sexta-feira, 16 de abril de 2010

GRAÇA CARPES - poeta, atriz, clown. Pessoa linda




Ela é mignon. Tem mil jeitos de ser... enquanto respira
faz poesia ! É atriz, clown, fotógrafa, videoasta , contadora de histórias...
Nos conhecemos numa oficina sobre mitologia.
Depois, encontrei-a , aqui em Santa, numa sexta no bar do Marcô com seu cartões poéticos. Recolhi algumas expressões líricas:

- Vagarosamente caminho
o caminho
do coração


- O melhor da vida
são os encontros
encontre-me!


-A qualquer momento
um vento mais forte
vai trazer tua imagem
miragem
miragem


A gente quase não se vê, mas se gosta! li recente uma entrevista sua aqui e para vocês começarem a gostar do que ela escreve reproduzo duas poesias:

Semente




que o semelhante
:
semente ante o outro – espere o broto
perceba a luz da
cor
.
permita que nasça o
diferente
;
ouça a música veja o
som
arome
.
.
.
arome cheiro diferente
,
novo respirar
reaprender
;
reencontrar o princípio de
si
.



Prisma

por que assusta ser
livre e
fecundante
se o prisma
do
poema reflete a
luz
das
manhãs
?
assim como o
oculto em escuridão
da
noite
é
intocável
reconhecível
intocável


Podem acompanhar a arte de Graça Carpes também nesses endereços:

http://pulsarpoetico.zip.net/

www.myspace.com/gracacarpes

http://www.youtube.com/user/gracacarpes

Um abraço carinhoso

Maysa

sábado, 10 de abril de 2010

DE ERIC ROHMER À MANOEL DE BARROS - O CINEMA: IMAGEM E PALAVRA

Dir:Rohmer/ma nuit chez Maud/1969/
Fotografia: Néstor Almendros















Acompanho com emoção e grande prazer a mostra " O cinema de Eric Rohmer", na Caixa Cultural -Rj . A obra do cineasta francês, recém falecido, representa um singular olhar no movimento de renovação da cinematografia francesa, conhecido por nouvelle vague.
Plural sem deixar de ser autoral, desde a temática escolhida, a imagem poética produzida, o lirismo de uma época... está tudo lá. Impossível deixar a platéia distante dos seus personagens, suas angústias, pequenas misérias, ingenuidades e reflexões honestas, sem moralismo. Tudo contado com maestria, mostrado com refinamento estético, elegância e arte.
Suas histórias acontecem, hoje e sempre, com quase todos os hominídeos - fiéis depositários da palavra.
A mostra vai até amanhã, dia 11. Quem passar pelo Rio clique no site da Caixa Cultural-RJ ou confirme a programação pelos jornais.



No entanto, ainda, não vi o premiado documentário sobre o poeta pantaneiro: Manoel de Barros. Não vou perder. Muito bem recomendado à partir do título : Só 10% é mentira. E, claro, da sua obra poética. Palavra tratada com o requinte da simplicidade.
"A invenção é um negócio profundo"...
Querem ver o triller?
http://www.cinesanta.com.br/sodezporcentoementira.htm


Um abraço de sábado carinhoso.
Maysa

quinta-feira, 8 de abril de 2010

O DIA SEGUINTE

foto cel. maysa/ pato na lagoa/25.01.10














O DIA SEGUINTE

Amores. Vidas. Ilusões se acabam.
Há dor que não cessa
parece com a chuva que não passa.
A cidade chora.
O coração sofre.
Por que se deixa
o amor ao próximo
tão longe?
Em que local se planta
um jardim de cuidados?
Em que nuvem branca
estará a promessa de sol?

Santa Teresa, 08.04.10
Abraço
Maysa

terça-feira, 6 de abril de 2010

SIMETRIA NO OLHAR




foto cel/maysa/fundoquintal10.09



" que tormento, mas que tormento, mas que tormento!" fui confessando e recolhendo nas palavras o licor inútil que eu filtrava, mas que doce amargura dizer as coisas, traçando num quadro de silêncio a simetria dos canteiros, a sinuosidade dos caminhos de pedra no meio da relva, fincando as estacas de eucaliptos dos viveiros, abrindo com as mãos cavas a boca das olarias, erguendo em prumo as paredes úmidas das esterqueiras, e nesse silêncio esquadrinhado em harmonia, cheirando a vinho, cheirando a estrume, compor aí o tempo, pacientemente.

Raduan Nassar
in Lavoura arcaica, Companhia das Letras, 3a edição revista pelo autor, cap.8, pág. 50
Abraço
Maysa

domingo, 4 de abril de 2010

FEIRA AOS DOMINGOS !

foto/Vv.mariano/abril2010






A madrugada avança, mas é noite ainda! Posso imaginar o esplendor que se prepara, com suavidade e volúpia, em mais um amanhecer.
A vida contém além...
Raios dourados e alaranjados do sol levantam-se, pipocam os ruídos urbanos que acompanhamos ou construímos sem prestar tanta atenção.
Em caixotes de madeira vão se abrindo formas, cores e cheiros!
O suco está logo ali, cenoura com laranja, morango ou a fruta da estação.
Brilha o sol mais alto do que a linha do horizonte - é dia! Os raios claros da manhã iluminam a multicolorida exposição.
A feira é feita de cor, suor, sons, pregões, muita imaginação.
A faina do feirante instala barracas, toldos, cordas. Pregos aparentes destampam surpresas e sabores.
Há texturas que não só o tato acaricia, mostram-se aos olhos, permitem um passeio e por fim a captura do instante.
O desejo abre o apetite.
- Que tal um bolo de aipim?
-Não, prefiro comer um bobó de camarão!
-Chuchu beleza!
Cozinheiros! o alimento deve ser apreciado antes de comprado. Há quem tenha um ritual para entrar numa feira. Percorrê-la primeiro. Olhos atentos - do começo ao fim!
E, depois que ela termina todo cuidado, motorista, para não furar o pneu no asfalto.
Não esqueçam: Os sonhos serão arrebatados ao sono incomodado em seu ciclo do repouso. Quem consegue dormir sossegado com o som da feira?
É domingo na Glória.


PS: Esse texto fiz para a foto recebida de Vv.mariano. É uma brincadeira nossa, nova e está aberta aos que por aqui passam. Vv. gostou?

Abraço
Maysa

PÁSCOA






F E L I Z












P Á S C O A



Para todos

Maysa

sábado, 3 de abril de 2010

ALELUIA


Pela manhã pretendi postar a ALELUIA DE HÄNDEL, ou a de MOZART.Não consegui. As modificações no Youtube me desarticularam. É por isso que me nomeio uma blogueira principiante. Então num sentido diferente do que imaginava passo por aqui e deixo meu abraço de sábado de ALELUIA.
Revi, hoje, as comemorações de Aleluia, no Centro do Rio, feitas por vários grupos do Maranhão, radicados aqui no Rio, entre eles o Brilho de Lucas, as Caixeiras do Divino. Tudo lá na Rua do Mercado. Foi maravilhoso! Ver o Boi. Tirei fotos que logo, logo mostrarei a todos.Por enquanto fiquem com este vídeo de 2007
Um abraço

Sugiro uma visita ao site do grupo as tres marias sobre o Boi Brilho de Lucas. Aqui

Maysa


sexta-feira, 2 de abril de 2010

SEXTA-FEIRA SANTA

Flores para CHE/ Foto cel./ Maysa M.2010



É uma sexta-feira diferente. Sempre assim. Nela, a cada ano, há surpresas visíveis e outras que só nos dizem respeito. Dessas, não falo para confirmar o significado pessoal e instransferível de algumas vivências e descobertas que temos, e só à nós devem servir.

Mas sensações da infância, vêm à tona. Relembro uma ou outra. Conto a primeira.

Em criança, bem pequena, acompanhava minha mãe à igreja e tinha uma vontade louca de fugir do templo, para não ver a imagem, em tamanho natural, do Cristo Morto.

Era um sofrimento atroz. Pavor e dor. Sangue representado com a maior verossimilhança, afugentava o meu sangue-frio o mesmo que a cultura nos exige como dom maior.

Fechava os olhos. Sentia, então, o calor da mão de minha mãe, e assim ficava na extensa fila para beijar o Cristo Morto.

Era tão cálida aquela mão, sensação de tanta segurança me passava que sofria um pouco menos. Mas já sabia o que nos aguardava no fim da fila: Aquele homem frio.

Frieza dada pela morte, ausência, distância definitiva para nós crianças ou adultos.

Difícil era aceitar, como verdadeira, a versão de que na mesma semana ele estaria ressugindo e subindo aos céus...

Vida de criança tem momentos muito difíceis...


(continuo amanhã)


Abraço


Maysa

quarta-feira, 31 de março de 2010

MIOU- MIOU " A emoção de lidar"

Foto cel./ Bela Miou /Maysa M. 2009

Eram 3 gatinhos recem-nascidos oferecidos numa caixa de papelão.
O dia, 25 de dezembro, Natal do ano de 1996.
Uma vizinha teve a idéia magistral de revelar minha antiga preferência por felinos, à uma estranha, quebrando assim regra de ouro de vizinhança.
Fiquei braba com a inconfidência. Não queria mais criar bicho. Meus planos eram de liberdade. Após o crescimento dos filhos queria voar, passear, descobrir alhures novos horizontes. Deu no que deu. O filho mais novo alquebrou minha resistência. Insistiu. Durou um tempo a queda de braço. O meu coração de mãe inquieto, insatisfeito, aquietou-se.
Ficaram assim Edgar, Nise e Miou-Miou. Amamentei-os em conta-gotas e seringas sob o olhar, desconfiado e surpreso, do farmaceutico à cada vez que comprava mais apetrechos para lidar com os babies gatinhos. E o olhar de desânimo... de um pretendente à namorado.
Tempos depois o filho se prepara para casar e a futura nora decreta: -As gatas não vão!
Sofri. Elas viviam comigo, tolhiam minha limitada liberdade e não encontrava quem se dispusesse a tratá-las com igual cuidado.
Fracassei de novo. Agora, no propósito de doação. Elas foram ficando.
Minhas viagens resumiram-se a qualquer lugar pertinho e, não por mais de dois dias! O filho mais novo, a essa altura casado, longe, bem longe, dos problemas deixados.
Miou sempre foi a mais dengosa, miava bastante pela manhã, assim que me via sair do quarto. Enfiava-se em todos os pares de sapatos que o cansaço me fazia jogar em algum canto quando retornava à casa. Nesses momentos chamava-a de Imelda, lembram-se da 1ª dama das Filipinas?
Foi ela, ainda, quem descobriu o asa-a-asa da passarinha fazendo o ninho, que deu metade do nome deste blog.
Ela era tão rápida nos salto em altura quanto gulosa. Caçava e trazia o resultado, para mim repugnante, com visível orgulho e alegria. Assim, fui apresentada aos restos mortais de um beija-flor, extrai de sua garganta uma cigarra, ainda em pleno canto, e conheci uma coleção respeitável de camundongos.
Passei bons e maus pedaços com a convivência não escolhida e majoritária: Duas felinas e uma pós-humana. O Edgar sumira na semana do casório.
A manutenção de animais é cara, trabalhosa e muitas vezes conflituosa.
Encontrei bons e maus profissionais para lidar com as várias circunstâncias, clínicas quase sempre -apenas- comerciais, resistência de categorias como taxistas.
Lutei comigo mesma, e com meus médicos alergistas, para aceitar tomar medicamentos evitando crises maiores causadas pela intolerância que tenho ao pelo de animal.
No entanto, a semana que passou sofri muito com seu estado de saúde. Definhou em 15 dias, a caquexia produzida por uma neoplasia no fígado, tomou conta da bichana alegre, dengosa, que tinha requintes ainda não presenciados em outros de sua espécie.
Tirava com a patinha, grão por grão de ração e jogava-os certeiros dentro da boca. Se o sol ou a claridade fossem excessivos usava-a para se proteger. Era conversadeira por demais da conta. Invadia minha solidão na maior.Ufa!
Chorei de ficar sem respiração, ontem, dia 30, quando a entreguei nas mãos da veterinária. Não dormi na véspera até tomar a decisão de sacrificá-la.
Mas o que entendi de vez foi a abordagem da Dra Nise da Silveira, quando relacionou o modo de lidar com os sofrimentos dos excluidos da sociedade - por doenças psico-emocionais- à emoção que um animal produz em cada um de nós.
A poeta Adélia Prado sublinha:
Minha mãe achava estudo a coisa mais fina do mundo. Não é. A coisa mais fina do mundo é o sentimento...
PS:
Em homenagem à Miou-Miou, para ilustrar, incluo charge do meu querido amigo Liberati - Gato e Pipa. Gatinha na camiseta lilás de uma amiga e marca da campanha Adote um Gatinho, do blog decoeuração, da Viviane Pontes.





segunda-feira, 29 de março de 2010

A ENSEADA E O RIO ( Um poema de Páscoa)

Baía da Guanabara/ Foto Cel.
Maysa M. /fev. 2010















A ENSEADA E O RIO




Maysa M. 


Pedra. Passeio. Praia. Penhascos
Pedra inteira ou aos pedaços?
Piso mosaicos, sombras
Pés e passos.
Resvalo na grama pouca
Contemplo cada instante
Em mente o conta-gotas
F-o-t-o-g-r-a-f-o!
A Pedra bruta acaricia
Leva e traz pelos ares
Fantasia. Miragem.

Há homens e pássaros!
E o caminho construído
Mirante dos mares.
Céu. Nuvem. Água. Água
Açúcar... Miríades do afeto
oferecido aos netos. Aos filhos.
Ao ninho. Em meu caminho
Vento. Sol. Leve brisa
Percorro a enseada.
SORRIO.

Santa Teresa
29.03.10

PS: Páscoa é passagem