"Tout ce qui maintenant Te semble
déchirant,Demain,sera pour toi
Un souvenir de joie."
Se quiserem cantar é só clicar aqui
Abraços
Maysa
Um blog que valoriza a poesia. Buscando-a nas imagens, nos sons, nas artes plásticas...na angústia demasiadamente humana.
Abraços
Maysa
CURAÇAO BLEU
Maysa M.
Preciso tomar um.
Em muito boa companhia
ou mesmo sozinha.
Relembrando o prazer sentido
cor, cheiro, temperatura do copo.
Suave pilequinho... de azul artificial.
Na boca o gosto adocicado
o sensual frescor
o gelo picado
estalando na língua
sensível aos beijos apaixonados.
Ah! ficou tudo perdido
num gesto precipitado.
Insano
partistes procurando ávido
o que tinhas a teu lado:
amor, paixão
vida.
O dia-a-dia recriado.
Só, não saboreio
o afrodisíaco drink.
Temo descobrir o desbotado afeto,
intacto, no perfume do trago.
Botafogo, s/data.
Anos 90.
Meu abraço.
Maysa
PS: relembrando que o azul artificial tinha sotaque francês, por isso o bleu.
O incontido transforma-se em afago tímido.
Sinto e quero sôfrega, beijos, carinhos...
Suavidades, delicadezas e sins.
O afeto plural é singular.
Sua intensidade varia.
É correspondido?
Imprevisto, como quase tudo
finca no peito a rima incerta
Cada dia vai sendo descoberto...
e perdido.
Se uns a gente inventa...
Há outros que nos reinventam.
Em ti, conheci meu melhor íntimo.
Não as entranhas de mulher...
sua geografia desafiadora e incompleta.
Foram as descobertas profundas, prosaicas
sobre sexo, carinho e afeto.
Muito há a percorrer
nutrir a fantasia
o sentimento renovado.
A partir do que me inspiras
mero encontro ... nunca fomos
Nem tão pouco conto de fadas!
O acontecido entre nós revela quem somos
Quietos, apaixonados... discretos.
Santa Teresa, 30 de setembro de 2009.
Com meu abraço carinhoso, mais um da gaveta.
Maysa
ANIVERSÁRIO DO PAI.
Salve a lembrança carinhosa desse alagoano alegre, amigo, trabalhador honrado. Trago até aqui meu orgulho de filha.
Em 20 de abril Manoel Machado fazia aniversário. Tinha que ter festa.
Alegre, amigo... e musical promovia rodas de choro, encontros de samba, na casa de vila, no bairro de Botafogo. Por lá passaram, com carinho e amizade, muitos bambas. Alguns virtuoses, como os violonistas Benedito César Faria e Damásio,ambos do Conjunto ÉPOCA DE OURO, Santiago e Álvaro, os amigos mais antigos companheiros das festas de juventude, os dois últimos cantores respeitados no famoso bairro.
Jonas do Cavaco, Ronaldo do Bandolim, Valter Alfaiate, Nelson Sargento, Violeta Cavalcanti, Monarco, Jair do Cavaquinho, Paulinho da Viola, Paulão Sete Cordas, Paulinho do Violão, Rossine do Bandolim, Mário Pereira - no sax ou na clarineta, Assis-o Six- no cavaco, Valdir do Chapéu de Palha. O pessoal jovem, os que despertaram o bairro da Lapa para, de novo brilhar em muitos palcos. Eduardo Gallotti, Manoela Marinho, Agenor do Pandeiro, Camilo Atiê, Marcelo Gonçalves, violão. E muitos, muitos outros queridos músicos.
Papai nasceu em Mata Grande, interior das Alagoas, filho de fazendeira, que segundo ele, administrava as terras com vocação e pulso. Ficara viúva, três crianças pequeninas, Carolina (Calú), Zeferino, e Manoel- o caçula – órfão de pai, com menos de dois anos.
A mãe jovem e rica, solteira não ficou. Casou com um primo distante. Meu pai ganhou mais uma irmã, Eleonora, seu xodó. Ficou órfão de mãe, poucos anos depois.
E a alegria? sua marca, onde foi que achou?
A convivência entre irmãos perdida, a infância tornara-se árida... A orfandade muda tudo. A casa, o lar, o afeto foram substituídos. Seu destino, então, seria conhecer os internatos freqüentados pelos filhos das famílias abastadas,do estado, na cidade de Penedo. Fugia de todos, não eram muitos. Os tios administravam bens, não sentimentos. Quando chegava, fugido do colégio, os familiares o recebiam como estranho, comia com os empregados. A irmã mais velha casou muito jovem e levou para Recife os dois irmãos menores. O do meio foi para a força militar do Estado de Pernambuco, o caçula fugiu.
Um navio no porto esperava o jovem para a liberdade do mundo sem fim, sem perdas. Clandestino embarcou. Com a cara e a coragem como costumavam dizer. Seu mundo de sonhos comportava só alegria?
O mundo real fez com que se apaixonasse - ainda embarcado - pela visão da cidade maravilhosa. Rindo dava seu motivo para fincar, por aqui, seu destino: A beleza do Rio!
A alegria das pessoas, como a que trazia no peito, descobriu depois. Essas e muitas outras histórias eram contadas em tom épico, aventuras tão bem vividas, quanto guardadas como se fossem medalhas do mérito de amar a vida, tornando-a possível e melhor à cada momento.Se não nos oferecer alegrias, cabe agir de forma aguerrida, enfrentar os desafios.
Pode ser que uma criança criada com liberdade, nadando nos rios, subindo em árvores, e comendo dos frutos, domando animais bravos ou se enternecendo com a chegada dos novilhos, resista. Acho que foi o que se deu.
Adotou o Rio, em 1930, num tempo difícil. Serviu ao tiro de guerra, no posto seis, e aí conheceu seu melhor amigo. Ganhou medalhas e competições esportivas do exército. Pé de valsa frequentou bailes, gafieiras, brincou nos blocos do carnaval. Apaixonou-se pelas ondas do mar, pelos trampolins mais altos, das piscinas, nos vários clubes onde era sócio.
Descobriu e criou esquinas. A profissão o encontrou. Era alegre, gentil, educado. Trabalhou árduo como garçom. Depois foi ser funcionário público.
Aos 28 anos casou com uma carioca, minha mãe. Daí que nasci carioca também. rsrsrs.
XXXXX
Foi tudo que me ocorreu escrever nessa Sexta-feira da Paixão, data associada ao renascimento, com meu pai aprendi as primeiras lições.
Um abraço.
Maysa
O Par Pressentido
o que nunca existiu.
Assim, findou-se de vez.
Um desejo torto
de amor não sentido.
Foi tudo se findando...
na falta de conversa
na falta de presença
na mesmice que
todo dia recomeça...
Veio junto:
a falta de sentido.
O absurdo de todo
o tempo perdido.
Veio, ainda, mais que junto
a diferença encoberta.
O caráter abolido,
a farsa por vezes
bem construída.
Pouco adianta
ter pressentido o par
findo antes de ter sido.
Você partiu.
Eu fiquei comigo.
No entanto nunca
podemos nos dizer
não ter acontecido.
Santa Teresa, 25.11.07
Mexendo na gaveta...
Um abraço
Maysa
“O projeto cenográfico de Hélio Eichbauer, inspirado em um dos livros do poeta, Mensagem, tem como identidade visual o mar e os diferentes tons de azul da água e do céu, o que remete à época dos Descobrimentos e das grandes conquistas de Portugal. “A idéia é sugerir viagens mentais e espirituais, em torno das ruas de Lisboa, das aventuras dos heterônimos e do próprio Fernando Pessoa”, diz o cenógrafo.
Ainda como parte da concepção cenográfica, há um grande pêndulo representando o tempo. Ao lado dele, trechos de poemas são projetados e apagados pelo mar em tanques virtuais de areia. “Ao fundo, como se fossem duas janelas, são projetados dois vídeos, um deles mostrando pessoas, em meio a uma multidão, recitando Pessoa.”
Fonte: Agência Brasil
Local: Centro Cultural dos Correios- Centro do Rio
Dó, ré, mi, fá, fá, fá...
Cuidou para que fosse seu. Tanto que fez o caminho só. No percurso olhava, atravessada por intensa timidez, os outros viajantes acompanhados, sorridentes. Festa do lado de fora, do mundo que gira. Continuava quieta. Não entendia bem por que era assim, com ela. Seguiu adiante. Muitos anos além, os cabelos embranquecidos, a pele sulcada, a espera terminou. Pois não é que havia encontrado o amor! Celebrou como uma menina, a que vivia escondida em seu peito. Festejou a vida. Cantarolou, enfim cigarra.
Contos Homeopáticos (3) Maysa Machado