sábado, 30 de outubro de 2010

SEM MEMÓRIA - MAYSA MACHADO







Sem Memória


Maysa Machado



O vento forte aqui não sopra, nem uiva.

Bate portas, janelas, derruba plantas

Quebra-as nos frágeis vasos.

Levanta poeiras, dobra centenárias palmeiras

Subjuga, captura e agita

Pássaros em seus vôos.

Diverte-se, e como vingança

Empresta asas às folhas.

Recolhe num único instante

desejos e sonhos de liberdade.

O vento paralisa anseios.

Ciclone ou qual nome tenha

Está lá para os lados do alto mar.

Meu coração engalfinha-se

Turbulência passageira?

Vem a mim teu rosto

Semblante apreensivo

Tua voz ...só melodia.

A tarde de sábado se aquieta

Nublada como meus sentimentos

Recebe o conhecido canto.

Ousados pássaros

Repetem solitários: Bem-te-vi.

O fim de tarde se apronta

Suave e manso sem memória

Nem tormento.


Santa Teresa, 30 de outubro de 2010


Aos que por aqui chegam, um abraço amigo


Maysa

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