quinta-feira, 9 de setembro de 2010

TRECHO de CELESTINA de Fernando de Rojas

Junquilhos domesticados/foto maysa by cel/fev.2010













"Na Espanha do século XV para o XVI, surge a história de amor entre Calisto e Melibéia. Ele um burguês, perdidamente, apaixonado por ela, filha de um nobre. Rejeitado procura Celestina, dona de um prostíbulo e casamenteira, e lhe pede ajuda. O tempo corre aliado às artimanhas da velha alcoviteira, em breve os dois jovens ficarão cegos pela paixão...

O trecho escolhido, é um diálogo entre Melibéia e Celestina:

Melibéia -Tia, se é assim, sofres muito pela idade que perdeste. Gostaria de voltar a ela?
Celestina - Louco, senhora, é o caminhante que, desgostoso com o trabalho do dia, quer voltar ao início da jornada, para chegar outra vez ao mesmo lugar.

Pois todas aquelas coisas cuja posse não é agradável é melhor possuí-las logo do que esperar por elas. Por que está mais perto do fim do mal quem está mais afastado do seu começo. Ao extenuado pela viagem não há coisa mais carinhosa do que a estalagem. Quer dizer,embora a mocidade seja alegre o verdadeiro velho não deseja voltar a ela. Só o desajuizado ama apenas o que perdeu.

Melibéia - Mas só para viver mais, ainda assim é bom viver.

Celestina- Senhora, tão depressa vai o cordeiro como o carneiro. Ninguém é tão velho que não possa viver mais um ano, nem tão moço que não possa morrer já.
Aí os jovens não nos levam vantagem."

Ontem, um fato inusitado me aconteceu e estas reflexões vieram bem à calhar. O livro tem tradução e adaptação do Millor Fernandes. Editado pela L&PM Pocket. Vol. 696- Junho de 2008

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