domingo, 12 de fevereiro de 2012

PALAVRAS SEMPRE ME FIZERAM BEM - Maysa Machado

disco de festos/web




Maysa Machado

Palavras sempre me fizeram bem. Costumo lidar com elas tendo como aliado o prazer em decifrá-las. Em descobrir novos significados, usos e desusos.

É ludicidade genuína. Um dom recebido e acalentado.

Algumas quero ouvir, ditas ou sussurradas. Elas podem chegar de várias maneiras até minha sensibilidade auditiva e emocional. Amo seus sons, e só de pronunciá-las, já me sinto feliz.
Por exemplo: Alfaiate. Batuque. Gandaia. Treloso. Liberdade. Pirilampo. Alegria. Noite. Modorra. Afeto. Sabiá...

Essas pularam na frente de outras tantas que amo ler, escrever e ouvir. Espremo o espaço e recebo: Arcaico. Escrita. Tempo. Outono. Amor. Esperança. Afago. Saudade...

Tudo junto e misturado, tal qual sopa de letrinha, que na infância aliava sabor e curiosidade, formando palavras na beirada do prato. Caldo. Quente. Calor...

Quem disse que não faz bem chorar? Uma lágrima vertida tem beleza e silêncio. Então? Lágrima. Silêncio.

O que faz sentido nessa vida senão olhar a volta e perceber que tudo muda, se transforma. Não possuímos nada, nem ninguém. Apenas, desatamos os nós, tecemos teias infinitas, belas ou não. Com umas palavras criamos elos, inventamos, aprendemos, repetimos. Com as mesmas podemos interromper caminhos sabidos e juntos.

E até quando, por impedimentos, não ousamos pronunciá-las, descobrimos que muitas vezes o tempo apropriado já passou.

O Silêncio é frase. Contém significado que não se quer, ainda, revelado.

Santa Teresa, 12 de fevereiro de 2012


Um carinhoso e saudoso abraço de Domingo.


Maysa

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

HAICAI NA SEXTA - ASAS - Maysa Machado







ASAS -Maysa Machado















Aprendendo a viver.

Olho pássaros e nuvens.

Ah! Quem dera voar...


Agradeço. Um haicai é liberdade sutil, privilégio da alma.

Abraço aos que passam.

Santa Teresa, 27 de janeiro de 2012.

Maysa



quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

QUEBRANDO O CLIMA - Maysa Machado


Maestro interrompe concerto por causa de telemóvel
Fotografia © Pedro Garcia/Global Imagens

QUEBRANDO O CLIMA

Maysa Machado

Toques de celular atrapalham muita coisa! A etiqueta para o novo manejo longe está de ser absorvida por seus usuários. Quem dera que os jovens ou pessoas maduras, soubessem usar as fantásticas maquininhas.

Como será que forma e conteúdo desse uso alteram as relações? Sejamos convenientes no trato com a tecnologia adquirida. Conversas reservadas, jamais, poderiam ser gritadas no trajeto de metrô, ônibus, taxi, e filas de qualquer gênero.

Com freqüência assistimos o lugar evidenciado, do celular, à mesa de almoço, entre amigos. É gentil? Será imprescindível e oportuna essa outra pessoa, que não é mera presença virtual?

Usuário educado e amoroso vai pra cama com celular ligado, mesmo no silencioso? É delicado para com o parceiro?

A realidade é que cada um tem seu jeito e reage de forma distinta. Quer arriscar a quebrar o clima? Então tente.

Celular tocando na hora errada pode estragar muita coisa.

No Lincoln Center, na cidade de Nova York, na última terça feira, o Maestro Alan Gilbert interrompeu a execução da Nona Sinfonia, de Gustav Mahler.
O maestro tinha pedido aos músicos para executá-la de modo cauteloso, reservado, prolongado. A Sinfonia é conhecida por ser longa, e concebida por altas doses de emoção. Em meio à apresentação, um Iphone, bem na primeira fila, irrompe no ambiente, quebrando o clima.

Dizem que o proprietário, freqüentador assíduo da sala, não estava bem adaptado com o novo aparelho, configurou o perfil silencioso, mas o sinal que tocou foi o alarme.

O maestro, ainda tentou seguir a peça, mas o ruído não cessava. Então, parou, e comunicou, de forma civilizada, ao proprietário:

— Vamos aguardar.

Depois, em conjunto com as reclamações da platéia, que exigiam a saída do espectador ou o pagamento de multa, no valor de mil dólares, indaga:

— Desligou, ele?

No caso da Orquestra Filarmônica de Nova York, a retomada da peça exigiu do maestro, e de toda a orquestra, a repetição de trechos, já apresentados, da partitura.

“As sinfonias são como o mundo, devem conter tudo”, menos o toque intruso de um celular.

Talvez, seja preciso aprender urgente que, em momentos especiais saborear com enlevo uma récita musical ou um encontro marcado com o amor, é melhor evitar estragos deixando mudo o companheiro das horas mais estressantes.


Um abraço de janeiro.

Santa Teresa, 19 de janeiro de 2012

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

ENCONTROS DESMARCADOS - Maysa Machado

foto da web





Por que nos encontramos? Existem milhões de pessoas no mundo que jamais conheceremos. Tampouco saberão de nós.

Saber e se aproximar de alguém é uma dádiva. Um compromisso de vida respeitar o jeito de cada um.

Ser fiel, a nós e ao outro, ao amor que despertamos. E simples, aceitarmos o vínculo de afeto que nutrimos, busca incansável desde que aqui chegamos.

Não ser dono de quem quer que nos cause esse inusitado afeto. Sentir a entrega como troca, não pertencimento subjugado.

Saímos da anônima existência. E aí?

A completude perdida é mitigada pela amizade, pelo amor. Simples e complexos sejamos honestos nessa arte intensa e fluida que é viver.

Amar é a lúdica possibilidade de receber a alegria de estar vivo. Vida passageira, efêmera, volátil, exercitada a cada dia.
Que os sentimentos puros prevaleçam, desprezando-se as manobras manipuladoras de poder.

Um pouco de sabedoria repetida, internamente: Viva o imponderável ! Nada está sob rígido controle.
Aceite que Viver é perigoso. Agradeça a Vida. Ela brota dentro do nosso coração.

Ah! Século 21, por que vos enganais? Transformando encontros possíveis e mágicos em relacionamentos banais.

Um abraço de janeiro.


Maysa

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O MUNDO GIRA E A LUZITANA RODA - Maysa Machado

mirra criada em vaso, no quintal de casa/by cel/ maysa






"O MUNDO GIRA E A LUZITANA RODA"

Maysa Machado

Lá da memória salta a frase repetida em tom filosófico, na maioria das vezes mesmo, pura pilhéria carioca com o humor lusitano.

"O mundo gira e a Luzitana roda."

O bombardeio de imagens e slogans não havia invadido casas, mentes e escolhas individuais. A sociedade de consumo periférica engatinhava de modo tardio.

A frase feliz caiu no gosto popular, e abriu na imaginação miríades de mudanças. Não só as que a transportadora anunciava, e de fato conduzia.

Salto desse tempo da infância em que rodar era sinônimo de velocidade, e me vejo quietinha, defronte a tela do notebook, refletindo sobre o que fiz nesses primeiros dez dias de janeiro de 2012.

A resposta honesta é: Não sei. Aqui não registrei novos textos. Enrasco-me toda. Como assim? Fatos importantes aconteceram.

Final e início de ano contêm sempre impactos. Pessoas próximas, anônimas ou notórias, partem. Vida e morte se entrelaçam, diante dos olhos marejados ou de olhares secos pelo efeito paralisante do sofrer.

As festas recém findas expressando desperdício, consumismo exagerado, apenas, deixam a ressaca de exageros, em lugar dos mimos sonhados, nos sapatinhos esquecidos na janela.

Janeiro é mês de aperto e múltiplos pagamentos. A vida cobra.

Um novo personagem entra, sem ser convidado, no cotidiano de inquietudes - As decisões adiadas. A vida cobra em muitas parcelas. Juros sobre juros, talvez, nosso refinanciamento mais caro.

E as promessas não cumpridas? A mais próxima está na balança. Madrasta implacável, quase sempre confirma:

— É preciso girar o ponteiro para a esquerda.

Quer mais? Esqueceu da paixão complicada, de anos passados. Ela se reinstala na sua vida, e aí você se indaga:

— De novo?

Então, o que de importante já conseguiu desenrolar, nesse início de ano?

A avaliação seguinte é cruel.

— Há muito por fazer.

O mundo gira e a Luzitana roda, roda, roda.

— Eu preciso voar. Meu tempo, este, não consigo mais ter sob controle. Será que isso só acontece com gente distraída como eu?

Desejo que o Ano Novo, com apenas dez dias, nos traga descobertas, esperanças e promessas diferentes, novas ou não.

Novos olhares, sim, que possam umedecer diante da vida que brota, brota, brota.

Uma cartografia nova da nossa cidade - aldeia, e das gentes.

Um pouco menos de ziguezague. Afetos aceitos, sem rótulos, apenas vividos.
Mais coragem para dizer alguma frase feita e possível de criar mudanças em nossas vidas:

—Não quero. Não posso. Me ensina. Quer saber como se faz? Eu gosto. Eu te amo.

Santa Teresa, 10 de janeiro de 2012.

Com carinho, meu abraço.

Maysa


domingo, 1 de janeiro de 2012

FELIZ ANO NOVO...PASSA O TEMPO - Maysa Machado








Passa o tempo. Os cabelos rareiam ou embranquecem, nos homens. As mulheres quase sempre ficam louras.
Alguns, não importa o gênero, ganham peso. Depois, uma dificuldade para perder o excesso de ansiedade traduzido em sobras de calorias.
Outros, diligentes, cuidadosos não acrescentam uma grama, aos ponteiros da balança, desde os vinte anos.
Conheço dois ou três. rsrs. Aí, sim, importa o gênero.
O que quase todos queremos? Vida longa, saudável, divertida, honrada, amorosa, independente.
Velhice é realidade distante, coisa dos outros. Nem tão cedo pretendemos nos incluir em qualquer lista de...Pior, não pronunciemos o substantivo masculino de cinco letras, embora estejam as mulheres, em nossa contemporaneidade, mais longevas.
Então, chegamos à maturidade. Perdas e ganhos balanceados, tudo é encarado como benção para uns, lucro para a maioria.
As tristezas, as sobras de amor esquecidas numa gaveta, tocadas em silêncio numa faixa de cd, ou vistas num vídeo do You Tube; aquelas escondidas por muito tempo, ainda serão aludidas...em nossa indiscreta memória ou num filme romântico.
Essas provas todas... Servem para lembrar:
O existir exige-nos encarar perdas, algumas irrecuperáveis. A vida é exigente, mesmo. No entanto oferece alternativas surpreendentes.
Quem sabe, por sobrevivência aprendemos a trocar?
Tudo tem jeito e maneira de ficar diferente, de não ser o mesmo, de ser igual e parecer outro... Somos infâncias estendidas, tal e qual, roupa branquinha, na corda da imaginação.
O vento seca brincando... Brincar? Pode ser esse o nosso verbo de ação. Brincar de ser feliz, vai que dá certo!
Então, te convido. Vamos experimentar.
Primeiro, afastando a distância real, depois consentindo que nossas alegrias se troquem e se toquem.
Queria te ver, te imagino. Queria te dar um cheiro, te envio um correio eletrônico - de ano novo. E até essa postagem no blog! Escrita para acordar teu coração.

Com afeto e carinho... Pessoa querida.
UM FELIZ ANO NOVO


Santa Teresa, 1 de janeiro de 2012

Maysa

sábado, 31 de dezembro de 2011





ANO NOVO E FELICIDADE

FELIZ ANO NOVO!

É assim que se diz, não é mesmo? Mas, lá no fundo do coração, sentimos que desejo só não basta! É preciso mais. Esse mais... que não sei o quê é, nem como é, também, não sei onde está... Que você encontre, em 2012.

Então, preserve, compartilhe, esconda, ofereça, crie, invente, segure essa tal de felicidade rsrsrs

Faça o que der na telha, seja muito feliz em 2012!

Só depende de você, de nós...

Um Beijo de Ano Novo

Maysa

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

NELSON FREIRE - DEBUSSY - Clair de Lune

foto dez.2011/maysa/cel



Vamos juntos? Há uma nova travessia. Parece muito com outras já transpostas... a sentimos, em nosso íntimo, única.
Tudo em nossa volta, repetido a cada dia, é único. Dentro de nós, os sentimentos o são, em pulsações diferenciadas...
Quem esquecerá de uma só nota, dessa bela e misteriosa melodia?
Vamos juntos, cada qual em seu ritmo, caminhando o seu passo. Chegar, de novo, à outra margem desse rio - chamado vida - que nos atravessa, modifica e tanto nos oferece surpresas como perdas.
Esse rio de possibilidades e descobertas. Um rio que pode ser também de amor, de carinho, de pessoas que se olhem e se escutem.

FELIZ 2012 PARA TODOS


Obs: O vídeo não está liberado para incorporar. Então cliquem no link para ouvir nosso pianista Nelson Freire. Um verdadeiro presente.



Um carinhoso abraço.
Maysa

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

BILHETE DE NATAL - Maysa Machado




Curtindo o Natal! Vale um bilhetinho:

Para os que a sensibilidade, ainda, não abandonou as celebrações do Dia de Natal são fortes. Alegrias e tristezas misturam-se em doses imprevisíveis. Mas sempre há um jeito de reconciliarmo-nos com os anseios da alma e do corpo.

Ao próximo Feliz Natal !


Um caloroso abraço.


Maysa



domingo, 25 de dezembro de 2011

THE WHIP COMES DOWN - THE ROLLING STONES














Os sons da guitarra esculpindo a melodia... E a constatação da letra trash. Ah! Mais o espírito que não morre, nas saudades que sinto, e no rock dos Rolling Stones, ouvido no trajeto Barra- Gávea, no carro de meu caçula.

É Natal e uma tristeza mansa se instala.

Um abraço

Maysa