quinta-feira, 21 de junho de 2012

O INVERNO DO MEU TEMPO- CARTOLA E ROBERTO NASCIMENTO

Foto Marcelo Gonçalves - Ipanema outubro 2010















Saudando o inverno carioca.




Sabem todos que o Inverno começou, aqui no Hemisfério Sul. Adoro a estação. Contava minha mãe que nasci num Domingo , com sol luminoso... rsrs É desse comentário materno que encontro mil maneiras para buscar o sol no ...


O INVERNO DO MEU TEMPO, composição lírica de Cartola e Roberto Nascimento.Uma pérola para começar nosso inverno de 2012.


http://www.youtube.com/watch?v=MgufIRemMrc


Grande abraço e ótima fruição.
Maysa

terça-feira, 19 de junho de 2012

PERFORMANCE EM DEFESA DO MEIO AMBIENTE, DA VIDA - MARTHA PIRES FERREIRA







Para os Amigos do Face e do Blog O Ninho e a Tempestade:

Convido-os para ler, curtir e seguir! A Performance de Martha Pires Ferreira.



http://cadernoaquariano.blogspot.com.br/2012/06/performance-rio-20.html





"Onde estiver participe colocando TERRA nas Plantas A Mãe Natureza agradece ! "
martha

Grande abraço a todos

Maysa

sábado, 16 de junho de 2012

O SOM NOSSO DE CADA DESPERTAR - Maysa Machado





O SOM NOSSO DE CADA DESPERTAR

                                                                                               Maysa M.


As grandes cidades são barulhentas, impessoais e, quase sempre, é muito difícil encontrar um canto pra chamar de seu.
O lugar onde moro, ainda, é bucólico, mas está perdendo o sossego encantador que oferecia. O bairro de Santa Teresa já reflete a especulação imobiliária, e esta avança pela cidade, sobretudo do centro para a zona sul.
Obras por todos os lados, engarrafamentos no asfalto, buzinas por aqui, nas ladeiras, até bem pouco, com jeito de interior.
Não desperto mais! Há muito sou arrancada dos sonhos e travesseiros pela poluição sonora e sua prima irmã— a falta de educação do homem urbano.
Todos sabem que os carros, através de seus proprietários, disputam os espaços com os demais habitantes. Não adianta pagar os impostos, somos obrigados a constatar que nossos direitos não são respeitados, e mais que isso, são ignorados.
Estacionamentos irregulares, sobre calçadas, ou em áreas de manobra, dificultam o acesso, o ir e vir dos moradores. As ladeiras são íngremes e os carros, velhos ou novos, ocupam o lugar do indivíduo idoso ou recém nascido.
 O proprietário fecha a porta, guarda as chaves e o problema começa para o vizinho. O dele está resolvido.
É impressionante como, outra vez, essa categoria urbana relevante — os proprietários de carros— batem com força as portas e as malas de seus veículos. Nada os faz lembrar que seus vizinhos têm direito ao silêncio, nas primeiras horas da manhã e na alta madrugada; podem estar descansando, trabalhando.
Pense duas vezes se pretende morar em casa ... As garagens que os prédios possuem fazem toda a diferença!
Aos, excessivamente, barulhentos vem se juntar os DJs, nas casas de festas, muitas sem fiscalização por parte das autoridades do município. A ausência de tratamento acústico obriga os moradores ao suplício dos elevados decibéis. Não menos ruidosos são os operários da construção, ou os prestadores de serviços vários. Tudo é realizado aos berros.
A cidade sofre com os exageros de grande parte dos que acordam cedo, por obrigação.E  os pássaros batem asas para bem mais longe...
 Você é o prejudicado: Se calar ou reclamar. Os novos sem noção — irão sempre além, no quesito desrespeito.
Como faz falta a boa e velha educação das escolas primárias, da minha cidade. O ser urbano merece receber noções de cidadania e compartilhar boas idéias e maneiras.

Santa Teresa, 16 de junho de 2012.

PS: Cliquem aqui, para ler um pouco sobre o impacto da poluição sonora na sobrevivência das espécies. 

http://www.domtotal.com/noticias/detalhes.php?notId=440480


Grande abraço

Maysa








quarta-feira, 13 de junho de 2012

SANTO ANTONIO -




Santo Antônio - Carybé
Óleo sobre Tela 1982
34,5 X 24,0 cm


Em seu dia, Salve Antônio !
Os pensamentos dispersos, os problemas cotidianos não nos levam ao Convento de Santo Antônio. Lugar bonito que faz parte do meu caminho, bem defronte ao Largo da Carioca, no Centro do Rio. Mas a voz de Bethânia acentua o encanto e celebra o dia. Viva Santo Antônio!
Querem ouvir ?
Cliquem aqui:

http://www.youtube.com/watch?v=NT6qD-uflbY&feature=related


Abraço

Maysa

terça-feira, 12 de junho de 2012

DIA DOS NAMORADOS - Maysa Machado






 DIA DOS NAMORADOS
                                                                  Maysa Machado

  Hoje é mais um dia. Parece igualzinho aos outros, mas não é. Dentro do seu coração, se você é bem amada (o), há uma alegria que se mistura às novas expectativas.
 O mistério de cada instante é íntimo, perceptível para cada um... unicamente. Há uma preparação no ar. A vida todo dia repõe sua essência, a pressa nos faz ignorá-la.
  Dizem que do lado de fora, nos outros, estão os ensinamentos, parte só é verdade... Se você não se aplicar em se conhecer, vai custar a chegar ao outro. O caminho pode, e deve ficar livre de preconceitos e fórmulas rígidas. A vida, e nós mesmos, somos um desafio às regras desumanas para a convivência.
 Conheço um jeito que subverte qualquer desencanto e injustiça. Precisa atitude: Ame.
  Feliz Dia de Hoje. 

Um abraço com alegria.
Maysa

segunda-feira, 11 de junho de 2012

OH! SOLITÁRIOS TEMPOS MODERNOS...



Oh! Solitários tempos modernos...

                                                       Maysa Machado

Pouco a pouco, tento descobrir o que esse estranho tem a me oferecer. As expectativas não são muitas, mas que é difícil esperar por uma simples e básica comunicação, lá isso é. Tomar a iniciativa, nem pensar.
Provo de imediato, essa estranheza. Conhecido desassossego me invade. Embora, não o assuste pedindo, reclamando. Tenho a certeza que não ia adiantar em nada. Fico firme, apenas o ignoro, e tento viver sem ele. Falta, sinto de verdade do que o antecedeu.
Mais difícil, ainda. 
E, também, me indago como vamos ficar daqui pra frente? Sim, porque o passado é carta jogada fora, pane definitiva. E, se o futuro, ainda, não nos pertence, esse presente parece ameaçador.
Ele é como é. E eu não sei, ainda, como ele é!
Meninas e meninos, meus amigos que são... Socorro, ele me ouve! Coisa mais rara, ser ouvida nos dias atuais. Estou ficando, mais envolvida... Rsrs
Não encontro o jeito certo de tocá-lo.
Insisto. O tempo precioso escoa. A ansiedade toma conta de mim.
Desculpem, mas ele tocou e vibrou... Chamadas perdidas? Não! Não. Vou atender.
... E não volto tão cedo.


Santa Teresa, 11 de junho de 2012


Um carinhoso abraço para os que passam por aqui!.

Maysa

quinta-feira, 7 de junho de 2012

NO JUBILEU DE DIAMANTE DA RAINHA DA INGLATERRA



 S.P.1968





No Jubileu de Diamante da Rainha da Inglaterra...

                                                                             Maysa Machado

Tempo chuvoso, Rio quieto e cinza... Notícias na TV ontem, no jornal hoje... Lembrei de meu único encontro com Lilibeth. Já tinha esquecido a surpresa.
A época? 1968. Início do mês de novembro. Não, não foi no Rio... Morava na cidade de S. Paulo.
Os anos bicudos da Ditadura, nem permitiram curtir, com leveza, o inusitado encontro.
Meu espírito, então, bem mais velho e sofrido desprezava o vigor da real juventude, não saboreou...
O local? O Edifício Itália. Esse sim, um lugar importante na vida da jovem plebeia... Que dali pra cá mudou tanto de rumo e continuará, espero, mudando para melhor!...
Lilibeth e eu (rsrs) nos encontramos no hall do Edifício. Eu tentava sair do prédio, ela, soberana, era conduzida pelas autoridades ao Terraço Itália.
Seu destino além de ser vista: A Vista Panorâmica da cidade. E que eu menina carioca, me emocionava e deslumbrava toda manhã, e em todo por do sol, naquelas alturas do trigésimo sétimo andar. A primeira mega cidade tem seu encanto! E a gente nunca esquece.
Pelas minhas contas Lilibeth, estava com a metade da idade que tem hoje. Eu, ora era uma jovem da geração 68, que não sentia muito tesão por realeza.
O bom da vida é que os pontos de observação e... prazeres mudam.
Acho a velhinha Lilibeth moderna e discreta, como convém a membros da realeza e a todas as velhinhas interessantes!
God save the Queen!

Um abraço saudoso para os que visitam o O Ninho...

Maysa

segunda-feira, 14 de maio de 2012

UM TREM DENTRO DO CORAÇÃO - Maysa Machado




Hoje é segunda- feira, e não sei porque (!) lembrei do conhecido poema de Ascenso Ferreira - poeta pernambucano (1895 - 1965).

Hora de comer — comer!

Hora de dormir — dormir!

Hora de vadiar — vadiar!

Hora de trabalhar?

— Pernas pro ar que ninguém é de ferro!    


E aqui, no meu quieto lugar...descobri:

UM TREM DENTRO DO CORAÇÃO

                                                   Maysa Machado
Lembrança puxa lembrança
com elas desfiadas, desenroladas
cheguei aos sons da minha infância...
Quem não tem, bem guardado,
em sua recordação
o apito insistente de um trem?
Querendo ou não, ele leva você,
como passageiro pra outra estação!

Santa Teresa 14 de maio de 2012


Nasci e me criei em Botafogo - na zona sul do Rio. Minha mãe, em Vila Isabel, bairro que dispensa apresentação. Meu pai, nos cafundós das Alagoas, em uma fazenda, na divisa com Pernambuco - município de Mata Grande.
O apito do trem fica por conta da imaginação que nos leva, nos transporta. Por conta, ainda, da grande admiração materna pela cantora e compositora Inezita * - artista que sempre valorizou a cultura popular brasileira, o folclore.
Tive uma amiga, paulistana, que morava numa casa, bem perto da linha do trem. Nunca entendi como ela podia dormir!
Seu sorriso alegre me contava, sem precisar de palavra, que era feliz...



  *Inezita Barrozo, fez a música para esse outro poema do Ascenso. "O trem de Alagoas".
E reparem na interpretação maravilhosa.  

http://www.youtube.com/watch?v=oCixgGxcV0k

Um grande abraço a todos.
Maysa

sábado, 5 de maio de 2012

LUA CHEIA DE MAIO - Maysa Machado




Foto:Roberto Machado Alves - Reflexos- praia do Leme/ Rio

LUA CHEIA DE MAIO


                                      Maysa Machado


Maio, lua cheia. 
Sussurram que é de Buda. 
Pairam mistérios.


Um hai-cai para a lua cheia de hoje.

Abraço a todos.
Santa Teresa , 5 de maio de 2012
Maysa

quinta-feira, 26 de abril de 2012

BORBOLETA AMARELA E PRIMAVERA CARMIM - Maysa Machado



BORBOLETA AMARELA POUSA NA PRIMAVERA CARMIM


                                                                                                 


Maysa Machado




          Desde sempre borboletas encantam, colorem as manhãs, os olhares atentos e os corações leves. Agora mesmo, uma serelepe amarelinha pousou na primavera carmim, que cismou em florir na janela do segundo andar. Magra e esguia é minha conhecida há muitos anos. Fui eu que a plantei num vaso grande. Econômica floresce, fazendo a festa em meu coração. Criou condições para um ninho, e nem a tempestade forte, nem seus galhos finos, derrubaram a real construção de uma passarinha.
          As duas se encontraram porque a primeira é curiosa e tem asas. A segunda, perfume e seiva de  vida. Alimento puro - flor que é.
  Coloridas e vibrantes, cada qual tem seu mistério pra existir. Ambas, alegram e devolvem–me não a dimensão embotada, escondida,  de viver o dia a dia. Trazem-me, realimentando o espírito, a beleza do momento. O fugaz, que mágico devolve essência e esperança. Solidão fértil.
Nesse encontro presenciado por mim, reacende a energia e um novo olhar pra perceber o caminho entre o Ser e o Outro, que está do lado de fora.



Santa Teresa, 25 de abril de 2012 

Um abraço a todos! Em pleno outono carioca, temperaturas amenas...

segunda-feira, 16 de abril de 2012

CORAÇÃO POETA - Paulinho Tapajós e Nelson Cavaquinho








Nosso cancioneiro é rico, precioso. Ouçam com alegria esta linda melodia, poética, suave.

Sugestão: Se puderem saiam cantarolando...



Deus me deu um coração poeta
E a alma inquieta de um cantor
Pra que eu vigiasse a madrugada
Acordasse o sol e o Beija-Flor
Cantar me faz viver bem mais
Soltar a voz que nem um passarinho
Que ninguém prenderá jamais
Se eu sou feliz ou infeliz
São lindas minhas penas
Vale a pena ser quem sou
Se eu tenho o céu aqui no chão
Se eu tenho o mel no coração



O violão é do Luís Filipe de Lima, seis cordas e sete cordas. Foi sua primeira gravação, em 1996, no disco de Paulinho Tapajós, cujo título é CORAÇÃO POETA. Na faixa título essa linda canção .Na gravação cantam João Nogueira, Paulinho Tapajós e Chico Buarque. Um luxo!!!!
O site oficial do Autor Paulinho Tapajós é http://www.paulinhotapajos.com.br/home.php

Uma escuta carinhosa, então!
Abraço
Maysa

terça-feira, 10 de abril de 2012

O PRIMEIRO QUARTO MINGUANTE DE OUTONO - Maysa Machado





O PRIMEIRO QUARTO MINGUANTE DO OUTONO

Maysa Machado


Júpiter e Vênus estão presentes e próximos

ao que meus olhos vêem, nesta noite carioca.

Zona sul... Aquém e além.

Lua, recém minguante, enforma-se em D

Estende véus e cavalga o negro céu.

Tudo silente, mudando passo a passo

Olho a olho.

Ilumina firmamento e terra.

Empresta seu brilho às nuvens cativas que ordenha.

Os aviões chegam e partem, deixam a nós a cidade.

O céu de Santa é pródigo em luzes, imagens e sons.

Não sei de horários permitidos para voar nas noites...

Sei dos espaços infindos em que vivo, observo e amo.

O céu habitado por planetas, estrelas, aviões e ruídos...

Por figuras estranhas e passageiras

É meu particular companheiro.

Inusitado traz seus sons bárbaros e humanos.

Em sua imensidão ameniza a dor de existir

que sinto.

E o silêncio fortuito repõe a vida

em seu lugar único.

Santa Teresa, 10 de abril de 2012


Um abraço


Maysa

sexta-feira, 6 de abril de 2012

SEXTA FEIRA SANTA - Maysa Machado

SEXTA FEIRA SANTA

Maysa Machado

Pintura de Giotto - Compianto sul cristo morto, Cappella degli Scrovegni, Padova.


(Para Eva)


Uma amiga, de fé judaica, me pergunta:

— Para vocês qual a data mais importante: O Natal ou a Páscoa?

Respondo:

— O Natal. Nele você comemora o nascimento de Jesus.

No entanto, é estranho que para a maioria, com quem convivo, aquela é uma data de celebração de nascimento e de ausência. Há um vazio, um buraco. No entorno, quase sempre, faltam muitos entes queridos.

O Natal, então, transmuta-se em celebração infantil. Carinhos e lembranças dirigem-se às crianças. A figura do Papai Noel avulta. É data muito importante nas celebrações cristãs.

A Semana Santa é mais complexa. Aceitar a Ressurreição é para poucos. Só mesmo com fé e espírito evoluído... A Sexta Feira Santa, então, nem se fala... Mesmo. Um convite ao silêncio, à reserva e cuidado interior.

Na minha infância, um dia de grandes tormentos. Ia à Igreja de Santa Terezinha do Menino Jesus, próximo ao Túnel Novo, em Botafogo, com minha mãe. Acompanhava a procissão e rezava pelo senhor morto. A imagem esculpida era tão verossímil que a achava verdadeira. Sofria na fila, a lenta agonia, e depois, com cada gota de sangue... Escorrido do rosto santo, os cravos às mãos, o corpo desnudo, acabavam de vez com minha alegria de menina.

Hoje, percebo em minha experiência de vida, que a representação primeira da imagem masculina é de um mártir.

Mas são doces aflições, avalio... Nos dias que correm a violência - tão intensa- em imagens difusas ou concretas que subvertem qualquer conceito, ou expectativa humanista. Há um Cristo imolado a cada dia. Uma Páscoa solene, em cada vida, que alcança o dia seguinte.

Então, minha amiga, confesso que me enganei. Um equívoco, doloroso e simples. Nos dias que correm, na Semana Santa, o ensinamento bíblico se reafirma. Embora a sociedade de Consumo de ênfase ao Natal. Precisamos do fato, do acontecimento, da lembrança.

Ressurreição a cada dia. É sempre um recomeço. Para os bons e leves de espírito... E para todos. Amém.

FELIZ PÁSCOA! À TODOS.


Um abraço


Maysa

quarta-feira, 14 de março de 2012

CAI A CHUVA -Maysa Machado




Cai a chuva. Final de tarde, de um final de verão carioca.

Cai com uma suave presença, um jeito maneiro de vir chegando. O calor intenso, abafado, mandou avisar. E a cidade escaldante precisava dessa lavagem. Do frescor de um banho de chuva.

Trovoadas esparsas, a brisa sorrateira entrando pela janela, sem bater portas, e até agora, nenhum raio. Uma chuva que o beiral das casas agradece, em que o barulho das grossas gotas inebria, parecendo sons de notas musicais, pausa, alegro ma troppo... Ronco suave de motor do avião das cinco, saindo do Santos Dumont.

Sonho com uma casa à beira mar, e as ondas encrespadas qual cabelos encaracolados subindo, descendo, espumando de alegria o espaço. Uma casa de praia pra ninguém querer sair, porque a chuva chegou. Uma chuva daquelas que o Tom cantou; uma chuva na roseira, “que só da rosa, mas não cheira a frescura das gotas úmidas... Ah! Você é de ninguém!”
E eu sou da chuva, do banho de alma que ela me traz. E vai saber o poder de quem tem a alma lavada! Só o balanço preguiçoso da rede pode contar.

Um abraço

Maysa


sábado, 10 de março de 2012

CIDADE PERIGOSA - MAYSA MACHADO





CIDADE PERIGOSA


Maysa Machado

Nasci e vivo aqui. Posso dizer que convivo, desde a infância, com as expressões mais legítimas da nossa cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

A primeira delas é a alegria, seguida pela irreverência, e logo acompanhada pela criatividade. Essas características humanas fazem a cidade mais bela. A natureza exuberante agradece nos brindando com dias maravilhosos e noites mágicas, quase sempre. Mas não é só isso!
A cidade tem mais, os governos fazem pouco, e a população - residente ou flutuante - precisa ser mais consciente, solidária, atenta. Um pouco mais civilizada.

Com certa tristeza, acompanho a crescente desinformação, a pouca educação passeando pelas ruas, calçadas, praças, praias, locais públicos em geral. No trânsito quase ninguém respeita placa, sinal, a velocidade permitida.

Campanhas públicas podem minimizar os problemas urbanos, mas o que resolveria, lá adiante mesmo, seria o compromisso de recuperar a escola pública de qualidade, o exercício de cidadania desde a primeira infância.

Enquanto isso não acontece, somos obrigados a conviver com a arrogância de toda ignorância. Ontem, uma amiga e eu, quase fomos cuspidas de uma calçada, bastante movimentada, no Largo do Machado. O jovem ciclista ia “costurando”, sem exagero, por entre pernas e braços de jovens, velhos, crianças, cadeirantes, pedintes, ambulantes...
Indaguei:

— Nem à calçada mais temos direito?

O rapaz fez um ar bastante incomodado com meu protesto, em forma de pergunta, e soltou essa pérola:

— Por que você não se orienta? Se oriente, mulher!

E seguiu orgulhoso... Para o meio fio.

Eu e minha amiga estamos de fato precisando de orientação. Na altura desse campeonato de grosserias urbanas, irresponsabilidades individuais e coletivas somos quase sempre alvos. Nós os cidadãos.
Hoje, leio o jornal e recolho sugestões oportunas e práticas para ciclistas em nossa cidade. As medidas de segurança servem para todos. Pedestres, motoristas, ciclistas. Abaixo o individualismo grotesco!


Um abraço de sábado carioca

Maysa


Para os que se interessam na matéria lida no jornal acessem aqui

quinta-feira, 8 de março de 2012

8 DE MARÇO de 2012 - NISE DA SILVEIRA UMA BRASILEIRA DE VALOR

Nise por Di Cavalcanti/1958

















Nise , jovem em Maceió/Al.















Dra Nise da Silveira, alagoana, mulher corajosa, estudiosa, digna, uma revolucionária.

Transformou as práticas de saúde mental no Brasil, desenvolveu o conceito terapêutico sobre a emoção de lidar.
A Dra. é uma referência em minha vida, desde a infância. Prima de primos de meu pai, também, alagoano. Foi a primeira mulher em Alagoas a se formar em medicina.
Presa política da Era Vargas, esteve na Cela 4, a primeira prisão política feminina brasileira. Em sua companhia algumas ilustres brasileiras, como ela, lutavam por liberdade e democracia.

Eneida- a cronista paraense, Beatriz Bandeira - a poetisa e professora do Conservatório Nacional de Teatro, Maria Werneck - advogada carioca, Olga Benário - militante comunista, Haydée Nicolucci, Elvira Cupello, Elisa Berguer, Eugênia Álvaro Moreyra - jornalista.


" SENHORA DAS IMAGENS INTERNAS”, como Martha Pires Ferreira, organizadora de Escritos dispersos de Nise, em Cadernos da Biblioteca Nacional, a chamou.
“ARQUEÓLOGA DOS MARES", título de livro de Bernardo Carneiro Horta. O autor conta-nos um pouco de sua história, por biografemas - conceito usado por Roland Barthes, e utilizado por Bernardo, para "narrar a existência de forma fragmentada, criativa, vital".


“A dama do inconsciente" é a brasileira que homenageio neste 8 de março de 2012.
Com ela aprendemos muito, e teremos sempre o que aplicar em nosso cotidiano com o outro. Sua obra contém lições que estão, ainda, por serem aprendidas.
Convido a todas e todos: Descubram com NISE A EMOÇÃO DE LIDAR!

Nise é responsável pela criação do Museu de Imagens do Inconsciente, em 1952.
Em 1955 cria o Grupo de Estudos Carl Gustav Jung - GECGJ- que existe até hoje, e se reúne duas quartas-feiras por mês, em Botafogo, na Casa das Palmeiras. Fundada, em 1956.
Instituição pioneira, de portas abertas, realiza acolhimento-dia e atividades em terapia ocupacional, visando a inclusão dos clientes, através da emoção de lidar. Expressão criada por Nise para definir novos conteúdos terapêuticos que transformaram a área de saúde mental.
Ver link abaixo:
http://casadaspalmeiras.blogspot.com/

UM FELIZ DIA DAS MULHERES! UM 8 DE MARÇO SEM VIOLÊNCIA! COM PAZ E PAIXÃO PELA VIDA.

Maysa

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

HOJE, AMANHÃ OU SEMPRE? Maysa Machado

foto andré lazaroni








HOJE, AMANHÃ OU SEMPRE?

Maysa Machado







— Hoje, amanhã ou sempre?
Assim de supetão a pergunta saiu. O silêncio ajeitou palavras e sentimentos. Venceu a modesta verdade.
Hoje.
— Aí te peguei! Viu só? Maria sorria um sorriso doce, e sem compromisso.
— Gostei da pergunta, disse o acanhado José.
Assim, quem sabe o jogo de palavras os ajudasse a se comunicarem? Eram dois tímidos irrecuperáveis. Ela disfarçava bem, falante, antenada. Enquanto ele se lixava para o que as palavras podiam fazer com o seu confuso sentimento. Era esquivo, silente e de pouca entrega. Obstinado e voluntarioso.
Encontro marcado, remarcado, adiado, antecipado, José chegou - com atraso pontual- às 7 h, do horário de verão. A tarde linda, o coração de Maria apaixonado. Nada o demoveu de estar ali. Nem o compromisso às 8 h, no Leblon, ao qual ela não podia faltar.
Os percursos dos amores não necessariamente são linhas perfeitas que se completam. Correm em cursos paralelos ou tangentes, muitos esbarros, mais encontrões que encontros. O hoje espremido entre o ontem e o amanhã, sempre será assim. Por vezes o queremos longe, em outras circunstâncias muito perto e, nem seria pedir muito eternizá-lo.
Hoje. A resposta honesta, possível, para quem precisa que a vida esteja sob controle, mesmo que por um fio.
Por um fio estamos todos, desde que aqui vindos.
Amanhã. É muito tempo de espera, ansiedade, e pode não chegar. O amanhã não nos é garantido. O tempo escapa e vai continuar a fugir de nós.
Ah! O que dizer e pensar, e mais ainda sentir, do Sempre? É o sonho que pode ser transformado em pesadelo, construído por almas em desgastes cotidianos.
Melhor dizer: Hoje.
E eles se amaram em paz, contentemente.

Um abraço de Pós Carnaval.
Maysa

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O RIO NA FOLIA - Carnaval de 2012- Maysa Machado

foto Rafael Andrade, de O Globo













1º desfile do bloco Timoneiros da Viola, pelas ruas de Madureira.

O RIO NA FOLIA - Carnaval de 2012

Meu Carnaval, esse ano, não foi igual ao que passou! Vi a folia de perto, sem sambar... A pé, pelo bairro da Glória, na orla da praia, de Copacabana ao Leme. No vagão - espremido e sufocante — dos trens do Metrô. Ali, no transporte público concedido, presenciei muita agitação e falta de educação, sobretudo, em jovens bêbados!A companhia não destacou seguranças nas plataformas das estações. Parece-me que ficaram escalados para os percursos internos e nas entradas e saídas.

O samba é alegria, não se aprende na escola, se dança desde quando começamos a engatinhar. O Samba cativa. Não assusta, não empurra, não ensurdece por berros, e sim pelo ritmo e cadência. A criatividade e a irreverência são imprescindíveis e fazem parte. São bem vindas, estimulam e convidam todos a brincar.

Já gritos, agressões aos equipamentos comuns da cidade, não. As ruas, muros das casas, se transformam em mictórios a céu aberto. O lixo denuncia o estágio de descompromisso da população foliã, com o coletivo. Há lixeiras distribuídas em muitos pontos do trajeto dos blocos, os banheiros químicos, ainda, são insuficientes, no entanto, as entidades organizadoras têm o ano inteiro para negociar, propor e exigir das prefeituras melhorias na infra-estrutura dos desfiles.
Francamente a maioria desses flagrantes não representa o samba!

Não dá para conviver com grosseria, abusos e violência. Ainda bem que, em algumas situações, se nota uma pequena mudança para melhor. Creio que campanhas com abrangência, meses antes da semana de folia, podem minimizar os estragos urbanos sofridos, a cada ano.
Entidades públicas e particulares precisam pensar a cidade, nesses dias em que é ocupada/invadida por milhares de turistas internos e internacionais.

Quem sabe funciona encaminhar grupos ou pessoas alcoolizadas, preventivamente, aos setores destinados à atendimento provocados por distúrbios e desrespeito aos direitos dos demais cidadãos? Fica uma sugestão para o Metrô do Rio: Coloquem vagões preferenciais para os foliões—com rodízios nas plataformas das estações e dentro dos carros— de voluntários, e ou seguranças orientando aos passageiros nas dúvidas, e contribuindo para uma viagem sem excessos, como os que assisti e a concessionária ignorou.

Bom Carnaval aos mais foliões que eu! Atualmente, gosto de ver, assistir e me refrescar nas ondas da praia ou num copitcho de chopp.

Na foto acima, um instante de máxima felicidade. Mestre Paulinho da Viola desfilando no bloco, recém criado, Timoneiros da Viola, no bairro de Madureira. Até nós que não estivemos lá nos alegramos com a poesia desse sorriso.

Salve Paulinho! Salve o Samba! Salve o Carnaval do Rio. Que o projeto siga vitorioso! Cantar os sambas de quadra das escolas, em blocos de Carnaval, em bairros onde o samba foi e tem sido muito presente.

Viva os sambas dos compositores de Botafogo, bairro onde nasci! Viva os sambas de Mauro Duarte, Valter Alfaiate, Zorba Devagar, o próprio Paulinho da Viola!

Um abraço cheio da alegria provocada por cenas doces, singelas e irreverentes do Carnaval de 2012.

Maysa

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

FIM DE TARDE - Maysa Machado

foto cel/maysa/





FIM DE TARDE

Maysa Machado


Uma nuvem rosa pousa diante da janela.

Ou será que posa?

Singra o céu, abocanha espaços largos

Vai em direção ao poente.

Ganha o firmamento nuances violetas.

O murmúrio conhecido da brisa

balança as palmas altaneiras.

Entra pela janela suavemente.

Aragem passeia por véus

ondula como carícia a saia do vestido.

Parece acompanhar o canto sincopado das cigarras.

É a música do verão.

De mais um fim de tarde.

A brisa invade o calor,

acalma tudo.

Hoje, não haverá tempestade.

O céu coberto de cinza chumbo

Abre-se em flocos.

Asas e turbinas metálicas passam.

Palmeiras reinam

em meneios e contrastes

nas sombras da noite.

Elas vêm chegando.

O ventilador, em volta completa,

rodopia arabescos no teto.

Santa Teresa, 16 de fevereiro de 2012.


Enquanto isso, vamos nos guardando pra quando a folia passar...se o coração aguentar.


Maysa

domingo, 12 de fevereiro de 2012

PALAVRAS SEMPRE ME FIZERAM BEM - Maysa Machado

disco de festos/web




Maysa Machado

Palavras sempre me fizeram bem. Costumo lidar com elas tendo como aliado o prazer em decifrá-las. Em descobrir novos significados, usos e desusos.

É ludicidade genuína. Um dom recebido e acalentado.

Algumas quero ouvir, ditas ou sussurradas. Elas podem chegar de várias maneiras até minha sensibilidade auditiva e emocional. Amo seus sons, e só de pronunciá-las, já me sinto feliz.
Por exemplo: Alfaiate. Batuque. Gandaia. Treloso. Liberdade. Pirilampo. Alegria. Noite. Modorra. Afeto. Sabiá...

Essas pularam na frente de outras tantas que amo ler, escrever e ouvir. Espremo o espaço e recebo: Arcaico. Escrita. Tempo. Outono. Amor. Esperança. Afago. Saudade...

Tudo junto e misturado, tal qual sopa de letrinha, que na infância aliava sabor e curiosidade, formando palavras na beirada do prato. Caldo. Quente. Calor...

Quem disse que não faz bem chorar? Uma lágrima vertida tem beleza e silêncio. Então? Lágrima. Silêncio.

O que faz sentido nessa vida senão olhar a volta e perceber que tudo muda, se transforma. Não possuímos nada, nem ninguém. Apenas, desatamos os nós, tecemos teias infinitas, belas ou não. Com umas palavras criamos elos, inventamos, aprendemos, repetimos. Com as mesmas podemos interromper caminhos sabidos e juntos.

E até quando, por impedimentos, não ousamos pronunciá-las, descobrimos que muitas vezes o tempo apropriado já passou.

O Silêncio é frase. Contém significado que não se quer, ainda, revelado.

Santa Teresa, 12 de fevereiro de 2012


Um carinhoso e saudoso abraço de Domingo.


Maysa

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

HAICAI NA SEXTA - ASAS - Maysa Machado







ASAS -Maysa Machado















Aprendendo a viver.

Olho pássaros e nuvens.

Ah! Quem dera voar...


Agradeço. Um haicai é liberdade sutil, privilégio da alma.

Abraço aos que passam.

Santa Teresa, 27 de janeiro de 2012.

Maysa



quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

QUEBRANDO O CLIMA - Maysa Machado


Maestro interrompe concerto por causa de telemóvel
Fotografia © Pedro Garcia/Global Imagens

QUEBRANDO O CLIMA

Maysa Machado

Toques de celular atrapalham muita coisa! A etiqueta para o novo manejo longe está de ser absorvida por seus usuários. Quem dera que os jovens ou pessoas maduras, soubessem usar as fantásticas maquininhas.

Como será que forma e conteúdo desse uso alteram as relações? Sejamos convenientes no trato com a tecnologia adquirida. Conversas reservadas, jamais, poderiam ser gritadas no trajeto de metrô, ônibus, taxi, e filas de qualquer gênero.

Com freqüência assistimos o lugar evidenciado, do celular, à mesa de almoço, entre amigos. É gentil? Será imprescindível e oportuna essa outra pessoa, que não é mera presença virtual?

Usuário educado e amoroso vai pra cama com celular ligado, mesmo no silencioso? É delicado para com o parceiro?

A realidade é que cada um tem seu jeito e reage de forma distinta. Quer arriscar a quebrar o clima? Então tente.

Celular tocando na hora errada pode estragar muita coisa.

No Lincoln Center, na cidade de Nova York, na última terça feira, o Maestro Alan Gilbert interrompeu a execução da Nona Sinfonia, de Gustav Mahler.
O maestro tinha pedido aos músicos para executá-la de modo cauteloso, reservado, prolongado. A Sinfonia é conhecida por ser longa, e concebida por altas doses de emoção. Em meio à apresentação, um Iphone, bem na primeira fila, irrompe no ambiente, quebrando o clima.

Dizem que o proprietário, freqüentador assíduo da sala, não estava bem adaptado com o novo aparelho, configurou o perfil silencioso, mas o sinal que tocou foi o alarme.

O maestro, ainda tentou seguir a peça, mas o ruído não cessava. Então, parou, e comunicou, de forma civilizada, ao proprietário:

— Vamos aguardar.

Depois, em conjunto com as reclamações da platéia, que exigiam a saída do espectador ou o pagamento de multa, no valor de mil dólares, indaga:

— Desligou, ele?

No caso da Orquestra Filarmônica de Nova York, a retomada da peça exigiu do maestro, e de toda a orquestra, a repetição de trechos, já apresentados, da partitura.

“As sinfonias são como o mundo, devem conter tudo”, menos o toque intruso de um celular.

Talvez, seja preciso aprender urgente que, em momentos especiais saborear com enlevo uma récita musical ou um encontro marcado com o amor, é melhor evitar estragos deixando mudo o companheiro das horas mais estressantes.


Um abraço de janeiro.

Santa Teresa, 19 de janeiro de 2012

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

ENCONTROS DESMARCADOS - Maysa Machado

foto da web





Por que nos encontramos? Existem milhões de pessoas no mundo que jamais conheceremos. Tampouco saberão de nós.

Saber e se aproximar de alguém é uma dádiva. Um compromisso de vida respeitar o jeito de cada um.

Ser fiel, a nós e ao outro, ao amor que despertamos. E simples, aceitarmos o vínculo de afeto que nutrimos, busca incansável desde que aqui chegamos.

Não ser dono de quem quer que nos cause esse inusitado afeto. Sentir a entrega como troca, não pertencimento subjugado.

Saímos da anônima existência. E aí?

A completude perdida é mitigada pela amizade, pelo amor. Simples e complexos sejamos honestos nessa arte intensa e fluida que é viver.

Amar é a lúdica possibilidade de receber a alegria de estar vivo. Vida passageira, efêmera, volátil, exercitada a cada dia.
Que os sentimentos puros prevaleçam, desprezando-se as manobras manipuladoras de poder.

Um pouco de sabedoria repetida, internamente: Viva o imponderável ! Nada está sob rígido controle.
Aceite que Viver é perigoso. Agradeça a Vida. Ela brota dentro do nosso coração.

Ah! Século 21, por que vos enganais? Transformando encontros possíveis e mágicos em relacionamentos banais.

Um abraço de janeiro.


Maysa

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O MUNDO GIRA E A LUZITANA RODA - Maysa Machado

mirra criada em vaso, no quintal de casa/by cel/ maysa






"O MUNDO GIRA E A LUZITANA RODA"

Maysa Machado

Lá da memória salta a frase repetida em tom filosófico, na maioria das vezes mesmo, pura pilhéria carioca com o humor lusitano.

"O mundo gira e a Luzitana roda."

O bombardeio de imagens e slogans não havia invadido casas, mentes e escolhas individuais. A sociedade de consumo periférica engatinhava de modo tardio.

A frase feliz caiu no gosto popular, e abriu na imaginação miríades de mudanças. Não só as que a transportadora anunciava, e de fato conduzia.

Salto desse tempo da infância em que rodar era sinônimo de velocidade, e me vejo quietinha, defronte a tela do notebook, refletindo sobre o que fiz nesses primeiros dez dias de janeiro de 2012.

A resposta honesta é: Não sei. Aqui não registrei novos textos. Enrasco-me toda. Como assim? Fatos importantes aconteceram.

Final e início de ano contêm sempre impactos. Pessoas próximas, anônimas ou notórias, partem. Vida e morte se entrelaçam, diante dos olhos marejados ou de olhares secos pelo efeito paralisante do sofrer.

As festas recém findas expressando desperdício, consumismo exagerado, apenas, deixam a ressaca de exageros, em lugar dos mimos sonhados, nos sapatinhos esquecidos na janela.

Janeiro é mês de aperto e múltiplos pagamentos. A vida cobra.

Um novo personagem entra, sem ser convidado, no cotidiano de inquietudes - As decisões adiadas. A vida cobra em muitas parcelas. Juros sobre juros, talvez, nosso refinanciamento mais caro.

E as promessas não cumpridas? A mais próxima está na balança. Madrasta implacável, quase sempre confirma:

— É preciso girar o ponteiro para a esquerda.

Quer mais? Esqueceu da paixão complicada, de anos passados. Ela se reinstala na sua vida, e aí você se indaga:

— De novo?

Então, o que de importante já conseguiu desenrolar, nesse início de ano?

A avaliação seguinte é cruel.

— Há muito por fazer.

O mundo gira e a Luzitana roda, roda, roda.

— Eu preciso voar. Meu tempo, este, não consigo mais ter sob controle. Será que isso só acontece com gente distraída como eu?

Desejo que o Ano Novo, com apenas dez dias, nos traga descobertas, esperanças e promessas diferentes, novas ou não.

Novos olhares, sim, que possam umedecer diante da vida que brota, brota, brota.

Uma cartografia nova da nossa cidade - aldeia, e das gentes.

Um pouco menos de ziguezague. Afetos aceitos, sem rótulos, apenas vividos.
Mais coragem para dizer alguma frase feita e possível de criar mudanças em nossas vidas:

—Não quero. Não posso. Me ensina. Quer saber como se faz? Eu gosto. Eu te amo.

Santa Teresa, 10 de janeiro de 2012.

Com carinho, meu abraço.

Maysa


domingo, 1 de janeiro de 2012

FELIZ ANO NOVO...PASSA O TEMPO - Maysa Machado








Passa o tempo. Os cabelos rareiam ou embranquecem, nos homens. As mulheres quase sempre ficam louras.
Alguns, não importa o gênero, ganham peso. Depois, uma dificuldade para perder o excesso de ansiedade traduzido em sobras de calorias.
Outros, diligentes, cuidadosos não acrescentam uma grama, aos ponteiros da balança, desde os vinte anos.
Conheço dois ou três. rsrs. Aí, sim, importa o gênero.
O que quase todos queremos? Vida longa, saudável, divertida, honrada, amorosa, independente.
Velhice é realidade distante, coisa dos outros. Nem tão cedo pretendemos nos incluir em qualquer lista de...Pior, não pronunciemos o substantivo masculino de cinco letras, embora estejam as mulheres, em nossa contemporaneidade, mais longevas.
Então, chegamos à maturidade. Perdas e ganhos balanceados, tudo é encarado como benção para uns, lucro para a maioria.
As tristezas, as sobras de amor esquecidas numa gaveta, tocadas em silêncio numa faixa de cd, ou vistas num vídeo do You Tube; aquelas escondidas por muito tempo, ainda serão aludidas...em nossa indiscreta memória ou num filme romântico.
Essas provas todas... Servem para lembrar:
O existir exige-nos encarar perdas, algumas irrecuperáveis. A vida é exigente, mesmo. No entanto oferece alternativas surpreendentes.
Quem sabe, por sobrevivência aprendemos a trocar?
Tudo tem jeito e maneira de ficar diferente, de não ser o mesmo, de ser igual e parecer outro... Somos infâncias estendidas, tal e qual, roupa branquinha, na corda da imaginação.
O vento seca brincando... Brincar? Pode ser esse o nosso verbo de ação. Brincar de ser feliz, vai que dá certo!
Então, te convido. Vamos experimentar.
Primeiro, afastando a distância real, depois consentindo que nossas alegrias se troquem e se toquem.
Queria te ver, te imagino. Queria te dar um cheiro, te envio um correio eletrônico - de ano novo. E até essa postagem no blog! Escrita para acordar teu coração.

Com afeto e carinho... Pessoa querida.
UM FELIZ ANO NOVO


Santa Teresa, 1 de janeiro de 2012

Maysa