quarta-feira, 14 de março de 2012

CAI A CHUVA -Maysa Machado




Cai a chuva. Final de tarde, de um final de verão carioca.

Cai com uma suave presença, um jeito maneiro de vir chegando. O calor intenso, abafado, mandou avisar. E a cidade escaldante precisava dessa lavagem. Do frescor de um banho de chuva.

Trovoadas esparsas, a brisa sorrateira entrando pela janela, sem bater portas, e até agora, nenhum raio. Uma chuva que o beiral das casas agradece, em que o barulho das grossas gotas inebria, parecendo sons de notas musicais, pausa, alegro ma troppo... Ronco suave de motor do avião das cinco, saindo do Santos Dumont.

Sonho com uma casa à beira mar, e as ondas encrespadas qual cabelos encaracolados subindo, descendo, espumando de alegria o espaço. Uma casa de praia pra ninguém querer sair, porque a chuva chegou. Uma chuva daquelas que o Tom cantou; uma chuva na roseira, “que só da rosa, mas não cheira a frescura das gotas úmidas... Ah! Você é de ninguém!”
E eu sou da chuva, do banho de alma que ela me traz. E vai saber o poder de quem tem a alma lavada! Só o balanço preguiçoso da rede pode contar.

Um abraço

Maysa


Nenhum comentário: