segunda-feira, 23 de agosto de 2010

UMA ORQUÍDEA FLORESCE E DUAS DESAPARECEM

Maysa/foto by cel. set./2009



Moro num condomínio de casas, em Santa. Para quem passa por aqui: No bairro de Santa Teresa, no Rio, na cidade Maravilhosa.

Sou feliz no sossego e no silêncio de um lugar diferente e bucólico, cheio de artistas, pessoas que amam a vida. Alguns estrangeiros descobrem o jeito de cidade do interior e vão chegando. De uns tempos para cá tem ficado com cara de Capri, isso mesmo, aquele frisson de lojinhas e compras do ponto turístico italiano, tal e qual. Os preços triplicaram. Serão estimados em euros?
Visitei uma casa que até vinhedo tem...Aqui são inúmeras as surpresas; guarda, ainda, alguma semelhança com Montmartre.
Bem, antes de concordarem, pensem no descuido clássico que as nossas autoridades mantêm com as vias públicas. As escadarias são os acessos de pedestres. Nunca presenciei manutenção, conserto ou coisa que o valha para nossos degraus.
O Morro resiste à violência urbana e à precariedade dos serviços oferecidos.


Herdei, sem escolha, duas gatas de um filho, há dez anos. Hoje, só uma me tira o sossego, a liberdade, e tenta me fazer companhia. Não faz.
Sou do tipo incapaz de maltratar um animal, mas não dependo deles para amenizar solidão.
Solidão é um acontecimento especial, artigo raro, se bem cuidada e aceita. Um luxuoso estado de espírito, requintado e para poucos, como eu, apreciarem.
Não reclamo e até sinto falta...se a invadem. Bem estávamos na gata, que tal qual um adolescente, não me faz companhia e tira minha liberdade.
Pois é, no cotidiano apressado, me reabasteço com a variedade aqui de perfumes, formas, cores, sons. Gosto de plantas, de flores e folhagens. Estas sim me fazem falta.
Gosto dos pássaros livres, vindo nos visitar toda manhã e à tardinha. Destaco meu encantamento com os beija-flores que dispensam qualquer comentário.
Outro dia, pela manhã, ouvia uns sons inquietos, no pequeno jardim da frente, onde está a pitangueira. Acreditando ser um novo trinado olhei curiosa!...Eram saguis, enlouquecidos de alegria em movimento de galho em galho, de fio em fio. Dei risada pelo meu forte componente urbano.
Nesse instante descobri a orquídea, que havia algum tempo pendurado no tronco do jasminseiro, começando a floração. Está lá , soberana e plena em sua beleza imaculada.
O êxtase sentido prejudicado pelo desaparecimento, misterioso e insólito, de dois vasos da mesma espécie. Foram levados do lugar onde, o zelador e eu, colocamos para um tratamento especial de carinho, luminosidade e fortalecimento.Um estágio de cura, em área comum, reservada aos moradores.


Moro num condomínio de casas, em Santa... Dois vasos de orquídeas foram levados, por algum vizinho que, identificando na etiqueta da planta sua origem, ignorou o amor e o cuidado por mim dedicados. Tenho muita dificuldade em lidar com quaisquer tipos de abusos...Prefiro imaginar:
Um caso de amor à primeira vista do gatuno de orquídeas ...ou as plantas eram fujonas?


Se alguém encontrar subindo e descendo ladeira ou mesmo a escadaria quebrada as duas orquídeas, ainda sem flores, avisem aqui no Ninho.





Abraços


Maysa

4 comentários:

Thiers Rimbaud disse...

EXISTE ALGO DE GOSTOSO NAS SUAS PGS..
SEM EXPLICAÇÃO,
APENAS SENTIDO E VERBALIZADO
O TEXTO CHOVE NAS MÃOS

Maysa disse...

Thiers

Nada sei sobre você que me comenta de forma elegante e generosa. Devemos à internet esse sabor estranho e interessante,novo, no lidar com o outro.
O desconhecido que se apresenta tão próximo através de uma simples postagem!
Então, usando "a proximidade" que estabelecemos, sugiro ouvir uma canção do Tom: CHOVENDO NA ROSEIRA.
Um abraço
Qdo puder volte.
Maysa

Marluci disse...

Estou aqui passeando pelos seus deliciosos textos.
Fiquei triste com o desaparecimento das orquídeas. Por que as pessoas são assim, não é mesmo? Se eu vê-las por aí, pode deixar que as resgato para você.
Bj
Marluci (CPII, lembra?)

Maysa disse...

Marluci

Que bom ganhar seu comentário!Pode ser que as orquídeas desaparecidas reeduquem o gatuno que as levou negando-lhe flores!
Beijão

Maysa