sexta-feira, 22 de abril de 2011

MANOEL RIBEIRO MACHADO - ALAGOAS1914-RIO 1997.



ANIVERSÁRIO DO PAI.

Salve a lembrança carinhosa desse alagoano alegre, amigo, trabalhador honrado. Trago até aqui meu orgulho de filha.

Em 20 de abril Manoel Machado fazia aniversário. Tinha que ter festa.

Alegre, amigo... e musical promovia rodas de choro, encontros de samba, na casa de vila, no bairro de Botafogo. Por lá passaram, com carinho e amizade, muitos bambas. Alguns virtuoses, como os violonistas Benedito César Faria e Damásio,ambos do Conjunto ÉPOCA DE OURO, Santiago e Álvaro, os amigos mais antigos companheiros das festas de juventude, os dois últimos cantores respeitados no famoso bairro.

Jonas do Cavaco, Ronaldo do Bandolim, Valter Alfaiate, Nelson Sargento, Violeta Cavalcanti, Monarco, Jair do Cavaquinho, Paulinho da Viola, Paulão Sete Cordas, Paulinho do Violão, Rossine do Bandolim, Mário Pereira - no sax ou na clarineta, Assis-o Six- no cavaco, Valdir do Chapéu de Palha. O pessoal jovem, os que despertaram o bairro da Lapa para, de novo brilhar em muitos palcos. Eduardo Gallotti, Manoela Marinho, Agenor do Pandeiro, Camilo Atiê, Marcelo Gonçalves, violão. E muitos, muitos outros queridos músicos.

Papai nasceu em Mata Grande, interior das Alagoas, filho de fazendeira, que segundo ele, administrava as terras com vocação e pulso. Ficara viúva, três crianças pequeninas, Carolina (Calú), Zeferino, e Manoel- o caçula – órfão de pai, com menos de dois anos.

A mãe jovem e rica, solteira não ficou. Casou com um primo distante. Meu pai ganhou mais uma irmã, Eleonora, seu xodó. Ficou órfão de mãe, poucos anos depois.

E a alegria? sua marca, onde foi que achou?

A convivência entre irmãos perdida, a infância tornara-se árida... A orfandade muda tudo. A casa, o lar, o afeto foram substituídos. Seu destino, então, seria conhecer os internatos freqüentados pelos filhos das famílias abastadas,do estado, na cidade de Penedo. Fugia de todos, não eram muitos. Os tios administravam bens, não sentimentos. Quando chegava, fugido do colégio, os familiares o recebiam como estranho, comia com os empregados. A irmã mais velha casou muito jovem e levou para Recife os dois irmãos menores. O do meio foi para a força militar do Estado de Pernambuco, o caçula fugiu.

Um navio no porto esperava o jovem para a liberdade do mundo sem fim, sem perdas. Clandestino embarcou. Com a cara e a coragem como costumavam dizer. Seu mundo de sonhos comportava só alegria?

O mundo real fez com que se apaixonasse - ainda embarcado - pela visão da cidade maravilhosa. Rindo dava seu motivo para fincar, por aqui, seu destino: A beleza do Rio!

A alegria das pessoas, como a que trazia no peito, descobriu depois. Essas e muitas outras histórias eram contadas em tom épico, aventuras tão bem vividas, quanto guardadas como se fossem medalhas do mérito de amar a vida, tornando-a possível e melhor à cada momento.Se não nos oferecer alegrias, cabe agir de forma aguerrida, enfrentar os desafios.

Pode ser que uma criança criada com liberdade, nadando nos rios, subindo em árvores, e comendo dos frutos, domando animais bravos ou se enternecendo com a chegada dos novilhos, resista. Acho que foi o que se deu.

Adotou o Rio, em 1930, num tempo difícil. Serviu ao tiro de guerra, no posto seis, e aí conheceu seu melhor amigo. Ganhou medalhas e competições esportivas do exército. Pé de valsa frequentou bailes, gafieiras, brincou nos blocos do carnaval. Apaixonou-se pelas ondas do mar, pelos trampolins mais altos, das piscinas, nos vários clubes onde era sócio.

Descobriu e criou esquinas. A profissão o encontrou. Era alegre, gentil, educado. Trabalhou árduo como garçom. Depois foi ser funcionário público.

Aos 28 anos casou com uma carioca, minha mãe. Daí que nasci carioca também. rsrsrs.

XXXXX


Foi tudo que me ocorreu escrever nessa Sexta-feira da Paixão, data associada ao renascimento, com meu pai aprendi as primeiras lições.

Um abraço.

Maysa


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