domingo, 5 de dezembro de 2010

AMOR...ANTES DE TUDO

foto by cel maysa maio 2010






Recordo a lição do dia...

Cantar espanta tristezas, dissipa dúvidas e fortalece a esperança.
Então vamos juntos, e bem acompanhados com Aldir Blanc, hoje, em sua crônica, entoar Nelson Cavaquinho:

"O sol há de brilhar mais uma vez
E a luz há de chegar aos corações.
Do mal será queimada a semente
E o amor será eterno novamente."

Um beijo de Domingo bem carinhoso

Maysa

sábado, 4 de dezembro de 2010

IANSÃ - SANTA BÁRBARA












Uma das matrizes do feminino, não só na umbanda onde é cultuada, é Iansã. Orixá dos ventos e da tempestade... Orixá das paixões e aventuras. Guerreira, sedutora, também protege a fecundidade, a fertilidade do solo.
Sua força, determinação e coragem estão impregnadas em nosso imaginário.
No sincretismo Iansã é Santa Bárbara. Seu dia é hoje, 4 de dezembro. Salve Iansã!
Nós mulheres sabemos de sua beleza, segredos e mistérios. Seu poder, sua paixão...
Senhora da Tarde. Alegre, passional, líder, vaidosa, intrigante.
Dizem que também é vingativa, irritável... Rainha que é.
Mas sempre amorosa, radiante quando roda sua saia ao romper da madrugada! Eparrei Bela Oyá.
Sugestão para suas filhas, em seu dia, vistam-se com uma de suas cores: amarelo, vermelho e coral.
Agradeçam a essa orixá e rainha a coragem que ela lhes dá, a beleza, a sedução, a feminilidade intensa.
E se o dia continuar muito quente levem o leque, abanem-se, saúdem, agradeçam, agradeçam.
Boa comemoração. Eparrei Bela Oyá


Se o interesse for maior visitem o site:



Um abraço a todos
Maysa

POLARIDADES - MARTHA PIRES FERREIRA













Martha Pires Ferreira
Flor Exótica


Polaridades

Uma coisa é o que se diz
Outra é como se diz.
Bipolaridades
como extremidade do bastão.
A ponta que toca o chão
não é a mesma na mão do caminhante.
Interação dos contrários
conduz à síntese.
Não há divisão.

(martha pires ferreira, 1979)



Quem quiser acompanhar os escritos e desenhos da Martha...belos , sensíveis e instigantes é só clicar aqui


Deixo meu abraço carinhoso
Maysa



quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

GRACILIANO RAMOS





Esse fragmento de texto que recolhi é de uma beleza e amor incontidos sobre a arte da escrita. Uma entrevista dada em 1948. O velho Graça sempre retorna aqui n'O Ninho.

Graciliano Ramos, seu autor, é um mestre. Meu desejo é que o jovens possam lê-lo, descubram sua obra.
Nascido em Quebrangulo, interior do Estado de Alagoas; passa alguns anos em Palmeira dos Índios, mais tarde é eleito prefeito dessa cidade, mas renuncia ao cargo dois anos depois. A escrita é seu mundo.
Foi preso , em 1936, em Maceió, sem culpa formada, com a alegação de ser comunista. Enfrenta várias prisões em Maceió, Recife e no Rio de Janeiro. O romance Angústia é publicado, no período de sua prisão na Ilha Grande. Entra para o Partido comunista só em 1945. O clássico Memórias do Cárcere é publicado postumamente.

" Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxaguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota.
Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer".

Um abraço aos que visitam O Ninho e a Tempestade.

Maysa

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

CANÇÃO DO AMOR FUGAZ

photo by Tina Modotti









Canção do amor fugaz


Maysa Machado



Amor assim do nada

Do de repente

Amanhecido na

Solidão desesperançada.

Gera desertos, miríades

Mais que todos

Os aconchegos imaginados.

Adormecido sem sonhos.

Envolto em fugacidades...

Meu corpo cede, tem sede

Cede, sede.

Quer oásis sem fugas

Quer todos os céus de puro brilho

Estrelados, ali

Por testemunho.

O melhor do amor resiste

Espera se apronta.

Promete alcançar a eternidade

Essência do que somos nós

...Frágeis em nossa humanidade.

Nesse percurso surgem medos

Todos os anseios acompanhados

Por imprevistos, enganos

Ah! Carece entrega.


O amor se assusta.

Se desconhece em

Sua aparência tão efêmera.

É paixão e nada mais.


Rio, Santa Teresa, 29.11.2010


A todos meu abraço


Maysa

sábado, 27 de novembro de 2010

CIDADE DE SÃO SEBASTIÃO DO RIO DE JANEIRO


foto by cel. Maysa fevereiro de 2010















Se nossa cidade fosse apenas este belo cartão postal! Mas é tão mais.

Aqui a gente nasce, vive, sonha, perde ilusões. Constrói a vida. Como desejamos que um dia voltasse a ser Maravilhosa!

Já temos o desgaste das horas passadas no trânsito, das omissões do poder público nas áreas prioritárias de educação e saúde, e agora, nas questões de segurança, novas horas em intensa apreensão, por todos, nos aguardam.

Uma Terra em Transe.

Não há paisagem nem corações do bem que resistam! Mas tudo passa! Nada é para sempre! Vai passar...

Enquanto isso governos e transmissões na TV constroem uma outra história para justificar o aparato militar e policial. Comentaristas e personalidades acadêmicas repetem banalidades ou versões peculiares sobre as causas dessa guerra. As políticas de Direitos Humanos são deturpadas. Frágil a nossa democracia.

Ai de ti Rio de Janeiro! Ai de nós cariocas!

Pagamos o elevado preço de tantos e tantos anos sem liberdades democráticas e quando as conquistamos não sabemos como nos livrar dos péssimos governantes, dos péssimos políticos, da péssima herança de violência e arbítrio militar- dos anos de chumbo- incrustada no imaginário policial. Da péssima herança que toda sociedade capitalista impõe.

Avançamos para um Estado policial? será essa a saída? As ruas vão continuar expondo a miséria, sob nossos olhares exauridos ou cegos por tanta injustiça social. Suportaremos mais hipocrisia e desapreço aos fatos históricos? É hora de repudiarmos o faz-de-conta premeditado e que não poderá ficar impune.

Ou vamos nos debruçar fundo em compreender os erros orientados pela sociedade capitalista excludente, submetida, neste transe, ao êxtase do espetáculo?

Business, business!

Varre-se tudo para debaixo do tapete, encontra-se alguns bodes expiatórios. Ninguém de boa vontade aceita as explicações veiculadas para os graves fatos. É hora de pagarmos mais uma fatura, de uma conta que não fizemos!

Quando esses políticos eleitos e reeleitos vão deixar os palanques e honrar os cargos para os quais foram indicados?

O povo solidário resiste.

Que o Domingo seja brando e o atual impasse resolvido sem grande derramamento de sangue.

Deixo meu abraço

Maysa

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

OS ACROBATAS - VINICIUS DE MORAES


Os acrobatas

Subamos!
Subamos acima
Subamos além, subamos
Acima do além, subamos!
Com a posse física dos braços
Inelutavelmente galgaremos
O grande mar de estrelas
Através de milênios de luz.

Subamos!
Como dois atletas
O rosto petrificado
No pálido sorriso do esforço
Subamos acima
Com a posse física dos braços
E os músculos desmesurados
Na calma convulsa da ascensão.

Oh, acima
Mais longe que tudo
Além, mais longe que acima do além!
Como dois acrobatas
Subamos, lentíssimos
Lá onde o infinito
De tão infinito
Nem mais nome tem
Subamos!


Tensos
Pela corda luminosa
Que pende invisível
E cujos nós são astros
Queimando nas mãos
Subamos à tona
Do grande mar de estrelas
Onde dorme a noite
Subamos!

Tu e eu, herméticos
As nádegas duras
A carótida nodosa
Na fibra do pescoço
Os pés agudos em ponta.

Como no espasmo.

E quando
Lá, acima
Além, mais longe que acima do além
Adiante do véu de Betelgeuse
Depois do país de Altair
Sobre o cérebro de Deus

Num último impulso
Libertados do espírito
Despojados da carne
Nós nos possuiremos.

E morreremos
Morreremos alto, imensamente
IMENSAMENTE ALTO.





in Poemas, sonetos e baladas
in Antologia Poética
in Poesia completa e prosa: "O encontro do cotidiano"



Este poema é um dos meus preferidos . Na adolescência achava que a tradução de climax estava na estrofe em itálico. E com tanto individualismo como acreditar no amor?Na maturidade, malhereusemment, confirmo clímax, continua sendo a dois. Mais que isso: Alcançar o infinito só é possível através do êxtase que o amor oferece. Bom...Esse título é lindo:

"O encontro do cotidiano"

Beijo nos que passam por aqui.
Maysa



segunda-feira, 22 de novembro de 2010

VIDA DE AVÓ É PLURAL










VIDA DE AVÓ É PLURAL


Aniversários, prêmios, vitórias, surpresas

Ontem, o dia foi curto prá tanta comemoração... Em nenhuma delas estive presente, de fato. Fiz agradável programação dominical, mas a existência do afeto nos leva e nos traz por caminhos simultâneos, não programados. Ganhamos o dom da ubiquidade!

Corações têm trânsito pleno, liberdade; esperanças inaugurais são tão boas como as renovadas.

Ser avó é também alcançar um estágio de absoluta doçura e celebração intensa. Da vida que pulsa que brilha nos olhos, no sorriso, e aparece até no choro desmensurado de toda manha infantil.

Tenho acompanhado com surpresas, e muito amor o crescimento de cada um dos quatro.

Aniversário duplo: Um neto e uma neta fazendo sete anos. Ô idade maravilhosa! Os aniversariantes são irmãos gêmeos. Temperamentos e travessuras bem diferentes. A menina bolou a coreografia do ballet moderno que dançou. Ficou bonito! O menino dedilha seu violão e se amarra num jogo de futebol. É rápido, agudo, certeiro.

Coisas de avó? Não eles são bons, alegres, saudáveis, criativos e...têm bons pais.Descubro a qualidade e a atenção do amor de avó, sinto-me um pouco sábia, tem uma plasticidade maior que o de mãe. Pelo menos comigo é assim. Vó é cúmplice. Sugere, não dá bronca e... Pasmem é ouvida.Sem você saber por que seus sentidos se alegram com uma pequena e única frase:

-Te amo vó!

É a declaração de amor mais passageira e verdadeira que se conhece!Faz sentido, eles crescem mudam os amores, mas você continuará parte dos afetos primeiros.

A primeira neta dedica-se com empenho ao que faz. E não faz pouco para seus oito anos... Estudo, piano, ballet, golfe, aulas, aulas. Tem tempo, ainda, para treinar com a bicicleta, escrever poemas, desenhar, ficar atenta as conversas dos adolescentes da escola.Ganhou quatro primeiros lugares, em torneios de golfe, nesse domingo encalorado.

A avó, nem sabia, estava solta na vida como diz a letra da juventude, do nosso Chico, aquele dos verdes olhos e muita poesia...

Querem saber? Ser avó é uma vocação.

Não, não esqueci da quarta neta a mais nova, a caçula...conquistou o segundo lugar em sua faixa de idade no golfe, mas conto aos que me lêem um caso. Em seus quatro anos ela atravessa plena crise por espaço, atenção de todos, resultando algumas de suas birras em proibições dos pais.

Depois de uns dias sem comer guloseimas, enfim, recupera esse direito sagrado, e logo se libera da privação, creio que de vez - desenha um lindo e colorido cartaz a que dá o nome: Chuva de pirulitos. E faz chover! chove do céu, das árvores, das mãos das crianças, em todas as cores e formatos de coração, espiral.

Continuo traçando planos bem variados para minha vida, na maturidade. Descobrindo ou valorizando anseios, mas as surpresas da abuelice são incontáveis e saborosas.São feitas de sonhos, sorrisos, lágrimas passageiras, situações cômicas; são dias de descobertas, muito aprendizado com os pequenos.

É de amor a tessitura desse quase retorno à infância.


Então, quem se habilita? O tédio não há de lhes visitar.

Abraços

Maysa

domingo, 21 de novembro de 2010

BÁRBARA PAIS - POESIA

foto delicate galeria Ezlost









Ilusão inalienável


Ora, quero lá saber de chuva,

Do vento que uiva lá fora,

Do rio furioso que transborda,

Dos raios, dos trovões,

De todas as intempéries!

Quero antes aquecer ilusões

À lareira, todos os serões,

De portas e janelas fechadas,

Para que as chuvas ácidas

Que afogam este mundo estranho

No meu mundo nunca entre nada!"



Assim


Se perguntam como vou

Nem sei se saberia saber dizer

que vou assim

como sei ir

sem pressas cada vez menos

sem pressas de chegar

a lugar algum

que saiba saber dizer

assim cada vez menos com um fim

sem pensar

somente a ver

com todos os sentidos

e a gostar

a gostar

( Os dois poemas estão in vida veritas, inédito, 2007)


À sombra das inscrições


Há nas sombras de todas as inscrições
ocultos medos de segredos
que se revelam à superfície da escrita

(in não sei falar de mim, inédito, 2008)

ooo

Um poeta amigo levou-me até a poesia de Bárbara Pais, poeta portuguesa. Agradeço aqui seu carinhoso gesto. Escolhendo algumas descubro um caminho cheio de surpresas, desafios de encantamentos e desesperanças.

Mais Bárbara Pais, no blog VER IN VERSO

http://www.verinverso.com

Um abraço e bom domingo para os que passam aqui n'O Ninho.

Que as chuvas ácidas fiquem suspensas, as tempestades se distanciem e o amor renasça e floresça dentro dos nossos corações amedrontados ...Aquecendo nossas ilusões .

Maysa


quinta-feira, 18 de novembro de 2010

FLOR BELA ESPANCA- CONTO DE FADAS








Conto de fadas



Florbela Espanca

Eu trago-te nas mãos o esquecimento
Das horas más que tens vivido, Amor!
E para as tuas chagas o ungüento
Como que sarei a minha própria dor.

Trago no nome as letras duma flor...
Foi dos meus olhos garços que um pintor
Tirou a luz para pintar o vento...

Dou-te o que tenho: o astro que dormita,
O manto dos crepúsculos da tarde,
O sol que é de oiro, a onda que palpita.

Dou-te, comigo, o mundo que Deus fez!
- Eu sou Aquela de quem tens saudade,
A princesa do conto: "Era uma vez..."


Era uma vez ... quase sempre já aconteceu, mas seria bom repetir! Então, retomamos... O encantamento, a suavidade, o pudor, e o tempo irá se eternizando . As mágoas doerão menos, os sonhos voltarão e nós dormiremos serenos!

Maysa