quarta-feira, 14 de março de 2012

CAI A CHUVA -Maysa Machado




Cai a chuva. Final de tarde, de um final de verão carioca.

Cai com uma suave presença, um jeito maneiro de vir chegando. O calor intenso, abafado, mandou avisar. E a cidade escaldante precisava dessa lavagem. Do frescor de um banho de chuva.

Trovoadas esparsas, a brisa sorrateira entrando pela janela, sem bater portas, e até agora, nenhum raio. Uma chuva que o beiral das casas agradece, em que o barulho das grossas gotas inebria, parecendo sons de notas musicais, pausa, alegro ma troppo... Ronco suave de motor do avião das cinco, saindo do Santos Dumont.

Sonho com uma casa à beira mar, e as ondas encrespadas qual cabelos encaracolados subindo, descendo, espumando de alegria o espaço. Uma casa de praia pra ninguém querer sair, porque a chuva chegou. Uma chuva daquelas que o Tom cantou; uma chuva na roseira, “que só da rosa, mas não cheira a frescura das gotas úmidas... Ah! Você é de ninguém!”
E eu sou da chuva, do banho de alma que ela me traz. E vai saber o poder de quem tem a alma lavada! Só o balanço preguiçoso da rede pode contar.

Um abraço

Maysa


sábado, 10 de março de 2012

CIDADE PERIGOSA - MAYSA MACHADO





CIDADE PERIGOSA


Maysa Machado

Nasci e vivo aqui. Posso dizer que convivo, desde a infância, com as expressões mais legítimas da nossa cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

A primeira delas é a alegria, seguida pela irreverência, e logo acompanhada pela criatividade. Essas características humanas fazem a cidade mais bela. A natureza exuberante agradece nos brindando com dias maravilhosos e noites mágicas, quase sempre. Mas não é só isso!
A cidade tem mais, os governos fazem pouco, e a população - residente ou flutuante - precisa ser mais consciente, solidária, atenta. Um pouco mais civilizada.

Com certa tristeza, acompanho a crescente desinformação, a pouca educação passeando pelas ruas, calçadas, praças, praias, locais públicos em geral. No trânsito quase ninguém respeita placa, sinal, a velocidade permitida.

Campanhas públicas podem minimizar os problemas urbanos, mas o que resolveria, lá adiante mesmo, seria o compromisso de recuperar a escola pública de qualidade, o exercício de cidadania desde a primeira infância.

Enquanto isso não acontece, somos obrigados a conviver com a arrogância de toda ignorância. Ontem, uma amiga e eu, quase fomos cuspidas de uma calçada, bastante movimentada, no Largo do Machado. O jovem ciclista ia “costurando”, sem exagero, por entre pernas e braços de jovens, velhos, crianças, cadeirantes, pedintes, ambulantes...
Indaguei:

— Nem à calçada mais temos direito?

O rapaz fez um ar bastante incomodado com meu protesto, em forma de pergunta, e soltou essa pérola:

— Por que você não se orienta? Se oriente, mulher!

E seguiu orgulhoso... Para o meio fio.

Eu e minha amiga estamos de fato precisando de orientação. Na altura desse campeonato de grosserias urbanas, irresponsabilidades individuais e coletivas somos quase sempre alvos. Nós os cidadãos.
Hoje, leio o jornal e recolho sugestões oportunas e práticas para ciclistas em nossa cidade. As medidas de segurança servem para todos. Pedestres, motoristas, ciclistas. Abaixo o individualismo grotesco!


Um abraço de sábado carioca

Maysa


Para os que se interessam na matéria lida no jornal acessem aqui

quinta-feira, 8 de março de 2012

8 DE MARÇO de 2012 - NISE DA SILVEIRA UMA BRASILEIRA DE VALOR

Nise por Di Cavalcanti/1958

















Nise , jovem em Maceió/Al.















Dra Nise da Silveira, alagoana, mulher corajosa, estudiosa, digna, uma revolucionária.

Transformou as práticas de saúde mental no Brasil, desenvolveu o conceito terapêutico sobre a emoção de lidar.
A Dra. é uma referência em minha vida, desde a infância. Prima de primos de meu pai, também, alagoano. Foi a primeira mulher em Alagoas a se formar em medicina.
Presa política da Era Vargas, esteve na Cela 4, a primeira prisão política feminina brasileira. Em sua companhia algumas ilustres brasileiras, como ela, lutavam por liberdade e democracia.

Eneida- a cronista paraense, Beatriz Bandeira - a poetisa e professora do Conservatório Nacional de Teatro, Maria Werneck - advogada carioca, Olga Benário - militante comunista, Haydée Nicolucci, Elvira Cupello, Elisa Berguer, Eugênia Álvaro Moreyra - jornalista.


" SENHORA DAS IMAGENS INTERNAS”, como Martha Pires Ferreira, organizadora de Escritos dispersos de Nise, em Cadernos da Biblioteca Nacional, a chamou.
“ARQUEÓLOGA DOS MARES", título de livro de Bernardo Carneiro Horta. O autor conta-nos um pouco de sua história, por biografemas - conceito usado por Roland Barthes, e utilizado por Bernardo, para "narrar a existência de forma fragmentada, criativa, vital".


“A dama do inconsciente" é a brasileira que homenageio neste 8 de março de 2012.
Com ela aprendemos muito, e teremos sempre o que aplicar em nosso cotidiano com o outro. Sua obra contém lições que estão, ainda, por serem aprendidas.
Convido a todas e todos: Descubram com NISE A EMOÇÃO DE LIDAR!

Nise é responsável pela criação do Museu de Imagens do Inconsciente, em 1952.
Em 1955 cria o Grupo de Estudos Carl Gustav Jung - GECGJ- que existe até hoje, e se reúne duas quartas-feiras por mês, em Botafogo, na Casa das Palmeiras. Fundada, em 1956.
Instituição pioneira, de portas abertas, realiza acolhimento-dia e atividades em terapia ocupacional, visando a inclusão dos clientes, através da emoção de lidar. Expressão criada por Nise para definir novos conteúdos terapêuticos que transformaram a área de saúde mental.
Ver link abaixo:
http://casadaspalmeiras.blogspot.com/

UM FELIZ DIA DAS MULHERES! UM 8 DE MARÇO SEM VIOLÊNCIA! COM PAZ E PAIXÃO PELA VIDA.

Maysa