhas.

Só na velhice os grilos denunciam o meio-dia.
O exílio é na carne.

Esmorece o esforço de conciliar a verdade
com a realidade.
A neblina nos enterra vivos.

Só na velhice o pó atravessa a parede da brasa,
o riso atravessa o osso.
Deciframos a descendência do vinho.

Os segredos não são contados
porque ninguém quer ouvi-los.
O lume raso do aposento é apanhado pela ave
a pousar o bule das penas na estante do mar.

Só na velhice acomodo a bagagem nos bolsos do casaco.
O suspiro é mais audível que o clamor.

Recusamos o excesso, basta uma escova e uma toalha.

Só na velhice os músculos são armas engatilhadas.
O nome passa a me carregar.

É penoso subir os andares da voz,
nos abrigamos no térreo de um assobio.
Pedimos desculpa às cadeiras e licença ao pão.

O ódio esquece sua vingança.
Amamos o que não temos.

Só na velhice digo bom-dia e recebo
a resposta de noite.
Convém dispor da cautela e se despedir aos poucos.

Só na velhice quantos sofrem à toa
para narrar em detalhes seu sofrimento.

O pesadelo impõe dois turnos de trabalho.
Investigo-me a ponto de ser meu inimigo.

Sustentamos o atrito com o céu, plagiando
com as pálpebras o vôo anzolado, céreo, das borboletas.

Só na velhice há o receio em folhear edições raras
e rasgar uma página gasta do manuseio.
Embalo a espuma como um neto.

Confundimos a ordem do sinal da cruz.
O luto não é trégua e descanso, mas a pior luta.

Só na velhice a forma está na força do sopro.
Respeito Lázaro, que a custo de um milagre
faleceu duas vezes.

O medo é de dormir na luz.
Lamento ter sido indiscreto
com minha dor e discreto com minha alegria.

Só na velhice a mesa fica repleta de ausências.
Chego ao fim, uma corda que aprende seu limite
após arrebentar-se em música.
Creio na cerração das manhãs.
Conforto-me em ser apenas homem.

Envelheci,
tenho muita infância pela frente.
ooo

Visitem o site do Fabrício, vão gostar!
Abraços

Maysa




domingo, 18 de outubro de 2009

A POESIA em VIVIANE MOSÉ





Procurando poemas que digam o que sinto, me encantem e reencantem o dia-a-dia , por instantes, insípido...Lembrei de uma poeta, capixaba, que vive e cria aqui, no Rio. Não tenho, ainda, nenhum dos seus livros de poesia, mas os recomendo. Já a ouvi dizendo... e, seus poemas entranham primeiro na carne, vão se grudando na alma e depois no pensamento.

Seu nome: Viviane Mosé .

Descobri, aqui, os dois poemas reproduzidos abaixo. Espero que gostem!

Toda Palavra


Procuro uma palavra que me salve
Pode ser uma palavra verbo
Uma palavra vespa, uma palavra casta.
Pode ser uma palavra dura. Sem carinho.
Ou palavra muda,
molhada de suor no esforço da terra não lavrada.
Não ligo se ela vem suja, mal lavada.
Procuro uma coisa qualquer que saia soada do nada.
Eu imploro pelos verbos que tanto humilhei
e reconsidero minha posição em relação aos adjetivos.
Penso em quanta fadiga me dava
o excesso de frases desalinhadas em meu ouvido.
Hoje imploro uma fala escrita,
não pode ser cantada.
Preciso de uma palavra letra
grifada grafia no papel.
Uma palavra como um porto
um mar um prado
um campo minado um contorno
carrossel cavalo pente quebrado véu
mariscos muralhas manivelas navalhas.
Eu preciso do escarcéu soletrado
Preciso daquilo que havia negado
E mesmo tendo medo de algumas palavras
preciso da palavra medo como preciso da palavra morte
que é uma palavra triste.
Toda palavra deve ser anunciada e ouvida.
Nunca mais o desprezo por coisas mal ditas.
Toda palavra é bem dita e bem vinda.




Desato


É preciso fritar o arroz bastante antes de jogar água fervendo.
E não pode mexer jamais depois de a água ser posta.
O alho deve fritar no óleo junto com o arroz.

Coisas que eu sei e que não. Eu sei muitas coisas.
Faxina por exemplo. Sei limpar uma casa de tal modo
Que não sobra um canto que não tenha sido tocado
Por minhas mãos.
Depois vou sujando. Com muito gosto.
Deixo peças na sala e louças sujas na pia.
Não na mesma hora mas um pouco
Bastante depois volto limpando.
Assim me faço.
Nos objetos que me acompanham.

Gosto de andar nas ruas e comprar coisas
Que vão se arrumando em torno de mim.
Tenho muitas coisas, quero dizer, tenho muitas camadas.
Uma camada de livros outra de sapatos.
Tem a camada de plantas. E toalhas de rosto.
Tenho camadas de cosméticos e de adereços.
Uma camada de nomes e de coisas que vejo.
Tudo ordenado ao meu redor. Em forma de corpo.
Um corpo que me sustenta quando o meu próprio me falta.

Cadeiras são meus ossos. Sapatos são meus braços.
Torneiras em meus poros. Paredes como roupas de inverno.
(Quando toca música em minha casa sai do umbigo)

Descanso recostada nas paredes da casa
Que me guardam como um abraço.
Me abraço quando me derramo na sala.
E na cozinha. Em geral adormeço no quarto.

Tudo em minha casa tem existência.
Todas as coisas significo.
Com os olhos. Ou com as mãos.
Minha casa tem silêncios
Que ás vezes ouço. Em meu corpo
Tem silêncios maiores ainda.
Que às vezes ouço. E faço poemas.
Faço poemas dos silêncios que ouço.

Então? gostaram? Viviane, além de poeta, é filósofa. Tem ou não a fala sensível e inteligente, de todo ser humano instigante e provocador? Felizmente, não precisa de nenhum traço arrogante para se dizer gente !

Abraços de Domigo para quem passar por aqui!

Maysa


terça-feira, 13 de outubro de 2009

EDUARDO GALEANO - O LIVRO DOS ABRAÇOS






Um assunto que sempre me interessa: A memória.

Memória e desmemória caminham, uma não vive sem a outra. No meu caso particular, lido com as sequelas, tenho muitas zonas de esquecimento, provocadas pela ação da ditadura, que atingiu o nosso país, nos idos do final dos anos sessenta. Fazem um estrago na minha memória. Recuperar as lembranças é uma tarefa diária. Penosa, e que traz muita insegurança, desconforto... alguns constrangimentos. Vivi ou não vivi? Em tal momento, ou data, em que lugar estava? Com quem?Há os que querem esquecer!
Digo, há muito, que tenho um queijo suiço em áreas específicas do meu cérebro. Bem, na vida vivida, sou normalzinha, mas um tanto desligada, como dizem os filhos!
Talvez por instinto de sobrevivência, digo eu! mas é alto o preço!

Andanças aqui e acolá, livrarias e lembranças...me entrego, atualmente, ao LIVRO DOS ABRAÇOS, do Eduardo Galeano.

Memória como coisa viva!
Ontem, conversando com uma querida amiga, nonagenária, militante de esquerda durante toda sua vida, ouvi dela esta frase:

A memória é a alma da gente!

Concordei de imediato e em homenagem a tantas lembranças e acontecimentos, que sucedem em nossas precárias e passageiras vidas, reproduzo, aqui, um texto do livrinho especial que Eduardo Galeano nos legou.

O tema de hoje , então, fica para a delicadeza e apuro com que a vida e suas manifestações, em nós, registram-se, transformam-se e, nos transformam.
Voltarei ao assunto, prometo.
" A Ventania

Assovia o vento dentro de mim.
Estou despido. Dono de nada, dono de ninguém, nem mesmo dono de minhas certezas, sou minha cara contra o vento, a contravento, e sou o vento que bate em minha cara."


In O Livro Dos Abraços, Galeano E.. Ed.L&PM POCKET, vol. 465. segunda edição 2005. reimpressão 2009
Bjs
Maysa

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

CHET BAKER -




Preciso da solidão.

Não falo de sua visita quer cotidiana, quinzenal...ou de improviso!
Deixo com vocês a revelação: Ela existe em mim.
Acredito que em nós, portanto, deve ser mais fácil conviver com algo que nos constitui, mesmo que não saibamos como!

Um direito, bem parecido e,constantemente, ignorado:o silêncio! Desligamos do que está à volta, nos ensimesmamos. Ô palavrinha...de sentido tão intrigante.

Em criança via minha mãe quieta,protagonista de seus desejos e sonhos, que nunca nos foram comunicados. Alma especial àquela. Sorte minha, ter sido ela a mãe!
O mistério talvez, seja mesmo a essencia do que chamamos: Viver!
Costumo habitar minha solidão, ou deixá-la habitar em mim, ouvindo música; vendo paisagens reais ou imaginárias; lembrando de pessoas queridas, distantes ou que já partiram...
Sem nostalgia alguma, acreditem!
Então, ouço um dos preferidos meus. Espero que também gostem!





Esta postagem é feita, também, em homenagem ao ótimo blog sobre jazz, que acompanho e vocês devem fazer o mesmo: Jazz+Bossa+Baratos Outros

Bjs nesta sexta
Um bom feriado prolongado!
Maysa

terça-feira, 6 de outubro de 2009

MERCEDES SOSA - LA NEGRA


O silêncio é bom companheiro.
Peço -lhes, apenas, que imaginem o quanto a arte de Mercedes Sosa elevou, com pujança, nossos sonhos, ideais de solidariedade, amores.
Como a solidão, nossa de cada dia, ficou bem acompanhada por seu canto.
Viva Mercedes Sosa!
GRACIAS A LA VIDA









Beijos
Maysa

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

ERNESTO - NOSSO QUERIDO - CHE GUEVARA





O que se pensa, hoje, ao lermos estas frases ?

Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros.

Acima de tudo procurem sentir no mais profundo de vocês qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo. É a mais bela qualidade de um revolucionário.

Conhecem muita gente que diga o que sente,viva como sente e doe sua vida para um mundo melhor?
A minha geração conheceu, o dono das frases-pensamentos-ação: CHE GUEVARA
Desde sua morte, assassinato covarde, passados mais de quarenta anos, sabemos: Existem pessoas, onde me incluo, que continuam desejando um mundo diferente, onde o ser humano viva com dignidade e seja respeitado por todos.
CHE sempre viverá, seu espírito transformador, sequioso por justiça e ternura reaparece para apagar os breus que a ganância entre os homens cria.
Trago dois poemas,dedicados ao CHE, um de Júlio Cortázar, escritor argentino e do mundo, como ele; outro de Eduardo Galeano. Ambos voltados para o valor de CHE em nosso explorado continente: a América Latina


Che
Eu tive um irmão
Não nos vimos nunca
mas não importava.

Eu tive um irmão
que andava na selva
enquanto eu dormia.

O amei ao meu modo,
lhe tomei a voz
livre como a água,
caminhei às vezes
perto de sua sombra.
meu irmão desperto
enquanto eu dormia.

Meu irmão mostrando-me
por detrás da noite
a sua estrela eleita.

Júlio Cortázar (Argentina)




O Nascedor

Por que será que o Che
tem esse perigoso costume
de seguir sempre
renascendo?
Quanto mais o insultam,
o manipulam
o atraiçoam, mais renasce.
Ele é o mais renascedor de todos!
Não será porque o Che
dizia o que pensava,
e fazia o que dizia?
Não será por isso, que segue
sendo tão extraordinário,
num mundo em que
as palavras e os fatos
raramente se encontram?
E quando se encontram,
raramente se saúdam,
porque não se
reconhecem?

Eduardo Galeno (Uruguai)
//////////

Quando soube da morte de CHE, morava em S.Paulo. A dor, de qualquer perda, num lugar no qual não temos raízes parece maior. Se somos jovens,como no meu caso, foi incomensurável.
Os anos de chumbo aqui,no Brasil, corriam ameaçadores. Aquela jovem mulher, não podia comentar com estranhos sobre seus sentimentos, perdas... a sua dor.
O outro diário de CHE era o título da matéria. Calou-se. Por todos os "motivos" do absurdo cotidiano.
Entretanto, sublimou, fazendo sozinha um pequeno poster, enquadrando um ângulo da capa da revista, com a foto em sépia do jovem e destemido ídolo. Colocou num chassis, encomendado na marcenaria mais próxima e pendurou na parede.
Costumo dizer que ele é o homem mais permanente em minha vida. O que mora comigo há mais tempo. Da parede, sua vida, luta, seus sonhos nunca são esquecidos por mim. Dos sonhos que, ainda, acalento e ... continuam silenciosos são testemunhados por sua expressão de esperança enevoada pela baforada do charuto... quase presente! E, sua boina negra serve para aquecer o frio, quando este atinge a alma.
Na data de hoje, 43 anos após, posso dizer que os versos de Eduardo Galeano e os de Julio Cortázar traduzem os meus sentimentos.

Esperança e orgulho por ter vivido, na mesma época em que ERNESTO CHE GUEVARA, atraiçoado em "la Quebrada del Yuro", Bolívia.
Se querem relembrar mais podem clicar http://www.guevara.com.br/

Bjs
Maysa

PS: Ontem ,dentro da MOSTRA do FESTIVAL de CINEMA do RIO, assisti ao filme A PRÓXIMA ESTAÇÃO, de FERNANDO SOLANAS, cineasta argentino, que sempre sensível e atento, transforma sua arte numa possibilidade para novos entendimentos e horizontes de reflexão, sobretudo dedicada aos jovens.
Trata do desmonte do Estado Argentino, focalizando o sucateamento criminoso da malha ferroviária, pelos grupos nacionais e internacionais à serviço da ganância do sistema capitalista. Seus autores impunes, o desrespeito ao patrimonio do povo trabalhor e consciente de uma NAÇÃO. Algo, que nós, também aqui testemunhamos ...silenciosos demais!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

MANOEL DE BARROS - POESIA PARA VIVER








Sabiá com Trevas

IX

O poema é antes de tudo um inutensílio.

Hora de iniciar algum
convém se vestir roupa de trapo.

Há quem se jogue debaixo de carro
nos primeiros instantes.

Faz bem uma janela aberta.
Uma veia aberta.

Pra mim é uma coisa que serve de nada o poema
Enquanto vida houver

Ninguém é pai de um poema sem morrer

ARRANJOS PARA ASSOBIO, 1982,
in Gramática Expositiva do Chão,
Editora Civilização Brasileira, 1990.




Retrato quase apagado em que se pode ver
perfeitamente nada


I

Não tenho bens de acontecimentos.
O que não sei fazer desconto nas palavras.
Entesouro frases. Por exemplo:
- Imagens são palavras que nos faltaram.
- Poesia é a ocupação da palavra pela Imagem.
- Poesia é a ocupação da Imagem pelo Ser.
Ai frases de pensar!
Pensar é uma pedreira. Estou sendo.
Me acho em petição de lata (frase encontrada no
lixo) Concluindo: há pessoas que se compõem de
atos, ruídos, retratos.
Outras de palavras.
Poetas e tontos se compõem com palavras.


(...)

V

Escrever nem uma coisa
Nem outra -
A fim de dizer todas -
Ou, pelo menos, nenhumas.

Assim,
Ao poeta faz bem
Desexplicar -
Tanto quanto escurecer acende os vagalumes.

(...)

VII

O sentido normal das palavras não faz bem ao
poema. Há que se dar um gosto incasto aos termos.
Haver com eles um relacionamento voluptuoso.
Talvez corrompê-los até a quimera.
Escurecer as relações entre os termos em vez de
aclará-los.
Não existir mais rei nem regências.
Uma certa liberdade com a luxúria convém.


O GUARDADOR DE ÁGUAS, 1989,
in Gramática Expostiva do Chão,
Editora Civilização Brasileira, 1990.


Faz tempo penso nesse homem especial, em sua poesia intrigante. Aprendo e descubro sendas na desconstrução do que insisto em levantar, afirmar, negar ...ver.

Repetindo um querido amigo:

"Como a gente precisa de um muito de poesia para viver".

Se quiser, um pouco mais dessa água cristalina pode clicar e saciar a sede:
http://www.releituras.com/manoeldebarros_bio.asp

bjs
Maysa

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A PRIMAVERA CHEGOU HOJE PARA MIM

Foto Maysa/Meu jardim



A Primavera está começando, hoje, para mim!

Com uma semana de atraso? V. pode estar se perguntando.
Pois acredite - sem precisar explicar nada - já que os sentimentos movem e transformam tudo, em nós: Há e sempre haverá coisas que não se explicam!
A gente passa uma vida para formar a compreensão de que tudo muda, o tempo todo se transforma e, a gente junto...um dia se percebe outra pessoa.
Melhor...pior...não compare. São momentos diferentes. Mas é você! Bem, guardamos marcas identificatórias, indeléveis.
Desconfio que o lúdico nessa caminhada é o imprevisto. Contemos com ele para acreditar no melhor!
Quando não for, lembremo-nos que nada é para sempre...e, só resta esperar que passe a fase complicada.
Viver é também mudar o olhar, o ângulo da observação. O sentimento vai na frente, quase sempre a intuição...Siga-a!
Resistir é preciso! Sonhar, fundamental! Amar, imprescindível! Continuar a busca do que se quer, tarefa cotidiana.
Bem, como já declarei, a Primavera começou , hoje, para mim!!!
Querem que conte?
Faz frio aqui no Rio. Chove, miúdo e forte, a frente fria vai e vem. Qualquer menino(a), ainda, sem a experiência dos livros, diria comigo:
Ah! a Primavera , de fato, não começou.
Tenho pistas plantadas, embaixo, subindo ao segundo andar... A varanda do meu quarto está florida de branco!
São lindas e pequeninas as flores do pé de café. Os frutos vermelhos raream, por entre as folhagens.
A pitangueira, explendorosa em sua floração, salpica em pequenas pinceladas brancas o verde lustroso de suas folhas ovais . É generosa! está à oferecer suas frutinhas vermelhas e docinhas. Por vezes, escapole uma ou outra azedinha. É a surpresa que chega junto com a estação.
O jasmineiro de flores perfumadas brancas, no seu pé, começa a se enfeitar.
Lá no jardim, à entrada da casa, espalho minha alegria, olhando as falsas -iris (!)! São muitas, multicoloridas , já as descrevi por aqui e trouxe foto.
E , há ainda, uma que perfuma minhas noites e encanta minhas manhãs. Um pendão branco chamam-na Lágrimas de N. Sa. Essa planta me acompanha desde meus sete ou oito anos.

Mas, foi a voz suave e encantadora do homem amado que acordou a Primavera em mim.

Nunca é demais repetir: Amar é imprescindível!

Bjs

Maysa

PS: Hoje, também, comemoro a centésima postagem , aqui no Ninho.
Obrigada. Sou muito grata ao que passam por essa morada um tanto virtual e bastante imaginária.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

CECÍLIA para Recomeçar



Foto Viorica/Jardim Botânico/Rio


"Nem tudo é fácil "

É difícil fazer alguém feliz, assim como é fácil fazer triste.
É difícil dizer eu te amo, assim como é fácil não dizer nada.
É difícil valorizar um amor, assim como é fácil perdê-lo para sempre.
É difícil agradecer pelo dia de hoje, assim como é fácil viver mais um dia.
É difícil enxergar o que a vida traz de bom, assim como é fácil fechar os olhos e atravessar a rua.

É difícil se convencer de que se é feliz, assim como é fácil achar que sempre falta algo.
É difícil fazer alguém sorrir, assim como é fácil fazer chorar.
É difícil colocar-se no lugar de alguém, assim como é fácil olhar para o próprio umbigo.
Se você errou, peça desculpas...
É difícil pedir perdão? Mas quem disse que é fácil ser perdoado?
Se alguém errou com você, perdoa-o...
É difícil perdoar? Mas quem disse que é fácil se arrepender?
Se você sente algo, diga...
É difícil se abrir? Mas quem disse que é fácil encontrar
alguém que queira escutar?
Se alguém reclama de você, ouça...
É difícil ouvir certas coisas? Mas quem disse que é fácil ouvir você?
Se alguém te ama, ame-o...
É difícil entregar-se? Mas quem disse que é fácil ser feliz?
Nem tudo é fácil na vida...Mas, com certeza, nada é impossível
Precisamos acreditar, ter fé e lutar
para que não apenas sonhemos,
Mas também tornemos todos esses desejos,
realidade!!!


Cecília Meireles



Com a poesia de Cecília Meireles nunca faço minhas travessias sozinha!
Tenham todos uma boa semana.
Beijos
Maysa

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

PAULÃO SETE CORDAS








É um gênio da raça.

Alto, forte, olhos verdes...inquietos. Gente, só o olhar dá pinta de prescrutador, o que sobra em Paulão Sete Cordas é doçura.
Sabe uma pessoa amável, suave, dedicado musicista e boêmio irrecuperável. Podem acreditar dá prá conciliar, não é Maestro?
Tem defeitos, conheço dois: Fuma , bebe... mas, no meio artístico eles nem são considerados assim. Quase todo mundo pratica os dois prá esquecer uma porção de outras coisas...

Toca, canta, faz primorosa direção artística e musical, em shows memoráveis. Quem o acompanha , fã como eu, percebe que cultiva o compromisso de apresentar os novos talentos e não deixar, no esquecimento, os que já coroaram de êxitos suas carreiras. Cantores, músicos, compositores sabem que Paulão lhes é fiel !
Assim, compartilha doçura e conhecimento musical, nosso maestro, querido músico.

É modesto, reservado e, ainda por cima, acompanha faz tempo outra figura da música brasileira , muito querida, extrovertida e amada: ZECA PAGODINHO.

Quem quiser ver tudo isso, que escrevi acima, em tempo real é só subir as ladeiras de Santa Teresa, bairro boêmio do Rio, nas noites de quarta-feira . Procurar assento, numa das mesas perto da mesa dos músicos e deixar a tristeza e a alegria, de pazes feitas e mãos dadas!

O restaurante é o SOBRENATURAL, a dona - a querida e guerreira SÉRVULA- que por vezes alegra as nossas noites e, tímida, dá uma palinha , a voz e o canto de cabrocha inconfundíveis.
Como fazíamos na década passada.

Ah! o horário em que tudo isso de bom, começa: lá por volta das 19 hs. Antes, os músicos que acompanham Mestre Paulão já estão no batente.

É ver para crer.
Um Rio de música, paz, comunhão entre gerações e, gente como todos nós que trabalha duro para viver e ser !

Bjs

Maysa

domingo, 20 de setembro de 2009

SOLIDÃO E PREGUIÇA



Foto: Vio/JBotânico/ Rio



Recupero-me das duas, neste final de Domingo, convivi com elas, todo o dia.
Não, não é fácil admitir: primeiro a existência e depois a invasão cometida.
Declaro, em baixo e bom som, que se pode sair ileso da convivência. Mesmo não sendo por escolha, e menos ainda virtual.
Talvez, o inverno em despedida tenha preparado a surpresa.
Sábado não saí de casa. Por preguiça.
Hoje, fiz planos, passeio no Jardim Botânico, leitura de um livro, um texto em gestação...pouco importa, o imprevisto estava para acontecer!
Assim, nesse domingo anônimo, elas aparecem e vem me visitar. Que fazer? afasto os planos para afugentar as duas, abro o coração e a casa, deixo que se espalhem.
Até tirar um cochilo à tardinha tirei. Nada mal e raro, o incentivo de Dona Preguiça.
Se fugia de uma, encarava a outra.
Escrevi para remediar o mal. Resultado o ócio foi produtivo.
Descobri que fiz isso muito tempo em minha vida.
Trabalhei em solidão e quantas vezes com preguiça! Doida para tirar uma soneca.
Hoje, as duas, com saudade, vieram me ver.
Boas amigas, espero que tenham se saciado pois as acolhi bem, mas
chega de pernas pro ar! Seu Ascenso Ferreira


FILOSOFIA
(A José Pereira de Araújo - "Doutorzinho de Escada")

Hora de comer — comer!
Hora de dormir — dormir!
Hora de vadiar — vadiar!
Hora de trabalhar?
— Pernas pro ar que ninguém é de ferro!

Se quiserem ler OROPA,FRANÇA e BAHIA é só copiar o endereço http://www.interpoetica.com/ascenso_ferreira.htm

Beijos

Maysa







domingo, 13 de setembro de 2009

XIV BIENAL DO LIVRO DO RIO DE JANEIRO





A
XIV Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, começou sexta feira 11.09, e vai até o dia 20, domingo próximo.
Tenho a forte impressão que vale a pena, entrar na floresta de livros instalada no Rio Centro, zona Oeste da cidade. A mídia descreve-a como um espaço cenográfico criado para o público Infanto Juvenil.
Os Estados Unidos, país homenageado este ano, marcará presença com inúmeros autores, entre

eles o quadrinista Dash Shawn e a autora da série "O diário da princesa", Meg Cabot.
Cada tribo escolherá os eventos que mais lhe atrair: lançamentos de livros, debates de temas que interessam aos educadores,
aos leitores de todas as idades. Encontros com autores. São mais de cem escritores brasileiros convidados, e seus interessantes depoimentos... sobre o fazer, o criar.
Se imaginarmos o que acontecerá na reunião de tantas pessoas em torno desse objeto do desejo dos mais fortes... valerá o sacrifício do deslocamento, nesse domingo de sol, com praia e trânsito indigesto.
Eu vou e digo logo meu interesse, além das surpresas que imagino possa encontrar.

Programa da Maysa-hoje - Domingo 13.09

1 - 17hs às 18hs Forum do Professor, com Rui de Oliveira. Leitura imaginativa a partir do livro Pelos Jardins de Bóboli.
Local: Espaço da Leitura. Estande do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação(FNDE).
Pavilhão 4 Verde. Stand: R23520


2 - 18.30 - A mesa redonda do convite acima: Tema: O que é a qualidade do livro infanto e juvenil ? com a palavra os escritores e ilustradores.
Autores presentes: Bartolomeu Campos de Queirós, Gustavo Bernardo, Odilon Moraes, Rui de Oliveira, mediadora Ieda de Oliveira. Promovido pela Editora Cultural do Livro (DCL)
Local: Auditório Cora Coralina, no Pavilhão Azul.

Levo comigo, para os ambicionados autógrafos, três livros:

1 - Por parte de PAI, Bartolomeu Campos de Queirós, Ed. RHJ
2 - CHAPEUZINHO VERMELHO e outros contos por imagem , Rui de Oliveira , Ed. Companhia das Letrinhas
3 -PROCURA-SE LOBO , de Ana Maria Machado , Ed.Ática.

Tenham um bom Domingo e... depois conto o que foi minha visita à floresta de livros.
Beijão em cada um !

Maysa

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

NÃO HESITAVA UM SEGUNDO - ANA MOURA









AMOR, caminha em nós!
Vezes perto, outras distante...
Um só sentimento ...
de formas várias
A gente nunca sabe
o que pode acontecer ...
para onde está a nos mover!

Maysa - 10.09.09


"Entre o teu anel de prata e todo ouro do mundo escolheria o que é teu , não hesitava um segundo".

O fado é atemporal, exprime um dos muitos mistérios e nuances dos sentimentos. Para os que apreciam, não há o que dizer, só ouvir e sentir.
Adoro fado. Essa nostalgia, que exalta, o amor não correspondido, distante, ou que está no fim.

Desde a temática à melodia envolvente, tudo o que é transitório passa a ser permanente, atrai nosso coração. Passa... acaba? Que digam as letras dos fados...

A música, junto com os portugueses e sua cultura, aqui se amalgamou, deu frutos mais que exóticos, exuberantes.
O tema do amor exibe a nossa saudade: uma filha européia/africana! Dessa origem, de sensualidade misturada à tristeza nasce o encanto, a poesia.
Curtam a Ana Moura! É uma excelente fadista!

Estou procurando, cantado por ela, o Fado Pessoano. Alguém tem?





Um beijo carinhoso e viva o FADO!!!
Maysa

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

PÁTRIA MINHA - VINICIUS de MORAES






Pátria Minha


A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.

Se me perguntarem o que é a minha pátria direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.

Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias pátria minha
Tão pobrinha!

Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contato com a dor do tempo, eu elemento
De ligação entre a ação o pensamento
Eu fio invisível no espaço de todo adeus
Eu, o sem Deus!

Tenho-te no entanto em mim como um gemido
De flor; tenho-te como um amor morrido
A quem se jurou; tenho-te como uma fé
Sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito
Nesta sala estrangeira com lareira
E sem pé-direito.

Ah, pátria minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova Inglaterra
Quando tudo passou a ser infinito e nada terra
E eu vi alfa e beta de Centauro escalarem o monte até o céu
Muitos me surpreenderam parado no campo sem luz
À espera de ver surgir a Cruz do Sul
Que eu sabia, mas amanheceu...

Fonte de mel, bicho triste, pátria minha
Amada, idolatrada, salve, salve!
Que mais doce esperança acorrentada
O não poder dizer-te: aguarda...
Não tardo!

Quero rever-te, pátria minha, e para
Rever-te me esqueci de tudo
Fui cego, estropiado, surdo, mudo
Vi minha humilde morte cara a cara
Rasguei poemas, mulheres, horizontes
Fiquei simples, sem fontes.

Pátria minha... A minha pátria não é florão, nem ostenta
Lábaro não; a minha pátria é desolação
De caminhos, a minha pátria é terra sedenta
E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular
Que bebe nuvem, come terra
E urina mar.

Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um libertas quae sera tamem
Que um dia traduzi num exame escrito:
"Liberta que serás também"
E repito!

Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
Que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria minha, e perfuma o teu chão...
Que vontade de adormecer-me
Entre teus doces montes, pátria minha
Atento à fome em tuas entranhas
E ao batuque em teu coração.

Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez.

Agora chamarei a amiga cotovia
E pedirei que peça ao rouxinol do dia
Que peça ao sabiá
Para levar-te presto este avigrama:
"Pátria minha, saudades de quem te ama...
Vinicius de Moraes."

"Vinicius de Moraes - Poesia Completa e Prosa", Editora Nova Aguilar - Rio de Janeiro, 1998, pág. 383.


O poeta Vinicius de Moraes foi , na minha adolescência, o homem mais querido e importante que tive , depois de meu pai. Um ídolo tem presença mesmo quando a distância não pode ser transformada em convívio.
Virou pesadelo dos cuidados maternos e até promessas para, a menina que eu fui, nunca chegar à conhecê-lo foram evocadas.
Hoje, muitos 7 de setembros depois, me presenteio e compartilho com vocês, a poesia , a delicadeza de um um homem que soube me encantar desde os 14 anos. A arte tem esse dom. Mas se viver é um dom, encantêmo-nos!

Para sempre, Vinicius viverá em cada adolescência precoce ou tardia, em cada saudade das muitas formas do amor .
Aqui, nossa pátria tão envergonhada, pelo momento em que exilava, dentro ou fora, os brasileiros que não comungavam com o regime , a voz do poeta nos representa, com o mesmo amor e saudade ...do que não foi... possível.

Hoje, o poema ressurge com todo o afeto que se encerra em nosso peito juvenil ! Não ficou datado.

Talvez fosse possível um manifesto de amor à nossa patriazinha querida, amada , quem sabe na próxima campanha política ! Excluindo os governantes que nos envergonham, nos roubam, trapaceiam.
Os políticos que não respeitam os direitos dos brasileiros à educação, saúde, cidadania...a alegria, por que não?
O poema de Vinicius poderia ser o primeiro passo para o manifesto. Cartilha, beabá para todo homem( mulher) público(a).
Pois é do amor ao Brasil que trata. É de um sentimento genuíno de afeto que faz muita falta em nossas vidas e no nosso dia a dia .

Porisso repito Vinicius:

Se me perguntarem o que é a minha pátria direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.


Por último:
Conselho de carioca, que não gosta de alimentar tristeza, cliquem
aqui está muito mais para luz, sal e água!


Beijos

Maysa