sábado, 8 de maio de 2010

SEGUNDO DOMINGO DE MAIO- ALEGRIAS e DOR

Foto cel. Maysa/2009



A tristeza faz parte da vida. Ensina a ser manso e a falar baixo... Diz -nos Rubem Alves; então vou aceitando esses dias onde sua visita não me aquieta, mas como toda tristeza que se preza, impõe-se.
Admito o passar do tempo, transformando-nos em criaturas fugazes, etéreas. Projetos que perdem o sentido ou urgências que nos atravessam. Vida que chega e que parte, independente de nossos desejos.
Nos traz suculentos desafios para serem digeridos, calmamente. O tempo corre lá fora e, aqui dentro do peito, o compasso é idêntico. A pulsação ironiza a emoção. Tudo pode tornar-se igual para ser diferente, em nós! Mais uma vez. O que perdurará?
Acredito no amor; em todas as formas do amor. Viver é : contemplar e agir para que o amor brote sempre. Apareça em cada olhar, sob sorriso ou lágrima vertida. E, suponho cada cântico uma oferenda à vida pelo amor aturdido ou sereno!
O que dizer desse amor que encanta a, quase todos, nós mortais? O Amor maternal!
Amor sem restrições, na prática incondicional de ver no outro um pouco de si , e descobrir ao encontrar-se no outro.
A maternidade pode ser construída num exercício intenso de generosidade, afeto, alegria e tormento insondáveis.
A data é tratada como um achado comercial gera vendas, ansiedades e frustrações para os que acreditam que comemorá-la requer compras, adulações e sacrifícios intermináveis... Materiais!
Entretanto, há que ter dentro do coração não mais que uma singela lembrança por aquela que te trouxe ao mundo.
Ou mesmo por aquela que cuidou de tua infância, de tua saúde, dos teus sonhos. Por aquela em que o cálido ou esquálido colo, ninho oferecido te adestrou para as constantes tempestades deste mundo.
Neste dia dedico emoção e pensamento à minha mãe Nila, minha avó materna Maria da Conceição/Sindoca e minha tia Hilda, mulheres que me receberam com alegria e intenso amor, e de suas ausências até hoje me ressinto.
Para todas as mulheres mães ou que ainda acalentam o sonho de se transformarem desejo, carinhosamente, boas reflexões e bons encontros com a maternidade.


Maysa

segunda-feira, 3 de maio de 2010

ADONIRAN BARBOSA - UM ARTISTA PLURAL
















Adoniran

A importância desse artista para a nossa cultura, e a do paulistano em particular, é marcante. Ele soube registrar em suas letras e composições, cheias de humor, a fala dos migrantes, de todas as regiões do nosso país, e a presença dos imigrantes, sobretudo , os de origem italiana como seus pais que vieram de Veneza. Um cronista expressivo de sua época e de sua cidade - a S.Paulo .
Sua temática está presente até, hoje, nas dificuldades encontradas pelas populações das camadas menos favorecidas, nos despejos das moradias em áreas de risco, no transporte difícil, nos desabamentos e nos amores não correspondidos.
"Saudosa Maloca", "Trem da Onze" e "Tiro ao Álvaro" são lembradas, cantadas.
Adoniran foi o tema de um trabalho, recém concluído, por um grupo de alunos da Escola de Música Villa - Lobos, aqui no Rio , do qual fiz parte.
Trago aqui para O Ninho, essa maravilhosa charge do artista.
Ela é de outro artista, meu amigo Bruno Liberati, que pode ser encontrado, lido, visto em seu blog Liberatinews :Aqui.

Feliz decisão de ilustrar nosso trabalho, com ela. Ficou chique no úrtimo !

Brunão você, é campeão! Aliás, nós somos campeões estaduais.Viva o Fogão!!

Abraços em quem passar por aqui! Curtam o "Tiro ao Álvaro"




Maysa

sábado, 1 de maio de 2010

MAIO, MARIA , MÃE, NETOS e MAR...











Maio chegou. Encontrou-me de coração triste, uma querida amiga a menos no convívio. A esperança aturdida, porém, renovada a cada instante... Viver é sempre arte delicada, frágil que exige coragem e amor!

Um tanto pela alegria de ser avó de 3 meninas e um menino, doces e levadas crianças, que me empurram ou me puxam prá vida, resisto. Sozinha continuo, eu mesma, a caminhada sem retorno.
Enquanto saboreio, cada instante, experiências, descobertas e, sobretudo ,cada lembrança boa.

Crio poemas como quem tece um bordado , teço a vida em silêncio delicado.
Outro dia voltando da Barra, admirando a paisagem belíssima do mar soberano escrevi:

NO ELEVADO DA BARRA SENTIDO ZONA SUL

Colho do mar... belo
E triste esplendor.
Manso remanso
Aparência ondular
São as águas cinzas
Tristes tons de tintas
Ondas brandas
entrecortando vagas bravias
Amaciando pedras
Embalando canções
De mais nenhum despertar.

Guardam-se sonhos, mistérios
Na profundeza do mar.
Manso remanso...
Reencontro-me nesse olhar.
Guardam-se magia, segredos.
Dores, tristezas
E não as consigo embalar.

Preciso de asas, nostalgia
Um território amplo
Mata fechada, campo florido
Pradaria... Para as cinzas
Com firmeza espalhar.

As cinzas dos amores findos
Dos amigos mortos
Das perdas tantas
Insistentes companhias
Em meu quase longo caminhar.

Barra, 28 de abril de 2010.







Um abraço afetuoso
Maysa

sexta-feira, 30 de abril de 2010

BIDU SAIÃO e DI CAVALCANTI - JUNTOS














Dois brasileiros que amamos. Primeiras escolhas nos laços oferecidos pela infância, adolescência com a cultura. Não mais se desconhece, nem deixa de emocionar.
Essas instigantes pinturas, de Di Cavalcanti, vi numa exposição do Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), aqui no Rio.
Bidu e Di juntos é trabalho de internauta amante das expressões arquibrasileiras. Encontra-se no you tube o inimaginável!
Amei essa poesia toda em forma, cor e som e trago-a para o Ninho.

Um abraço carinhoso
Maysa






terça-feira, 27 de abril de 2010

VINICIUS DE MORAES, sua POESIA companhia e solidão

Foto maysa by cel 2009



Procuro por palavras, no silêncio da perda, nenhuma delas me é satisfatória ou definitiva. Mais uma vez, sofro: outra amiga querida parte. O que pode significar essa falta de alguém único, amado? Anos de nossas vidas em que levamos construindo o afeto, encontrando a confiança.

Alegro-me ao pensar no tempo onde vivemos, tão próximas, na mesma cidade - a dela - S. Paulo. O sotaque italianado do braz , sua ingenuidade e encantos devotados à minha cidade - o Rio de Janeiro.

No trabalho, sim nossa amizade , brotou num escritório . A cumplicidade que tivemos, as pequenas alegrias e descobertas ....vão com ela! uma tristeza justa e verdadeira ,fica em mim ,apertando o peito, o conhecido toma a garganta, e dos olhos descem, sem ruído algum, água salgada e quente.

Já sabemos: um pouco do que somos se desprende, e segue com o amigo, em toda despedida derradeira.

Em homenagem à Cida, que escolheu o Rio para se despedir, recordo esse belo texto do carioca e lírico, Vinícius:


Procura-se um amigo

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.


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Um abraço

Maysa

sexta-feira, 23 de abril de 2010

JORGE DA CAPADOCIA E DO RIO DE JANEIRO







Minha Oração







Brindo ao santo guerreiro:
Jorge!
Só devoção
Poderosa esperança
Reside em vós...
Dos aflitos e humilhados
Jorge é voz!
É escuta
Redenção
Promessa e Fé.
Vitória nos acolhe
Jorge, me empresta o seu dragão!
Cordas, grilhões, se partam
Pedras não se movam
Olhos, pensamentos, mãos
Não nos atinjam em nenhum mal.
Jorge vem! Se achegue
Espalhe
Amor e proteção.

Santa Teresa, 23 de abril de 2010

Ps: Homenagem a meu pai que, se vivo fosse, teria feito -dia 20 de abril - 96 anos!
Era um fervoroso devoto de São Jorge!
Maysa





segunda-feira, 19 de abril de 2010

A PRIMAVERA NO OUTONO













fotos cel/maysa 09.2009/falsa íris/meu jardim.


" O tempo, o tempo é versátil, o tempo faz diabruras, o tempo brincava comigo, o tempo se espreguiçava provocadoramente, era um tempo só de esperas, me guardando na casa velha por dias inteiros; era um tempo também de sobressaltos, me embaralhando ruídos, confundindo
minhas antenas, me levando a ouvir claramente acenos imaginários, me despertando com a gravidade de um julgamento mais áspero, eu estou louco!" ( pg.93 e 94)
..., e eu espreitava e aguardava, porque existe o tempo de aguardar e o tempo de ser ágil ( foi essa uma ciência que aprendi na infância e esqueci depois) e...(pg.95)
in Lavoura Arcaica, Raduan Nassar, Cia das Letras, 3a ed. revista pelo autor.

Um abraço carinhoso
Maysa



domingo, 18 de abril de 2010

BOTAFOGO













Feliz cidade alvinegra !
Meu abraço à cada torcedor
de coração botafoguense!!!

Maysa

sexta-feira, 16 de abril de 2010

GRAÇA CARPES - poeta, atriz, clown. Pessoa linda




Ela é mignon. Tem mil jeitos de ser... enquanto respira
faz poesia ! É atriz, clown, fotógrafa, videoasta , contadora de histórias...
Nos conhecemos numa oficina sobre mitologia.
Depois, encontrei-a , aqui em Santa, numa sexta no bar do Marcô com seu cartões poéticos. Recolhi algumas expressões líricas:

- Vagarosamente caminho
o caminho
do coração


- O melhor da vida
são os encontros
encontre-me!


-A qualquer momento
um vento mais forte
vai trazer tua imagem
miragem
miragem


A gente quase não se vê, mas se gosta! li recente uma entrevista sua aqui e para vocês começarem a gostar do que ela escreve reproduzo duas poesias:

Semente




que o semelhante
:
semente ante o outro – espere o broto
perceba a luz da
cor
.
permita que nasça o
diferente
;
ouça a música veja o
som
arome
.
.
.
arome cheiro diferente
,
novo respirar
reaprender
;
reencontrar o princípio de
si
.



Prisma

por que assusta ser
livre e
fecundante
se o prisma
do
poema reflete a
luz
das
manhãs
?
assim como o
oculto em escuridão
da
noite
é
intocável
reconhecível
intocável


Podem acompanhar a arte de Graça Carpes também nesses endereços:

http://pulsarpoetico.zip.net/

www.myspace.com/gracacarpes

http://www.youtube.com/user/gracacarpes

Um abraço carinhoso

Maysa

sábado, 10 de abril de 2010

DE ERIC ROHMER À MANOEL DE BARROS - O CINEMA: IMAGEM E PALAVRA

Dir:Rohmer/ma nuit chez Maud/1969/
Fotografia: Néstor Almendros















Acompanho com emoção e grande prazer a mostra " O cinema de Eric Rohmer", na Caixa Cultural -Rj . A obra do cineasta francês, recém falecido, representa um singular olhar no movimento de renovação da cinematografia francesa, conhecido por nouvelle vague.
Plural sem deixar de ser autoral, desde a temática escolhida, a imagem poética produzida, o lirismo de uma época... está tudo lá. Impossível deixar a platéia distante dos seus personagens, suas angústias, pequenas misérias, ingenuidades e reflexões honestas, sem moralismo. Tudo contado com maestria, mostrado com refinamento estético, elegância e arte.
Suas histórias acontecem, hoje e sempre, com quase todos os hominídeos - fiéis depositários da palavra.
A mostra vai até amanhã, dia 11. Quem passar pelo Rio clique no site da Caixa Cultural-RJ ou confirme a programação pelos jornais.



No entanto, ainda, não vi o premiado documentário sobre o poeta pantaneiro: Manoel de Barros. Não vou perder. Muito bem recomendado à partir do título : Só 10% é mentira. E, claro, da sua obra poética. Palavra tratada com o requinte da simplicidade.
"A invenção é um negócio profundo"...
Querem ver o triller?
http://www.cinesanta.com.br/sodezporcentoementira.htm


Um abraço de sábado carinhoso.
Maysa