domingo, 29 de julho de 2012

ELA ESPIA E CEIFA - Maysa Machado









Não há nada que possa remediar a perda de um amigo querido. O tempo, talvez, costure as feridas, uma às outras, e apresente a ilusão de curar o sofrimento. Perdas são provocações definitivas. Esse jogo entre a vida e a morte será que nos força ao crescimento constante? Há que conviver com perdas irremediáveis.
Num átimo o fim arranca, ceifa toda conquista afetiva, soma de uma vida inteira.



ELA ESPIA E CEIFA

                                           
Maysa Machado


                                Dedicado à AC.


A tristeza arisca avança
Fria ausência de troca e afeto.
Mãos que se vão para sempre.
Mãos afetuosas desfeitas.
Desaparecendo no espaço...
O que se vê ou se toca.
Nada mais é.
Ausente o gesto.
Mãos, agora, intocáveis.
Ausência sem forma de mão.
Nem mais abraço.
Possível só a lembrança.
O sentimento brota.
Por que tanta partida?
Por que o fim se explica
E não é aceito?

O fim definitivo para tudo e todos
...Mas não é um.
Todo dia é mais um.


Santa Teresa, 29 de julho de 2012.
Último Domingo de julho de 2012.
Maysa 

2 comentários:

Mitsi disse...

Maysa querida,

Sinto muito por sua perda. Vc está doída, se despetalando...a cuva cai lá fora...o sol volta a brilhar, o sol se põe e volta a nascer, a gente ouve a buzina dos carros e a conversa nas esquinas, até o barulho do mar é o mesmo, as nuvens continuam criando figuras no céu... Nada mudou, e tudo mudou, ninguém sabe o que é sofrer o que a gente sofre, nada e ninguém pode sequer imaginar o que vai lá dentro do coração de quem ficou e viu um amigo partir. Se eu pudesse o traria de volta querida. Conte comigo se eu puder te ajudar com vc merece. Um abraço imenso daqui de Beagá, um beijo muito carinhoso. Mitsi

Maysa disse...

Ah! Mitsi

Eu agradeço a benção da sua amizade. E posso retribuir com o mesmo carinho. É que muitas outras histórias estão acontecendo,e(quase)tudo na vida é fim e recomeço, sem simplificar em demasia, mas aceitando a dinâmica que expressa esse jogo entre vida e morte.
Um beijo
Maysa