sábado, 18 de setembro de 2010

MÃOS GULOSAS, SENSAÇÕES PASSAGEIRAS, LEMBRANÇAS DURADOURAS.



Pitangas e beijos/arranjo: Ana W. R./foto Maysa by cel/2009

















Preparando a Primavera as pitangas explodem, exibem multivariados tons do vermelho sob, e diante, a sacada do meu balcão. Medieval, invento!
Já descrevi, por aqui, meu quarto não é um quarto é uma alcova. Não tem janelas. Maior luminosidade e ventilação são garantidas pela porta que dá para a pequena varanda.
Agora tudo floresce, como nas primaveras passadas: os dois pés de café, a pitangueira -flores e frutos- e um tanto atrasado, o jasminzeiro. Desculpem, sei que a forma correta é jasmineiro, porém, prefiro usar o jeito que trouxe da infância.
O tema é recorrente... A emoção, no entanto, renovada. É estimulante ter a companhia das flores e frutas miúdas, inunda os olhos, o olfato. O diálogo suave com os netos inunda o afeto.
Vida se renova nas pequenas alegrias, algumas indizíveis no momento mesmo em que acontecem.
Do júbilo instalado, em meu quase insensato coração, passo a degustar os doces e amargos sabores.
Colho as miúdas e reluzentes frutas do pé. Muitas já foram provadas pelos ligeiros pássaros. Não tendo asas chego depois, um tanto apressada, e escolho as mais vermelhinhas; procurando as doces encontro, vez que outra, as azedinhas.
Não fosse renovada, minha surpresa seria idêntica a de minha neta de seis anos, percebo em nossa conversa por telefone. A dela é inaugural, lá por outros pomares ou jardins, encontra-se
com um pé de pitanga; curiosa e gulosa vai à cata. Depois me conta:

-Vovó escolhi uma pitanga, bem vermelhinha, e ela estava azedinha!
- Querida, acontece... da aparência enganar a gente.
- Eu posso não ter visto direito, vó! Talvez, ela era cor de abóbora e, eu me enganei!
- Vovó também procura as bem vermelhas, certa de que estarão mais docinhas, mas minha mão gulosa se engana e colhe rápido, muita vez, as azedinhas!
-Vó, vou olhar bem direitinho!Vou procurar as cor -de -vinho!!
- Isso , querida experimentando você escolhe doçuras e os suaves sabores ...Não precisa ter pressa para saborear.

A primavera se prepara em flores, cheiros, sons, movimentos inesperados. Nós fazemos parte desses encontros e desencontros, traduzindo-os em relatos e vivências recorrentes, como as estações, mas únicos em cada acontecer.

Santa Teresa, 18 de setembro de 2010

Um abraço

Maysa

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