quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

CÉSAR FARIA - violonista




Inda agora, sob o calor intenso que faz em nossa cidade, debaixo de um abençoado chuveiro cantarolava - com o prazer de amadora - a canção TU, composição de Ary Barroso.
Aprendi-a com César Faria. Era meu aniversário de vinte anos! Na sala de estar em nossa casa, no bairro de botafogo, os acordes de seu violão apresentaram àquela menina a voz e a canção, numa interpretação intimista. Foi um dos melhores presentes ganhos por mim. César tinha um olhar doce, um sorriso maroto e uma delicadeza pessoal misturada à sofisticação do espírito.
Sem dúvida tanto ele quanto sua mulher, a querida Paulinha, povoam ainda as nossas vidas e são um prêmio bom de recordar.

Benedito César, violonista por mais de 70 anos, integrante do Conjunto de Jacob do Bandolim - Época de Ouro - partiu, há quase três anos. Deixa-nos muita saudade e a lembrança de suavidade, bom humor e dedicação.

O curioso, prá não dizer emocionante, é que em meio à cantoria do banheiro lembrei-me da data de seu aniversário, jamais esquecida em toda nossa amorosa convivência familiar.
Ontem, dia 24 de fevereiro estaria completando 91 anos.
E por mais de 40, aquela menina agradecia ao amigo querido sua melhor surpresa de aniversário. A voz suave e doce, a descoberta da canção romântica e o violão inconfundível comemorando os verdes vinte.

Liguei para Eliane, sua neta, confirmando a lembrança e sintonia.
Estamos aqui em casa, juntas, celebrando com alegria a data do aniversário de Benedito César para sempre em nosso afeto.


Um abraço,

Maysa


Eliane Faria é cantora desde o início dos anos 90. Filha de Paulinho da Viola, sobrinha do compositor Anescarzinho - do Salgueiro. Neta de Benedito César.Tem um Cd que vale conhecer e ouvir com emoção : ALMA FEMININA.
Se quiser mais sobre a cantora clica aqui



segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

PULSAÇÃO - Por enquanto poesia apenas.







Amo a vida com o meu mais total e devotado amor. Amo-a na alegria e na tristeza, na saúde e, porque não? Na doença ou na paixão. É tudo do mesmo. Ora! não é que tem amor que nos adoece? Então, tô casada com a vida.
Ela é a companhia mais imprevisível que conheço. Oferece surpresas, mimos. Também sabe ser dura e exigente, mas até aqui a gente se entende. Temos uma boa convivência!

Sair assim, em plena vibração, sintonizada com o que há de mais delicado e inteiro... é sorte, benção,aprendizado, um naco de vida reencontrada.
Pulsação é poesia apenas. Para celebrar a vida que me acolhe no olhar carinhoso dos amigos depois de um desencontro desamoroso. O que não trocava, não somava, não queria ser, agora, está renascendo e sendo em mim, de novo.
O sentimento sincero vai ficar. Eterno em meu viver, pois que o AMOR tem mesmo seus motivos para não morrer.
O que um dia,nasce as vezes renasce e ainda pode florescer.

Pulsação é também uma letra de música que fiz à pedido de um músico amigo. Sua melodia está nascendo...está vindo.




PULSAÇÃO


Maysa M.

Pulsa a vida e a canção
Bate e espera coração
Vem o amor sem parceria
Tardo, ardo em solidão.

Marca o surdo esta emoção
Abre – alas, oh! nostalgia
Traz o sonho e a traição
Acorda senhora ilusão

Pulsa a vida e a canção
Desfaz-se a dor e a paixão.
Desperta, clamo em alegria
Liberta toda minha fantasia.



( Ipanema, 25 de janeiro de 2010)

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

MANHÃ DE CARNAVAL- ELIZETH CARDOSO e LUIZ BONFÁ

foto Maysa M.





Hoje é Quarta-feira de Cinzas. O Carnaval de 2010 terminou. Muitos romances começaram assim numa Manhã de Carnaval e ... outros terminaram sem que nem por que!!! antes mesmo da quarta-feira de cinzas chegar!!!

Num dos sambas mais antigos, de Paulinho da Viola, Coração Vulgar , a gente aprende:

Morre mais um amor no coração vulgar
deixa desilusão a quem não sabe amar
e quem não sabe amar há de sofrer
por que não poderá compreender
O amor que morre é uma ilusão
e uma ilusão deve morrer!

É, quando acaba um amor os momentos mágicos fincados na lembrança nem sempre morrem. Quando menos a gente imagina lá está a frase, o gesto singelo e definitivo, o copo gelado da bebida predileta. Tudo diante de você, ou mesmo o silêncio que conta e reconta em cada canto de parede e lugares os sons, agora abafados, do amor. Os olhos perdidos, para sempre, na ilusão.
É, só nos resta esperar pelo próximo Carnaval e quem sabe o próximo amor!

Boa semana, pós Carnaval, para todos!

Escolhi ouvir Manhã de Carnaval, dos inspirados Luiz Bonfá, música e Antonio Maria, letra. Cantada pela divina Elizeth Cardoso

Um abraço cheio de carioquice.

Maysa




terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

É CARNAVAL



A FANTASIA

Maysa Machado


Aquele coração, assim, desnudo não sabia mais brincar.
Fantasmas,fandangos, fanfarras,
fantoches, fanzines
... tudo podia se embaralhar.
Doía tanto e tão fundo.
Tirou o antiácido do bolso.

Criou forma nova de se enganar.
Saiu no bloco, anônimo, porém destaque em originalidade.
Sua fantástica fantasia cheia de brilho,
purpurina e em seda furta - cor desavisava:
A DOR PASSA JÁ!


Santa Teresa, 11 de fevereiro de 2010.

Um abraço de Colombina para os passantes !

Maysa



quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

CARLOS LYRA e CHICO BUARQUE - ESSA PASSOU



Para alguns, neles me incluo, só a música cura a dor de amor, paixão recolhida ou mal resolvida.
Um dia, felizmente, a gente pode exclamar: ESSA PASSOU!
Ou talvez: Passei por essa... e saí viva.

Se não aprendessemos com CHICO e com CARLOS jamais iríamos descobrir que nossa dor correu sete léguas e a sede (de amor?) fez-nos beber sete litros de mar!

Essa Passou

Composição: Carlos Lyra - Chico Buarque

Foi ela que me convidou
Fui eu que não soube chegar
Foi ela que me castigou
Fui eu que não soube chorar
Andei sete léguas de amor
Chorei sete litros de mar
Mas ela não se saciou
Mas ela não soube esperar
Foi ela que me condenou
Sou eu que vou lhe perdoar
Foi ela que tanto pecou
Sou eu que vou me confessar
Foi ela que se ajoelhou
Sou eu que vou ter que rezar
Foi ela que me arruinou
Sou eu que vou ter que pagar
Foi ela que me incendiou
É fogo na roupa contar
É mais um história de amor
Que outro me tome o lugar
Não está mais aqui quem chorou (bis)
Um outro que venha chorar(bis)
É mais uma história vulgar
Mas se ela bater faz entrar
É mais um história de amor
Mas se ela chamar diz que eu vou
Correr sete léguas de dor
Beber sete litros de mar
Pra ela dizer que acabou
Pra ela dizer que acabou
Pra ela dizer que não está
Pra ela dizer que não está
Prá ela dizer que cortou
Prá ela dizer que cortou
Pra ela dizer que não dá
Prá ela dizer que não dá
Pra ela dizer que gorou
Prá ela dizer que gorou
Pra ela dizer que vá lá
Pra ela dizer que vá lá
Pra ela dizer que pifou
Pra ela dizer que pifou
Pra ela dizer que pifou


Album de CARLOS LYRA -" E no entanto é preciso cantar", selo Phillips, com participação de CHICO BUARQUE.



Um cordial abraço.
Maysa

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O TEMPO

Foto Maysa M.














O TEMPO

Maysa M.

A diferença, não está nos outros, encontra-se em teu peito acalentado ou sofrido.
O tempo escorre por entre os dedos. Ouço a expressão, desde pequenina, aplicada para outras preciosidades como fortuna, sorte, amor, beleza.
Para mim, só agora faz sentido... O tempo acaba.
Feito água da chuva, não se pode reter, nem com a mão cheia. Escorre... Escorre.
Feito ducha quentinha saída do chuveiro. Nada além do prazer. Termina-se o banho. A toalha seca à nossa espera. Enxuga-se o quê?
O minuto que acabou de acabar e jamais retornará? A vida escoa silente e não dá outra chance, nem...
Na infância sequer nos apercebemos que o tempo corre célere. Igual para todos é democrático, em parte de seu percurso. No momento derradeiro, não. Onde está o fim? Envolto em mistério, outra história e outro deus, lá no Olimpo.
Se fosse possível escolheria como envelhecer... Feito uma árvore solitária em que a fronde sustenta tempestades e ninhos.
Na condição humana a mais insistente companhia é um tipo de solidão que fragiliza sem apreços ou parcerias qualquer desavisado coração.Tentem esvaziá-lo de expectativas de paixão.
Tentem, tentem. Continuem tentando...e procurem pela boa solidão. Ela existe.
Digo e repito, em silêncio, contrapondo o final feliz dos contos de fadas: Eles nunca foram felizes, para sempre!
Eles? Só eles não. Nós não fomos, não somos.
Então? Nada é para sempre.
Viver pode ser afirmar que sob o manto do tempo, tudo se transforma, destrói, degrada... Mas se reconstrói. Descobre-se.


Ah! O TEMPO brinca...! Escorre, esgueira.
Camaleão transforma ...! Brinca com ele se puderes
Engana-o, vai ser divertido!
Ficar mudo, por um tempo... Ajuda!
O próximo passo é não ouvir, nem voz interior.
Cala-te, não digas quase nada!
Deixa que o mar fale e, se for bravio, esbraveje.
Deixa que o rio corra, por entre matas, forme cascatas e um lago.
Deixa que o silêncio te descubra te aceite e, te encubra dos males desta vida.
Não por tua omissão.
Deixa que o amor fugaz te faça feliz, apenas por um minuto.
...O que já é bom.
Deixa que o vento se dome, e somente, para te agradar
se transforme em brisa.
Deixa que as lembranças balancem , venham, voltem
Esmaeçam, apareçam de surpresa.
Adormece tranqüilo, tu podes ter dormido ou morrido.
É TEMPO de ver!

Santa Teresa, este texto foi escrito em 20 de setembro de 2009


Um abraço a todos.
Maysa

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

SÓ PRÁ LEMBRAR A POESIA de PAULO LEMINSKI






É tudo que sinto


Inverno
É tudo o que sinto
Viver
É sucinto.

x x x x x

Amei em cheio
Meio amei-o
Meio não amei-o

x x x x x

Nem toda hora

É obra

Nem toda obra

É prima

Algumas são mães

Outras irmãs

Algumas

Clima

x x x x x

Vazio agudo

Ando meio

Cheio de tudo


Quem quiser ler mais é só clicar e viajar na poesia do poeta curitibano


Abraço quem por aqui passar.

Maysa

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

FUTUROS AMANTES - CHICO BUARQUE







Futuros Amantes


Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar

E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos

Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização

Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você

PS: O amor renova cada dia e a vida inteira.

Abraço

Maysa




quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

MEU RIO DE JANEIRO





Amo minha cidade. Um amor alegre, quase infantil, solto, leve. Cotidiano.

Também incondicional. Amor com lado de paixão que a gente esconde "prá não dar bandeira".
Cultivo e guardo toda minha emoção neste pedaço de Brasil em que nasci. Desde as ruas, de Botafogo, percorridas na infância às poucas moradas do passado, nos bairros da Urca, Leblon e, hoje, Santa Teresa.

Caminhadas, com ou sem destino, dadas ou que ainda vão acontecer. Esquinas e lembranças frequentes tomam meu coração e o assaltam, algumas são boas outras dolorosas e mesmo cruéis.
Moro aqui desde que nasci. Acompanho a transformação para o bem e para o mal, da minha querida cidade maravilhosa. Testemunho governos e povo numa suspeita união! Já observaram os políticos que nosso povo elege para cuidar da cidade?
Ruas esburacadas, sujeira, falta de educação, pobreza, descaso institucional. Omissão, desinformação.
Comportamentos hostis nos trazem inusitadas situações. À exemplo, fica a pergunta: Por que , predomina, nos homens de todas as idades, o hábito deselegante de urinar nas vias públicas?No período de carnaval que se aproxima vamos usar tapa narinas misturando-os, nas ruas, aos tapa - sexos momescos?

Minha cidade também é uma cidade de passagem! E com frequencia acomete as pessoas num estado de deslubramento e medo.
Espio como os transeuntes a tratam em suas incursões pelos espaços. Será que é amor produzir e jogar lixo em áreas públicas, bueiros, encostas?
Será que é sinal de pertencimento, presença, de expressão criadora pichar muros?
Nada contra os grafiteiros que ilustram, registram.
E o que pensar dos moradores desta linda e aprazível baía que, nas praias, deixam resíduos, detritos para saudarem a natureza bela e acolhedora?
Esqueceram dos donos de cachorros? AH! os animais não são mal educados ... O que comentar sobre seus inocentes e descuidados donos?

Sonho sim com uma cidade limpa, cheirosa, ajardinada por muitos Burle Marx...Tenho a fórmula: Basta que, cada um de nós, aprecie a obra de amor à vida e à beleza que os jardins do mestre entoam! Os pássaros já agradecem, as flores também! E nós fazemos o quê ?


Queria que no peito de cada carioca batesse o amor tão forte que sinto , mas que bate calado, desafinado, como na canção, por que estou só no meu amor.
Só ? Pode ser exagero!
Eu não ando só, só ando em boa companhia, com meu violão, minha canção e a poesia! O carioca, Vinicius de Moraes, já nos ensinou.
De fato tenho companhia.
Quero campanhas muitas! Promovidas por nós cariocas.
Cuide de seu Rio com amor, com carinho. Sorria para o seu Rio.
Quem ama não maltrata!
Só ,assim , até você que não nasceu aqui, mas quer - e pode - se transformar num CARIOCA adotivo, será mais um entre nós. Adote então a nossa cidade com muito AMOR e AÇÃO.

O tal falado Estado de Espírito, certidão de nascimento de alguns habitantes como investidura para ser Carioca precisa de muito amor pela cidade escolhida para viver, amar , passear ou envelhecer e morrer.


Vamos cuidar bem do Rio como cuidamos de quem se ama? Quem sabe , assim, arrancamos as flechas do peito de S. Sebastião?


Abraços carinhosos de uma carioca apaixonada por sua cidade.


Maysa





sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

NINHO






NINHO

(Maysa M.)




Ninho.
Apenas um ninho
Vazio de passarinho
Vazio...
Ninho vazio é ninho
Ou é percepção, indício?

O Senhor Tempo dá destino
À gente, bicho, coisa e...
Até ninho.
Tudo que é ... às vezes não é
Outras, deixa transparecer
O que até, então, procurava ser.
Apareceu. Está aqui, ali.
Escondido em mim em você.
A Tempestade capturou
O breve destino daquele ninho.
As nossas capturam o quê?

Ninhos vazios de passarinho.
Resta-nos a beleza da forma
O símbolo em construção
Abrigo... Origem.
Um outro caminho
Ou um destino travado
Destituído de movimento e intenção.
Desejo confinado no Se...
Eis a nova questão!


Santa Teresa, 21.03.09
(Revisto em 15.01.2010).
Abraços a quem por aqui passar.
Maysa