quinta-feira, 24 de novembro de 2011

POEMINHA PARA VIVI - MAYSA MACHADO

Ed Sartori/Manacá e o Pão de Açúcar/Rio










POEMINHA PARA VIVI

Maysa Machado



A primeira canção, a primeira flor.
O sim e o não
juntos e separados
avisando que a vida segue
com ou sem nossa presença.
Para tanto querer ou recusa
basta-nos um pouco de sabedoria
alimentada em quietude.
Se puder insista na soma de anos.
Traduzindo os tempos colhidos
em aniversários felizes ou tristonhos.

Santa Teresa, 24 de novembro de 2011

Aos que chegam ou passam por aqui, sugiro um brinde à vida, que se oferece a cada dia, com plenitude e finitude.

Maysa




sábado, 19 de novembro de 2011

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA e DONA IVONNE LARA




Celebrar a alegria, a saudade, a tristeza, o luto. Comemorar a vida. Brindar o imponderável. Aliviar o susto, e contar sempre com a surpresa que vem do amor, com o sorriso saído do nada, com a paz trazida pela mão de uma amizade sincera...
Dona Ivonne Lara sabe dizer melhor ! Samba lindo que só!
A letra está aqui.



Meu abraço e o carinho com amizade . Salve o Dia da Consciência Negra, neste 20 de novembro. Viva o samba carioca.
Maysa

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

PALACIOS,PALACETES E TRENZINHOS

PALÁCIOS, PALACETES E TRENZINHOS
Maysa Machado
Oi, pessoal.Estou abduzida, na Barra, por duas encantadoras meninas. Ontem, escapuli e fui ao Casa Cor, aconselho a quem não foi: vá! Acaba amanhã, dia 16.
Do meu jeito realizei um sonho de criança: Tinha muitaaa... curiosidade naquela casa - quando menina - era um palácio, para mim. Ficava em meu caminho da infância, para o Colégio Pedro II - CPII do Humaitá.

Foi bom ter entrado lá, adulta, e num evento de decoração... Nem os antigos donos - com todo o poder de imaginação- a veriam como a vi.

Enquanto isso, retorno às funções de avó, e brinco,transformo idade em meninice tardia...ouço o " trenzinho caipira", na voz da caçulinha Cecília... A vida vai em frente sempre!

“Lá vai o trem com o menino

lá vai a vida a rodar

Lá vai ciranda e destino

Cidade e noite a girar

lá vai o trem sem destino

pro dia novo encontrar

Correndo vai pela terra

vai pela serra, vai pelo mar

Cantando pela serra do luar

Correndo entre as estrelas a voar

No ar, no ar, no ar, no ar, no ar.”

bis!


O Casa Cor é um evento de decoração de interiores. Nesta edição, no bairro de Botafogo, zona sul do Rio, na rua S. Clemente. Palacete com inspiração renascentista que pertenceu às famílias Guinle e Paula Machado.


A escolha da interpretação, pela Adriana Calcanhoto, aqui, foi da Cecília, que antes cantou para a vovó toda a letra, do Trenzinho Caipira, música do Heitor Villa-Lobos e letra do Ferreira Gullar.



Um abraço de feriado meu e da Cecília.

Maysa

terça-feira, 8 de novembro de 2011

BEATRIZ VICÊNCIA BANDEIRA RYFF- 102 anos

Caros amigos de Beatriz


Hoje, ela completa 102 anos. Imagino 102 primaveras, verões, outonos e invernos.

Como sabem, nasceu no dia 08 de novembro de 1909. Em dezembro do ano de2009, comemoramos a data centenária. Delicada e sincera homenagem, na sede da Associação Brasileira de Imprensa, no Rio.

Quieta e serena, sua presença, ainda, vela pelo processo de aperfeiçoamento de nossa democracia, se assim podemos interpretar.

Por liberdades democráticas lutou, esteve presa, escreveu poesias, ajudou os amigos militantes, alegrou-se com os jovens, foi professora entusiasta no Conservatório de Teatro, e como outros brasileiros, sofreu e arriscou a vida nos períodos em que nossa história suprimiu os direitos da pessoa, os direitos humanos que toda nação democrática tem o dever de assegurar.

Uma mulher decidida, dedicada, obstinada. Uma brasileira como a maioria das mulheres: Corajosa, teimosa, de energia inquebrantável... Como poucas longeva!

Salve essa mulher que entrou nas vidas, de muitos de nós, para ficar.

Eu e ela atravessamos, literalmente, o século: Juntas!

Salve Dona Vivi aos 102 anos, completando-se, hoje!

Última presa política, encarcerada no período Vargas, em1936. Companheira de cela de Dra Nise da Silveira, Maria Werneck, e outras destacadas figuras femininas de nossa história contemporânea. Cassada no golpe de 1964, foi impedida de dar aulas no Conservatório Nacional de Teatro.

Bela e destemida mulher, musa de pintores e escritores brasileiros, como Carlos Scliar e Graciliano Ramos, companheira de Raul, mãe de três filhos.

Avó de oito netos, deles... dois sou parte responsável por estarem no mundo. É bisa de cinco crianças lindas. Quatro, nossa descendência, "ajudamos" a trazer, para construir - com esperança - esse novo milênio.

Salve Beatriz!

Amiga de todos os amigos, professora e mestra inesquecível.

Um abraço carinhoso a todos

Maysa

terça-feira, 1 de novembro de 2011

MUITO DIFÍCIL OUVIR O CANTO DOS PÁSSAROS - Maysa Machado

sanhaço rei

MUITO DIFÍCIL OUVIR O CANTO DOS PÁSSAROS

Maysa Machado


Aqui, no antes, era sossegado o lugar. Por isso, escolhi morar, e criar os filhos... De uns tempos prá cá, manhãs e noites se sucedem com excessos, marcas contemporâneas, da ansiosa presença humana.

Fins de semana, sem lei, instituem-se. Violam o ar da noite, atravessam as madrugadas montados nos possantes canhões de sons, vindos de uma casa elegante de agitos urbanos. Não é pouco. Intranqüilos, os ouvidos dos moradores aguardam os intervalos esparsos, que significam volume mais baixo; na hora em que a PM ronda a vizinhança, tentando identificar de onde vem tanto barulho.

Nos feriados, da mesma maneira, equipamentos sonoros, mais modestos, porém em decibéis exaltados, rasgam o impossível de ser rasgado. As interpretações dos artistas populares, suas vozes melodiosas se decompõem em distorções odiosas. A diversão rola na comunidade.

Não existem campanhas educativas que restituam o apreço pela qualidade do viver. Menos, ainda, as que valorizem o silêncio como mestre para algumas descobertas.

Faz pouco, a vida em seus aspectos silvestres encantava os visitantes e moradores desse trecho, do bairro de Santa Teresa. Hoje, a poluição sonora que os homens constroem é sinônimo de quase nenhuma possibilidade de convivência, no mesmo espaço, com outros homens, e com todas as aves, que ao pousarem nos galhos, apresentam seus cantares.

Cadê as balburdias canoras dos sanhaços, sabiás, maritacas, e todos que nos despertavam a cada manhã? Sorrio e me desespero. Os trinados misturando-se aos silvos ,e variados guinchos dos sagüis, dos micos estrela estão desaparecendo.

O tempo passa, leva sonhos, rotinas. As poucas certezas, que ousamos ter. Uma delas era que esse canto do Rio continuaria assim quieto, por mais anos, como sempre fora. Bucólico, feito interior esquecido, paraíso perdido.

Encantamento desfeito.

Na cidade, atualmente, as ações humanas são desempenhadas com intermináveis alaridos, altos e estridentes ruídos. Berros. Chamados exasperados, por alguém que não vem. Buzinas. Campainhas.

Pra que tanto alvoroço? Cadê o lado carinhoso de lidar com o outro, e com o espaço? A elegância do gesto? Cadê a presença da delicadeza no trato? Humanos são animais racionais. Queremos que a razão e a educação dêem conta de tudo?

Do que te queixas mulher? Ninguém mais ouve os astros, nem inventa canções ou madrigais para saborear o amor. Ninguém mais busca inspiração nos fatos vividos, ou na imaginação.

O tempo cobra pressa e admite a cópia. Aceita o falso, o precário. Devolve - te — à conta de empréstimo dos dias procurando saídas e mudanças — problemas sem solução.

Então por que ainda esperas ouvir o canto do sanhaço, do sabiá ou do bem - te-vi?

Vai levanta, corre mais um dia... Ou, menos um dia te espreita. Acorda e vai. O futuro é desconhecido, dele só duas coisas sabes.

Está muito difícil ouvir o canto dos pássaros...

Santa Teresa, 1 de novembro de 2011


Um carinhoso abraço aos que aqui chegam.

Maysa