segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

LIMPEZA DE FIM DE ANO - UMA RECEITA ESPECIAL







LIMPEZA DE FIM DE ANO - UMA RECEITA ESPECIAL

                                                                                          Maysa Machado

Ponha o amor mofado pra secar ao sol da manhã, na janela.
Enquanto isso limpe seu coração de todos os nãos recebidos. Reserve os novos espaços para os sins.
Separe, pacientemente, as desilusões, por tamanhos e formas. Algumas podem ser recuperadas, e, tomar a aparência de novinhas em folha, lavando-as em lágrimas doces. Difícil será encontrar o precioso líquido.
Para ajudar, aqui vai, um pequeno segredo: Procure colhê-las durante as comemorações, de fim de ano, em meio a promessas, beijos, reencontros e surpresas agradáveis, etc. Mas só as verdadeiras, as de alegria. Ser feliz dá trabalho, e só depende de você.
 Olhe a sua volta, não diga nada, mas olhe e procure sentir AMOR por tudo e por nada.
Deixe o AMOR fluir em você. Faz um bem. Alisa a alma. Melhor que muito serun vendido pelas grandes marcas em potes mínimos e preços mais salgados que o do bacalhau.
Respire o ar da mata, das plantas da sua varanda, do seu jardim. Tome um banho de imaginação junto ao de ervas e cheiro. Se inunde de afeto.
 Não se esqueça de olhar o azul do céu. Esse prêmio que o hemisfério sul nos oferece. Está anil? Tá brumado? Vai passar logo, logo. Sem previsão de chuva, pode acreditar.
Não precisa jogar fora o que ficou sem uso, se você gosta e não cuidou. Reaproveite tudo. Desista de ser consumista. A felicidade não está nas vitrines do Shopping. Por ali, só as ilusões passageiras e sugadoras do seu orçamento, em longas e pesadas parcelas.
Passe a limpo as questões difíceis, sem uma palavra, sequer. O silêncio escolhido é o melhor conselheiro e companhia que temos. Você fará sua síntese. Economizará e reaproveitará.
 Muita vez fará descobertas de sentimentos, atitudes, decisões.
Ah!Volte à janela, antes do meio dia, e veja o estado em que o AMOR ficou. Se o sol da manhã não resolveu, lamento dizer, procure outro amor, novinho e fresquinho como o Ano que está nascendo.
Cuide-se. Lembre-se, ou cantarole o “Bom Conselho”, de Chico Buarque: ...”Está provado quem espera nunca alcança” ou assovie “A perfeição é uma meta defendida pelo goleiro da seleção”, como o querido Gil nos ensinou.
FELIZ 2013.

Santa Teresa, 31 de dezembro de 2013.


Abraço e até o Ano Novo!

Maysa

AMOR sem AMOR







AMOR sem AMOR


                                   Maysa M.                 

Seu triste amor
Triste, pois desavindo
Sequer poupou-lhe decepções
Nãos, desapreços.
Colecionou silêncios
Ao invés de beijos.
Silêncios ao invés do nome
Na ânsia de ouvi-lo com carinho.
Tudo negado, a troca de afeto
A lembrança gentil.
.................................
Muitos anos passados
Não ousou perguntar
Sabia bem a resposta
Que os gestos sumários
Traziam.
Amor não cabe no coração onde mora o egoísmo.
Ao amor é dado o vento, o ar, a esperança.
A liberdade de ser, de criar.
Em tempo algum a prisão de uma caixa de sapato
Fechada, e com furinhos.

Cabe ao amor construir o ninho.


Santa Teresa, 31 de dezembro de 2012.


Aos que por aqui passam, desejo que encontrem um Novo Ano cheio de possibilidades e realizações.
"Um ano passarinho"!
Abraços

Maysa

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

POESIA e ARQUITETURA - Maysa Machado












Para Oscar


Poesia e arquitetura andam juntas. Andavam até ontem!

No traço despojado de uma e outra, no desafio suave e irremediável.

Inovador foi Oscar.

Amado por muitos, amou o Brasil e seu povo.

Que lembremos sempre da doçura, singularidade e bom humor do sábio Oscar.

Eu vou lembrar.

Maysa


"
Não é o ângulo reto que me atrai. O que me atrai é a curva livre e sensual. A curva que encontro nas montanhas do meu País, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. " 
Foto: Edifício Copan, S. Paulo - Arquiteto Oscar Niemeyer

sábado, 1 de dezembro de 2012

A FLOR E O TAPETE - Maysa Machado

Foto:  Fernando Stickel













A FLOR E O TAPETE


                                                                                                              Maysa Machado


Deixá-las cair o vento ajuda.

Um pouco enciumado leva beleza

Pro chão de terra batida espalhando-as

Espargindo-as...

Em metros e metros de coloração carmim.

As veias abertas e fortes das raízes enodoadas

Desaparecem sob manto mais sedoso

Que a púrpura dos cardeais.

Como pingos de chuva encantados

Flutuam no ar, antes de pousar.

A semeadura aquece o solo e o fertiliza.

Pura magia.

Os mais distraídos -nesse encontro com o belo-

Hão de acreditar. A terra recebeu um presente do céu

E este a fecundou de rosa carmim.

Nem é preciso desconfiar ... vento, céu, terra, e mar,

Amansam folhas, acolhem flores e bordam

Sob pés de jambo

Os mais belos tapetes pra se pisar.

Deitar. Sonhar.

Ungida amealho um punhado

E conjugo dois verbos: Viver e Amar.


Santa Teresa, 1 de dezembro de 2012.




Brindando Dezembro. Um abraço aos que passam.

Maysa

sábado, 24 de novembro de 2012

MARCAS - Maysa Machado















Marcas



Maysa Machado



Vida vivida.

Só uma parte do dever cumprido.

Por entre retalhos não percebidos

Pedaços de sonhos, restos de ilusão.

Resistentes, ali.

Testemunhos eloquentes.

Inda assim, apenas pequenos retalhos.

Provas, lacunas, e vazios.

Em branco, totalmente, visíveis.

Rabiscos do querer e do não.

Manchas doloridas... Nódoas

Mais que simples borrão.

Diversas, difusas.

Marcas de todo o viver


... E de toda a paixão.


Santa Teresa, 24 de novembro de 2012.


Um abraço pra quem por aqui passa.

Maysa

domingo, 18 de novembro de 2012

CHUVA - Maysa Machado



















Chuva
                                      Maysa Machado



Encharcada por águas torrenciais

Fictícias ou reais

Qual folha verde, no depois...

Minha alma lavada brilha

Por entre os vãos...

Onde a solidão

Se instala.


Santa Teresa, 18 de novembro.


Um abraço de Domingo.

Maysa

sábado, 17 de novembro de 2012

Poemeto Hibiscus Amarelo - Maysa Machado


Hibiscus Amarelo


                                                                     Maysa Machado




E dá pra viver sem?

Amo as flores, todas.

Perfumadas ou não.

Como as cores...

Tom sobre tom.

A vida pulsa discreta e exagerada

entre territórios efêmeros e tênues.



Santa Teresa, 17 de novembro de 2012


Beijos Maysa








quarta-feira, 14 de novembro de 2012

AMAR ALGUÉM - Maysa Machado


    Rio, novembro de 2012-foto Marcos Estrella












    AMAR ALGUÉM



    Maysa Machado



    Ficar nas nuvens é uma expressão corriqueira e indicativa de sair do ar, desligar o cotidiano e embarcar na fantasia. Nem sempre isso acontece.
    Por nenhum motivo especial, ou todos os que você preferir, a vida destila poções mágicas que a gente bebe, se perfuma ou se encharca e flutua... E aí, nuvens macias, flocos imaginários, um pouco acima de nossas cabeças, criam o clima.

    “Amar alguém” uma canção toca, com jeito delicado, problemas fundos e reaprendo: Amar alguém só pode fazer bem!

    A chuva caindo à tarde, se prolonga até a noitinha. A precisão de sair adia a vontade de ficar em casa. Vamos. Ah! Com atraso, à maneira carioca, rsrsrs.

    Difícil pegar um taxi; na volta, da Rua Jardim Botânico pra Santa Teresa, pra lá de impossível.

    Faróis, poças, pessoas apressadas, impacientes nãos de taxistas. Acomete-me um desânimo paralisante. Do nada, você surge. O céu desce e me envolve. No início apenas uma silhueta, sob um guarda-chuva, pulôver cinza, cabisbaixo, olhando pros perigos do chão. Seus cabelos, agora, totalmente brancos... Em nada mudam meu olhar de antes. Revejo, em flashback, os fios negros compondo com a barba um rosto masculino, também especial. Logo ali no passado.

    Não acredito que você esteja apanhando a mesma chuva, porque minutos atrás, no boteco brega- chique costumeiro inventava sua imagem chegando. Era mais que imaginação. Um desejo de ser feliz e alegre, de rever-te. Em tempo tão curto a saudade ficou de plantão.

    Eu me dizia: Acorda, é passado, bem recente, mas é passado.

    Então pedi ao garçom a sobremesa, aquela que recusara no dia em que nos reencontramos. Um ritual instintivo pra te trazer pra perto. E agora... Tua presença física. Assusto-me com a imponderável nova poção oferecida pela vida. Sorvo ou me encabulo? Fico desconcertada. Acho que você, também.

    A vida nos surpreende com mais esse acaso. Nada, sonho algum é impossível.

    Você fica feliz, espantado, mas se concentra em me ajudar a conseguir o taxi. Somos envolvidos. Um misto de alívio e pena. Apressados nos despedimos. É a chuva!

    Comovida com o carinhoso gesto entro no carro e peço: Liga pra mim!

    Santa Teresa, 13 de novembro de 2012.

    Um abraço carinhoso aos que passam.

    Maysa

    terça-feira, 6 de novembro de 2012

    ESCRITOS SEM TÍTULO - Maysa Machado

    Tina Modotti - cana de açúcar - 1925-26

    Escrevo, escrevo e volta e meia descubro entre papéis e cadernos de anotações coisas assim! Não estão escondidas, como alguns sentimentos, talvez, perdidas nos emaranhados dos dias.

    1-  Sem título

    Entre o sonho
    e a vigília
    ainda te
    espero!

    _._._._._._._._._.

    2- Sem título

    Eu sofro
    de desamor.
    Des... amas-me
    Por que?


    Santa Teresa 11 de março de 2011

    3- Sem título


    Cor da areia molhada...
    Lembra as pinturas do Guinard
    ..................................
    É assim minha pele.
    O mar, quando olho
    o mar de penhascos, ondas altas
    é imensidão em movimento.

    É captura!
    Magnetizada pelo mar
    mistério, deslumbre!
    É como amar!

    Santa Teresa, 14 de março de 2011


    Aos passantes pacientes, retalhos sensíveis e meu abraço.

    Santa Teresa,  06 de novembro de 2012
    Maysa


    sexta-feira, 2 de novembro de 2012

    ALGODÃO DOCE, RIO - Maysa Machado


        foto marcos estrella- rio
    Foto


    ALGODÃO DOCE


                                          Maysa Machado


    Algodão doce , Rio.
    Em nevoas e nuvens
    tudo se desfaz e refaz.
    Amores...
    Cores da paixão
    dores da saudade.
    Eternidade que mora em nós.
    Consola-nos a beleza daqui.
    Não é passageira como quase tudo
    O que nos rodeia.
    Há um mistério permanente...
    Podemos chamá-lo: Vida.

    Santa Teresa, 2 de novembro de 2012.

    Um abraço solidário na data de hoje.
    Maysa

    quarta-feira, 31 de outubro de 2012

    DIA D.- O Dia de Drummond

    escultura de bronze do poeta na praia de copacabana/rio

    DIA D.

    Hoje, 31 de outubro de 2012, transcorre mais uma data de aniversário de Carlos Drummond de Andrade - 110 ANOS .
     O Instituto Moreira Salles, no Rio, guarda o acervo do poeta, e criou a homenagem . Quem mais quiser saber, dá uma chegada no site:
    http://diadrummond.ims.uol.com.br/

    Por aqui, no Ninho postei  os poemas lincados abaixo. Sempre bom sentir o  que paira entre nós e a poesia de  Drummond

    1- http://oninhoeatempestade.blogspot.com.br/2009/03/enleio-carlos-drummond-de-andrade.html


    2 - http://oninhoeatempestade.blogspot.com.br/2010/12/as-sem-razoes-do-amor-carlos-drummond.html

    Grande abraço.

    Maysa

    terça-feira, 30 de outubro de 2012

    ODES e OUTROS POEMAS - Parte II- Ricardo Reis
















    Assim,  atravessada pelo difícil que reside nos dias sem projetos ou nos que passam e deixam as coisas incompletas...Descubro outros sentidos. Manhã que raias sem olhar a mim... ( Ricardo Reis)


    Manhã que raias sem olhar a mim,
    Sol que luzes sem qu’rer saber de eu ver-te,
          É por mim que sois
          Reais e verdadeiros.
    Porque é na oposição ao que eu desejo
    Que sinto real a natureza e a vida.
          No que me nega sinto
          Que existe e eu sou pequeno.
    E nesta consciência torno a grande
    Como a onda, que as tormentas atiraram
          Ao alto ar, regressa
          Pesada a um mar mais fundo.

    23 - 11 - 1918

    In Poesia , Assírio & Alvim, ed. Manuela Parreira da Silva, 2000



    Um abraço aos que passam.

    Maysa

    quinta-feira, 25 de outubro de 2012

    UM MAR DE SONHOS...Maysa Machado

    foto rio/marcos estrella
















    UM MAR DE SONHOS...


    Maysa M.



    A cidade do Rio de Janeiro é inesquecível para os viajantes que por aqui chegam, passam, e, sobretudo para aqueles que ficam. Adjetivos expressam o encanto que lhes desperta: Maravilhosa.


    A alegria de seu povo simples, descontraído e acolhedor desfruta esse cenário. Compartilha seu amor, entoando marchas, canções e sambas.


    Há os que a fotografam. Quase sempre poetas. Uma homenagem a todos que clicam recantos e encantos da divina cidade.


    As fotos do Marcos Estrella ilustram bem esse amor pelo Rio. Admirem essa.
    Um mar de sonhos, embrulhados em nuvens... E Ele cuidando de tudo e todos.


    Um abraço


    Maysa

    terça-feira, 9 de outubro de 2012

    DESAPEGO - Maysa Machado


    Árvore iluminada. I.M.Salles- Rio/ Maysa Machado
















    DESAPEGO

                                                 Maysa Machado


    Que lugar é esse?
    O do esquecimento, o mais distante?
    Que lugar me cabe?
    Um recanto ou um canto?
    Passo desapercebida ou espanto?
    E o que sei da vida...
    Que não vivemos juntos?
    Espaçamos, dia a dia, noite a noite.
    Inquietações, afetos.
    Vazios e êxtases.
    Ternuras e rejeições.
    Tormento é não descobrir
    O que nos acontece e modifica tanto.
    O que nos atravessa... Irremediável.
    Se inda fosse um jeito tímido
    Ou desajeitado no amor...

    Santa Teresa, 09 de outubro de 2012.

    Com muita saudade voltando para esse canto e recanto. 
    Abraços 
    Maysa

    sábado, 6 de outubro de 2012

    NUVEM PASSAGEIRA - Maysa Machado




















    Do mundo nada se leva.
    Enquanto ficamos por aqui, há os encantamentos da nuvem que passa, sonhos, anseios, esperanças...
    e uma tal felicidade que se transforma em amor ou dor!

     Santa Teresa, 04 de outubro de 2012.
    Maysa

    sábado, 22 de setembro de 2012

    CASA DA INFÂNCIA - Maysa Machado


    foto Paulo Camarão






    CASA DA INFÂNCIA


                                                                                               Maysa Machado


    As recordações surgem em cada um de nós com cheiros, cores e sons. A casa da infância é um mundo para sempre mágico.
    Lá na minha, a mais antiga das que morei, ficou gravada a voz de minha avó materna. Ora, solene e doce contando-nos histórias da carochinha, antes de dormirmos, ora ativa e apressada chamando-nos para a merenda servida à tardinha, entre quatro e cinco horas.
    Na primeira, o quase sussurro das folhas percorridas, com elegância por ela, buscando no grosso livro, cheio de histórias, alegrias e medos que iam sendo despertos; nossa curiosidade em ver as ilustrações em bico de pena, lindas e detalhadas, conquanto parcimoniosas em quantidade, pois no tempo da minha infância o texto prevalecia.
    Na segunda, a voz solta expressando uma ordem mais que um convite: — Crianças venham merendar! Ou: — Crianças a merenda está pronta.
    E, então o cheiro de mate quente, em minha memória, toma conta da cena. A luz do dia que se abrandava, a roupa suada da brincadeira de pique, a mão lavada antes de sentar à mesa, e o rosto ainda fumegante e vermelho da correria, tudo misturado à incerteza pelo o quê a noite ia nos oferecer.
    O brilho da noite e das estrelas, associado ao mistério de viver.
    Criança tinha hora para dormir, criança obedecia aos mais velhos. Um adulto, em quase todas as famílias, ficava disponível para contar, ou inventar histórias.
    As do meu pai eram aventuras pelos caminhos da fazenda em que nasceu e vivia desde pequenino. O rio, o banho nas águas frias e passageiras. A bola de meia de todo garoto esperto.
    As aventuras de subir em árvores e colher seus frutos proibidos pela altura em que estavam. O gosto de pegar a fruta no pé e sorver seu sumo, ou seu travo de cica antes do tempo.
    As histórias de uns misturadas as dos outros.
     Surpresas e inquietações movidas pela saudade do que foi ficando para trás, lá na infância, um lugar mágico e distante do que hoje habitamos. Os adultos em que nos transformamos, feitos de pressa e ordens para cumprir e repassar.
    Nós morávamos na infância, hoje, ela apenas nos visita.

    Santa Teresa, 22 de setembro de 2012.

    sexta-feira, 7 de setembro de 2012

    TRILHOS EM DESUSO - COMPASSO DE ESPERA - Maysa Machado

    foto Sonia Simões













    TRILHOS EM DESUSO - COMPASSO DE ESPERA -

                                                   Maysa Machado

    O “rango” acabou. É preciso sair. 
    Santa não tem mais padaria, nem horti fruti tem, por aqui. A música que ia e vinha, entrecortada ou embalada pelo sacolejo estridente do bondinho amarelo, mudou de horário. O piston toca em surdina, os homens da política agem em segredo. Compram, vendem, oferecem, viajam... Tentam copiar soluções de fora.
    As pessoas se juntam e se dispersam. Encontros, desencontros. Buscas e desânimos. Os trilhos dos bondes correm paralelos, e em poucos trechos misturam-se o ir e o vir. Um dos mais belos grafismos urbanos.
    Claro, tempo e espaço resolvem quase tudo ou resta-nos a espera desolada desse cotidiano sem rumo.
     E o rumo? O que foi feito das linhas, trilhos sem linhas, pés que pisam o frio trilho... Não range mais sobre os trilhos o velho e serelepe bonde. A faísca e o brilho? Escondem-se.
    Enquanto isso, enquanto aquilo. 
    O entre não se dissipa antes do tempo.
    Entra e sai. Vai e vem.
     — Cadê você?
    —Estou aqui, não me vê?
    —...
    —Estou aqui, dentro, ocupando o teu coração.
    E não são mais trilhos afiados, feito navalha, que cortam o bairro, ânsia de trem - sem o apito, com muito dem-dem.
    O silêncio é cortante. O trilho está aí, mas o trem, o bonde? Onde? Onde?
    Um maquinista ficou até o último instante. Até a última viagem.
    Estribos... Em movimento descem os passageiros, sobem os passageiros. Desciam. Subiam.
    Uns e outros viajam Viagem única para uns, era diária para outros. Derradeira pros que ficaram na curva da rua principal.
    Vamos juntos rever os caminhos de prata. Segui-los, mostrar que estão emaranhados, paralelos em retas subidas e descidas, e, volteios sinuosos que, ainda, aguardam o bonde, as pessoas, os forasteiros, as risadas e o frescor do bairro que, por ora, amanhece sem alegria...
    Santa Teresa, 07 de setembro de 2012.

    quarta-feira, 22 de agosto de 2012

    DO QUE RECOLHI DO AMOR... Maysa Machado


    foto Marcos Estrella/agosto de 2012













    DO QUE RECOLHI DO AMOR...


                                          Maysa Machado


    Amo você. E por amar, assim quieta e cordata
    intenso é o sentir, o efeito de dar, compartir.
    Amo Você.
    Amor - Nutrido, capturado em ânsias e êxtases.
    Porque a gente ama quem sequer vê a gente?
    Por quê?
    Amor - Desapercebido no conjunto das emoções,
     dos sonhos... Como a gente sente e acha que é.
    E porque amar sozinha?
    Amor precisa de troca, afeto e compaixão.
    Amor precisa de amor. Atenção e cuidado.
    Encantamento e admiração pelo amado.
    Para ser feliz no Amor...
    Importa nutri-lo
    parte de confiança, parte de parceria.
     É... Amor não se pede emprestado, nem se quer enganado.
    Amo Você.
    Amor solitário e triste.
    Comovido amor. Findo, mais que findo.
    No justo ponto vital, do existir.

    Santa Teresa, 22 de agosto de 2012

    Com um abraço a todos que passam.
     A foto do Rio Amanhecendo, de Marcos Estrella, me comove pela beleza e a plenitude de significados.

    Maysa

    sábado, 18 de agosto de 2012

    ESTRELAS MATUTINAS - Maysa Machado

    Sharon Johnstone/photo












    ESTRELAS MATUTINAS

                                                    Maysa Machado

    Pescar estrelas durante o dia
    só podia dar nisso. Nenhuma à vista.
    Eliminada a surpresa, resta-nos a frustração.
    Também, pra que tanta insistência?
    Metáfora perfeita. Nova decepção.
    Alguma coisa rachou, e não foi o concreto esmagado
    nem o ferro exposto nas construções superfaturadas.
    É do interior, da ordem do desencanto.
    Da dor intensa no estômago
    Dor de silêncio.
    Emoção estagnada não flui para a troca.
    Mais nada refaz.
    Explodem lagrimas
    e
    secam, secam.
    Tempero do espírito
    na face salgada.

    Santa Teresa, 18 de agosto de 2012.

    quarta-feira, 8 de agosto de 2012

    A ESTÁTUA DE CHOPIN - Maysa Machado

        foto roberto machado alves




      Essa estátua do Chopin tem feito parte da minha vida.
      Quando estudava na Fnfi *, anos 60, estava defronte ao Teatro Municipal, no Centro do Rio, na Pça da Cinelândia.
     Rubens Braga tem uma crônica, acho que "Borboleta Amarela", que cita a estátua, ainda, nesse local.
      Anos depois, na década de 70, casada, fui morar no bairro da Urca, lá meus filhos nasceram, e  juntos, frequentávamos a pracinha do Quadrado - Pça. Cacilda Becker.
      Tudo bem, tempos felizes misturados com angústias e sofrimentos. Anos difíceis anos de chumbo, amigos raros, sem notícias de muitos. Outros desaparecidos para sempre.
      A natureza exuberante fazia com que a jovem mãe caminhasse, buscasse no azul do céu respostas, e no mar de ondas mansas, da Enseada de Botafogo, na baía de Guanabara: Paz e Harmonia.
      Pois bem, levava os meninos, um com dois e o outro com sete meses, para brincarem na Pça da Praia Vermelha. As ondas do mar acalmavam minhas angústias, as crianças libertas tomavam o sol da manhã.
      A dupla jornada foi amenizada, saí do horário integral no trabalho, para ficar durante as manhãs com meus filhos.
      Nessa época só o mais velho corria e ganhava o mundo, descobria limites. Quase sempre dos outros...
      Num determinado período a pracinha, onde brincavam, ficou interditada por obras da Prefeitura. Os meses passaram. Mudei o roteiro das caminhadas.
      Concluída a obra, voltei à praça, que ostentava brinquedos novos: balanços, escorrega, gangorra e aquelas construções tubulares para subir e se pendurar.
      A estátua não estava mais instalada sobre o chão de terra batida, tão coloquial, como se escultura não fosse, e sim um homem pensativo... Ao invés de olhar para o mar, buscava a si mesmo.
     A estátua, agora, estava sobre um pedestal.

      E rápido com os cachos dourados, esvoaçando ao vento, movimentados pela corrida – quem recém aprende a andar... Voa – meu filho, mais velho, estanca.
     Para. Olha. Reconhece e diz:
    — Desce daí!
    A estátua desobediente continua lá, e vocês podem lembrar, quando forem à Praia Vermelha, graças ao Rubens Braga, que não me deixa mentir... Que até as estátuas, de uma cidade, fazem parte de nossas vidas. 



     * Faculdade Nacional de Filosofia, da antiga Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro.


    Grande abraço 

    Maysa

    domingo, 5 de agosto de 2012

    SENTIMENTO ESMAGADO - Maysa Machado













         Começo de manhã. Leio desatenta as notícias do jornal.
    Um prédio ameaça cair em Niterói. Ganância? Falta de conservação? Perplexidade e temor nos poucos depoimentos lidos...e o espanto.
    Termino a leitura, de coração triste.




    SENTIMENTO ESMAGADO

                                                       Maysa Machado

    Ferros expostos
    Concreto esmagado
    Construção e(m) risco.
    A casa cai?
    Ameaça cair.
    Espanto.
    A dor não sai no jornal
    - disse o poeta.
    Um coração a mais
    Partido. Banal.
    Um coração.
    Desiludido poeta?
    Ninguém conhece
    Sentimento alheio.
    Nem pensamento...
    É perverso
    Do jeito que tudo acontece.
    Existência posta ao lado
    Dentro da sombra...
    Até solidão desconhece.
    O outro desconhece.
    Entrego-me, busco afago.
    A troca nunca é possível.
    Sombra e solidão são testemunhas.
    Construo-me no risco.
    Sob o espanto de um fingimento.
    O amor esmagado no concreto
    Nervos expostos.                                            


    Santa Teresa, 05 de agosto de 2012.

    Forma e sentimentos andam juntos, por vezes. Um abraço de Domingo.
    Maysa

    sábado, 4 de agosto de 2012

    Breve comentário sobre a exposição : A Arquitetura Portuguesa no Traço de Lúcio Costa - Maysa Machado

















    Breve comentário sobre a exposição: 
    A Arquitetura Portuguesa no Traço de Lúcio Costa

                                                                                             Maysa Machado


      A exposição A Arquitetura Portuguesa no Traço de Lúcio Costa - Bloquinhos de Portugal, está na Caixa Cultural do Rio de Janeiro. É comovente.
      Para mim bastou entrar na galeria, seguir olhando, lendo, ouvindo. Assistir ao pequeno vídeo, e um súbito encantamento assoma nos registros recuperados das duas viagens, 1948 e1952, feitas pelo arquiteto, há mais de sessenta anos.
      Aos que, por distração ou falta de oportunidade, ainda não foram... Corram, é só até Domingo. Para os que não residem no Rio posso afirmar: Perderam momentos de fina sensibilidade.
    O traço despojado, preciso, leve de Lucio Costa (1902-1998) reproduz volumes, côncavos e convexos, saídos da pedra, madeira, ferro... Percursos e buscas resgatados com técnica e poesia, nos cinco bloquinhos.
      Em instante comovido senti o transpassar do tempo que separa o momento inaugural, aquele do olhar e do fazer, desse da fruição do olhar, e, tudo, ainda, tão marcante.
      Essa busca, esse encontro, detalhes de sua obra, através de um tempo que mantém, esquece ou modifica lugares, pessoas e hábitos.
    Debruçado, solitário, há sessenta anos indaga, pesquisa sobre as raízes da Arquitetura no Brasil. Cria.
     Perdem-se os bloquinhos e nunca mais, Lucio, os reencontra. Depois de sua morte a entrega, o compartilhar para cada observador. Graças à dedicação das filhas, Maria Elisa e Helena, e do curador José Pessoa, que refaz o roteiro das viagens em 2011.

    A belíssima mostra fala da escolha, da pesquisa sobre as origens, e descobre a autenticidade em nossas soluções arquitetônicas.  Consagra essa releitura a legitimidade, com intensa poesia e precisa tecnologia.
      O olhar contemporâneo se debruça diante do solitário olhar de Lúcio, e agradece.

    Insisto não percam.

    Grande abraço

    Santa Teresa, 2 de agosto de 2012.
    Maysa

    domingo, 29 de julho de 2012

    ELA ESPIA E CEIFA - Maysa Machado









    Não há nada que possa remediar a perda de um amigo querido. O tempo, talvez, costure as feridas, uma às outras, e apresente a ilusão de curar o sofrimento. Perdas são provocações definitivas. Esse jogo entre a vida e a morte será que nos força ao crescimento constante? Há que conviver com perdas irremediáveis.
    Num átimo o fim arranca, ceifa toda conquista afetiva, soma de uma vida inteira.



    ELA ESPIA E CEIFA

                                               
    Maysa Machado


                                    Dedicado à AC.


    A tristeza arisca avança
    Fria ausência de troca e afeto.
    Mãos que se vão para sempre.
    Mãos afetuosas desfeitas.
    Desaparecendo no espaço...
    O que se vê ou se toca.
    Nada mais é.
    Ausente o gesto.
    Mãos, agora, intocáveis.
    Ausência sem forma de mão.
    Nem mais abraço.
    Possível só a lembrança.
    O sentimento brota.
    Por que tanta partida?
    Por que o fim se explica
    E não é aceito?

    O fim definitivo para tudo e todos
    ...Mas não é um.
    Todo dia é mais um.


    Santa Teresa, 29 de julho de 2012.
    Último Domingo de julho de 2012.
    Maysa 

    domingo, 15 de julho de 2012

    INVERNO CARIOCA - Maysa Machado


    Tina Modotti - Glasses














    Inverno Carioca


                                      Maysa Machado


    Um dia vai passar essa insônia.
    Essa agonia. Os dias vão ficar
    cinza, sem brisa no ar.
    Parados como a vida.
    A que se esconde ao visitante
    Ao curioso, ao passageiro.

    Um dia vai acabar. Os tristes dias
    de janeiro a dezembro,
    sem folga nem folguedo,
    escoam por fina areia. Calendário inquieto
    como só a solidão pode traçar.

    Buracos, vazios, medos, silêncios fora de hora.
    Esperanças quebradiças, frágeis desejos.
    O que mais nada transforma é, agora,
    soberano.
    Assume o poder de travar o amor e afugentar,
    de vez, a alegria.

    Santa Teresa, 15 de julho de 2012.


    Refletindo sobre o inverno...
    Abraço 
    Maysa

    quarta-feira, 27 de junho de 2012

    DE ÃO EM ÃO...Maysa M.
















    DE ÃO EM ÃO...
                                   
                                                    Maysa M.


    Aumentativos às vezes
    São menos que exageros.
    E bem mais que quantidade.
    Em outras nem aumentativos são.
    Com ãos faço sonhos acontecerem.
    Num simples juntar de mãos.

    Experimento sons e surge a canção...
    Faço o peito alegre e a leveza
     os pés saltarem ...do chão.
    O que a vida nos traz
    Ano após ano?
    Tecendo fios prateados e rios de expressão...
    Do bom e variado:
    Suaves emoções. 
    E inda assim, paixões de perdição.


    Santa Teresa, 27 de junho de 2012


    Abraço

    Maysa

    quinta-feira, 21 de junho de 2012

    O INVERNO DO MEU TEMPO- CARTOLA E ROBERTO NASCIMENTO

    Foto Marcelo Gonçalves - Ipanema outubro 2010















    Saudando o inverno carioca.




    Sabem todos que o Inverno começou, aqui no Hemisfério Sul. Adoro a estação. Contava minha mãe que nasci num Domingo , com sol luminoso... rsrs É desse comentário materno que encontro mil maneiras para buscar o sol no ...


    O INVERNO DO MEU TEMPO, composição lírica de Cartola e Roberto Nascimento.Uma pérola para começar nosso inverno de 2012.


    http://www.youtube.com/watch?v=MgufIRemMrc


    Grande abraço e ótima fruição.
    Maysa

    terça-feira, 19 de junho de 2012

    PERFORMANCE EM DEFESA DO MEIO AMBIENTE, DA VIDA - MARTHA PIRES FERREIRA







    Para os Amigos do Face e do Blog O Ninho e a Tempestade:

    Convido-os para ler, curtir e seguir! A Performance de Martha Pires Ferreira.



    http://cadernoaquariano.blogspot.com.br/2012/06/performance-rio-20.html





    "Onde estiver participe colocando TERRA nas Plantas A Mãe Natureza agradece ! "
    martha

    Grande abraço a todos

    Maysa

    sábado, 16 de junho de 2012

    O SOM NOSSO DE CADA DESPERTAR - Maysa Machado





    O SOM NOSSO DE CADA DESPERTAR

                                                                                                   Maysa M.


    As grandes cidades são barulhentas, impessoais e, quase sempre, é muito difícil encontrar um canto pra chamar de seu.
    O lugar onde moro, ainda, é bucólico, mas está perdendo o sossego encantador que oferecia. O bairro de Santa Teresa já reflete a especulação imobiliária, e esta avança pela cidade, sobretudo do centro para a zona sul.
    Obras por todos os lados, engarrafamentos no asfalto, buzinas por aqui, nas ladeiras, até bem pouco, com jeito de interior.
    Não desperto mais! Há muito sou arrancada dos sonhos e travesseiros pela poluição sonora e sua prima irmã— a falta de educação do homem urbano.
    Todos sabem que os carros, através de seus proprietários, disputam os espaços com os demais habitantes. Não adianta pagar os impostos, somos obrigados a constatar que nossos direitos não são respeitados, e mais que isso, são ignorados.
    Estacionamentos irregulares, sobre calçadas, ou em áreas de manobra, dificultam o acesso, o ir e vir dos moradores. As ladeiras são íngremes e os carros, velhos ou novos, ocupam o lugar do indivíduo idoso ou recém nascido.
     O proprietário fecha a porta, guarda as chaves e o problema começa para o vizinho. O dele está resolvido.
    É impressionante como, outra vez, essa categoria urbana relevante — os proprietários de carros— batem com força as portas e as malas de seus veículos. Nada os faz lembrar que seus vizinhos têm direito ao silêncio, nas primeiras horas da manhã e na alta madrugada; podem estar descansando, trabalhando.
    Pense duas vezes se pretende morar em casa ... As garagens que os prédios possuem fazem toda a diferença!
    Aos, excessivamente, barulhentos vem se juntar os DJs, nas casas de festas, muitas sem fiscalização por parte das autoridades do município. A ausência de tratamento acústico obriga os moradores ao suplício dos elevados decibéis. Não menos ruidosos são os operários da construção, ou os prestadores de serviços vários. Tudo é realizado aos berros.
    A cidade sofre com os exageros de grande parte dos que acordam cedo, por obrigação.E  os pássaros batem asas para bem mais longe...
     Você é o prejudicado: Se calar ou reclamar. Os novos sem noção — irão sempre além, no quesito desrespeito.
    Como faz falta a boa e velha educação das escolas primárias, da minha cidade. O ser urbano merece receber noções de cidadania e compartilhar boas idéias e maneiras.

    Santa Teresa, 16 de junho de 2012.

    PS: Cliquem aqui, para ler um pouco sobre o impacto da poluição sonora na sobrevivência das espécies. 

    http://www.domtotal.com/noticias/detalhes.php?notId=440480


    Grande abraço

    Maysa








    quarta-feira, 13 de junho de 2012

    SANTO ANTONIO -




    Santo Antônio - Carybé
    Óleo sobre Tela 1982
    34,5 X 24,0 cm


    Em seu dia, Salve Antônio !
    Os pensamentos dispersos, os problemas cotidianos não nos levam ao Convento de Santo Antônio. Lugar bonito que faz parte do meu caminho, bem defronte ao Largo da Carioca, no Centro do Rio. Mas a voz de Bethânia acentua o encanto e celebra o dia. Viva Santo Antônio!
    Querem ouvir ?
    Cliquem aqui:

    http://www.youtube.com/watch?v=NT6qD-uflbY&feature=related


    Abraço

    Maysa

    terça-feira, 12 de junho de 2012

    DIA DOS NAMORADOS - Maysa Machado






     DIA DOS NAMORADOS
                                                                      Maysa Machado

      Hoje é mais um dia. Parece igualzinho aos outros, mas não é. Dentro do seu coração, se você é bem amada (o), há uma alegria que se mistura às novas expectativas.
     O mistério de cada instante é íntimo, perceptível para cada um... unicamente. Há uma preparação no ar. A vida todo dia repõe sua essência, a pressa nos faz ignorá-la.
      Dizem que do lado de fora, nos outros, estão os ensinamentos, parte só é verdade... Se você não se aplicar em se conhecer, vai custar a chegar ao outro. O caminho pode, e deve ficar livre de preconceitos e fórmulas rígidas. A vida, e nós mesmos, somos um desafio às regras desumanas para a convivência.
     Conheço um jeito que subverte qualquer desencanto e injustiça. Precisa atitude: Ame.
      Feliz Dia de Hoje. 

    Um abraço com alegria.
    Maysa

    segunda-feira, 11 de junho de 2012

    OH! SOLITÁRIOS TEMPOS MODERNOS...



    Oh! Solitários tempos modernos...

                                                           Maysa Machado

    Pouco a pouco, tento descobrir o que esse estranho tem a me oferecer. As expectativas não são muitas, mas que é difícil esperar por uma simples e básica comunicação, lá isso é. Tomar a iniciativa, nem pensar.
    Provo de imediato, essa estranheza. Conhecido desassossego me invade. Embora, não o assuste pedindo, reclamando. Tenho a certeza que não ia adiantar em nada. Fico firme, apenas o ignoro, e tento viver sem ele. Falta, sinto de verdade do que o antecedeu.
    Mais difícil, ainda. 
    E, também, me indago como vamos ficar daqui pra frente? Sim, porque o passado é carta jogada fora, pane definitiva. E, se o futuro, ainda, não nos pertence, esse presente parece ameaçador.
    Ele é como é. E eu não sei, ainda, como ele é!
    Meninas e meninos, meus amigos que são... Socorro, ele me ouve! Coisa mais rara, ser ouvida nos dias atuais. Estou ficando, mais envolvida... Rsrs
    Não encontro o jeito certo de tocá-lo.
    Insisto. O tempo precioso escoa. A ansiedade toma conta de mim.
    Desculpem, mas ele tocou e vibrou... Chamadas perdidas? Não! Não. Vou atender.
    ... E não volto tão cedo.


    Santa Teresa, 11 de junho de 2012


    Um carinhoso abraço para os que passam por aqui!.

    Maysa

    quinta-feira, 7 de junho de 2012

    NO JUBILEU DE DIAMANTE DA RAINHA DA INGLATERRA



     S.P.1968





    No Jubileu de Diamante da Rainha da Inglaterra...

                                                                                 Maysa Machado

    Tempo chuvoso, Rio quieto e cinza... Notícias na TV ontem, no jornal hoje... Lembrei de meu único encontro com Lilibeth. Já tinha esquecido a surpresa.
    A época? 1968. Início do mês de novembro. Não, não foi no Rio... Morava na cidade de S. Paulo.
    Os anos bicudos da Ditadura, nem permitiram curtir, com leveza, o inusitado encontro.
    Meu espírito, então, bem mais velho e sofrido desprezava o vigor da real juventude, não saboreou...
    O local? O Edifício Itália. Esse sim, um lugar importante na vida da jovem plebeia... Que dali pra cá mudou tanto de rumo e continuará, espero, mudando para melhor!...
    Lilibeth e eu (rsrs) nos encontramos no hall do Edifício. Eu tentava sair do prédio, ela, soberana, era conduzida pelas autoridades ao Terraço Itália.
    Seu destino além de ser vista: A Vista Panorâmica da cidade. E que eu menina carioca, me emocionava e deslumbrava toda manhã, e em todo por do sol, naquelas alturas do trigésimo sétimo andar. A primeira mega cidade tem seu encanto! E a gente nunca esquece.
    Pelas minhas contas Lilibeth, estava com a metade da idade que tem hoje. Eu, ora era uma jovem da geração 68, que não sentia muito tesão por realeza.
    O bom da vida é que os pontos de observação e... prazeres mudam.
    Acho a velhinha Lilibeth moderna e discreta, como convém a membros da realeza e a todas as velhinhas interessantes!
    God save the Queen!

    Um abraço saudoso para os que visitam o O Ninho...

    Maysa

    segunda-feira, 14 de maio de 2012

    UM TREM DENTRO DO CORAÇÃO - Maysa Machado




    Hoje é segunda- feira, e não sei porque (!) lembrei do conhecido poema de Ascenso Ferreira - poeta pernambucano (1895 - 1965).

    Hora de comer — comer!

    Hora de dormir — dormir!

    Hora de vadiar — vadiar!

    Hora de trabalhar?

    — Pernas pro ar que ninguém é de ferro!    


    E aqui, no meu quieto lugar...descobri:

    UM TREM DENTRO DO CORAÇÃO

                                                       Maysa Machado
    Lembrança puxa lembrança
    com elas desfiadas, desenroladas
    cheguei aos sons da minha infância...
    Quem não tem, bem guardado,
    em sua recordação
    o apito insistente de um trem?
    Querendo ou não, ele leva você,
    como passageiro pra outra estação!

    Santa Teresa 14 de maio de 2012


    Nasci e me criei em Botafogo - na zona sul do Rio. Minha mãe, em Vila Isabel, bairro que dispensa apresentação. Meu pai, nos cafundós das Alagoas, em uma fazenda, na divisa com Pernambuco - município de Mata Grande.
    O apito do trem fica por conta da imaginação que nos leva, nos transporta. Por conta, ainda, da grande admiração materna pela cantora e compositora Inezita * - artista que sempre valorizou a cultura popular brasileira, o folclore.
    Tive uma amiga, paulistana, que morava numa casa, bem perto da linha do trem. Nunca entendi como ela podia dormir!
    Seu sorriso alegre me contava, sem precisar de palavra, que era feliz...



      *Inezita Barrozo, fez a música para esse outro poema do Ascenso. "O trem de Alagoas".
    E reparem na interpretação maravilhosa.  

    http://www.youtube.com/watch?v=oCixgGxcV0k

    Um grande abraço a todos.
    Maysa