segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
DESEJOS INESPERADOS!
domingo, 6 de fevereiro de 2011
QUEM INVENTOU O AZUL?
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
REFLEXÕES E ABSINTO
REFLEXÕES E ABSINTO
Maysa Machado
Muita vez é melhor não encarar a dor! Como fugir? Gemendo ora! Gema alto proteste e siga, não desista! Não morreu se fortaleceu.
Aceite as notícias tristes, perdas e silêncios... A vida é tecida assim! Ausências de fora e de nós, em nós. Tramas cruas, fortes.
Ah! Vida... Melhor seguir tirando, ensinando e nos fazendo de eternos aprendizes! Cada instante não se repete mesmo. A exaustão, só frases!
Vida com muitos sentidos, e muita vez sem nenhum significado!
Amarga e tóxica como o absinto!
Prá em outro tempo ser leve, doce, amável.
Em qual frasco a gente encontra a essência de vida?
Sempre única e fugaz.
Percepções que Maria, a protagonista de Último Tango em Paris, em sua morte prematura deixa à nossa geração, que a viu nua, jovem, triste e bela nas telas, com Brando.
Nudez longe de ser apenas imagem de beleza palpitante, incluía a vida, a morte, a dor. O medo de amar.
Bertolucci ao dirigí-los narrava em off, sem prever, os destinos trágicos dos dois atores para além de seus personagens.
Indagações coloquiais pungentes assaltaram nosso existir clamando por mais independência e liberdade, bem acima dos padrões da cultura ocidental da época.
A identidade dos amantes, nunca revelada, continuava a fervilhar como um vazio, um buraco que nunca se completaria.
Até hoje amor e sofrimento disputam na velocidade dos acontecimentos, e na parcimônia dos afetos, um só lugar.
A nós, que remanescemos, cabe nova indagação... A cada dia, e nenhum remanso.
Um abraço
Maysa
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
IEMANJÁ - RAINHA DO MAR
Esta manhã caminhando por rua do Centro do Rio, próxima ao Passeio Público, ouvi cânticos e os sons de atabaques.
Surpresa não atinei logo. Coincidiu com o bater dos sinos da velha Igreja de NSª do Carmo, da Lapa.
A data e sua festividade têm manifestação recente em ruas de nossa cidade. A maior expressão do culto à Rainha do Mar se dá, como todos sabem, na despedida do Ano. Os adeptos do candomblé e todos que admiram a beleza comparecem.
O frenesi, o entre e sai em todas as praias, quando as oferendas são entregues é mesclado com a devoção respeitosa e doce que IEMANJÁ desperta.
Tentei uma espécie de reciclagem mental... Matinal.
Teria eu me transportado para Salvador? A imagem desfilava em carro aberto, feito os dos trios elétricos! Um pequeno cortejo de pessoas vestidas de branco acompanhava e cantava, oferecia flores.
A última badalada do sino me situou, auxiliada pelo relógio digital que informava em exatos minutos e segundo: 11 horas.
O Rio ainda é bucólico! Por átimos, mas é...
A singela manifestação cativou meu coração distraído, porém atento aos momentos em que o uso do espaço urbano é exercido, com descontrole, muitas vezes recebendo o apoio das autoridades.
O cortejo seguia bem diferente sim, pois não costuma assolar quarteirões, não trazem ônibus fretados nem milhares de pessoas acorrendo aos locais aprazados. Há uma suavidade em sua constituição. IEMANJÁ - A MÃE DOS ORIXÁS - É DOCE E SERENA.
Nada contra religiões em suas diversidades e representações aqui na terra. Os macro-cultos orquestrados por homens, poderosos formadores de opinião pública, bem poderiam ser tocados por esta singeleza que me tocou!
O planeta e os viventes nas grandes cidades nas horas de oração precisam de muito pouco, quase nada. Além do silêncio que é uma forma de oração...
Flores, cânticos, ritmos e alegria de estar vivo nesse mundo, apesar dos homens gananciosos que nela habitam.
Ah! Um pequeno detalhe que poderá ajudar a exaltar o ambiente de momentâneo júbilo:
Buzinas são os sinais da impaciência das grandes cidades! Ouçam os sinos.Não as usem. Guardem-nas na próxima homenagem à IEMANJÁ.
Ela é a Rainha do Mar passeando em seu dia de Festa!
Um carinhoso abraço a todos
Maysa
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
TECENDO A MANHÃ - JOÃO CABRAL DE MELO NETO
Tecendo a Manhã
1
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
2
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
(A Educação pela Pedra)
Palavras - A arquitetura precisa e mágica de João Cabral de Melo Neto!
Abraços
Maysa
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
FÉRIAS, CRIANÇAS, SURPRESAS DELICADAS
Ontem, passei a tarde e início da noite em muito boa companhia - Ana e Raul - os netos do Leblon.
Faltou um violão para brindar essas férias, acompanhar esses encantos... Nas próximas providencio!
Vi e ouvi, ao meu redor, tanta expressão de gente criativa... Crianças, sobretudo!
Na piscina uma avó, como eu -só que muito mais sabida- convidava o neto, de uns 10 anos, para conversar debaixo d’água. Assim fizeram e riam, riam, voltavam à tona... E eu, boquiaberta, expiava, aprendia. Mágica e lúdica essa tal cumplicidade do afeto.
Imaginem-se fazendo o mesmo convite! Imaginem a cara de alegria do pequeno rapaz... E da avó! Imaginaram?
Eu, por meu lado, queria logo mandar a originalidade passear e copiar, reinterpretar aquele momento inesquecível para ambos.
Crianças tiram... E nos dão fôlego! Brilhos de vida.
É bem verdade que esses encontros, também, nos despertam para os limites e os nãos que o passar dos anos traz.
Minha neta é uma lourinha serelepe, dinâmica, inteligente, linda e muito levada!
Sensível é capaz de aquietar-se a um canto, olhando a paisagem, curtindo a tristeza de ficar de fora de uma brincadeira entre amiguinhas da mesma idade. Entretanto, toma-me alegria completa, ao vê-la pendurada num cipó, balançando e fazendo estrela, depois subindo numa amoreira próxima. O perigo logo se instala, e quase enlouqueço pedindo que desça, desista de capturar a simples e delicada frutinha negra, e ela... Continua subindo. Apelo, sorrio, seduzo... Nada faz a intrépida descer!
Apelo, dessa vez, para a pressão alta! O local já está ermo, sem visitantes ou funcionários. Descubro um jeito de oferecer-lhe a deliciosa frutinha e evitar o provável tombo.
- Desce! Vou balançar os galhos!
Dá resultado. A grama fica pintada de pontinhos escuros e vamos abaixadas, colhendo, comendo!
- Vó, como você é preocupada...
Saio com a coluna em frangalhos... O coração em festa de arromba!
Ficaria, por aqui, contando mil histórias de vó! Mas a que deixo com vocês é de matar de rir...
Quase finda a expedição lá pros cafundós do maravilhoso clube, dentro da lagoa Rodrigo de Freitas, ela passa a me reapresentar sua árvore e a de seu irmão, que foram crescendo junto com eles. Com a primeira, delicada e graciosamente, dança um tango, conversa. Com a segunda, informa:
-Vovó a palmeira do meu irmão ficou grávida e deu filhote: É essa aqui do lado!
Banhos tomados. Vovó pede xampu emprestado, um autêntico conversê entre meninas, recolhidas as tralhas e apetrechos aguardo... Paciente até que todos estejam prontos.
Vem então o menino encantado, doce, amoroso e ardiloso. Pergunta, sorrindo com seu jeito cândido:
-Quer um abraço?
-Querer eu quero! Eu lhe respondo.
A cumplicidade de olhares captada entre irmãos e amiguinha quase me transtorna. Algo estão aprontando! Dessa vez o que será meu Deus?
Ele, já no abraço, sussurra para elas bem próximo ao meu ouvido esquerdo:
- Anda rápido!
Surpreendo os três: -Tão aprontando alguma... E, ao mesmo tempo, sinto descendo da cabeça ao pescoço, e colo algo colocado por mãosinhas ágeis e leves, como folhas...
Grito.
- Não são formigas, são?
Eles riem, me abraçam e quase desmaio.
Acabava de receber uma chuva de pétalas de flores silvestres, pequenas rosas cor-de-rosa, as flores exuberantes e delicadas dos flamboyants...
Bem alto alegrei-me, agradeci e perguntei incrédula:
-Vovó merece tudo isso?
Ofereci o colo aos dois, e também à meiga Vic, amiguinha. Encarapitados, em cada perna, sorriam. Raul, meu neto, oferecia sem qualquer cerimônia meu regaço, alardeando:
-Pega na Vovó! Ela é muito macia!
Um abraço deliciado de vó corujíssima.
Maysa
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
POR DO SOL EM IPANEMA
sábado, 22 de janeiro de 2011
LEONEL BRIZOLA - 89º ANIVERSÁRIO
Aqui, n'O Ninho e a Tempestade, deixo homenagem ao homem público LEONEL DE MOURA BRIZOLA. Se vivo estivesse faria nesta data-22de janeiro-oitenta e nove anos. Morreu em 2004, aos 82 anos, na cidade do Rio de janeiro.
Tive a honra de com ele conviver, na construção do Partido Democrático Trabalhista.
Acompanhei e participei das etapas para a re-fundação do novo PTB - início dos anos 80. Perdida a sigla, para as artimanhas políticas, bem sucedidas, do Gal. Golbery, em memorável dia transformamos a derrota em esperança: Fundamos o Partido Democrático Trabalhista - PDT.
Criticado pela inteligência brasileira, alcunhado de caudilho, ofendido e tratado com desprezo pelas novas forças políticas como demagogo, ele não surgiu na cena brasileira por acaso. Foi um autêntico líder popular e não populista.
Sua história pessoal,triste e trágica como a de milhares de brasileiros pobres e órfãos, era a motivação para divulgar sua maior bandeira de luta e emancipação: A Educação.
Esse homem público, respeitado por uns, odiado pelas elites e pelos pelegos contemporâneos, foi um exemplo de patriota.
Respeitava a coisa pública e seu projeto político compreendia uma Nação soberana; falava das perdas internacionais, da espoliação dos trabalhadores, e das riquezas nacionais; foi boicotado pelos meios de comunicação. Travou grande luta denunciando os privilégios das elites nacionais e internacionais, que sangravam nossa economia em espúrios e lesivos acordos financeiros, econômicos, sociais e políticos.
Que os jovens, algum dia, ao comemorarem os avanços de nossa democracia, lhe façam justas homenagens.
Se fosse ávido pelo poder, não teria mantido o gesto generoso de abrir mão, em 1998, de sua candidatura à Presidente do Brasil.
Morto sua memória, seus atos públicos são seu único legado. Cada brasileiro que com ele teve a honra de conviver, aprendeu, sabe e saberá honrá-lo nesta caminhada.
Aos que vilipendiam seus ensinamentos e exemplos só podemos lembrar: A história os julgará, os esquecerá.
Ainda é tempo!
Um abraço carinhoso para os que por aqui passam!
Maysa
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
OÁSIS
OASIS
Só mesmo um oásis, para aplacar essa tristeza. Onde encontrá-lo?
Estamos todos aflitos, sensíveis, nervosos. Se olhar para o céu significa medo, pânico por mais chuva, mais água, mais desequilíbrio...
Parece-nos ridículo, a gente se sente desumano em cumprir o cotidiano possível. Sei que tudo vai se reorganizar, inclusive, nossas emoções. Mas é hora de dor e sofrimento.
Grata pela suavidade, alegria e profundidade de todos os blogues que visito... O meu nunca estará, preparado, para tal tempestade! É vida que nos escapa, que se acaba.
"É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinhoÉ um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol
É peroba no campo, é o nó da madeira
Caingá candeia, é o matita-pereira". *
Estamos fartos de discursos, em época de eleição ou em qualquer outro período, e culpabilização à Natureza.
Queremos transparência nas verbas destinadas aos desastres naturais e sociais, em nosso território.
Só mesmo uma pequena região fértil, uma região onde em seu meio viceje a coragem, a honestidade, a solidariedade, e não o que temos recebido, até agora, um árido deserto de homens públicos.
Que não mais se replante, em meio aos escombros, a omissão.
Um abraço
Maysa
PS: *Trecho da letra de Águas de Março, de Tom Jobim.
sábado, 15 de janeiro de 2011
LUZ POUCA NO BREU
LUZ POUCA NO BREU
Maysa Machado
O escuro da noite
É alumiado
Por uma lua
Que a tudo vigia
Em triste céu nublado.
Vinga luz pouca no breu
Tímida sem brilho
Sem alegria.
Silhuetas nas sombras
Das árvores
Quase não movem...
Folhas não voam.
Há uma conversa de cavalo e bruxa
No plano do aqui perto
Do agora já!
Depois da tempestade
Prenúncios do amanhã...
Santa Teresa, 14 de janeiro de 2011.
Abraço
Maysa