quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O TEMPO

Foto Maysa M.














O TEMPO

Maysa M.

A diferença, não está nos outros, encontra-se em teu peito acalentado ou sofrido.
O tempo escorre por entre os dedos. Ouço a expressão, desde pequenina, aplicada para outras preciosidades como fortuna, sorte, amor, beleza.
Para mim, só agora faz sentido... O tempo acaba.
Feito água da chuva, não se pode reter, nem com a mão cheia. Escorre... Escorre.
Feito ducha quentinha saída do chuveiro. Nada além do prazer. Termina-se o banho. A toalha seca à nossa espera. Enxuga-se o quê?
O minuto que acabou de acabar e jamais retornará? A vida escoa silente e não dá outra chance, nem...
Na infância sequer nos apercebemos que o tempo corre célere. Igual para todos é democrático, em parte de seu percurso. No momento derradeiro, não. Onde está o fim? Envolto em mistério, outra história e outro deus, lá no Olimpo.
Se fosse possível escolheria como envelhecer... Feito uma árvore solitária em que a fronde sustenta tempestades e ninhos.
Na condição humana a mais insistente companhia é um tipo de solidão que fragiliza sem apreços ou parcerias qualquer desavisado coração.Tentem esvaziá-lo de expectativas de paixão.
Tentem, tentem. Continuem tentando...e procurem pela boa solidão. Ela existe.
Digo e repito, em silêncio, contrapondo o final feliz dos contos de fadas: Eles nunca foram felizes, para sempre!
Eles? Só eles não. Nós não fomos, não somos.
Então? Nada é para sempre.
Viver pode ser afirmar que sob o manto do tempo, tudo se transforma, destrói, degrada... Mas se reconstrói. Descobre-se.


Ah! O TEMPO brinca...! Escorre, esgueira.
Camaleão transforma ...! Brinca com ele se puderes
Engana-o, vai ser divertido!
Ficar mudo, por um tempo... Ajuda!
O próximo passo é não ouvir, nem voz interior.
Cala-te, não digas quase nada!
Deixa que o mar fale e, se for bravio, esbraveje.
Deixa que o rio corra, por entre matas, forme cascatas e um lago.
Deixa que o silêncio te descubra te aceite e, te encubra dos males desta vida.
Não por tua omissão.
Deixa que o amor fugaz te faça feliz, apenas por um minuto.
...O que já é bom.
Deixa que o vento se dome, e somente, para te agradar
se transforme em brisa.
Deixa que as lembranças balancem , venham, voltem
Esmaeçam, apareçam de surpresa.
Adormece tranqüilo, tu podes ter dormido ou morrido.
É TEMPO de ver!

Santa Teresa, este texto foi escrito em 20 de setembro de 2009


Um abraço a todos.
Maysa

4 comentários:

Anônimo disse...

Querida
Tá aí você, no seu canto, lapindando o seu existir, quanta suavidade espalha por sua palavras,
um universo de paz e significados
tornam agradáveis nossos dias
abçs
Edna

Érico Cordeiro disse...

Prima,
"O tempo não pára e no entanto ele nunca envelhece".
E aí vai ele a escorrer - ou será que nós é que escorremos por ele, que permanece aqui, imóvel e intacto?
Abraços maranhenses!

Maysa disse...

Edna,

Esse novo mundo da expressão individual ou coletiva -a blogosfera - permite a sensação da liberdade em falar...
Para quantos nunca se sabe e, sobretudo, como chegamos até as sensibilidades individuais?
É um exercício e também um novo aprendizado das formas do existir.
Beijo
Maysa

Maysa disse...

Érico

Agora, sim, meu caro primo maranhense, o pedido de desculpas fica formalizado. V. merece todo o apreço e os meus encantos.
Explico:
1- Me encanto qdo v. passa por aqui no Ninho, deixando comentários, semeando delicadezas.
As segundas mais vitais do que as primeiras são para nós blogueiros.

2.Me encanto quando visito o seu JAZZ+BOSSA+BARATOS OUTROS ,barato que de barato só tem a entrada pois basta clicar. O resto fica caro.Faz pensar e sentir. Recordar.Aprender.
O melhor blog de jazz.Troca, ensina, apresenta, acolhe!
Compadre,primo,irmão, querido
sua presença por aqui é uma honra.
Abcs

Maysa