terça-feira, 27 de janeiro de 2015

TRÊS DÍGITOS, TRÊS SEGREDOS- Maysa Machado







foto maysa machado/cel.



















TRÊS DÍGITOS, TRÊS SEGREDOS




Para Cecília,


Maysa Machado






A menina alegre conversava com a avozinha. Contavam histórias... que não eram da carochinha.

Em algum tempo a gente descobre que avós e netas não escondem aniversários feitos. E, muitas vezes, lembram as datas de nascimento dos membros da família. Por isso sabem a idade de quase todo mundo, até de quem já se esqueceu a sua.

A conversa segue com gosto e a avozinha diz:

— Ceci, você está quase fazendo nove anos! É uma linda idade!

— Vó! Não é não!

— Como assim?

— Bom é fazer DEZ anos!

— O que? Presta atenção: Esse é o último ano em que você aniversaria em um dígito! rsrsrs

— O que Vó?

— Ano que vem querida chegam os dois dígitos... E aí, babau! As pessoas estacionam.

— É, Vó não tinha pensado nisso.

—Então, aproveita bem os seus nove anos. O tempo contado em um dígito. Mágica primeira infância.

—Vóó! Eu queria tanto que você fizesse três dígitos!!!

— Aí fica mais difícil, Ceci... Mas não é impossível! Sua bisa alcançou.

— E como ela conseguiu?

— Bem, ela me contou um segredo. E, eu tenho outro pra te contar.

— Conta, logo vó! Tô muito curiosa.

— A bisa sempre disse que para ser longeva é preciso um projeto de vida. Uma escolha para cuidar dos outros, ser generoso. E se preocupar com o bem estar de todos. E mais, que não pode ficar olhando para o próprio umbigo.

— Esse é o primeiro segredo?

— É sim. Foi o segredo que a bisa me revelou.

E, Ceci emendou logo com a pergunta:

— E o segundo segredo, vó? Quem te contou?

A avozinha, sorriu, fez um silêncio breve e disse o que descobriu pra Ceci.

— O segundo segredo, minha linda, é rir! Rir muito, ser alegre e sorridente.

A alegria faz muito bem a gente. Com bom humor, com paciência a vida encomprida... Pode, até, fazer alguém alcançar os três dígitos de idade!

— E quando a gente tem tristeza, aborrecimento?

— Ah! Boa pergunta. A gente abraça a alegria, com vontade, bem apertadinho pra ela não fugir. E quando a tristeza chega se aproxima, quer agarrar a gente, sabe o que é bom fazer?

— Não, respondeu Ceci, curiosa ainda mais.

— Empurrar, empurrar pra muito distante a tristeza. Xô! Passa fora!

— Vó... e o terceiro segredo?

— Ah! Esse eu ainda não sei, minha querida. Com o tempo vou descobrir. Aí, te conto.

Será que você aprende antes de mim?


Santa Teresa, 26 de janeiro de 2015.

Abraço aos que passarem por aqui.
Maysa

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